Primeiro foi o leão que falou, sacudindo a enorme juba:
— Eu sou o rei! Assim me considera o mundo inteiro! Minha força é alardeada por todos. A França já teve um imperador cujo nome significa: “Leão da Floresta”, a Inglaterra “Ricardo Coração de Leão”. Vejam as grandes nações me aclamam! Quando rujo, tudo se aquieta, e ao meu brado as almas estremecem.
— Mas sois orgulhoso! – disse o boi, interrompendo o rei leão. Eu não! Sou humilde e paciente. Tenho a calma e a compostura. Antes do automóvel, fui eu quem carregou as forquilhas e os caibros das casas. Meus trabalhos estão presentes em todas as civilizações. Quanto às glórias históricas, Carducci me chamou de “Pio Bove”.
— Entretanto, eu sou a glória! – disse o cavalo. — Prestai atenção: Fui cônsul e sacerdote, no tempo do imperador Calígula e comia numa manjedoura de marfim; tomava banho de leite, e tinha arreios de ouro cravejados de brilhantes. Alem disso, tinha uma linda companheira chamada Penélope... Com Átila, onde eu pisava não nascia mais grama! Vivo imortalizado em milhares de estátuas e a Fonte de Hipócrene, onde os poetas iam beber inspiração, brotou do meu pé... Já fui “Bucéfalo", e levei Alexandre, o Grande à Índia.
— Contudo, não tens a minha resignação e, sobretudo a minha resistência. – disse o camelo. Quem atravessa os desertos levando caravanas em busca do tesouro do Oriente? Vós, posto ao deserto, sem água e ao sol, sereis capazes de passar dias sem beber?
— Todavia, - disse o cão. – eu sou a fidelidade e o amor. Sou o melhor amigo do homem!
— Não obstante – disse o elefante – eu zombo de todas as pequeninas criaturas. Diante da minha grandeza, todos vocês são como nada. Além de ser o maior animal da Terra, sou o que possui a maior preciosidade. O valioso marfim! Ademais, transportei marajás e príncipes.
Em meio à discussão, perceberam o jumento, ai num cantinho cochilando, as orelhas murchas, humilde, pensativo.
O leão berrou:
— E tu, ó jumento, animal desprezível, que fizeste?
— Eu... carreguei JESUS!
Por Mateus Brandão de Souza.
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