Quem participa dos eventos progressistas no Brasil sempre
ouve aos discursos imaginando o que a mídia corporativa, golpista e virulenta
publicará no dia ou momento seguinte, tratando-se das versões virtuais e dos
urubus que enviam para captar o que pode ser aproveitado no achaque. É claro
que, com a participação do ex-presidente Lula, nesta sexta-feira (16), no 4º
Encontro Nacional de Blogueir@s e Ativistas Digitais, não seria diferente.
Lula lembrou, com romantismo, das vezes em que ia assistir às partidas de futebol nos estádios. "Íamos todos a pé" - disse ele. |
Por Moara Crivelente, da Redação do Vermelho
Como é usual, Lula não se atém a um tema específico em suas
falas. Costuma traçar panoramas dos avanços no Brasil, dos desafios pela frente
e da necessidade de continuidade, aprofundamento e mais ousadia nas conquistas
sociais. É o que todos queremos, ou ao menos a maior parte da população. Aquela
que tem esperado muitos séculos por isso.
Para a elite, lembrou o próprio Lula, essas conquistas
parecem ser motivo de temor. Não é para menos, tendo em vista a mídia dominante
e de funções terroristas, que se estruturou e fortaleceu na base do golpe e dos
furacões escandalosos que cria, alimenta, espalha e atiça, mesmo quando já
devia se dissipar. Temos exemplos que bastam dos estardalhaços criados com o único
intuito de acinzentar imagens, projetos, planos e rumo de governo.
Neste espectro, o debate da sexta, que se segue no fim de
semana, é propício, necessário, urgente e tem fluído, com o avanço de um cavalo
de carga, que precisa de cada vez mais tração para superar o peso ou a
resistência contrária, mas avança. Falou-se, como exemplo disso, da
perseguição, das ofensas e da intimidação contra os blogueiros que participaram
da entrevista coletiva com o ex-presidente. A mídia elitista debate-se contra a
perspectiva de perder o monopólio da comunicação.
O que restará do seu projeto para o país, para a manutenção
do seu domínio sobre o rumo e o destino do Brasil? Só pode ser este temor,
atiçado diariamente, o que justifica a intensificação do veneno. Mas isso
também propele, como disse o Lula, o empenho no “ativismo” pela mídia mais
plural, diversa e mais democrática.
Entre as várias frases que arrancaram risos do público
espremido no auditório, em São Paulo, Lula lembrou, com romantismo, das vezes
em que ia assistir às partidas de futebol nos estádios. "Íamos todos a
pé" - disse ele - em multidões, torcer pelos times, ver a partida,
participar do evento esportivo. Era disso que se tratava, até que a Copa do
Mundo no Brasil mostra que vai acontecer, contra todos os esforços, em pleno
ano eleitoral, pelo boicote de intenção quase criminosa, de que a mídia
conservadora é a grande cúmplice, ou a responsável.
Como era de se esperar, alguma das frases espontâneas de
Lula seria pinçada de forma atabalhoada pelo urubu de plantão que participou do
evento, e aquela que saiu estampada na capa da Folha de S.Paulo, neste nublado
sábado (17), pareceu servir o propósito. Na semana passada, Venício de Lima
perguntou, em artigo na Carta Maior, se há limite para a pauta negativa.
Percebemos, a cada dia, que parece não haver.
Entre todas as análises do avanço socioeconômico no Brasil,
os apelos pelo avanço, pelo empenho, pela participação – contra a “negação” –
na política e o desabafo ligeiro sobre a forma com que a grande mídia o (mal)
representa, Lula disse aquilo que surgiu como mais uma oportunidade de
manipulação para manter a pauta negativa engrenada. Diz a Folha de S.Paulo que
o ex-presidente afirmou ser “babaquice exigir metrô dentro dos estádios” e “dar
condições de Primeiro Mundo [com maiúsculas, mesmo] ao torcedor.” A matéria
também aproveitou para destilar um pouco mais de veneno sobre as obras da Copa.
De repente, supostamente preocupada com o bem-estar de
“primeiro mundo” que o povo merece, essa mídia engajada em lado óbvio neste ano
eleitoral apresenta mais uma “denúncia” contra o ex-presidente, em meio às
manifestações contra a Copa do Mundo no Brasil. Não que Lula precise da defesa,
mas talvez precisemos continuar expondo os detalhes e os recursos usados nestas
páginas para distorcer, manipular e tergiversar não apenas as posições progressistas,
mas a opinião pública.
A mesma matéria também cutuca a presidenta Dilma
Rousseff (que relançou a explicação de que as obras dos metrôs não são para a
Copa, mas para as cidades), já que se trata de uma boa oportunidade para
misturar alhos com bugalhos e continuar empurrando o leitor pela salada mista
que a mídia virulenta costuma fazer, para dar alguma aparência sólida ao ruído
que emite, em fantasia de opinião política.
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