Processo de desgaste do ensino superior no país seria etapa
do projeto de Temer de cobrar mensalidade em federais.
De Sergipe ao Rio Grande do Sul, a situação do ensino
superior público no Brasil é de precarização. Ao longo de 2017, diversas
universidades denunciaram a situação de sucateamento pelo qual as universidades
estão passando.
Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo
Direito à Educação, diz que o processo de desgaste das universidades é um passo
importante para o projeto de Temer, já que elas seriam grandes instrumentos de
resistência à política subalterna que o golpista quer imprimir ao Brasil.
"Sucatear a universidade é um aspecto estratégico dentro do plano de poder
e projeto econômico do governo Temer."
Algumas das instituições federais vieram a público denunciar
problemas administrativos graves causados pela falta de repasse de recursos do
governo federal.
A Universidade Federal de Sergipe, por exemplo, teve de
emitir uma nota negando que a instituição fosse suspender as atividades por
falta de dinheiro, o que demonstra o tamanho da crise orçamentária.
A UnB, Universidade de Brasília, disse ter um déficit acumulado
de mais de R$ 100 milhões de reais. E a Universidade Federal de Santa Maria, no
Rio Grande do Sul, demitiu trabalhadores e suspendeu obras em andamento por
falta de dinheiro.
Em nota, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) disse ter
destinado quase R$10 bilhões de liberação orçamentária para as instituições,
sendo R$ 6,3 bilhões apenas para as universidades. O repasse total das verbas,
no entanto, só ocorreu em novembro.
Para Daniel, que também compõe o conselho de docentes da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o sucateamento tem como objetivo
abrir caminho para a privatização total do ensino superior: "O governo
federal tem feito algumas sinalizações muito claras de que ele deseja colocar
em debate a questão da cobrança das mensalidades".
Encomendado por Temer, o Banco Mundial produziu um relatório
divulgado em novembro sobre administração dos gastos públicos. Ao afirmar que
um estudante de universidade pública custa de duas a três vezes mais do que um
universitário de instituição privada, o documento concluía que acabar com a
gratuidade da universidade pública seria um caminho para evitar gastos.
Situação de São Paulo
O desmonte da educação pública atinge também as
universidades estaduais, como é o caso da Universidade de São Paulo (USP).
Diana Assumpção, diretora de base do Sindicato dos
Trabalhadores da USP, afirma que diante da crise de orçamento, os trabalhadores
das instituições sofrem sanções graves. Além disso, ela fala comenta a falta de
transparência da administração da universidade:
"Essa questão orçamentária é muito importante porque
eles falam em crise, uma crise que não foi criada pelos estudantes, pelos
trabalhadores e professores da universidade e não abrem as contas para mostrar
para onde está indo todo o dinheiro."
Assumpção diz que a reitoria da USP está alinhada ao tucano
Geraldo Alckmin, que está no quarto mandato à frente do governo do estado. A
dirigente sindical considera que há um projeto para sucatear a universidade e
cita o desmonte do Hospital Universitário como exemplo.
"É sim um plano de sucateamento e privatização da
universidade com o qual a gente precisa se enfrentar e apresentar outro projeto
de universidade, com mais verbas para educação; uma universidade que esteja a
serviço dos trabalhadores e da população."
O plano de demissão voluntária, o fim das creches para as
mulheres trabalhadores e estudantes são, segundo ela, apenas mais alguns
exemplos do descaso do estado e da ausência de uma gestão mais democrática.
*Do Brasil de Fato
Via – Portal Vermelho
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