As ações de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para tentar se livrar do
processo de investigação do conselho de ética da Câmara dos Deputados não se
restringem à manobras regimentais. Laudos grafotécnicos comprovam a
falsificação da assinatura de um deputado federal.
Pelo menos é o que aponta análise feita por peritos consultados pela Folha de S. Paulo que asseguram que a assinatura do deputado Vinícius Gurgel (PR-AP), na carta em que ele renuncia à vaga de titular no Conselho de Ética, documento entregue ao órgão por aliados de Cunha, é uma falsificação "grosseira" e "primária".
Gurgel, que é aliado e voto declarado a favor de Cunha,
estava fora de Brasília na noite do dia 1º de março e na madrugada do dia 2,
quando o Conselho de Ética aprovou por margem apertadíssima –11 votos a 10– dar
sequência ao processo de cassação contra o presidente da Câmara.
"Podem ser 20, 40 [laudos]. Não tô, assim, justificando
nem tirando a coisa. Eu bebo. Podia estar de ressaca. Quando a pessoa está de
ressaca, não escreve do mesmo jeito, fica tremendo, acho que tinha bebido um
dia antes, assinei com pressa no aeroporto, pode não ter sido igual, rabisquei
lá", disse o deputado, tentando justificar a falsificação apontada pelos
peritos. "Se eu assinei com pressa, se eu tava [de] porre, se eu tava de
ressaca, se eu assinei com letra diferente, não vou ficar me batendo por isso",,
afirmou.
A carta de renúncia foi apresentada ao Conselho às 22h40.
Seis minutos depois, o líder da bancada, Maurício Quintella Lessa (AL), era
indicado para o posto e votou a favor de Cunha.
A votação tinha clara demonstração de derrota para Cunha e
aliados que queriam evitar que o suplente de Gurgel, um deputado do PT votasse.
De acordo com os peritos do Instituto Del Picchia, de São
Paulo, a assinatura da carta de renúncia apresenta características
"peculiares às falsificações produzidas por processo de imitação lenta,
quais seja, imitação servil ou decalque", com "inequívocos índices
primários das falsificações gráficas".
Via Portal Vermelho
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