O partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc)
anunciou nesta quarta-feira (1/11) a candidatura de seu principal líder,
Rodrigo Londoño Echeverri (o Timochenko), às eleições presidenciais da Colômbia
em 2018.
Timochenko vai concorrer à presidência da Colômbia em 2018, a primeira pesquisa feita logo no lancamento da Farc mostrou que o partido tem 12% de aceitação popular |
O anúncio foi feito pelo dirigente da antiga guerrilha
responsável por coordenar os acordos de paz em Havana – as Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia –, Iván Márquez, em entrevista coletiva em Bogotá.
Ele ressaltou que o partido entrou "totalmente na disputa política de 2018
com candidatos próprios para a presidência e para o Congresso da República".
Lodoño, conhecido como Timochenko, é presidente do partido
criado em setembro na sequência da entrega completa de armas dos
ex-guerrilheiros das Farc às Nações Unidas. Imelda Daza, que fez parte do
movimento político Vozes de Paz, ligado às Farc, e que representou a
ex-guerrilha no Congresso colombiano, vai concorrer como vice-presidente na
chapa do Farc.
Timochenko foi o último comandante dos guerrilheiros e
participou de forma ativa das negociações para pôr fim aos 50 anos de conflito
no país. O ex-guerrilheiro está em Cuba desde junho para tratamento médico, se
recuperando de um acidente vascular cerebral que afetou sua fala.
Candidaturas
As eleições legislativas para renovar o Senado e a Câmara
serão realizadas em março de 2018. O primeiro turno das presidenciais será em
maio.
O partido Farc também terá candidatos ao Senado e à Câmara.
Caso sejam eleitos, os representantes do partido deverão se somar às dez
cadeiras a que têm direito durante os próximos oito anos, de acordo com o
acordo de paz. Iván Marquéz estará entre os candidatos ao Senado.
Para a Câmara, o partido lançará candidaturas por Bogotá e
pelos estados de Antioquia, Valle del Cauca, Atlántico e Santander. Nas demais
regiões do país, o Farc vai apoiar "candidatos de convergência social e democrática
comprometidos programaticamente com a implementação dos acordos e as
necessidades sociais populares", disse Iván.
"Acredito que há muito boas chances para o entendimento
político com outras forças. Nós vamos concorrer pelos departamentos com maior
votação", afirmou o atual líder do partido.
"Damos passagem à luta política legal num contexto em
que as grandes maiorias do país esperam virar definitivamente a página da
guerra com os acordos de paz", acrescentou ao pedir que "nenhuma
vírgula" seja mudada no acordo de paz assinado em 24 de novembro do ano
passado antes de a guerrilha se converter num partido político.
Críticas ao acordo
O ex-guerrilheiro Jesús Santrich, escolhido como líder do
partido para a Câmara dos Representantes, afirmou que, se não houver uma
mudança de rumos, a implementação do acordo de paz firmado entre a ex-guerrilha
e o governo da Colômbia caminhará para um despenhadeiro.
"A implementação se transformou em uma irritante,
asquerosa renegociação e isso não pode continuar assim", disse.
Santrich alegou que mudanças nos termos do acordo estão
gerando insegurança jurídica para os mais de mil ex-combatentes que seguem
presos, apesar de a lei de anistia prevista no pacto estar em vigor desde
dezembro de 2016.
"Assim, nessas condições, se não houver uma mudança de
rumo, o processo de implementação vai para um despenhadeiro", avaliou
Santrich.
"Não queremos enganos, queremos que o acordo seja
cumprido. Nós cumprimos totalmente, deixamos as armas. Pedimos ao governo que
tome as decisões necessárias para que os compromissos se materializem",
afirmou Marquéz.
Políticos de direita têm criticado os termos do acordo de
paz, que permite aos guerrilheiros participar de atividades políticas antes de
serem julgados pela Jurisdição Especial para a Paz (JEP), mecanismo judicial de
transição criado no contexto do tratado de paz.
Fonte: Opera Mundi
Nenhum comentário:
Postar um comentário