Matéria publicada nesta terça-feira (7), em O Globo, defende em manchete decisão da última segunda-feira (6) de Temer que tem como objetivo edulcorar a venda da Eletrobras, a maior empresa de energia da América Latina, para vencer as resistências. De acordo com decisão do Planalto, parte do dinheiro arrecadado com a privatização da estatal será destinado a evitar uma alta maior nas contas de luz a partir de 2019.
Da revista Fórum:
Vários especialistas, no entanto, discordam veementemente.
Para a ex-presidente Dilma Rousseff, a privatização trará resultados
catastróficos: “Como ocorreu em 2001, no Governo do FHC, significa deixar o
país sujeito a apagões. O resultado é um só: o consumidor vai pagar uma conta
de luz estratosférica por uma energia que não terá fornecimento garantido”.
Chamando o atual governo de “ilegítimo”, Dilma afirma que a
privatização significa vender o patrimônio do povo brasileiro para cumprir uma
meta “irreal”. “Já entregaram as termelétricas da Petrobras. Pretendem vender
na bacia das almas nossas principais hidrelétricas e linhas de transmissão”,
afirmou Dilma.
De acordo com artigo publicado pelo jornalista e economista
Luis Nassif, “a avaliação prévia de agosto deste ano, de R$ 20 bilhões,
equivale a menos da metade de uma usina como Belo Monte. A Eletrobrás tem 47
usinas hidroelétricas, 114 térmicas e 69 eólicas, com capacidade de 47.000 MW,
o que a faz provavelmente a maior geradora de energia elétrica do planeta. É
uma empresa tão estratégica quanto a Petrobras”.
Nassif diz ainda que “o anúncio de venda da Eletrobras para
fazer caixa é uma das iniciativas mais aberrantes do governo Temer. A ideia da
“democratização do capital” e a comparação com a Vale e a Embraer é esdrúxula.
Ambas estão na economia competitiva enquanto a Eletrobrás é uma concessionária
de serviços públicos, estratégica para o país”.
Comoção na Bovespa
Em matéria de agosto deste ano, o jornal El País chama a
Eletrobras de “a joia da coroa do programa privatizador de Temer”. De acordo
com a reportagem, o anúncio da privatização provocou comoção na Bovespa, mas o
consenso entre especialistas ouvidos é que os detalhes sobre a operação
especial planejada para as mudanças na estatal ainda são pouquíssimos. Um
verdadeiro mar de incertezas ronda a possível venda da empresa, hoje
responsável por 31% da capacidade da geração de energia do país e por 47% das
linhas de transmissão.
Outro que aposta no aumento das tarifas é o analista
econômico Miguel Daoud. Para ele, a teoria do ministro de Minas e Energias, de
que a privatização pode reduzir a conta de luz, é equivocada. O efeito, segundo
o economista, deve ser justamente o inverso: o aumento nas tarifas.”
Mesmo para especialistas mais liberais, a decisão de
privatizar foi acelerada por conta da situação econômica do país e também pelo
tamanho do déficit das contas públicas. “Toda a motivação é a necessidade de
recurso para o Tesouro Nacional. A Eletrobras já não vinha desempenhando um
papel importante ou estratégico no setor elétrico, muito por conta dos problemas
financeiros que ela enfrentava”, explica Nivalde de Castro, coordenador do
Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel), do Instituto de Economia da UFRJ.
O professor pondera, entretanto, que há riscos quando o
Estado brasileiro perde um instrumento de política energética. “Uma coisa é
você estar em um país desenvolvido, outra é estar em um país como o Brasil com
uma heterogeneidade econômica e regional muito grande, com muitos lugares com
necessidade de crescimento e mais capacidade de transmissão. No futuro, você
pode correr o risco de ficar refém do privado”, afirma Castro.
Via - Blog do Miro
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