Na infância,
Bob Marley lia mãos, chegou a ser preso duas vezes por porte de maconha e, após
atentado político, subiu no palco ainda ferido por tiro. No dia em que Bob
completaria 70 anos, conheça sete curiosidades sobre o lendário artista
jamaicano
Bob Marley completaria 70 anos dia 06 de Fevereiro. Fãs celebram mundo afora. Rei do reggae teve morte precoce, em 1981, com apenas 36 anos |
Vanessa
Martina Silva, Opera Mundi
Maior
expoente do reggae mundial e um dos principais responsáveis pela difusão da
cultura e da religião rastafari, o jamaicano Bob Marley completaria 70 anos
nesta sexta-feira (06/02). Para marcar a data, a Jamaica realizou uma semana de
celebrações e diversos eventos estão sendo realizados em todo o mundo para
homenageá-lo. Um álbum inédito também será lançado hoje pela Universal Music
com as gravações realizadas por um fã durante a turnê promocional do álbum Kaya
de 1978.
Bob nasceu
em 6 de fevereiro de 1945 na cidade de Saint Ann, no interior da Jamaica.
Tornou-se mundialmente conhecido pelo grande senso de justiça em suas letras,
pela defesa da libertação nacional, do empoderamento dos negros, da luta contra
o racismo e pela universalização dos direitos civis. Como reconhecimento desse
papel, as Nações Unidas lhe concederam a Medalha da Paz do Terceiro Mundo, em
1978. Na Jamaica, também recebeu as três maiores condecorações: Honra ao Mérito
da Jamaica, “Order of Merit”, Herói Nacional e o “Order of the National”, que é
reservado para governadores, generais e premiês.
A qualidade
musical e Bob Marley e o grupo que o acompanhava, o The Wailers, foi
reconhecida com diversos prêmios. A BBC classificou a música “One Love” como
sendo a canção do milênio e o cantor e compositor foi eleito o 11º maior
artista de todos os tempos pela revista Rolling Stones.
Na única
visita que fez ao Brasil, declarou: “Músicos devem ser porta-vozes para as
massas oprimidas. No nosso caso, a responsabilidade é ainda maior por causa de
nossas crenças religiosas. A filosofia do reggae explica tudo isso. O reggae se
propagou a partir dos guetos, e tem sido sempre fiel a suas origens, trazendo
ao mundo uma mensagem de revolta, protesto e luta pelos direitos humanos”.
1) Criança
sensitiva
Quando tinha
quatro anos, Bob começou a pressagiar a partir da leitura da palma da mão. Como
as previsões invariavelmente eram acertadas, ficou conhecido na região. Um dia,
quando já era famoso, voltou a Kingston e uma mulher pediu que ele lesse a mão
dela. Diante do pedido, respondeu: “Eu não estou mais lendo mãos. Estou
cantando agora”.
2) Prisão
Em 1968, Bob
passou um mês na prisão na Jamaica por porte de maconha. Durante este tempo,
conheceu alguns prisioneiros com os quais criou forte relação. Eles o motivaram
a escrever músicas com mensagens políticas mais contundentes. Em 1977, voltou a
ser detido pelo mesmo motivo, em Londres. Devido ao uso religioso da maconha
pelos rastafaris, Bob foi um ativo defensor de sua legalização.
3) Futebol
Bob nutria
uma grande paixão pelo futebol e chegou a jogar na equipe jamaicana House of Dread. Em uma de suas fotos mais famosas no Brasil, aparece com o cantor Chico
Buarque após uma “pelada” no Rio de Janeiro em 1980, com os funcionários do
selo Ariola contra alguns dos artistas contratados pela gravadora no Brasil,
como Chico Buarque, Alceu Valença e Toquinho. Na ocasião, ganhou e vestiu a
camisa 10 do Santos.
4) Atentado
Em 3 de
dezembro de 1976, em meio à efervescência política e à violência causada por
gangues na Jamaica, que vivia um clima de guerra urbana, Bob Marley decide
fazer uma apresentação gratuita como forma de pregar a paz e a unidade da
juventude no país. O primeiro-ministro jamaicano Michael Manley apoiou o evento
como forma de apaziguar os ânimos às vésperas das eleições. Durante um ensaio
em sua casa, ele, a esposa, Rita Marley, integrante da banda, e o empresário
Don Taylor foram baleados e levados ao Hospital Universitário. As motivações do
atentado nunca foram esclarecidas.
Dois dias
depois, Bob, mesmo sabendo dos riscos que corria, resolveu fazer sua
apresentação durante o evento “Smile Jamaica”. Ele e Rita subiram ao palco com
os curativos e, ao ser questionado sobre o fato de comparecer ao show mesmo
baleado, o músico disse a célebre frase: “As pessoas que estão tentando
destruir o mundo não tiram um dia de folga. Como posso, eu, tirar, se estou
fazendo o bem?” Após o ocorrido, o casal decidiu ir morar em Londres, por
questão de segurança, e ficou oito meses sem tocar na Jamaica.
5) Cultura
rastafari
Além de ser
o maior expoente do gênero musical reggae, Bob Marley também é considerado o
responsável por disseminar a cultura rastafari pelo mundo. Em suas falas e
canções, Bob transmitia o estilo de vida da religião da qual era adepto, cujos
valores mais fundamentais eram: a soberania negra e valorização das raízes
africanas, além do desejo de retorno à África, a terra prometida.
Na Etiópia,
terra de Haile Selassie I, considerado um deus e a máxima encarnação do poder
da religião rastafari, Bob é considerado herói nacional. Em 2005, Rita Marley
afirmou que iria exumar os restos de Bob e enterrá-lo em um “local de descanso
espiritual” na Etiópia. A declaração gerou fortes protestos na Jamaica.
6) Estupro
Um dos
pontos mais controversos da história de Bob Marley veio à tona em 2004 quando
Rita, que lançava o livro “No Woman No Cry: Minha Vida com Bob Marley”, deu
depoimentos controversos à imprensa britânica sobre seu relacionamento com Bob.
Na ocasião, tabloides ingleses deram uma ampla repercussão à declaração em que
ela dizia ter sido estuprada pelo marido. Após a história ter tomado grandes
proporções, Rita concedeu novas entrevistas esclarecendo que suas declarações
foram retiradas do contexto e que seu marido “não era um estuprador”.
7) Morte
Durante uma
partida de futebol em Londres em 1977, Bob machucou o dedão do pé direito e,
como consequência do ferimento não tratado, a unha do pé caiu. Somente em 1980,
quando o ídolo passou mal no palco em uma turnê nos EUA, descobriu-se que na
verdade ele tinha uma espécie de câncer de pele, chamado melanoma maligno, que
se desenvolveu sob sua unha. A recomendação médica foi para que amputasse o
dedo, mas ele recusou o procedimento devido à crença rastafari.
O câncer se
espalhou para o resto do corpo, afetando cérebro, pulmão e estômago. O músico
foi se tratar na Alemanha com o médico naturalista Joseph Issels, mas após oito
meses de tratamento, foi desenganado. Decidiu, então, voltar à Jamaica para
morrer junto a família e amigos, mas no meio da viagem teve que ser internado
às pressas em Miami, onde morreu no dia 11 de maio de 1981, na companhia da
mãe, quando estava no auge da carreira, aos 36 anos de idade.
Via Pragmatismo Político
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