Por Altamiro Borges
O Paraná está vivendo dias de convulsão social. O governador
Beto Richa (PSDB) tentou impor um “pacotaço de maldades” contra o funcionalismo
público e detonou uma onda de revolta no Estado. Várias categorias paralisaram
suas atividades. Os grevistas ocuparam a Assembleia Legislativa. Nesta
quinta-feira (12), os deputados que tentaram aprovar o projeto, “às
escondidas”, foram transportados em camburões da polícia. Apesar do clima de
tensão, a sociedade brasileira simplesmente desconhece estes fatos. A mídia privada,
sempre tão seletiva na sua cobertura jornalística, faz de tudo para
invisibilizar a greve e para proteger o governante tucano. Os protestos não são
manchete nos jornalões nacionais e nem destaque na TV Globo. Os blogueiros
paranaenses, sempre tão perseguidos pelo censor Beto Richa, são os únicos que
furam o bloqueio informativo.
Professor Ricardo Drummond de Macedo e demais professores entoaram o mesmo grito: A GREVE CONTINUA... |
O blog de Esmael Morais, por exemplo, transmite ao vivo as
assembleias e protestos das categorias em greve. Ele também acompanhou a
ocupação da Assembleia Legislativa e postou o vídeo sobre a fuga dos deputados.
Conforme informou nesta quinta-feira, a combativa greve do funcionalismo pode
até “afrouxar a tanga” do grão-tucano. “Depois de bombas, tiros com balas de
borracha, cães contra professoras e o furo de bloqueio policial por uma massa
ensandecida, o governador Beto Richa (PSDB) retirou o ‘pacotaço de maldades’ da
pauta da Assembleia Legislativa do Paraná. Os deputados governistas chegaram de
camburão da PM e entraram em um anexo do legislativo pelas portas dos fundos. Diante
da tomada total do espaço pelos manifestantes, os parlamentares encerram a
‘sessão secreta’ e se retiraram do local também dentro do rabecão policial”.
O advogado Tarso Cabral é outro blogueiro que tem
acompanhado atentamente a mobilização no Paraná. Ele postou vários textos
demonstrando a ilegalidade do “pacotaço de maldades” e deu ampla divulgação à
nota de repúdio assinada pelos senadores Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião
(PMDB), e pelos deputados federais Ênio Verri (PT), João Arruda (PMDB), Zeca
Dirceu (PT), Christiane Yared (PTN), Toninho Wandscheer (PT) e Aliel Machado
(PCdoB), contra a utilização dos fundos da previdência pública para cobrir o
rombo nas contas do Paraná. Reproduzo a nota abaixo – já que ela não teve
qualquer repercussão na chamada mídia imparcial deste Brasil varonil:
*****
O propalado recuo do governador Beto Richa em relação a
alguns pontos de seu pacotaço, como o fim de quinquênios e anuênios, corte de
auxílio-transporte, e suspensão do PDE, se realidade, deve-se, inegavelmente, à
mobilização dos professores e de outras parcelas do funcionalismo. Mas, ao
tempo que cumprimentamos os professores por esta possível conquista, é vital,
como o ar que respiramos, que a mobilização continue, porque está em curso um
assalto muito mais devastador contra o funcionalismo público paranaense.
A utilização dos oito bilhões de reais dos fundos da
Paranaprevidência para o pagamento de salários e outras despesas, como propõe o
governador, é um golpe certeiro contra a aposentadoria dos professores e demais
servidores públicos estaduais. Esses recursos, acumulados nas últimas três
décadas, são um patrimônio inviolável do funcionalismo paranaense. Aliená-lo,
permitindo que o governador use-o para o pagamento de dívidas e da folha, trará
como consequência previsível, o aniquilamento da Paranaprevidência.
A incompetência e a irresponsabilidade do atual governo
estadual escancaram-se à vista de todos. Por todos os cantos, faz-se água. Não
há remendo que estanque a sangria. Só para fornecedores e pequenos empreiteiros
são mais de dois bilhões de reais de calote. Daí a fúria arrecadadora. No
entanto, o aumento do IPVA e do ICMS, o arrocho dos salários e os cortes de
benefícios não serão suficientes para cobrir o rombo.
O dinheiro que poderia, por algum tempo, representar efetivo
alívio financeiro para o governador, é o dinheiro da Paranaprevidência, aqueles
oito bilhões de reais de propriedade do funcionalismo público estadual, que vão
garantir o pagamento da aposentadoria dos servidores e o bem-estar de suas
famílias. O governador não tem direito de se apossar desse dinheiro. Os
deputados não podem cometer o crime de votar uma barbaridade como essa. A
aprovação dessa excrescência será, sem nenhuma dúvida, a maior violência
praticada contra o funcionalismo público paranaense.
Esse é o verdadeiro foco do pacotaço de Beto Richa. O resto
é simples fumaça, para distrair os funcionários públicos do que interessa.
Professores, servidores públicos, paranaenses, vamos
continuar a mobilização para impedir que o governador meta a mão grande nos
fundos da previdência estadual. Ele já dilapidou o Paraná e agora quer também
suprimir o direito à aposentadoria.
Brasília, 10 de fevereiro de 2015
Senadora Gleisi Hoffmann (PT)
Senador Roberto Requião (PMDB)
Deputado Federal Aliel Machado (PCdoB)
Deputada
Federal Christiane Yared (PTN)
Deputado Federal Ênio Verri (PT)
Deputado Federal João Arruda (PMDB)
Deputado Federal Toninho Wandscheer (PT)
Deputado Federal Zeca Dirceu (PT)
*****
As postagens dos blogueiros e a nota dos parlamentares
confirmam o caos vivido pelo rico Estado do Paraná. Elas também explicam a
radicalidade da greve e dos protestos das várias categorias do funcionalismo
público. Apesar disto, a mídia privada – nos dois sentidos da palavra – não dá
qualquer repercussão à grave situação. Ela faz de tudo para proteger os tucanos
– seja censurando menções ao ex-presidente FHC na midiática operação Lava-Jato
da Polícia Federal, ou escondendo a gravíssima crise da falta de água em São
Paulo para garantir a reeleição de Geraldo Alckmin, ou tentando invisibilizar a
poderosa greve contra o tucanato no Paraná. A seletividade e parcialidade da
mídia nativa é algo repugnante, como demonstra o texto abaixo postado por
Gustavo Magnani, no blog “Litera Tortura”:
*****
30 mil funcionários em greve, nenhuma palavra no Jornal
Nacional!
A escolha de pauta nos grandes jornais brasileiros é muito
interessante, veja bem:
No Paraná, 100% das escolas estaduais estão em greve. Três,
das quatro universidades estaduais, também. Policiais e bombeiros, não, porque
sua greve é inconstitucional.
Há poucos dias, os ônibus de Curitiba pararam. Pelo governo
estadual.
Nesta semana, Beto Richa (PSDB) propôs um “pacote de
maldades” para ser aprovado em critério de urgência pelos seus deputados
mandados. Entre os desejos, além de aumentar impostos, Richa quer pegar 8
bilhões da Previdência Paraná. Pegar (pra não dizer roubar) porque esse
dinheiro tem dono. Esse dinheiro é do contribuinte. [Entenda todo o pacotaço
aqui]
Entre tantos feitos, Beto deu calote em professores,
bombeiros, policiais e outras classes, não pagando férias, atrasando décimo
terceiro, demitindo professores PSS que haviam sido aprovados, além de
faxineiros, merendeiros, porteiros etc.
Para o leitor entender, se uma escola abrir hoje, ela abre
sem merenda.
Por outro lado, sorte da escola que abre, porque várias
foram fechadas.
Qual governo, em pleno 2015, fecha escolas?
Qual jornal, em pleno 2015, com a internet aí, omite o caos
que está acontecendo?
Talvez as informações sejam irrelevantes…
Talvez, como sempre acontece quando o bico do pássaro é
grande, estejam acobertando. Como o e-mail que vazou, da diretora da globo
mandando tirar o nome de FHC dos vt’s sobre a Lava-Jato. Curioso que dois dias
depois do e-mail vazar, fizeram uma matéria colocando o nome do FHC, em todos
os jornais. Imparcialidade, sempre.
Ontem, além do que já foi escrito e dos outros absurdos que
você pode descobrir, caso se interesse pela política paranaense, mais de 20 mil
professores e funcionários públicos, de diferentes cidades, ocuparam a
Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, dando um corre nos deputados de
situação, que fugiram pela porta dos fundos.
[Minha mãe, professora há mais de 25 anos, com outros
professores de Guaíra, viajou mais de 660 km, para estar no protesto, tamanha a
gravidade do assunto.]
Os professores permanecem na ALEP.
Hoje, Beto Richa conseguiu que decretassem a expulsão deles
do local.
A PM, em vídeo divulgado lá na nossa página, se recusou a
cumprir tal ordem e foi embora.
Em comentário, a docente e leitora do site, Thais Vanessa
Schmitz, escreveu: “A PM do PR também está sofrendo com um calote do governador
e desvalorização. Para eles é inconstitucional fazer greve, mas estão nos
apoiando, um deles mesmo disse: eu sei que vocês estão lutando por nós também.”
Entretanto, nada está garantido. Como se fosse piada, os
parlamentares irão votar o projeto amanhã, a portas fechadas, no restaurante da
Câmara.
Será que a população não vai invadir? Será que não teremos
confrontos?
Tudo isso, absolutamente tudo isso [e muito mais], não
parece importar aos grandes jornais, sendo transmitido apenas pela televisão
local.
A pergunta que não quer e não pode calar é: e se fosse um
governo petista?
Eu respondo:
Se fosse um governo petista, este site atuaria da mesma
maneira. Infelizmente, porém, não podemos dizer isso da grande mídia, que não
abre o bico sobre tais assuntos, porque o mesmo bico que abre é o bico que é
atingido.
Via Blog do Miro
Via Blog do Miro
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