Mergulhado em escândalos de corrupção e sem apoio algum da
população, o governo Temer entregou mais oito bilhões de barris de petróleo às
multinacionais, ao concluir nesta quinta-feira (07) a 4ª Rodada de Licitações
do Pré-Sal, onde cada barril saiu ao preço médio de R$ 0,26.
Os três campos leiloados - Dois Irmãos (na Bacia de Campos),
Três Marias e Uirapuru (na Bacia de Santos) - contêm reservas estimadas de
12,132 bilhões de barris de petróleo. A Petrobrás, mesmo pagando o maior valor
em bônus do leilão (R$ 1 bilhão do total de R$ 3,150 bilhões arrecadados) e
exercendo a preferência dos 30% de participação mínima nos consórcios, como
prevê a lei, terá direito apenas a 3.999 bilhões de barris. Ou seja, 33% das
reservas licitadas.
A petrolífera norueguesa Statoil foi a grande vencedora do
leilão, ao abocanhar 2.783 bilhões de reservas de petróleo com participações
estratégicas nos blocos de Uirapuru e Dois Irmãos. A norte-americana
ExxonMobil, que estreou como operadora no Brasil em setembro passado e já havia
sido beneficiada com blocos da franja do Pré-Sal nas 14ª e 13ª Rodadas, avançou
consideravelmente sobre as reservas do país, ao garantir mais 2.184 bilhões de
barris de petróleo com os 28% de participação no valiosíssimo campo de
Uirapuru, que está estrategicamente localizado ao lado de Carcará. Na gestão
Pedro Parente, a Petrobrás entregou à Statoil 66% da participação que tinha
nesse mega campo da Bacia de Santos. Agora, a Statoil e a Exxon terão juntas
56% de Uirapuru, após pagarem em média R$ 0,30 por cada um dos 7,8 bilhões de
barris de reserva do campo.
Sem a luta da FUP, nem 30% a Petrobrás teria
“É bom lembrar que os 30% de participação que a Petrobrás
garantiu nos campos leiloados só foram possíveis em função da resistência da
FUP em 2015 e em 2016, quando a Shell e outras multinacionais, através do
projeto de Serra, conseguiram alterar a Lei da Partilha, e tiraram da nossa
empresa a exclusividade na operação do Pré-Sal. A resistência da FUP e de seus
sindicatos que garantiu à Petrobrás exercer pelo menos a preferência dos 30%,
pois o projeto original era acabar também com a participação mínima da
empresa”, recorda o coordenador geral da FUP, Simão Zanardi, se referindo ao
PLS 131/2015 do senador José Serra (PSDB/SP), que foi aprovado no Congresso
Nacional, em outubro de 2016, logo após o golpe do impeachment da ex-presidente
Dilma Rousseff. “Se não fosse a luta da FUP, nem esses 30% a Petrobrás teria”,
ressalta Zanardi.
Em dois anos de golpe, cinco leilões de petróleo
Em dois anos do golpe, o governo Temer já realizou cinco
leilões de petróleo, onde entregou às multinacionais áreas preciosas do
Pré-Sal, enquanto o povo brasileiro é obrigado a pagar preços absurdos pela
gasolina, diesel e gás de cozinha. Considerada a maior descoberta de petróleo
da atualidade, o Pré-Sal com pouco mais de dez anos de exploração, já
representa cerca de 55% de toda a produção brasileira. Somente um poço produz
em média 50 mil barris por dia, o que representa 63% de toda a produção da
Itália e 35% da Dinamarca. Muitos países sequer conseguem produzir a quantidade
que um único poço do Pré-Sal produz.
“A entrega dessas reservas está condenando gerações futuras
a não poder desfrutar da riqueza desse recurso natural que foi descoberto pela
Petrobrás e está sendo apropriado pelas multinacionais”, afirma Simão Zanardi.
“Estamos vendendo petróleo para depois importar derivados, isso significa
exterminar com a produção nacional. Voltamos ao colonialismo dos tempos de Fernando
Henrique Cardoso”, alerta, ressaltando que a Petrobrás faz o jogo do mercado e
dos golpistas ao exportar óleo bruto do Pré-Sal para que as empresas
estrangeiras lucrem com a importação de produtos refinados.
“A atual gestão da Petrobras está vendendo ao mercado
internacional um petróleo que vai fazer falta ao Brasil. Saiu Pedro Parente e
entrou Ivan Monteiro, mas a política de privatização continua”, declara o
coordenador da FUP, avisando que os petroleiros seguirão mobilizados na luta em
defesa da soberania nacional e contra o desmonte da Petrobrás.
Via – Portal Vermelho
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