Segundo pesquisa do instituto Gallup, 81% dos sérvios acham
que o fim da Iugoslávia foi ruim, e 77% dos bósnios se dizem arrependidos.
PELÉ COM OS CRAQUES IUGOSLAVOS AĆIMOVIĆ E DRAGAN DŽAJIĆ EM SEU JOGO DE DESPEDIDA, EM 1971. FOTO: REPRODUÇÃO |
Por Cynara Menezes
Iugonostalgia é a saudade que afeta habitantes dos sete
países que compunham a Iugoslávia, extinta em 1991, com a desintegração da
União Soviética. A nostalgia do país comunista é sentida sobretudo na Sérvia e
na Bósnia, segundo pesquisa divulgada pelo instituto Gallup em maio do ano
passado: nada menos que 81% dos sérvios acham que o fim da Iugoslávia diminuiu
a importância da região. 77% dos bósnios se dizem arrependidos da separação.
Os mais satisfeitos são os cidadãos de Kosovo: 75% acham que
a separação foi benéfica. 55% dos croatas concordam. Mas os eslovenos se
dividem: 41% acham que o fim da Iugoslávia foi boa, enquanto 45% acham que foi
ruim.
Os ex-iugoslavos sentem saudade de coisas prosaicas, como a
“coca-cola iugoslava”, Cockta, e até do carrinho Yugo, símbolo do país, que já
foi considerado o pior carro da história, mas, assim como aconteceu com a Lada
na União Soviética e com o Trabant, na Alemanha Oriental, se tornou objeto de
culto. Na ex-Iugoslávia, assim como nos EUA, para onde foi exportado nos anos
1980, inclusive se fala em uma “Yugomania”.
E hoje o patinho feio (na verdade projetado por engenheiros
da Fiat) é considerado o “mais charmoso” (pior) carro do mundo.
O YUGO NAS RUAS DE ZAGREB, CAPITAL DA CROÁCIA. FOTO: VLADO KOS/CROATIA TIMES |
ANÚNCIO DA COCKTA, A “COCA-COLA IUGOSLAVA” |
No Brasil, sem dúvida nosso maior saudosista da
ex-Iugoslávia é o jogador Dejan Petković, de origem sérvia. Pet, que veio para
cá em 1997 para jogar no Vitória, da Bahia, volta e meia aparece na televisão
falando como foi feliz durante sua infância no país comunista.
Durante a Copa do Mundo da Rússia, a imprensa internacional
flagrou torcedores sérvios usando, em vez da camiseta da seleção do país, a
camiseta vermelha da Iugoslávia. O Washington Post encontrou esta semana na
capital norte-americana gente cuja família se mudou para os EUA durante as
confusões pré-fim do comunismo que torcem tanto para a Sérvia quanto para a
Croácia.
“Eu apoio todas as seleções da Iugoslávia. Ontem eu estava
assistindo ao jogo da Croácia”, disse ao jornal Nikola Agatic, de pai
bósnio-sérvio e mãe sérvia-croata. Embora não tenham tido tanto sucesso nas
Copas do Mundo (seus melhores resultados foram terceiro lugar na primeira Copa,
em 1930, e quarto lugar no Chile, em 1962), os iugoslavos sempre amaram o
futebol. No auge, chegaram a ser conhecidos como “os brasileiros do Leste
europeu”. Foi contra a Iugoslávia o jogo de despedida de Pelé do futebol, em
julho de 1971, no Maracanã.
O site Sportskeeda imaginou como seria a seleção da
Iugoslávia na Rússia em 2018 se o país ainda existisse. No gol, Jan Oblak, da
Eslovênia, que joga atualmente no Atlético de Madri, considerado um dos
melhores goleiros da atualidade. Na defesa, os croatas Šime Vrsaljko, também do
time madrilenho, e Dejan Lovren, do Liverpool, o montenegrino Stefan Savić, do
Atlético de Madri, os sérvios Branislav Ivanović, do Zenit Saint Petersburgo,
Matija Nastasić, do Schalke, e Aleksandar Kolarov, do Roma, e o
bósnio-herzevogino Sead Kolasinac, do Arsenal.
No meio campo, o bósnio-herzegovino Miralem Pjanić, da
Juventus, o croata Ivan Rakitić, do Barcelona, os croatas Mateo Kovačić e Luka
Modrić, ambos do Real Madrid, o croata Marcelo Brozović, da Inter de Milão, e
os sérvios Nemanja Matić, do Manchester United, e Sergej Milinković-Savić, do
Lazio.
Por fim, no ataque, o bósnio-herzegovino Edin Džeko, do
Roma, os croatas Ivan Perišić, da Inter de Milão, e Mario Mandžukić, da
Juventus, o montenegrino Stevan Jovetić, do Monaco, e o sérvio Dušan Tadić, do
Southampton.
Será que a seleção do Brasil teria sido páreo para eles?
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