A história da famosa promoção a capitão do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o “Lampião”, ocorrida em Juazeiro, no ano de 1926, é de conhecimento de todos e um tema já bastante divulgado. Sobre o homem que realizou este procedimento, Pedro de Albuquerque Uchoa, muito já foi igualmente comentado.
Quem primeiro trouxe a história da patente e a figura de Uchoa ao
conhecimento geral foi o cearense Leonardo Mota (1891-1947), no seu livro “No
tempo de Lampião”. Lançado em 1930, a entrevista transcrita de Uchoa, colocou
este funcionário público no centro das atenções.
Três anos após o lançamento do livro de Mota e sete anos
depois deste acontecimento “burocrático-cangaceirístico”, Uchoa teceu mais
alguns interessantes comentários relativos a este pitoresco episódio da
trajetória do Rei do Cangaço.
Através da reprodução das páginas de um vespertino carioca,
apresentadas na primeira página do jornal sergipano “Diário da Tarde”, de
sexta-feira, 29 de setembro de 1933, vamos encontrar o funcionário público
Uchoa, aparentemente vivendo na antiga Capital Federal. Pela descrição no
jornal, tudo indica que ele não era mais um membro dos quadros do então
Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Era apresentado pelo jornal
como funcionário da “Secretaria do Tribunal”, sem especificar se era um
tribunal ligado a justiça Estadual ou Federal.
O jornalista que realizou a entrevista informa que se
espantou ao descobrir que estava diante do homem que forçadamente provocou uma interessante
querela burocrática e o mesmo, em nenhum momento da entrevista, negou o seu
”feito”.
Mas como tudo ocorreu. Para reavivar a memória de todos,
recorro ao excelente livro “Padre Cícero-Poder, Fé e Guerra no Sertão”, de
autoria do jornalista e escritor cearense Lira Neto, que no capítulo 11,
páginas 463 a 482, traça detalhadamente os episódios que culminaram na criação
da patente de capitão para Lampião.
No ano de 1925, o então presidente da República Arthur
Bernardes idealizou um plano para derrotar os componentes de uma coluna de
oficiais rebelados do Exército Brasileiro, que percorriam os sertões na
esperança de insuflar a massa com o seu exemplo de luta, derrubar o presidente
e alterar a ordem vigente na nação. Comandados por Luís Carlos Prestes, Isidoro
dias Lopes, Siqueira Campos, eram conhecidos na época como revoltosos.
Eles estavam no início de 1926 adentrando o Ceará, vindos do
Piauí. O presidente da República convoca Floro Bartolomeu da Costa para
organizar a resistência aos rebelados no Ceará. Floro era um médico baiano, que
vivia em Juazeiro, era deputado federal, muito ligado ao Padre Cícero Romão
Batista e que em 1914, havia organizado um movimento sedicioso que culminou com
a derrubada do então governador cearense, Franco Rabelo.
Parecia o homem certo
para a função. Floro procura o Padre Cícero, carismático prefeito e religioso
de Juazeiro, e, com uma dinheirama vinda do Rio de janeiro, organizam os
chamados Batalhões Patrióticos. Eram mais de mil homens com uniformes de brim
azul-celeste e munidos de modernos fuzis privativos das forças armadas. Foram
passados em revista pelo Padre Cícero em 9 de janeiro de 1926 e saíram ao
encalço dos revoltosos.
Mas a caçada não deu certo. Afeitos as táticas de guerrilhas
e ao constante movimento da tropa pelo sertão, os revoltosos conseguiram
driblar os membros dos Batalhões Patrióticos e seguiram atravessando o Ceará.
Batalhão Patriótico em Juazeiro.
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Desesperado, o Floro pede mais dinheiro ao governo e amplia
a já amalucada ideia de Arthur Bernardes. Ele envia um portador para convocar
para a “Guerra Santa”, com uma carta do padre destinada a ninguém menos que
Virgulino Ferreira da Silva, o famigerado Lampião. No início desconfiado,
Lampião acabou aceitando o convite do seu “Padim Ciço”, o homem a quem ele
devotava confiança cega e que aparentemente, há algum tempo protegia os seus
familiares de vinganças. Virgulino partiu para o Juazeiro. Lira Neto foi muito
feliz ao colocar uma frase que exemplifica esta parte desta história; “Deus e o
Diabo iriam se encontrar na Terra do Sol”. Mudanças no Meio do caminho.
Enquanto Lampião seguia para a “Meca do sertão”, os revoltosos driblavam os
Batalhões Patrióticos e seguiam seu caminho de lutas sem nem chegar perto de
Fortaleza, ou de Juazeiro, grande temor do Padre Cícero. Neste meio tempo Floro
Bartolomeu adoeceu fortemente de sintomas ligados a sífilis e deixou a “frente
de combate”.
Logo a coluna de revoltosos, que entraria para a história do
Brasil como Coluna Prestes, passou pelo Rio Grande do Norte (Cidades de São
Miguel e Luís Gomes) e seguiu para a Paraíba. Floro Bartolomeu por sua vez
rumou para Fortaleza e depois foi de navio para o Rio de janeiro, onde morreria
em pouco tempo. Tudo parecia indicar que a tempestade havia passado, mas uma
nuvem negra, em formato de um chapéu de couro com a testeira quebrada, se aproximava
de Juazeiro.
O perigo dos revoltosos poderia ter até passado, mas Lampião vinha
cobrar a sua conta para poder “cumprir seu dever cívico”. A princípio o chefe
da guarnição policial de Juazeiro pensou em oferecer resistência, mas Padre
Cícero não podia aceitar esta situação. Afinal o homem era um convidado e
deveria ser bem recebido. Durantes três dias de um final de semana memorável
para a cidade de Juazeiro, Lampião e seus homens aproveitaram ao máximo da
principal urbe do interior do Ceará.
Na noite de 4 de março de 1926, ocorreu o famoso encontro de
duas das mais míticas figuras já produzidas no Nordeste do Brasil. É nessa hora
que entra em cena Pedro de Albuquerque Uchoa. Encontro Memorável.
Voltando a reportagem reproduzida sete anos após os fatos,
Uchoa comenta que ainda na época em que vivia em Juazeiro, era “muito amigo” do
líder político e religioso da cidade. Afirmou que mantinha uma boa relação com
o religioso, a ponto de todo dia o Padre Cícero ir tirar um cochilo na sua casa
ao meio dia. Nestas horas a casa de Uchoa ficava cheia de romeiros que vinham
pedir a benção ao velho padre.
Sobre os acontecimentos de 4 de março de 1926, Uchoa não
narra o que aconteceu antes da chegada de Lampião, mas informa que nesta noite
foi acordado por dois “jagunços”, em um sobradinho onde morava com seu
contraparente, o cantador João Mendes de Oliveira. Os homens intimaram o
funcionário público, afirmando autoritariamente que “-Meu padrinho está
chamando o Senhor com urgência”. Uchoa não perdeu tempo e foi logo a casa do
Padre Cícero.
Segundo sua narrativa, estes dois homens portavam fuzis a
tiracolo, estavam encourados e cheios de “medalhas”. As medalhas no caso,
certamente seriam imagens de santos penduradas no peito. Ao escritor Leonardo
Mota, Uchoa afirmou que estes homens eram Sabino Gomes e o irmão de Lampião,
Antônio Ferreira. Ao chegar a residência do líder de Juazeiro, o Padre Cícero
lhe apresentou Lampião e disse, conforme está reproduzido no velho jornal
sergipano de 1933.
“- Aqui está o capitão Virgulino Ferreira. Ele não é mais
bandido. Veio com cinquenta e dois homens para combater os revoltosos e vai ser
promovido a capitão. Olhe, o senhor vai fazer a patente de capitão do Sr.
Virgulino Ferreira e a de tenente do seu irmão”.
Evidentemente que Uchoa ficou pasmo, “perplexo” em suas
palavras. Fiquei imaginando a cara do pobre coitado do funcionário do
Ministério da Agricultura, acordado no meio da noite com esta bomba na mão. Ele
ainda tentou argumentar que não podia, mas um dos irmãos de Lampião ponderou na
hora.
“- Não, se meu padrinho está mandando o senhor pode”.
O Padre Cícero lhe colocou na condição de “mais alta
autoridade federal de Juazeiro” e aí não teve jeito. Com o carismático prefeito
ditando os documentos, foram “lavradas” as designações de patente. Segundo
Uchoa comentou ao repórter, parte dos termos do documento referente a patente
de Lampião foram; “Pelo Governo Federal era concedido a Virgulino Ferreira a
patente de capitão do Exército, por serviços prestados a República”. Depois o
Padre Cícero foi categórico e ordenou a Uchoa um curto “assine”. Ele colocou a
sua firma no controverso documento. Interessante é que em nenhum momento na
reportagem, Uchoa pronuncia que concedeu uma patente a um dos mais cruéis e
sanguinolentos bandidos de lampião, o famigerado Sabino.
Após os “trâmites burocráticos”, Uchoa afirma que presenciou
o temível Lampião, todo equipado, se ajoelhar reverentemente e beijar
emocionado a batina do Padre Cícero. Lampião informou ao Padre que se
comprometia a “proceder bem”….. Uchoa informou ainda que após o encontro destas
duas figuras, Lampião e seus homens receberam suas armas, munições e partiram
no meio da noite. Se assim foi, este foi o último ato da visita de Lampião e
seu bando a Juazeiro. Um Simples “ajudante de inspetor agrícola”?
A Leonardo Mota, o funcionário público Uchoa afirmou que ao
retornar para a sua casa, por volta das onze da noite, tentou argumentar com
Sabino e Antônio Ferreira que aquele documento não valia nada e que ele “não
passava de um simples funcionário subalterno do Ministério da Agricultura”. Ao
que o irmão do cangaceiro-mor do Brasil respondeu secamente que “se o padre
dissera que era ele que devia assinar a patente, era porque era ele mesmo”.
Uchoa se calou.
Ao ler em Mota, que Uchoa se considerava “um simples
funcionário subalterno do Ministério da Agricultura”, percebi que na reportagem
de 1933, Uchoa informou que era um “simples ajudante de inspetor agrícola”. Ele
então se encontrava em um posto mais baixo na hierarquia dos quadros funcionais
do Ministério da Agricultura daquela época? Seria obrigatório que um “ajudante
de inspetor agrícola”, fosse uma pessoa com formação superior?
A resposta é não necessariamente. Mesmo com o termo
“ajudante”, aparentemente esta extinta função do Ministério da Agricultura,
conforme se lê em vários exemplares do Diário Oficial da União (D.O.U.) desta
época, poderia, ou não, ser exercida por uma pessoa com o título de agrônomo.
Encontrei várias transferências publicadas no D.O.U., do início da década de
1930, onde vemos inúmeros “ajudantes de inspetor agrícola” sendo remanejados.
Alguns aparecem com o título de “agrônomo” adiante do cargo, em outros não.
Mesmo não tendo encontrado nada designando Uchoa como
agrônomo, eu acredito que ele tinha sim esta formação. O interessante é que na
entrevista concedida no Rio, sete anos depois do episódio em Juazeiro e
reproduzida na primeira página do jornal sergipano “Diário da Tarde”, em nenhum
momento Uchoa comenta sua formação superior. Isso em uma época onde o Brasil
era tão carente de educação, que quem era “Dotô” fazia questão de dizer a todos
sobre a sua superioridade acadêmica e ainda mostrar o seu anel de formatura.
Das duas uma; ou Uchoa era um homem muito humilde, ou o
repórter do tal vespertino carioca era muito fraco… Certamente o Padre Cícero,
em muito pouco tempo, deve ter se arrependido de dar continuidade à ideia de
Floro de trazer Lampião a Juazeiro. Logo Lampião percebeu que de seus “colegas
de farda”, estes não viriam até ele com salamaleques típicos de militares e nem
com continências. Deles, Lampião só iria receber bala. Sobre a sua luta contra
os revoltosos da famosa Coluna Prestes, existem indicações que Lampião e seu
bando travaram um pequeno combate, sem maiores consequências, em Pernambuco.
Depois o cangaceiro decidiu continuar seu caminho de depredações, saques e
violências, do qual era um especialista, deixando de lado a promessa feita ao
Padre Cícero.
Mas quem não deixou passar em branco a situação foram os
jornais da época, que se mostraram extremamente impiedosos nas críticas ao
líder de Juazeiro.
As manchetes do jornal recifense “A Noite”, de 10 de agosto
de 1926, aqui apresentadas, dão uma ideia do que o Padre Cícero sofreu. O texto
então é pior ainda. Nele encontramos; “E ainda agora, para coroar toda esta
obra de misérias que o Padre Cícero vem desenvolvendo ao longo de anos, Lampião
passeia a sua impunidade nas ruas de Juazeiro, garantido e hospedado pelo padre
satânico”.
Em minha opinião o Padre Cícero não percebeu a extensão do
estrago que ocorreria quando decidiu dar prosseguimento ao plano desorientado
de Floro Bartolomeu. Alguém se esqueceu de lembra ao padre que seria muito
difícil fazer com que certos componentes de volantes que combatiam os cangaceiros,
teriam agora de parar a sua luta figadal contra o facínora e seus homens, e
ainda mais, teriam de prestar continência ao capitão Virgulino. Isso tudo
apenas por uma ordem emanada de Padre Cícero e sacramentada pela “mais alta
autoridade federal de Juazeiro”, um “ajudante de inspetor agrícola”.
Para a imprensa do país e certos setores da elite que
governava a nação, a ação do Padre Cícero foi considerada, no mínimo,
“desastrada” e só serviu para manchar a sua biografia. Sobrou até para o pobre
do Uchoa. Segundo a reportagem de 1933, ele teve de prestar contas do ocorrido
a ninguém menos que o próprio ministro da agricultura.
Uchoa não informa se foi ao titular da pasta durante a
gestão Arthur Bernardes, o baiano Miguel Calmon du Pin e Almeida, que ele teve de
narrar os fatos. Ou se prestou contas ao sucessor deste, o paraense Geminiano
Lira Castro. Já o paulista Paulo de Morais Barros, que assumiu o ministério
depois da Revolução de 1930, na mesma época que ocorreu o lançamento do livro
de Leonardo Mota, que tornou o “simples funcionário subalterno do ministério da
Agricultura”, em alguém que mereceu um encontro com o titular do ministério.
Com qual ministro se encontrou, não importa. O que importa
foi que neste encontro ele falou a autoridade, o mesmo que havia dito a
Leonardo Mota; “Naquele momento eu lavraria até a demissão do presidente da
República”… Não sei se esta verdadeira “epopeia burocrática” trouxe a Uchoa
algo mais do que constar nos livros de história do cangaço.
O maior beneficiado com a visita a Juazeiro foi Lampião.
Sem dúvida alguma, apenas uma pessoa saiu ganhando deste
episódio e ele foi Lampião. Além de receber novos fuzis e munições, vaidoso
como era, deve ter adorado a sua “patente”. Pois assim passou a assinar seus
bilhetes e seus cartões que continham sua fotografia. A partir do dia que Uchoa
assinou aquele papel, todos os nordestinos que ficaram diante de Lampião, desde
um rico coronel na sua casa-grande, ao simples lavrador na sua tapera, passaram
a tratá-lo como capitão.
Uma situação chama atenção. Lampião sabia que nao lutaria
mais com a Coluna Prestes? A Coluna Prestes cruzou o Rio Grande do Norte em 4
de fevereiro de 1926, depois foi para a Paraíba e Pernambuco. Lampião só chegou
a Juazeiro em 4 de março. É possível que ele soubesse por onde andava a Coluna?
Certamente. Os jornais Pernambucanos da época, que estão no Arquivo Público de
Pernambuco, dão notícia praticamente dia a dia dos Revoltosos . Se os jornais
em Recife sabiam, imaginem Lampião.
Esperto e bem informado, certamente Lampião deveria saber de
tudo isto. Mas como diz Lira Neto, foi a Juazeiro cobrar o que lhe foi
prometido. Lampião era tão sem vergonha, pilantra, que não ficou satisfeito só
com as armas e munições (que já era um grande presente), quis a patente, quis sair
de Juazeiro como “oficial” e “oficializado” e aí ocorre o caso do Uchoa. Me
chama a atenção que, com o poder que o Padre Cícero tinha em Juazeiro, ele
poderia ter mobilizado até as “corujas da torre da igreja” para lutar contra
Lampião e este jamais teria pisado em Juazeiro e sei lá o que teria acontecido.
Mas ele não fez. Por que?
Creio que o Padre tinha receio de um retorno dos Revoltosos
a sua região. Pode ter pensado que podia precisar dos serviços do “capitão”.
Não podemos esquecer que nesta época os membros da Coluna já tinham entrado em
Piancó e degolado o líder político local, o também Padre Aristides, depois de
um forte combate pouco conhecido.
Defesas em Favor do Padre Cícero. Chama atenção neste
episódio a forma como ao longo dos anos os defensores de Padre Cícero buscaram,
de todas as maneiras, alterar as características deste encontro com Lampião.
Dos cantadores de feira, passando pelo sanfoneiro Luís Gonzaga e até na
internet dos nossos dias, muita gente buscou dar uma nova versão aos fatos.
Durante anos existiram folhetos de cordel, livros, revistas que defendiam a
existência histórica do encontro e surgiam os defensores da tese que nada foi
daquela forma.
Em 1972 o admirador inconteste de Padre Cícero e de Lampião,
o sanfoneiro Luiz Gonzaga, de Exu, em Pernambuco, ao realizar um antológico
show no Teatro Teresa Raquel, no Rio de Janeiro, defendeu abertamente o Padre
Cícero em relação ao seu encontro com Lampião. Nesta época Luiz Gonzaga andava
meio esquecido do grande público, devido a Bossa Nova, Jovem Guarda e outros
movimentos musicais.
Este show foi seu grande retorno, sendo um dos poucos
registros de como era Gonzagão no palco. Quando cantou a música “Olha a
Pisada”, de sua autoria em parceria com o médico Zé Dantas, fez um “break” e
narrou uma história sobre o episódio. Começava com Lampião e a “cangaceirada”
entrando de fuzil na igreja “com a boca do cano para baixo” em sinal de
respeito. Gonzaga afirmou que o Padre Cícero Não queria que Lampião chegasse
muito perto dele e, quando este pediu uma benção, o padre de Juazeiro não lhe
benzeu e ainda aplicou com seu cajado uma grande surra em Lampião.
Evidentemente que nada disto aconteceu. Era uma criação
fantasiosa do insuperável sanfoneiro, na defesa do Padre Cícero. Atualmente,
chama atenção a defesa do Padre Cícero que ocorre no site Wikepedia
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Floro_Bartolomeu).
Nesta grande enciclopédia da internet, no tópico destinado a
narrar a vida do médico baiano Floro Bartolomeu da Costa, encontramos um texto
repleto de meias verdades, que em nada ajuda a estudantes que por ventura
utilizarem este serviço para uma pesquisa sobre este assunto. O texto comenta
que no ano de 1925, Floro havia recebido uma ordem do então presidente da
República Artur Bernardes para defender o Ceará da Coluna Prestes. Foram então
organizados os chamados Batalhões Patrióticos (verdade). Consta que Floro,
teria então usado o nome do Padre Cícero sem que o sacerdote soubesse dos fatos
(situação essa muito difícil de ocorrer devido ao prestígio do Padre Cícero).
Este então convidou Lampião a fazer parte do Batalhão
Patriótico. Lampião, grande devoto do padre, aceitou o convite e partiu para
Juazeiro, mas não encontrou Floro, que havia viajado para o Rio de Janeiro por
motivos de saúde (verdade). Comenta-se que Padre Cícero ficou perplexo quando
soube que Lampião estava em Juazeiro para servi-lo (O Padre Cícero sabia que
eles vinham).
Ao encontrar Lampião e seu bando, Padre Cícero os aconselhou
a abandonar o cangaço e lhes deu rosários de presente, com a condição de que só
usassem depois de abandonar a vida bandida (o Padre Cícero pode até ter dado
conselhos, rosários e escapulários, mas as armas e munições foram entregues).
Os cangaceiros deixaram então Juazeiro, mas antes Lampião recebeu a patente de
capitão do Batalhão Patriótico das mãos de Pedro de Albuquerque Uchoa,
funcionário público e integrante do batalhão (Uchoa não afirmou isso nem em
Leonardo Mota e muito menos na reportagem de 1933).
O Padre Cícero Romão Batista era um homem do seu tempo, com
virtudes e defeitos. Possui uma biografia feita de altos e baixos momentos,
coisa normal que qualquer ser humano passa em sua vida.
Para mim, o encontro
com Lampião foi um momento de baixa na história do padre.Mas em minha opinião,
ele fez sim um grande milagre (e não tem nada haver com a história da Beata
Mocinha). O maior milagre do padre Cícero, mesmo tendo sido realizado em meio a
religiosidade popular e mística, lances de violência e muita politicagem, foi a
transformação de um simples povoado em uma das mais pulsantes e progressistas
cidades do interior do Nordeste.
Rostand Medeiros - Fonte -
http://tokdehistoria.com.br
Copiado do blog – Seminário Cariri Cangaço
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