Por Renato Rovai
Cunha é um Collor atrasado no tempo. Seu cabelo engomado,
seu jeito de falar com ênfase na última palavra da frase, sua tentativa de
transformar em boas notícias maldades realizadas, seu terno bem cortado, sua
gravata ajeitada.
A diferença é que Collor de 89 a 92 ainda tinha um certo ar
jovial. E uma postura de super herói.
Era alguém que vinha para resgatar o Brasil do abismo. E o
Brasil de fato estava numa draga danada. Desemprego algo, inflação a 81% ao
mês, miséria em todos os cantos.
Por isso, Cunha não cola nem como um Collor retrô. Até
porque além da conjuntura ser outra, ele é mais velho e não é tão bom ator
quanto o ex-presidente.
Mas mesmo assim de forma muito prematura hoje ele pareceu
Collor nos seus últimos dias. Seu pronunciamento à Nação que foi vaiado em
vários cantos do país, parecia uma triste nota do seu fim. Uma coisa meio bossa
nova com tango. Um ritmo assim de quase choro e despedida.
Ele pode até ter gravado esse texto antes da notícia bomba
que lhe explodiu ontem, mas assisti-lo hoje é como ver algo que já não faz o
menor sentido.
A única coisa que as pessoas querem saber dele hoje é o que
ele teria a dizer sobre os 10 milhões de dólares. E sobre isso ele não pode
falar. E por conta disso este deve ter sido sua despedida do cargo.
E convenhamos, para uma despedida foi algo muito sem graça.
Se tiver fôlego, assista aí.
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