Jovem faz parte de delegação do Paraná presente no Fórum
Alternativo Mundial da Água (FAMA), que ocorre em Brasília (DF).
Cristian Junior Vozniak tem 22 anos, mora em Planalto, há
300 metros do Rio Capanema, afluente do Rio Iguaçu, região Sudoeste do Paraná.
A família e os vizinhos do jovem estão entre os mais de mil impactados pela
hidrelétrica do Baixo Iguaçu, erguida na divisa entre Capanema e Capitão
Leônidas Marques, já em fase de conclusão.
Ele saiu de casa às 7h30 da manhã do dia 17, junto com o
irmão de 18 anos, para se juntar à caravana de mais de 50 pessoas do Paraná que
está no Fórum Alternativo Mundial da Água (FAMA). O grupo chegou à capital
federal às 1h30 no dia 19, para se somar a outras 3 mil pessoas, também vindas
do interior e de grandes cidades brasileiras. Nas terras de outro Planalto,
Cristian e outras pessoas atingidas pela obra do Baixo Iguaçu vieram participar
do maior movimento mundial em defesa da água.
Desde o início da construção da obras do Baixo Iguaçu, em
2013, a vida dos atingidos se transformou. Os pais de Cristian pararam de
investir na propriedade e temem pelo risco de perder o lugar onde vivem, sem
receber indenização ou reassentamento digno: “As famílias estão sofrendo, bate
o desespero e a depressão. A minha mãe começou a tomar remédio pra hipertensão.
Com 37 anos, tomar remédio pra hipertensão é complicado, né? A situação nossa é
bem crítica e preocupante”, disse Cristian.
Hoje vizinho do rio, Cristian lamenta por imaginar a
construção das cercas: “Querem cercar a água e não querem nem liberar para quem
vai ficar nas regiões ribeirinhas”, relata o jovem.
Há quatro anos, Cristian e a família participam do Movimento
dos Atingidos por Barragens, na luta por reassentamento coletivo dos atingidos
e por indenização. “Na verdade, foi o pai que começou a participar. Depois ele
deixou [a luta] pra nós também, está cansado”.
Maior rio do Paraná
A Usina do Baixo Iguaçu será a sexta de grande porte a
funcionar ao longo do Rio Iguaçu. Já estão cravadas no leito do maior rio do
estado as hidrelétricas Foz do Areia, Governador Ney Aminthas de Barros Braga
(antiga Salto Segredo), Salto Caxias, Salto Osório e Salto Santiago.
Além de Planalto e dos municípios onde estão as obras, o
lago da hidrelétrica vai impactar a vida da população e da biodiverdidade de
Realeza e Nova Prata do Iguaçu, na região Sudoeste do Paraná.
O consórcio que construiu a Usina do Baixo Iguaçu é formado
pela Neoenergia e pela Copel, com participação de 70% e 30%, respectivamente.
As empresas poderão explorar a usina por 35 anos.
A briga dos pequenos agricultores é com uma gigante do setor
elétrico: a Neoenergia é o maior grupo privado do setor do Brasil, tendo como
acionistas a Previ - Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil
(maior fundo de pensão da América Latina) com 49,01% de participação, a
espanhola Iberdrola, com 39% (uma das cinco maiores companhias elétricas do
mundo), e o Banco do Brasil Investimentos (11,99%).
Edição: Guilherme Weimann
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