Estado tem acúmulo histórico de problemas na educação, com
terceiro maior número de analfabetos do país.
Professores da rede estadual de ensino do Maranhão terão, a
partir de março, o maior salário-base da categoria em todo o país. Depois de
dois meses de negociação com o governo do estado, os educadores obtiveram
reajuste de 6,81%, o que faz com que o piso passe a ser de R$ 5.750. O anúncio
foi feito na última quarta-feira (27) pelo governador do Estado, Flávio Dino
(PCdoB).
A dirigente Janice Nery, do Sindicato dos Trabalhadores em
Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma), destaca que o aumento resulta da
luta coletiva por direitos e pela qualificação da área educacional.
"Nós consideramos que foi um avanço significativo.
Posso até destacar que foi uma vitória, considerando este cenário que
assistimos nacionalmente", afirma.
O valor leva em conta os profissionais que têm jornada de 40
horas semanais. Para os que têm contrato de 20 horas, haverá aumento
proporcional. Com isso, o piso do grupo ficará em R$ 2.875, 41, o segundo maior
do país, que fica atrás apenas do Distrito Federal (DF).
A medida atinge diretamente 31.500 professores ativos e
outros 15 mil já aposentados. A professora Vera Lúcia do Nascimento Alencar,
que ensina na rede estadual há 24 anos, considera que o aumento ajuda a
recompensar, ainda que parcialmente, o esforço investido no magistério.
"É muito bom porque a gente sabe que professor não é
muito valorizado, então, eu acho muito justo com a classe. Já estava mais do
que na hora de isso acontecer. É um reconhecimento", complementa.
O secretário de Educação do estado, Felipe Camarão, ressalta
que a medida nasce de uma decisão política voltada também para o aumento dos
índices educacionais. Com um acúmulo histórico de problemas de gestão, o
Maranhão ainda responde por algumas das piores estatísticas do país.
Entre outras coisas, o estado é o terceiro em número de
analfabetos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE). São ao todo 840 mil pessoas que não sabem ler e escrever. Além disso,
amarga um dos mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. A
classificação utilizada os indicadores educacionais como um dos principais
eixos de referência.
"Valorizar o educador é um caminho pra gente fazer uma
educação digna aqui no Maranhão", afirmou Camarão, em entrevista ao Brasil
de Fato.
Desde 2015, os professores tiveram aumento total de 30,35%,
acima da inflação do período, calculada em 21,46%. Diante da demanda histórica
por melhorias na educação, o estado tem sido palco, nos últimos anos, de
diferentes ações. Entre elas, destacam-se a substituição de escolas de taipa
por escolas de alvenaria e o projeto de alfabetização "Sim, eu
posso", executado em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem
Terra (MST).
Segundo o Sindicato, o próximo ponto da agenda de luta a ser
priorizado pela categoria será o cumprimento do Plano de Cargos e Carreiras no
que se refere à progressão salarial dos professores.
Edição: Mauro Ramos
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