Macri, até então prefeito de Buenos Aires, foi eleito
presidente derrotando Daniel Scioli, candidato de Cristina Kirchner
Mauricio Macri: carreira na empresa do pai e no Boca Juniors
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Por Aline Gatto Boueri, Vanessa M. Silva e Matheus Pimentel
Em 2010, a jornalista Gabriela Cerruti escreveu uma
biografia de Mauricio Macri em que afirmava que ele era o primeiro nome da
direita com chances de chegar à Presidência da Argentina. Cinco anos depois,
cumpriu-se a profecia da também deputada estadual de Buenos Aires alinhada ao
kirchnerismo: Macri foi eleito para a Casa Rosada neste domingo (22/11) após
derrotar o candidato governista, Daniel Scioli, e toma posse em 10 de dezembro.
Atual chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Macri se
formou em engenharia civil na UCA (Universidade Católica Argentina) e iniciou a
carreira no mundo corporativo, no ramo de construção. Estudou também em
universidades nos Estados Unidos, em Nova York e na Filadélfia. Trabalhou nas
empresas do seu pai, Franco Macri, fundador e dono de um conglomerado que leva
o nome da família e que atua em diversas áreas, como de automóveis, correio e
indústria alimentícia.
Nas empresas do Grupo Macri, ocupou cargos de analista
sênior, gerente-geral, vice-presidente e presidente. No entanto, não foi no
mundo dos negócios que Mauricio Macri alcançou destaque público na Argentina.
Em 1995, tornou-se presidente do maior clube de futebol do país, o Boca
Juniors. Macri deixou o cargo somente para assumir o governo da cidade de
Buenos Aires, em 2007, após uma gestão vitoriosa no Boca - um total de 17
títulos.
Trajetória política
Macri criou, em 2003, o partido político Compromisso pela
Mudança (Compromiso por el Cambio), que dois anos depois deu origem a sua atual
sigla, o PRO (Proposta Republicana). No mesmo ano, foi derrotado por Aníbal
Ibarra na primeira tentativa de se eleger chefe de governo da capital do país.
Ibarra foi destituído do cargo em 2006, após um incêndio na casa de shows
República de Cromañón, que deixou 194 mortos.
Entre 2005 e 2007, Macri exerceu um mandato de deputado
federal e foi duramente criticado por suas ausências a votações no Congresso.
Segundo levantamentos da Câmara, o presidente eleito participou de 32 das 53
reuniões da casa em 2006, e, no total, esteve ausente em 277 das 321 votações.
Macri, em 2008, durante evento na Casa Rosada
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Já em 2007, o novo presidente da Argentina não participou de
nenhuma votação na Câmara. Nesse ano, Macri foi eleito chefe de governo, cargo
para o qual obteve a reeleição quatro anos depois.
Boca Juniors
Durante um almoço com a embaixadora dos EUA Vilma Martínez,
em 2010, Macri, reconheceu que sua gestão à frente da cidade de Buenos Aires
não lhe proporcionou muitos eleitores em nível nacional, tal como fora revelado
por documentos secretos divulgados pelo Wikileaks.
“Se tenho apoio político fora de Buenos Aires, 90% dele é
por ter dirigido o Boca e 10% por ser chefe do governo de Buenos Aires”, disse.
Na campanha para a conquista da prefeitura de Buenos Aires
em 2007, Macri foi inquestionavelmente beneficiado pelo sucesso na gestão à
frente do time. No dia 20 de junho daquele ano, apenas cinco dias antes de o
então candidato ganhar a eleição de seu concorrente, o kirchnerista Daniel
Filmus, o Boca Juniors se sagrava campeão da Libertadores da América pela sexta
vez.
Justiça
Macri, em 1997, durante a revelação
de que Maradona havia se
dopado
(Foto: Reprodução/YouTube)
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Macri chega à presidência processado por escutas telefônicas
ilegais. Ele é acusado de associação ilícita para espiar Sergio Burstein,
familiar de vítima do atentado à AMIA (Associação Mutual Israelita Argentina),
e seu próprio cunhado, Néstor Daniel Leonardo. Em 2010, a denúncia contra Macri
foi aceita e ele passou a responder na Justiça pelo caso. A ele, se imputa
haver utilizado a estrutura da Polícia Metropolitana, criada por ele em 2008,
para realizar espionagem ilegal em conivência com funcionários de seu governo.
A defesa de Mauricio Macri alega que não há provas suficientes
de que ele esteja envolvido no esquema de espionagem. Em entrevista a um
programa televisivo a dias do segundo turno, Macri foi questionado pelo
jornalista e advogado Darío Villarruel sobre sua campanha anticorrupção
enquanto está processado pela justiça e evadiu a resposta. O então candidato
disse que a causa penal foi "uma invenção do kirchnerismo" e acusou
Villaruel de querer constrangê-lo.
Em abril de 2013, a Polícia Metropolitana acompanhou
operários contratados pelo governo da cidade de Buenos Aires para demolir uma
oficina de reabilitação do hospital psiquiátrico José Tiburcio Borda. Diante da
resistência de médicos e pacientes, a força policial os reprimiu com violência
e deixou 50 feridos. Macri havia sido acusado de envolvimento no caso, mas uma
sentença o livrou de mais um processo em fevereiro deste ano, nove meses antes
de sua vitória nas eleições.
Via Opera Mundi
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