Fotojornalista Sebastião Salgado propõe fundo para recuperação do Rio Doce.
Enviado por Odonir Oliveira
Do Hoje em Dia
O fotojornalista Sebastião Salgado antecipou a vinda ao
Brasil para se inteirar da tragédia ambiental em Mariana cuja lama atinge a
bacia do Rio Doce. Nesta sexta-feira (13), Salgado encontrou-se com a
presidente Dilma Rousseff, em Brasília, para discutir propostas para recuperar
a área, incluindo a criação de um “fundo” subsidiado pelas empresas
responsáveis pelo desastre para recuperação das áreas.
A região é onde está sediado a organização não-governamental
(ONG) Instituto Terra, criado por ele e a mulher Lélia Wanick Salgado, para
recuperação de área vegetal e, principalmente, nascentes degradadas. O
Instituto fica no município mineiro de Aimorés, onde Salgado nasceu.
Durante a semana, no perfil do Instituto Terra, no Facebook,
vários internautas cobraram um posicionamento do fotojornalista sobre a
tragédia. Hoje, Salgado está radicado na França. “Instituto Terra. Nenhum
comentário sobre o desastre no rio Doce? Vamos ter mais um livro sobre as
misérias?! Ou nem isso? Vocês são um instituto de preservação, são patrocinados
por uma mineradora (!!) que é no mínimo responsável por 50% de tudo que está
acontecendo. E não vão falar NADA????????”, questionou um dos internautas.
Outro internauta disse que o pronunciamento de Sebastião
Salgado, “sobre algo que se confunde com a própria biografia dele, teria uma
repercussão significativa nesse momento”. Para uma internauta, era “estranho o
silêncio do Instituto Terra, sobre a destruição, provavelmente total, do Rio
Doce”, mesmo quase dez dias após o acidente.
Sebastião Salgado deve permanecer no Brasil até a próxima
semana. Está prevista a ida do fotojornalista até Aimorés. No final da tarde
desta sexta-feira, a assessoria de comunicação do Instituto publicou nota no
perfil da rede social e no site da ONG.
Acompanhe a íntegra do texto:
“COMUNICADO SOBRE O RIO DOCE
Autor: Comunicação - 13/11/2015
Solidário a todos os atingidos pelo rompimento das barragens
de rejeitos no município de Mariana, em Minas Gerais, em especial aos
familiares das vítimas, o Instituto Terra entende que o momento exige ações
urgentes dos poderes constituídos, no sentido de minimizar o sofrimento da
população envolvida e dos impactos causados ao meio ambiente, ao mesmo tempo em
que deve atuar na responsabilização das empresas envolvidas, de acordo com a
legislação brasileira, no sentido de efetivar a integral compensação pelos
danos causados.
Durante toda a sua existência, o Instituto Terra pautou-se
pelo verdadeiro sentido da palavra sustentabilidade, buscando ser interlocutor,
mediador dos conflitos locais, mas também apresentando soluções técnicas
efetivas para promover o equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente.
Diante do acontecido, o Instituto Terra imediatamente
mobilizou todo o seu corpo técnico na elaboração de um projeto para recuperação
do Rio Doce. A proposta prevê a criação de um Fundo com recursos financeiros
subsidiados pelas empresas responsáveis pelo desastre, que possibilite, além da
recuperação de nascentes, absorver todos os investimentos e ações destinados à
reconstrução das condições ecológicas, bem como gerar recursos contínuos para
projetos sociais, econômicos e de geração de emprego e renda em toda a região
que constitui essa bacia hidrográfica.
O fundo deve permitir a criação de um patrimônio perpétuo
para promover uma grande transformação no Vale do Rio Doce, saindo de um quadro
de intensa devastação para um ambiente equilibrado, desenvolvido e produtivo.
O projeto já foi discutido com os Governadores de Minas
Gerais e do Espírito Santo, bem como com o Governo federal. Cofundador e
Vice-Presidente do Instituto Terra, Sebastião Salgado tratou do tema
diretamente com a presidente Dilma Rousseff, na manhã desta sexta-feira (13 de
novembro), em Brasília, que se mostrou empenhada e favorável à iniciativa, e
assumiu o compromisso de criar um comitê para negociar com as empresas
responsáveis pelas barragens de Mariana.
Além do Governo federal e dos Governos Estaduais, o plano
para recuperação do Rio Doce deve envolver os governos municipais, a iniciativa
privada e a sociedade civil organizada, para pleno direcionamento dos recursos
e tecnologias a serem empregados na região.
Já sabíamos que restabelecer a vida do Rio Doce seria um
processo difícil e de longo prazo. Agora, exigirá mais empenho e urgência nas
ações, bem como uma aprendizagem ambiental compartilhada com a sociedade.
Mais do que nunca, o resgate do Rio Doce, destruído
ecologicamente pelo desastre, passará por medidas de recuperação de todas as
nascentes da bacia, para garantir uma maior produção de água, bem como a
reconstituição das matas ciliares e das reservas legais, para evitar a
sobreposição e acúmulo de mais resíduos, assim como o fortalecimento de um
modelo agroecológico de produção rural. Somadas a outras ações socioambientais
e de monitoramento, de toda a cadeia produtiva, em especial a industrial,
acreditamos que será possível alcançar o pleno restabelecimento da região.
O Instituto Terra reafirma seu compromisso com a missão de
replantar a Mata Atlântica e trazer de volta a vida, a água, ao Vale do Rio
Doce, com projetos conectados e voltados diretamente para a promoção do
desenvolvimento pleno de um Vale que há anos sofre com os efeitos da degradação
ambiental”.
Via Jornal GGN
Nenhum comentário:
Postar um comentário