A líder do PCdoB na Câmara, deputada Jandira Feghali (RJ),
divulgou carta à presidenta Dilma Rousseff, "para registrar meu sentimento
de força à senhora. Nós, mulheres, lutamos muito para chegar até aqui.
Enfrentamos as mais terríveis tempestades, superamos dificuldades de toda
espécie — preconceito, problemas de saúde, agressões — porque tínhamos um
objetivo que era, ao mesmo tempo comum e coletivo.
“Amat victoria curam”.
#NãoVaiTerGolpe
Querida presidenta Dilma Rousseff,
Escrevo entre uma reunião e outra na Câmara dos Deputados
para registrar meu sentimento de força à senhora. Nós, mulheres, lutamos muito
para chegar até aqui. Enfrentamos as mais terríveis tempestades, superamos
dificuldades de toda espécie — preconceito, problemas de saúde, agressões —
porque tínhamos um objetivo que era, ao mesmo tempo comum e coletivo.
Como líder do Partido Comunista do Brasil na Câmara, partido
que integra a base de apoio ao seu governo, é meu dever defender o Estado
Democrático de Direito e me perfilar às fileiras dos que combatem o golpe e
lutaram e lutam pela democracia.
Meu lado é o lado de um projeto claramente delineado em
benefício dos que mais precisam de um Estado forte e indutor de políticas
sociais. Um projeto que tem sido ferramenta da diminuição da pobreza, dos
contrastes sociais no campo e nas cidades, no combate ao preconceito e
intolerância, e avançaremos em reformas estruturantes importantes para toda a
sociedade.
Nossa parceria nasce daí. Não de negociatas e interesses
escusos. Ela se lastreia em propósitos e metas comuns.
Fundamenta-se no olhar criterioso que compara gestões e
acredita que, mesmo com problemas a superar, o governo em curso,
democraticamente escolhido pela maioria da população, é o que pode garantir uma
agenda voltada para o desenvolvimento econômico e social.
É certo que num momento de crise política e intensas
dificuldades econômicas, fruto de uma crise mundial, o projeto é atingido, mas
não será desvirtuado ou abandonado.
E, sim, temos mais do que uma história a defender.
Nos últimos 12 anos, o projeto que defendemos foi
responsável por retirar milhões de pessoas da extrema pobreza, por se
posicionar contra uma gestão voltada o poder econômico e o capital financeiro,
por romper com a lógica de governar para os mais ricos.
Foi esse projeto que fortaleceu a unidade na América Latina,
a Unasul, BRICs e outros blocos econômicos. Que disse não à ALCA e pôs fim à
nossa dívida com o FMI.
É exatamente por acertar num projeto popular, que saiu da
posição de joelhos perante as forças estrangeiras e passou a olhar seu povo que
tanto incomoda e é alvo de golpistas.
Veja só as mulheres aí nas ruas. Chamam de “Primavera das
Mulheres”, numa alusão à insurgência que toma o asfalto por mães, avós e
filhas, muitas com seus filhos no colo, contra o fim de direitos.
Somos mulheres da luta diária, presidenta, e sabemos que o
momento é de perseverança e coragem.
Cabe a nós impedir que o golpe institucional deferido e
clamado por um cidadão sem autoridade moral e política possa derrubar nossa
jovem democracia.
Lutamos contra o golpe, presidenta, porque o valor
democrático está acima de qualquer opção eleitoral.
Estamos aqui, juntas de tantos outros milhões de
brasileiros, que valorizam os avanços, mesmo que tenham críticas pontuais.
Sei que a senhora enfrenta esse turbilhão com cautela e
lucidez. Com a postura de quem tem um coração valente e se mantém coerente mesmo
diante da militância do ódio, das mentiras espalhadas sobre seu governo.
Dias melhores virão, presidenta.
Serão dias de democracia respeitada e de um Estado
Democrático de Direito mantido de pé.
Dias de um país que resistiu à vergonhosa e fracassada
tentativa de um golpe institucional. Ao final, restará separado o joio do
trigo.
Ao final prevalecerá a democracia.
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