Valentim Tramontina - Fundador da empresa Tramontina, pseudo porteiro de prostíbulo no Rio Grande do Sul |
É "bonitinha" a história atribuída a Valentim Tramontina, fundador da empresa de talheres e ferramentas que leva seu sobrenome, porém, este relato, é apenas mais uma lenda motivacional típica do meio capitalista que teima em pregar a falácia de que neste sistema com esforço e muito trabalho é possível enriquecer.
Um conto de fadas que ilude aqueles que não entenderam que o capitalismo é um monstro selvagem que engole ser humano para se manter. A história "bonitinha" e motivacional é uma afronta aos estudos e de fato busca dar razão ao que o próprio capitalismo prefere, pessoas alheias aos livros e escolas, defende ainda outra máxima do sistema, a famigerada meritocracia, que prega que aquele que não vence na vida é porque não se esforçou.
Enfim, leiamos a história "bonitinha" que os gerentes de produção de empresas capitalistas adoram, um discurso típico dos livros de auto-ajuda e dos bitolados neste sistema escravagista.
Vale lembrar que basta uma pesquisa superficial para sabermos que Valentim Tramontina citado no texto de fato é o fundador desta empresa, mas que jamais foi este descrito no texto abaixo:
O Porteiro do puteiro - Autor desconhecido:
Não havia no povoado pior emprego do que ‘porteiro da zona’.
Mas que outra coisa poderia fazer aquele homem?
O fato é que nunca tinha aprendido a ler nem escrever, não
tinha nenhuma outra atividade ou ofício.
Um dia, entrou como gerente do puteiro um jovem cheio de
ideias, criativo e empreendedor, que decidiu modernizar o estabelecimento.
Fez mudanças e chamou os funcionários para as novas
instruções.
Ao porteiro disse:
- A partir de hoje, o senhor, além de ficar na portaria, vai
preparar um relatório semanal onde registrará a quantidade de pessoas que
entram e seus comentários e reclamações sobre os serviços.
- Eu adoraria fazer isso, senhor, balbuciou – Mas eu não sei
ler nem escrever.
- Ah! Quanto eu sinto! Mas se é assim, já não poderá seguir
trabalhando aqui.
- Mas senhor, não pode me despedir, eu trabalhei nisto a
minha vida inteira, não sei fazer outra coisa.
- Olhe, eu compreendo, mas não posso fazer nada pelo senhor.
Vamos dar-lhe uma boa indenização e espero que encontre algo que fazer. Eu
sinto muito e que tenha sorte.
Dito isso, deu meia volta e foi embora. O porteiro sentiu
como se o mundo desmoronasse. Que fazer?
Lembrou que no prostíbulo, quando quebrava alguma cadeira ou
mesa, ele a arrumava, com cuidado e carinho.
Pensou que esta poderia ser uma boa ocupação até conseguir
um emprego.
Mas só contava com alguns pregos enferrujados e um alicate
mal conservado.
Usaria o dinheiro da indenização para comprar uma caixa de
ferramentas completa.
Como o povoado não tinha casa de ferragens, deveria viajar
dois dias em uma mula para ir ao povoado mais próximo para realizar a compra. E
assim fez.
No seu regresso, um vizinho bateu à sua porta:
- Venho perguntar se você tem um martelo para me emprestar.
- Sim, acabo de comprá-lo, mas eu preciso dele para
trabalhar, já que…
- Bom, mas eu o devolverei amanhã bem cedo.
- Se é assim, está bem.
Na manhã seguinte, como havia prometido, o vizinho bateu à
porta e disse:
- Olha, eu ainda preciso do martelo. Porque você não o vende
para mim?
- Não, eu preciso dele para trabalhar e além do mais, a casa
de ferragens mais próxima está a dois dias de viagem, de mula.
- Façamos um trato – disse o vizinho.
Eu pagarei os dias de ida e volta, mais o preço do martelo,
já que você está sem trabalho no momento. Que lhe parece?
Realmente, isto lhe daria trabalho por mais dois dias.
Aceitou.
Voltou a montar na sua mula e viajou.
No seu regresso, outro vizinho o esperava na porta de sua
casa.
- Olá, vizinho. Você vendeu um martelo a nosso amigo.
Eu necessito de algumas ferramentas, estou disposto a
pagar-lhe seus dias de viagem, mais um pequeno lucro para que você as compre
para mim, pois não disponho de tempo para viajar para fazer compras.
Que lhe parece?
O ex-porteiro abriu sua caixa de ferramentas e seu vizinho
escolheu um alicate, uma chave de fenda, um martelo e uma talhadeira. Pagou e
foi embora. E nosso amigo guardou as palavras que escutara: ‘não disponho de
tempo para viajar para fazer compras’.
Se isto fosse certo, muita gente poderia necessitar que ele
viajasse para trazer as ferramentas.
Na viagem seguinte, arriscou um pouco mais de dinheiro,
trazendo mais ferramentas do que as que já havia vendido.
De fato, poderia economizar algum tempo em viagens.
A notícia começou a se espalhar pelo povoado e muitos,
querendo economizar a viagem, faziam encomendas.
Agora, como vendedor de ferramentas, uma vez por semana
viajava e trazia o que precisavam seus clientes.
Com o tempo, alugou um galpão para estocar as ferramentas e
alguns meses depois, comprou uma vitrine e um balcão e transformou o galpão na
primeira loja de ferragens do povoado. Todos estavam contentes e compravam
dele.
Já não viajava, os fabricantes lhe enviavam os pedidos. Ele
era um bom cliente. Com o tempo, as pessoas dos povoados vizinhos preferiam
comprar na sua loja de ferragens, a ter de gastar dias em viagens.
Um dia ele lembrou de um amigo seu que era torneiro e
ferreiro e pensou que este poderia fabricar as cabeças dos martelos.
E logo, por que não, as chaves de fendas, os alicates, as
talhadeiras, etc …
E após foram os pregos e os parafusos…
Em poucos anos, ele se transformou, com seu trabalho, em um
rico e próspero fabricante de ferramentas.
Um dia decidiu doar uma escola ao povoado.
Nela, além de ler e escrever, as crianças aprenderiam algum
ofício.
No dia da inauguração da escola, o prefeito lhe entregou as
chaves da cidade, o abraçou e disse:
- É com grande orgulho e gratidão que lhe pedimos que nos
conceda a honra de colocar a sua assinatura na primeira página do livro de atas
desta nova escola.
- A honra seria minha, disse o homem. Seria a coisa que mais
me daria prazer, assinar o livro, mas eu não sei ler nem escrever, sou
analfabeto.
- O Senhor? disse incrédulo o prefeito. O senhor construiu
um império industrial sem saber ler nem escrever? Estou abismado. Eu pergunto:
- O que teria sido do senhor se soubesse ler e escrever?
- Isso eu posso responder, disse o homem com toda a calma: –
Se eu soubesse ler e escrever… ainda seria o PORTEIRO DO PUTEIRO.
Então diga seu nome para que possamos escrever ao menos na
ata. Meu nome é Valentin Tramontina, respondeu ele.
Essa história é verídica, e refere-se ao grande industrial
Valentin Tramontina, fundador das Indústrias Tramontina, que hoje tem 10
fábricas, 5.500 empregados, produz 24 milhões de unidades variadas por mês e
exporta com marca própria para mais de 120 países – é a única empresa
genuinamente brasileira nessa condição. A cidadezinha citada é Carlos Barbosa,
e fica no interior do Rio Grande do Sul.
Geralmente as mudanças são vistas como adversidades.
As adversidades podem ser bênçãos.
As crises estão cheias de oportunidades.
Se alguém lhe bloquear a porta, não gaste energia com o
confronto, procure as janelas.
Lembre-se da sabedoria da água: ‘A água nunca discute com
seus obstáculos, mas os contorna’.
Que a sua vida seja cheia de vitórias, não importa se são
grandes ou pequenas, o importante é comemorar cada uma delas.
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