Dulce Menezes - Ex Cangaceira |
Por Kiko Monteiro
No Lampião Cangaço e Nordeste
Faleceu em Campinas a 𝘂́𝗹𝘁𝗶𝗺𝗮
𝗲𝘅-𝗰𝗮𝗻𝗴𝗮𝗰𝗲𝗶𝗿𝗮
𝘃𝗶𝘃𝗮
𝗱𝗼
𝗯𝗮𝗻𝗱𝗼
𝗱𝗲
𝗟𝗮𝗺𝗽𝗶𝗮̃𝗼.
Ela passou a integrar o cangaço
após ter sido retirada de sua família e violentada por um dos cabras do grupo.
Essa fase da vida de Dulce sempre
foi escondida pela família, o que fez com que a idosa passasse a evitar
visitas. "Infelizmente isso aconteceu contra minha vontade. Não fui porque
quis ir”, deixou claro em uma das muitas entrevistas que concedeu.
O trágico encontro entre Dulce e
o cangaço Lampiônico ocorreu em 1936, quando ela vivia com a irmã em Alagoas.
Antes, morava na fazenda de algodão da família em Porto da Folha, SE. Os pais
morreram quando ela ainda era criança.
Segundo o pesquisador Manoel
Belarmino, Dulce era provavelmente sergipana, tendo nascido na zona rural de
Canindé em 23 de maio de 1923.
Acontece que o rancho alagoano em
que passou a morar era coito de descanso dos cangaceiros que adentravam ao
sertão. Lá, Dulce se deparou com aqueles estranhos homens adornados em couro,
quando um dos cangaceiros, João Alves da Silva, vulgo “Criança”, notou a
presença menina e pediu para “compra-la” de seu tio João Felix, que a trocou
por joias.
Em negociação, Criança falou a
João que levaria Dulce a uma festa organizada por Zé Sereno numa fazenda
vizinha. Ao cangaceiro foi permitido acompanhar a criança, enquanto João e a
esposa Julia assistiam de longe.
Dulce afirmou que desde cedo já
se sentiu assustada com a situação.
Criança então pegou a menina pelo
braço e a obrigou a sair do salão onde estavam. Gritando de medo, ela ouvia o
cangaceiro berrar: "Cala a boca, se não te sangro agorinha mesmo."
Foi jogada no chão, em meio às pedras e cactos, e lá foi estuprada, com o
assustador silêncio dos convidados.
Pelo resto da noite, Dulce foi
observada pelo cangaceiro, que a tratava como mercadoria. João Felix se sentia
arrependido, mas também acuado pelo bandido armado…
"Fui a pulso, arrastada,
senão morria. O apelido dele era Criança. Deus queria que eu estivesse aqui
agora, conversando com vocês", afirmou Menezes. "[ele estava] com
parabélum na mão. E [eu] com medo de morrer, acompanhei." Na época com 13
anos, ela era apaixonada por Pedro Vaqueiro, um rapaz de Piranhas, que, ao
descobrir a violência, saiu com um desespero aterrador e desapareceu no sertão.
Tempos depois, Dulce e seu então
companheiro Criança escaparam do massacre em Angico. Quando a noticia chegou a
Piranhas, a família foi checar se a cabeça da moça estava entre os troféus da
volante. O grupo então se embrenhou no mato e fugiu, mas decidiram se entregar
à polícia em troca de uma anistia concedida pelo presidente Getúlio Vargas.
Temos depois passaram a trabalhar
numa fazenda do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais.
Atraído por Dulce, Jacó, o dono
da fazenda, tornou o marido dela novo tropeiro do lugar, obrigando-o a se
afastar da garota.
Dulce se casou com Jacó, e com
ele teve 18 filhos. Ela relata que esse momento de sua vida foi muito melhor do
que a época em que estava sequestrada pelo bando de Lampião:
"Foi o tempo que fui feliz.
[...] Agora essa turma do Lampião, meu Deus do céu, quando queria pegar mulher,
se não fosse, eles matavam”.
Quando Jacó morreu, Dulce decidiu
mudar-se para o estado de São Paulo com a filha Martha, passando a residir em
Campinas, onde não encontrou a maior felicidade: chegou a ter filhos e netos
assassinados em meio à violência da cidade.
Faleceu hoje, aos 99 anos de
idade.
Com informações do site Aventuras
na História.
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