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quinta-feira, 31 de outubro de 2019

O tempo

Por Mário Quintana

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!

Quando de vê, já é sexta-feira!

Quando se vê, já é natal...

Quando se vê, já terminou o ano...

Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.

Quando se vê passaram 50 anos!

Agora é tarde demais para ser reprovado...

Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.

Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...

Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...

E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.

Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.


Mário Quintana:
Mário de Miranda Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Nasceu em Alegrete na noite de 30 de julho de 1906 e faleceu em Porto Alegre, em 5 de maio de 1994.

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

O profeta Gentileza



É típico nas cidades haver uma pessoa de destaque, são figuras urbanas, geralmente são andarilhos, doidos mansos ou agressivos que por sua personalidade forte e sua constante presença em locais públicos, fazem parte do cotidiano das pessoas e acabam se tornando patrimônios da cidade onde moram.


A cidade do Rio de Janeiro jamais terá outro personagem que se iguale a José Datrino, conhecido popularmente como “O Profeta Gentileza”. Figura de destaque na cidade do Rio de Janeiro, o profeta gentileza adotou uma filosofia de vida onde a fraternidade o amor e a salvação dos homens seria  alcançada através da gentileza, “gentileza gera gentileza”.
Desta forma José Datrino criticava e denunciava o mundo regido pelo capeta capital que vende e destrói tudo, o andarilho anunciava a gentileza como o remédio de todos os males.

Vestia-se de branco, cajado em uma das mãos, barbas longas, gentileza era o típico profeta descrito em livros, pensador e crítico do sistema e do modo de vida ganancioso dos homens e da opressão, gentileza pregava sua filosofia pelas ruas do Rio até Niterói, Andava pelos transportes públicos e escreveu nas pilastras do viaduto que vai do cemitério do Caju até a rodoviária do Novo Rio, mensagens de otimismo ou denunciando as mazelas do mundo.

Enquanto viveu, o profeta gentileza adquiriu admiradores de todos os níveis sociais, artistas, políticos intelectuais e anônimos guardavam de qualquer forma algum carinho ou atenção pelo atípico cidadão que adotou um sistema de vida singular naquela cidade. Gentileza morreu em 1996 por morte natural, vândalos picharam seus escritos nos murais e pilastras do viaduto onde gentileza deu o seu recado, mais tarde os murais foram pintados de cinza o que apagou os escritos deixados pelo profeta.

O fato revoltou a sociedade, porém em 1999 a prefeitura do Rio de Janeiro encabeçou o movimento “Rio com gentileza” objetivando recuperar os escritos deixados pelo profeta, no ano 2000 os escritos nos murais foi recuperados e suas mensagens sempre em verde e amarelo foram mantidas e são zeladas como patrimônio histórico da cidade.

Na música, o profeta foi homenageado por Gonzaguinha e Marisa Monte, ambas as obras tem o título gentileza. O Professor Leonardo Guelman publicou no ano 2000 o livro “Tempo de Gentileza” pela editora da Universidade Federal Fluminense onde conta a história do profeta e filosofo das ruas do Rio.

José Datrino por sua vez alertava as pessoas a se desviarem dos seus descaminhos e adotassem a solidariedade através da gentileza entre as pessoas.
Com certeza todos nós precisamos aprender o que tanto nos ensinou o profeta Gentileza.
Salve José Datrino. Viva Gentileza.

Mateus Brandão de Souza, graduado em História pela FAFIPA

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Histórias de assombração


Nosso mundo é cercado de mistérios, disso ninguém discorda, até mesmo muitos incrédulos reconhecem que de fato há coisas inexplicáveis e outras esquisitas. No campo das lendas, das crendices populares e do folclore nossa região é rica, repleta de relatos curiosos que sem dúvida provocam arrepios ou frio na espinha proporcionado pelo medo.

Quem por aqui nunca ouviu falar na loira da Matão? Segundo testemunhas oculares, trata-se de uma assustadora mulher vestida de branco que costuma pegar carona ou aparecer dentro dos veículos que trafegam por este trecho da BR 376 entre Nova Londrina e Paranavaí.

No Quatro Marcos, bairro rural do município de Marilena, moradores ou conhecedores do local temem passar durante a noite por uma frondosa figueira a beira da estrada onde muitos juram ter ouvido lamúrias ou visto debaixo da referida figueira, um caixão de defunto que reluz com a claridade da lua em sua tampa.

Não estamos longe de outros contos assombrosos, quatro quilômetros separam as cidades de Nova Londrina e Marilena, a rodovia que liga uma cidade a outra é reta e aparentemente não apresenta perigos em seu percurso, porém, esta estrada é cenário de constantes acidentes e muitos deles seguidos de morte.

Neste trecho, no entanto, já foram relatadas algumas histórias assombradas onde o receio ao percorrê-lo é inevitável. Conhecedor desde minha mais terna idade do trajeto que liga os dois municípios, reconheço que esta estrada parece guardar algum mistério. Sobre os relatos já ouvidos a respeito da estrada que dá acesso à Nova Londrina e Marilena, chama-nos a atenção os seguintes:

Ciclistas solitários já afirmaram ter sentido o impacto e o peso de alguma pessoa que pulou na garupa de suas bicicletas, amedrontados, os ciclistas olham para trás e não vêem nada, apenas o peso do misterioso carona que o acompanha até determinado ponto da rodovia onde a subida é mais acentuada.

Outros que fazem o percurso a pé entre Nova Londrina e Marilena ou vice-versa, dizem já ter ouvido várias vozes de pessoas dialogando e rindo como se estivessem vindo de encontro com a pessoa que está indo em sentido contrário, por fim, conclui-se que não há ninguém, apenas a escuridão e o vazio da noite onde os alaridos do além, calam-se inexplicavelmente.
                                                                                       
E os relatos sombrios continuam, há quem diga ter cruzado com um vulto de olhos de fogo, outro já diz que ao percorrer o local, ter sido acompanhado por um desconhecido e este desconhecido cumprimenta-o pelo nome e após dizer e saber muito sobre sua vida e de sua família desaparece misteriosamente.

Há também a história e esta é a mais arrepiante, quem já tenha visto cruzar à sua frente apressadamente de um lado a outro da rodovia, determinado homem sem as duas pernas arrastando seu corpo com as mãos apoiadas no chão. Uma sena realmente de se arrepiar.

São portanto, histórias da nossa terra, mistérios desta região perdida nos confins extremos deste noroeste paranaense. Histórias como estas, curiosas, que podem ser apenas frutos da nossa imaginação ou do nosso medo, porém, embora muitos duvidem, ninguém tem coragem suficiente para tirar a limpo os tantos mistérios que nos assombram.

Quando criança, fui morador de Marilena, naquela época, não foram nem duas e nem três vezes que ouvi a história de um lobisomem  que corria os arredores e as ruas da cidade, testemunhas chegaram a afirmar que uma certa noite, foi visto um homem no cemitéio transformar-se no bicho, eu, graças a providencia divina, nada vi, mas, em Marilena, o lobisomem ganhou destaque nas rodas de bate-papo, nas salas de aula e até mesmo durante a missa, o padre da época certa vez, pediu que parassem de falar que ele tinha conhecimento de quem transformava-se em bicho e que nenhum suposto homem confessou-lhe sofrer a horrenda metamorfose.

O que podemos afirmar, no entanto, é que há muitos mistérios entre o céu e a terra, coisas que a religião arrisca explicar e que a ciência exclui a possibilidade de tais espíritos existirem, mas, a crendice popular não lhe dá ouvidos e os testemunhos sobre visagens, atravessam geraçoes...

De fato, os seres e espíritos do além podem estar por aí, ou até mesmo ao seu lado, cuidado.

Mateus Brandão de Souza, graduado em História pela FAFIPA  e fascinado por relatos desta natureza.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Meteorito Bendegó


Aquilo que nós conhecemos por estrelas cadentes, na realidade não são estrelas, são partículas de minerais que viajam pelo espaço sideral e quando uma dessas inúmeras partículas entra na atmosfera da terra, o impacto faz com que ela se torne incandescente e visível a olho nu, por isso aqui da terra temos a impressão de que a estrela está caindo.

Muitas vezes esses minérios espaciais acabam caindo na superfície da terra e quando isso acontece, os minérios são chamados de meteoritos. O maior meteorito que temos notícia de ter caído no Brasil foi encontrado na Bahia pelo menino Bernardino da Motta Botelho, nas proximidades do rio Bendegó na cidade de Monte Santo em 1784. O Rio Bendegó que fica próximo onde o meteorito foi encontrado, foi batizado com este nome pelos nativos daquela região, os índios cariris, Bendegó na língua cariri significa ‘caído do céu’.

O Bendegó pesa cinco toneladas e é o 15º maior meteorito encontrado no mundo seu formato lembra uma sela de montaria, hoje o Bendegó se encontra no Museu Nacional da Quinta da Boa vista no Rio de Janeiro. O transporte da Bahia ao Rio de Janeiro aconteceu em 1888 por ordem do Imperador D. Pedro II que achou por bem que Bendengó viesse para a então capital do país.

A retirada do meteorito do local de sua queda entristeceu os moradores de Monte Santo, pois muitos guardavam carinho e até mesmo a crença de que o Bendegó fosse uma pedra sagrada, populares da época diziam que a região sofreu uma grande estiagem e o motivo era o castigo divino pelo traslado da pedra da Bahia ao Rio. A cidade de Monte Santo oito anos mais tarde entraria para história não pelo Bendegó, mas pela Guerra de Canudos, onde Antonio Conselheiro se tornaria um dos maiores líderes populares do mundo.

Portanto se um dia você for ao Rio de Janeiro, visite o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, lá se encontra o Bendegó, até Albert Einstein já foi visitá-lo, enquanto os moradores da região de Monte Santo, reclamam a volta do Bendegó ao local de sua queda o que muito contribuiria para o turismo naquela região.

Mateus Brandão de Souza, graduado em história pela FAFIPA.

sábado, 26 de outubro de 2019

Quem paga a conta?


“A corda sempre arrebenta no lado mais fraco”.

Este ditado óbvio faz referência a ocasiões onde, dado as circunstâncias que acontecem determinadas adversidades, pessoas de menor poder aquisitivo, menor influência social e baixa posição hierárquica, arcam com a responsabilidade de pagar por erros que se quer cometeram.

Em questões de crise, por exemplo, muitas vezes, aquele que não desfruta de bom salário, é quem responde por conseqüências que ele não ocasionou. Quando uma empresa decide cortar gastos, é no bolso da maioria assalariada que ela busca sua estabilização, desta forma, confisca do empregado menos remunerado o seu complemento salarial, a hora extra. Quando a situação se torna mais drástica, a empresa vai além, recorre à demissão em massa de sua mão-de-obra barata, em meio a este revés empresarial, os que detêm melhor remuneração e posição hierárquica, não tem de seus salários, um único centavo retirado.

Ou seja, cabe a classe funcional assalariada o sacrifício de contribuir para que o caixa de sua empresa saia do vermelho, pois, assim decidem aqueles que tem em mãos o poder da regência empresarial, não há para eles maneira mais viável de sanar suas dificuldades do que apelar para o bolso do trabalhador. Partindo de ideologias anti-sociais como esta, o setor empregatício criou o famigerado banco de horas, conduta amparada em lei que afeta o “colaborador” no seu ganha pão diário.

Aliás, o termo colaborador, define exatamente o que é a classe trabalhadora, pois se há na empresa ameaças na estabilização de seu caixa, o corpo funcional de baixa renda é quem será sacrificada colaborando para o barco sair da tormenta e voltar a bonança.

Conhecem a história do boi jogado para as piranhas? É exatamente a mesma forma, haverá sempre quem será usado em sacrifício para a salvação e regozijo de outro, o revés daqueles, garantirá a sorte destes.

Quem paga o pato? Hora quem, aquele que for menor é claro, a culpa cai sobre os que não merecem. Alguma dúvida de que o sistema é injusto?

Nos reinos medievos, quando um rei tinha ganas em acumular moedas e garantir seu bem estar, era na escassez dos bolsos de seus súditos que ele ia garimpa-las, através de impostos abusivos, o rei criava um meio de seu povo suprir as necessidades palacianas.
Nem todos tiveram a mesma sorte dos compatriotas e contemporâneos de Robin Hood, aqueles, colaram-se ao herói esperando nele a possibilidade de ser feito justiça. No fim, a ação Robin-hoodiana restituiu aos pobres o que lhes foi roubado pelos ricos, tornou-se ele, príncipes dos ladrões e se foi ele uma lenda ou não, o importante é que por seus roubos ele merece muito mais de cem anos de perdão.

No entanto prezado Leitor, neste sistema que é promissor para tão poucos, neste sistema onde os poucos que tem muito, criam leis favoráveis aos seus interesses dominantes, a quem é levado ao dever de pagar a conta?

Quem é levado ao sacrifício e quem garante a sobrevivência do sistema parasita?...

Lamentavelmente são todos aqueles que nada devem e menos tem...


Mateus Brandão de Souza, graduado em história pela FAFIPA.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

CONFLITO


É... aprende-se muito com o sofrimento. Muito mesmo, sobretudo quando este sofrimento toma as proporções de um abismo.

Das muitas lições que a juventude ensina esta é uma delas: “Há muitos jovens vazios porque há poucos adultos transbordando!”

Eu avisei não fui tão mal, o quanto eu sei, eu fui leal. Não prometi milagres e nem falei de inferno,  apenas conversamos do mundo que era o seu, Achei por bem lhe avisar que não convém se desligar, que o mundo colorido não traz felicidade...

Você nem deu ouvido, e até se pôs a rir, eu percebi que me enganei e que eu errei ao esquecer que não se dá conselhos a quem já sabe tudo e que eu já sou um velho e devo é me calar.
Você ganhou e eu perdi, me derrotou e eu entendi que eu sou um velho bobo falando contra a droga você menino esperto que curte o que é legal.

O abismo que entre nós dizem que existe, não sei medir, não sei medir. Não sei quem de nós dois vive mais triste, você que nem chegou e já partiu ou eu que já cheguei e aqui fiquei... Não sei quem de nós dois está mais certo você que fez deserto e coloriu ou eu que fiz um céu e descansei

(Padre Zezinho)

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Se os homens menstruassem


Morar na Índia me fez compreender que a minoria branca do mundo passou séculos nos enganando para que acreditássemos que a pele branca faz uma pessoa superior a outra. Mas na verdade a pele branca só é mais suscetível aos raios ultravioleta e propensa a rugas.

Por Gloria Steinem

Ler Freud me deixou igualmente cética quanto à inveja do pênis. O poder de dar à luz faz a “inveja do útero” mais lógica e um órgão tão externo e desprotegido como o pênis deixa os homens extremamente vulneráveis. Mas ao ouvir recentemente uma mulher descrever a chegada inesperada de sua menstruação (uma mancha vermelha se espalhara em seu vestido enquanto ela discutia, inflamada, num palco) eu ainda ranjo os dentes de constrangimento. Isto é, até ela explicar que quando foi informada aos sussurros deste acontecimento óbvio, ela dissera a uma platéia 100% masculina: “Vocês deveriam estar orgulhosos de ter uma mulher menstruada em seu palco. É provavelmente a primeira coisa real que acontece com vocês em muitos anos!”

Risos. Alívio. Ela transformara o negativo em positivo. E de alguma forma sua história se misturou à Índia e a Freud para me fazer compreender finalmente o poder do pensamento positivo. Tudo o que for característico de um grupo “superior” será sempre usado como justificativa para sua superioridade e tudo o que for característico de um grupo “inferior” será usado para justificar suas provações. Homens negros eram recrutados para empregos mal pagos por serem, segundo diziam, mais fortes do que os brancos, enquanto as mulheres eram relegadas a empregos mal pagos por serem mais “fracas’. Como disse o garotinho quando lhe perguntaram se ele gostaria de ser advogado quando crescesse, como a mãe, “Que nada, isso é trabalho de mulher.” A lógica nada tem a ver com a opressão.

Então, o que aconteceria se, de repente, como num passe de mágica, os homens menstruassem e as mulheres não? Claramente, a menstruação se tornaria motivo de inveja, de gabações, um evento tipicamente masculino.

Os homens se gabariam da duração e do volume. Os rapazes se refeririam a ela como o invejadíssimo marco do início da masculinidade. Presentes, cerimônias religiosas, jantares familiares e festinhas de rapazes marcariam o dia. Para evitar uma perda mensal de produtividade entre os poderosos, o Congresso fundaria o Instituto Nacional da Dismenorréia. Os médicos pesquisariam muito pouco a respeito dos males do coração, contra os quais os homens estariam, hormonalmente, protegidos e muito a respeito das cólicas menstruais.

Absorventes íntimos seriam subsidiados pelo governo federal e teriam sua distribuição gratuita. E, é claro, muitos homens pagariam mais caro pelo prestígio de marcas como Tampões Paul Newman, Absorventes Mohammad Ali, John Wayne Absorventes Super e Miniabsorventes e Suportes Atléticos Joe Namath — “Para aqueles dias de fluxo leve”.

As estatísticas mostrariam que o desempenho masculino nos esportes melhora durante a menstruação, período no qual conquistam um maior numero de medalhas olímpicas. Generais, direitistas, políticos e fundamentalistas religiosos citariam a menstruação (”men-struação”, de homem em inglês) como prova de que só mesmo os homens poderiam servir a Deus e à nação nos campos de batalha (”Você precisa dar seu sangue para tirar sangue”), ocupariam os mais altos cargos (”Como é que as mulheres podem ser ferozes o bastante sem um ciclo mensal regido pelo planeta Marte?”), ser padres, pastores, o Próprio Deus (”Ele nos deu este sangue pelos nossos pecados”), ou rabinos (”Como não possuem uma purgação mensal para as suas impurezas, as mulheres não são limpas”).

Liberais do sexo masculino insistiriam em que as mulheres são seres iguais, apenas diferentes. Diriam também que qualquer mulher poderia se juntar à sua luta, contanto que reconhecesse a supremacia dos direitos menstruais (”O resto não passa de uma questão”) ou então teria de ferir-se seriamente uma vez por mês (”Você precisa dar seu sangue pela revolução”). O povo da malandragem inventaria novas gírias (”Aquele ali é de usar três absorventes de cada vez”) e se cumprimentariam, com toda a malandragem, pelas esquinas dizendo coisas tais como:

— Cara, tu tá bonito pacas!

— É, cara, tô de chico!

Programas de televisão discutiriam abertamente o assunto. (No seriado Happy Days: Richie e Potsie tentam convencer Fonzie de que ele ainda é “The Fonz”, embora tenha pulado duas menstruações seguidas. Hill Street Blues: o distrito policial inteiro entra no mesmo ciclo.) Assim como os jornais, (TERROR DO VERÃO: TUBARÕES AMEAÇAM HOMENS MENSTRUADOS. JUIZ CITA MENSTRUAÇÃO EM PERDÃO A ESTUPRADOR.) E os filmes fariam o mesmo (Newman e Redford em Irmãos de Sangue).

Os homens convenceriam as mulheres de que o sexo é mais prazeroso “naqueles dias”. Diriam que as lésbicas têm medo de sangue e, portanto, da própria vida, embora elas precisassem mesmo era de um bom homem menstruado. As faculdades de medicina limitariam o ingresso de mulheres (”elas podem desmaiar ao verem sangue”). É claro que os intelectuais criariam os argumentos mais morais e mais lógicos. Sem aquele dom biológico para medir os ciclos da lua e dos planetas, como pode uma mulher dominar qualquer disciplina que exigisse uma maior noção de tempo, de espaço e da matemática, ou mesmo a habilidade de medir o que quer que fosse? Na filosofia e na religião, como pode uma mulher compensar o fato de estar desconectada do ritmo do universo? Ou mesmo, como pode compensar a falta de uma morte simbólica e da ressurreição todo mês?
A menopausa seria celebrada como um acontecimento positivo, o símbolo de que os homens já haviam acumulado uma quantidade suficiente de sabedoria cíclica para não precisar mais da menstruação. Os liberais do sexo masculino de todas as áreas seriam gentis com as mulheres. O fato “desses seres” não possuírem o dom de medir a vida, os liberais explicariam, já é em si castigo bastante.

E como será que as mulheres seriam treinadas para reagir? Podemos imaginar uma mulher da direita concordando com todos os argumentos com um masoquismo valente e sorridente. (’A Emenda de Igualdade de Direitos forçaria as donas de casa a se ferirem todos os meses : Phyllis Schlafy. “O sangue de seu marido é tão sagrado quanto o de Jesus e, portanto, sexy também!”: Marabel Morgan.) Reformistas e Abelhas Rainhas ajustariam suas vidas em torno dos homens que as rodeariam. As feministas explicariam incansavelmente que os homens também precisam ser libertados da falsa impressão da agressividade marciana, assim como as mulheres teriam de escapar às amarras da “inveja menstrual”. As feministas radicais diriam ainda que a opressão das que não menstruam é o padrão para todas as outras opressões. (”Os vampiros foram os primeiros a lutar pela nossa liberdade!”) As feministas culturais exaltariam as imagens femininas, sem sangue, na arte e na literatura. As feministas socialistas insistiriam em que, uma vez que o capitalismo e o imperialismo fossem derrubados, as mulheres também mens-truariam. (”Se as mulheres não menstruam hoje, na Rússia”, explicariam, “é apenas porque o verdadeiro socialismo não pode existir rodeado pelo capitalismo.”)

Em suma, nós descobriríamos, como já deveríamos ter adivinhado, que a lógica está nos olhos do lógico. (Por exemplo, aqui está uma idéia para os teóricos e lógicos: se é verdade que as mulheres se tornam menos racionais e mais emocionais no início do ciclo menstrual, quando o nível de hormônios femininos está mais baixo do que nunca, então por que não seria lógico afirmar que em tais dias as mulheres comportam-se mais como os homens se portam o mês inteiro? Eu deixo outros improvisos a seu cargo.*

A verdade é que, se os homens menstruassem, as justificativas do poder simplesmente se estenderiam, sem parar.

Se permitíssemos.

Via Cloaca News.

* Gloria Steinem (Toledo, 25 de março de 1934) é uma jornalista estadunidense, célebre por seu engajamento com o feminismo e sua atuação como escritora e palestrante, principalmente durante a década de 1960. (Fonte Wikipédia)

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Eterna mágoa


O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar se apaga!

Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.

Sabe que sofre, mas o que não sabe
E que essa mágoa infinda assim não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda

Transpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!

(Augusto dos Anjos)

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Como as mulheres dominaram o mundo



Conversa entre pai e filho, por volta do ano de 2031 sobre como as mulheres dominaram o mundo.
- Foi assim que tudo aconteceu, meu filho...

Elas planejaram o negócio discretamente, para que não notássemos Primeiro elas pediram igualdade entre os sexos. Os homens, bobos, nem deram muita bola para isso na ocasião. Parecia brincadeira.
Pouco a pouco, elas conquistaram cargos estratégicos: Diretoras de Orçamento, Empresárias, Chefes de Gabinete, Gerentes disso ou daquilo.

- E aí, papai?

- Ah, os homens foram muito ingênuos. Enquanto elas conversavam ao telefone durante horas a fio, eles pensavam que o assunto fosse telenovela. Triste engano. De fato, era a rebelião se expandindo nos inocentes intervalos comerciais. "Oi querida!", por exemplo, era a senha que identificava as líderes. "Celulite", eram as células que formavam a organização. Quando queriam se referir aos maridos, diziam "O regime".

- E vocês? Não perceberam nada?
- Ficávamos jogando futebol no clube, despreocupados. E o que é pior:
Continuávamos a ajudá-las quando pediam. Carregar malas no aeroporto, consertar torneiras, abrir potes de azeitona, ceder a vez nos naufrágios. Essas coisas de homem.

- Aí, veio o golpe mundial?!?
- Sim o golpe. O estopim foi o episódio Hillary-Mônica. Uma farsa. Tudo armado para desmoralizar o homem mais poderoso do mundo. Pegaram-no pelo ponto fraco, coitado. Já lhe contei, né? A esposa e a amante, que na TV posavam de rivais eram, no fundo, cúmplices de uma trama diabólica. Pobre Presidente...

- Como era mesmo o nome dele?
- William, acho. Tinha um apelido, mas esqueci... Desculpe, filho, já faz tanto tempo...
- Tudo bem, papai. Não tem importância. Continue...

- Naquela manhã a Casa Branca apareceu pintada de cor-de-rosa. Era o sinal que as mulheres do mundo inteiro aguardavam. A rebelião tinha sido vitoriosa! Então elas assumiram o poder em todo o planeta. Aquela torre do relógio em Londres chamava-se Big-Ben, e não Big-Betty, como agora... Só os homens disputavam a Copa do Mundo, sabia? Dia de desfile de moda não era feriado. Essa Secretária Geral da ONU era uma simples cantora. Depois trocou o nome, de Madonna para Mandona...

- Pai, conta mais...
- Bem filho... O resto você já sabe.
Instituíram o Robô "Troca-Pneu" como equipamento obrigatório de todos os carros...
A Lei do Já-Prá-Casa, proibindo os homens de tomar cerveja depois do trabalho...
E, é claro, a famigerada semana da TPM, uma vez por mês...

- TPM???
- Sim, TPM... A Temporada Provável de Mísseis... E quando elas ficam irritadíssimas e o mundo corre perigo de confronto nuclear...

- Sinto um frio na barriga só de pensar, pai...
- Sssshhh! Escutei barulho de carro chegando. Disfarça e continua picando essas batatas...

(Luís Fernando Veríssimo)

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

sábado, 19 de outubro de 2019

Mulheres de Atenas


Por: Luís Carlos da Silva Lins.

Este texto se propõe a uma interpretação histórica do papel da mulher na sociedade grega, tendo como referência a famosa música de Chico Buarque de Hollanda: Mulheres de Atenas. Além de uma interessante explicação da canção do Chico, com certeza nos ajuda a compreender um pouco o papel exercido pela mulher em nossa sociedade.

Logo abaixo, a canção completa.

Elas tecem longos bordados

A principal ocupação das atenienses de todas as classes sociais era usar lã para fazer tecidos. O processo, longo e trabalhoso, envolvia desde a preparação do fio até a criação de peças em teares manuais.

Os novos filhos de Atenas

Cuidar das crianças também era uma ocupação exclusivamente feminina. Até os 7 anos, meninos e meninas passavam quase todo o tempo na barra da mãe. Depois os meninos podiam estudar, enquanto as meninas continuavam em casa.

Quando fustigadas não choram

As camponesas não precisavam ficar trancafiadas em casa, como ocorria com as atenienses urbanas ricas. Mas elas tinham de dar duro o ano inteiro. Uma de suas principais atividades era plantar e colher ervas, verduras e legumes.

Não fazem cenas

Além de cultivar feijão, cebola, condimentos e verduras silvestres, era preciso limpar constantemente o jardim para evitar ervas daninhas.

Ajoelham

As mulheres do campo também eram responsáveis pela pecuária. Elas ordenhavam cabras e ovelhas e usavam o leite para preparar queijo e coalhada. Ocasionalmente, ainda criavam abelhas para produzir mel. Tudo isso sem reclamar.

Vivem pros seus maridos

Fora o trabalho de fiar e de supervisionar o criados, as donas-de-casa de casa abastadas deixavam quase todo o trabalho para as escravas domésticas. As crianças, e às vezes até a amamentação, podiam ficar por conta das cativas.

Fonte: Revista Aventuras na História

Mulheres de Atenas
>> Chico Buarque

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando andas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quando eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras felenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
Lindas sirenas
Morenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas


Fonte: http://cafehistoria.ning.com/

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Eu também já fui brasileiro


Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.

Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.

Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.

Carlos Drummond de Andrade (De alguma poesia 1930)

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Oração ao tempo



És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...
Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...
De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...
O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...
E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...
Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...
Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

(Caetano Veloso)

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Você já de olhou no espelho?


Tem gente que, ao se olhar no espelho, humilha-se... Ou porque é alto ou baixo, gordo ou magro, branco ou negro, comum ou diferente... Você já se viu no espelho?

Já agradeceu a Deus por ter conquistado a sua maior vitória, a vida? Já O agradeceu por ter nascido fisicamente perfeito? Tem gente que tem vergonha da própria imagem, evita o espelho e a balança a qualquer preço. Esse sentimento negativo pode levar qualquer pessoa ao precipício do estresse, e até a morte. “Se eu me odiar, quem vai me amar? Se eu me achar feio, quem vai me achar bonito? Se eu me depreciar, quem vai me valorizar?”

Um cego de nascença nunca se viu no espelho. Jamais discernirá o belo do feio...Nunca poderá ver a beleza do pôr-do-sol, nem as cores irradiantes do arco-íris... Jamais viu o rosto da mulher amada e a face do filho querido... Mas consegue enxergar a vida com os olhos da alma. Agradece ao Todo Poderoso por ter nascido. É feliz assim.Você já pensou nisso alguma vez?

Um surdo-mudo, vive num planeta construído e preparado para os fisicamente perfeitos. A todo instante tem que enfrentar barreiras e vencê-las ou adaptar-se a elas. A cada conquista agradece a Deus... É um guerreiro vencedor. Estuda ferozmente cada passo do mundo, adquirindo conhecimento e sociabilizando-se para entender a linguagem e a política da sociedade em que vive.

Um ser humano sem pernas e sem braços, para ir ao banheiro fazer suas necessidades fisiológicas, precisa da ajuda eterna de uma pessoa qualquer. Alguém tem que levá-lo nos braços, despi-lo (nunca vai poder manter sua vergonha em secreto). Depois, sentá-lo no vaso, segurá-lo (pois não tem ponto de apoio), e após defecar, necessita que este alguém limpe o seu bumbum e suas genitálias. Ele vive sua vida dependente vinte e quatro horas por dia. Como você viveria numa situação dessas?

Um deficiente vive desafiando o seu limite a todo o momento. Busca forças inimagináveis para a realização do seu objetivo. Trava batalhas de vida e morte na superação de uma tarefa, seja ela qual for. Ter nascido é a sua maior vitória, é o seu pódio, sua medalha de ouro. Aceita seu corpo, como é. Estar vivo é sua felicidade sem preconceitos, seu presente, ele agradece ao céu por isso.

Se você nunca se viu no espelho, veja-se agora. Nunca é tarde demais para nascer de novo. Ninguém está isento de se tornar um deficiente. Em verdade, digo que o verdadeiro pobre coitado é o pobre de espírito; que o pior assassino não é aquele que mata o inimigo: é aquele que mata a si mesmo, o próprio sonho. Enfim, é aquele que só carrega o ódio no coração e morre de inveja dos perfeitamente felizes.

Você realmente já se viu no espelho?!!!

Para alguém muito deprimido, estressado, tenho dito: Antes de fugir de si mesmo, cometer qualquer bobagem ou até pensar em suicídio – visite uma APAE, UM ASILO, UM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO, UM LIXÃO, UM PRESÍDIO, UM ORFANATO, UMA IGREJA, UM CEMITÉRIO OU UM HOSPITAL QUALQUER...e seja voluntário por um dia. Tenho certeza que vai sair de lá com vergonha do seu problema, e vai agradecer a Deus pelo seu livre arbítrio, por ver, ouvir, falar, andar, amar e ser amado. Vai redescobrir o valor incalculável de viver. Vai reaprender a ter respeito, humildade e o amor por si mesmo; tornar-se-á um ser humano espiritualizado a tal ponto que voltará a sorrir de novo e a ver nas pequenas coisas o verdadeiro sentido da vida – a dádiva de Deus.

Por Osmar Soares Fernandes

terça-feira, 15 de outubro de 2019

COITADAS DE SODOMA E DE GOMORRA

... "Quando eu vi nesta cidade,
Tanto horror e iniqüidade
 Resolvi tudo explodir ““...
 (Chico Buarque em Geni e o Zepelin)

Foto ilustrativa
Será que o que rolava em Sodoma e Gomorra se assemelha com aquilo que rola por trás dos bastidores deste circo ao qual se estende sobre nossas cabeças? Você é capaz de imaginar o que vem acontecendo debaixo de nossas narinas?


A promiscuidade, a orgia, a perversão que houveram por lá, eram inocentes, se comparadas com a dos nossos dias. Os maiores pervertidos de Sodoma e Gomorra se pasmariam frente ao despudor reinante do nosso tempo.

Tudo bem que para sua época, Sodoma e Gomorra eram avançadas em matéria de desobediência e andavam na contra ordem de seu tempo, porem, a maestria dos nossos dias em atender aos anseios da carne é tanta, que o menor aluno em promiscuidade daqui, serviria como reitor dos reitores da libertinagem das duas extintas cidades.

Os escândalos causados por Sodoma e Gomorra, a violação dos bons costumes de seu tempo são se comparados aos nossos algo tão inocente, que se fossemos sodomitas ou gomorritas, teríamos uma conta pequena à prestar com Deus.

As coisas por aqui estão em tal nível, que se Sodoma e Gomorra tivessem notícias de nós, seus habitantes ficariam antes de tudo escandalizados e em seguida, revoltados. Povo, povo, nem queiram imaginar o tamanho do nosso castigo, se a prestação de contas para as irmãs Sodoma e Gomorra foi a nível de fogo e enxofre, A nossa então será indizível.

Joelhos ao chão minhas criancinhas, joelhos ao chão, as coisas por aqui andam estarrecedoras, seria o mesmo que colocarmos lado a lado uma bola de basquetebol e uma cabeça de alfinete, nós somos a primeira opção, os sodogorromitas, a segunda.

Pois é, as coisas estão nestas proporções, os cananeus de Sodoma e Gomorra não querem ser um carrapato em nosso couro. Nossa divida é descomunal, nem tentem imaginar. Os mais ajuizados, começaram a rezar.

Mateus Brandão de Souza, graduado em história pela FAFIPA.

Texto originalmente publicado em 2011

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

ACADEMIA DE JUDÔ OS DRAGÕES INDEPENDENTES 45 ANOS

Era manhã de sábado, dia 12 de Outubro de 1974, Agostinho Arraes, jovem professor de artes marciais, trazia em seu coração um misto de sentimentos que ia desde a ansiedade, passando pela emoção até a felicidade plena. Era, pois, um sonho que se realizava, nascia neste dia Academia de Judô Os Dragões Independentes, um escola que fez história e consequentemente, campeões, campeões estes, liderados pelo mestre que tem como característica a sobriedade e a seriedade.

Via: Professor Osmar Fernandes

A academia de judô com prédio próprio, situado na Avenida João Venâncio da Rocha N°542 é desde sua fundação um orgulho para a pequena Nova Londrina, em suas dependências agregaram-se campeões que se evidenciaram tanto no âmbito estadual quanto no nacional, uma história que sempre conduziu seus alunos no bom caminho, com a sensatez de seu líder Agostinho Arraes, ele, referência digno de reverência aos profissionais de judô.

Uma história de tradição e longevidade não vem acompanhada unicamente de flores, a luta renhida, o trabalho árduo e a seriedade não foram suficientes para poupar de adversidades a menina dos olhos de Agostinho Arraes, a conhecida Academia de Judô Os Dragões Independentes, seguia seus dias no tempo que nunca para e antes de completar sete anos de atividades, ela sofre um golpe doído...

Foto/Vilmar Toledo
Eram as primeiras horas da tarde de uma segunda-feira , 27 de Maio de 1981, um vendaval repentino castigou a cidade de Nova Londrina, colocando abaixo muitos telhados, muitas paredes e consequentemente, muitos sonhos, o contratempo não defendeu a academia do professor Agostinho, o castelo do rei ruiu-se, e ele escapou por providência divina, pois, poucos minutos antes estivera no prédio que naquele instante viera abaixo.

Era um sonho interrompido? A princípio parecia que sim, porém, toda tempestade antecede uma bonança. Os bons ventos vieram, os ruins se foram, o impacto negativo daquele dia também passou, o bom guerreiro não se entrega antes da hora final, a fé e a perseverança faz vicejar o sonho, a vida imita a mitologia e tal qual a fênix que ressurge das cinzas, a Academia de Judô Os Dragões Independentes ressurgiu sob os escombros deixados pelo vendaval.

Com a fibra dos guerreiros, o Dragão não adormeceu e a academia seguiu adiante seus passos, na defesa de seus intentos, atento, rompendo as barreiras e os vendavais, derrubando a desesperança, golpeando as dificuldades e escrevendo sua história campeã em formar campeões.

Quarenta e cinco anos nos separam daquele 12 de Outubro de 1974, Professor Agostinho Arraes  segue de pé com sua academia, olhando com orgulho seu patrimônio e descansado na paz de consciência de seu dever cumprido e do seu sonho realizado. O Dragão não adormece, sente que não é hora, não é tempo de parar.

Outros contratempos vieram, mas, a caminhada continuou, o mestre tem seu respeito e seu legado, seu trabalho rendeu frutos e não foi em vão, Agostinho Arraes se emociona quando relembra que teve seu trabalho reconhecido pelo mestre em judô Roberto Nagahama, quando este o felicitou por ser responsável pela formação do professor em Judô Douglas Violin, filho de Nova Londrina e hoje ministrando aulas na Universidade Estadual de Maringá (UEM).

A história da Academia de Judô Os Dragões Independentes segue viva na força de vontade e no amor pela causa do Sensei Agostinho Arraes, o mestre está na ativa, exercendo seus conhecimentos e contribuindo para a perpetuação desta arte milenar aqui em Nova Londrina, hoje em nome de sua academia, Agostinho Arraes presta seu serviço atendendo no Caiuá Country Club, quarenta e cinco anos depois de ter nos enriquecido com a construção de sua academia.

Ao professor e sua escola externamos nossos parabéns, além da gratidão por nos ensinar a perseverança e o caminho do bom senso, que os bons ventos estampem em seu semblante os sorrisos da consciência tranquila do dever cumprido. Obrigado professor pelo seu trabalho e pela Academia de Judô Os Dragões Independentes.

Salve 12 de Outubro de 1974 – Viva a Academia de Judô Os Dragões Independentes do professor Agostinho Arraes.

Mateus Brandão de Souza

sábado, 12 de outubro de 2019

"Adeus à Noite": Reflexos de duas gerações

Em meio à trama familiar, cineasta francês André Téchiné discute a posição de duas gerações argelinas sobre o uso da violência contra seus inimigos.


Por *Cloves Geraldo

Em princípio o tema central deste “Adeus à Noite” brota na cabeça do espectador como o conflito entre duas gerações de argelinos radicadas no norte da França. A começar pela idosa Muriel (Catherine Deneuve) cujas raízes árabes foram amortecidas pela absorção de uma nova cultura e os negócios no campo, onde administra o haras com cavalos de raça e a escola de equitação para crianças e adolescentes. Situação adversa à do neto Alex (Kacey Mottet Klein), envolvido com um grupo de descendentes argelinos muçulmanos, adepto do extremismo do Estado Islâmico (EI). O que torna a relação deles de difícil sustentação, dada à crença dos jovens.

O terceiro vértice desta configuração dramática é a jovem argelina, Lila (Oulaya Amanra), espécie de filha adotiva de Muriel e namorada de Alex. Cuidadora de idosos numa instituição de caridade, ela é firme em seu fervor a Alá e fiel seguidora do também jovem líder local do EI, o argelino Bilal Matip (Sthéphane Bakpor). De poucas palavras e firme em suas posições, ele os orienta sobre as tarefas e posições que o grupo deve adotar. Lila, ao contrário do que se espera dela, como mulher árabe, mostra-se livre e com posições próprias em conversas com as amigas.

Mas é Alex que concentra todas as atenções de Muriel, dada às relações cada mais estreitas entre ele e Bilal. Não lhe falta vigilância e conversas com o amigo e senhorio Joseph (Jacques Notot), devido aos sumiços do neto, quando deveria estar ajudando-a na supervisão das cerejeiras a ocupar grande parte de sua propriedade. Ou mesmo em seu haras, onde dedica parte de seu cotidiano a dar aulas de equitação para as crianças da pequena cidade. Isto mostra que ela prepara Alex para se tornar seu sucessor nos negócios, sem saber que ele está ligado ao EI.

Téchiné transforma seu filme em drama familiar

Há, no entanto, o conflito interior do jovem Alex que emerge em suas aflitivas conversas com Muriel. Principalmente quando ela o pressiona para lhe explicitar suas ligações com o EI e ele prefere pressioná-la a lhe esclarecer as nebulosas razões da morte da mãe, única filha da avó. Eles terminam por se desentender, pois há algo que Muriel não lhe revela. Com estas configurações, André Téchiné (13/03/1943), transforma este “Adeus à Noite” num drama familiar, no qual não faltam as figuras do pai e da mãe para preencherem o vazio e a urgência de eles estarem presentes.

Contudo, Téchiné (A Culpa dos Inocentes, 1987) é um cineasta sofisticado, bem informado, que busca a abordagem correta sem escorregar nos fatos históricos. E além disso trafega de um eixo dramático ao outro sem perder o tema central de sua narrativa. Discute a um só tempo a posição dos imigrantes argelinos, ocorrida antes e pós-Revolução Argelina (01/11/1954/19/03/1962), na qual os franceses foram derrotados. E não deixa escapar o quanto eles se tornaram cidadãos franceses. Numa sequência emblemática para se entender isto, Alex questiona Muriel a razão de ela não retornado uma vez sequer ao seu país e ela silencia.

Este rápido diálogo elucida a diferença entre três gerações de argelinos. E justamente o neto Alex que nasceu na França é o que tende a questionar a posição do Ocidente sobre sua crença em Abul Acacim Maomé Ibne Abdalá Ibne Abdal Mutalabe Ibne Haxim (570/632), fundador da religião muçulmana e do império árabe. E notadamente sua adesão ao Estado Islâmico (EI). Ainda mais prestes a entrar em ação de envergadura que poderia redundar num atentado de grandes proporções, a marcar de vez seu grupo. Mesmo o espectador, sem qualquer cena ou sequência preparatória pode aventar tais possibilidades. Alex não é mais o mesmo.

Alex não deixa escapar nenhum dado sigiloso

Os encontros de Alex, Lila, Bilal e Fouad (Kamel Labroudi) vão nesta direção, sem entrar em detalhes sobre o que realmente farão e quem lhes dará cobertura. Bilal apenas orienta seus liderados e os estimula a rezar e seguir suas orientações. Inexistem preparativos, levantamentos de locais e o tipo de ação que irão desenvolver. Téchiné prefere não ser didático, como o cineasta australiano Anthony Maras, em “Assalto ao Hotel Taj Maral (2018)”. Nenhuma informação sigilosa é comentada ou escapa dos jovens integrantes do grupo, ainda que saibam dos mínimos detalhes.

Mesmo Alex, por mais que seja pressionado pela avó, mantém o segredo nos mínimos detalhes, mesmo quando é punido ferozmente por ela. Travam uma luta construída por Téchiné como algo inevitável para Muriel controlar todas as ações do neto, evitando o pior para ambos, em seu ponto de vista. O espectador vê nesta punição o antecipar do que ela teme, porquanto chega mesmo a dizer que:” Eu sei o que acontece, ele não vai voltar”. Tipo de premonição forçada, ainda que verdadeira em razão do envolvimento de Alex na preparação do ato de grandes proporções.

O espectador então fica intrigado, pois quem acaba se transformando em “mãe coragem” é Muriel, em razão de sua sensibilidade de mulher e avó. Seu tirocínio é provocado pelo temor do que poderia advir das ações do grupo. Daí emerge o suspense, ainda que nada se saiba das maquinações da idosa, interpretada pela enigmática e sempre contida Catherine Deneuve (22/10/1943), como o personagem exige. Seus instantes de fúria e seu modo de interiorizar seus repentes são minimalistas e construções de thriller. Tal é o modo como justifica sua atitude ao impedir que o neto chegue ao local do atentado. E ele se vê encurralado como um cão, a ponto de desforrar em Fouad (Kamel Labrouda), em acertada direção de Téchiné.

Muriel teme o ato extremista do neto

Sem perder a tipificação do tema central deste “Adeus à Noite”, Téchiné desvia sua câmera para o que também estava em jogo. Não apenas a defesa do neto, mas também a sustentação dos negócios sob o controle do que restou da família. São agora apenas dois sobreviventes. Em curtas sequências, vê-se os adolescentes em seus cavalos de raça a treinar equitação. E ainda a preocupação de Muriel com sua plantação de cerejas. É o olhar crítico do cineasta atento não só aos eixos dramáticos, mas para o outro lado da personagem: o medo do ato extremista do neto.

Não se está diante de uma história digestiva com bem estruturadas cenas de suspense. Téchiné quer ir além, fazer o espectador sentir o dilema da avó diante do extremismo de Alex, não o visto de longe, mas dentro de sua própria casa. E ademais por ato de seu único neto. É isto que leva Muriel a agir como se vê ao longo da segunda e terceira parte do filme. Os fios dramáticos do que ocorreu à mãe de Alex e o que o faz detestar o pai não se encaixam mais nas preocupações dos dois personagens, a fazer a narrativa avançar de forma acelerada.

A admirável estruturação dramática de Téchiné e seus co-roteiristas Léa Nysius e Amer Alware está na matização dos ambientes onde transcorre a ação neste “Adeus à Noite”. Deixaram de lado os ambientes urbanos com suas movimentadas ruas, cheias de veículos e pedestres. Dando a entender a carnificina antes mesmo de ela ocorrer, a partir de ambientes fechados, rotas de fugas por telhados ou em veículos em alta velocidade. Um clichê mesmo depois dos ataques em Paris, nas ruas de Londres e no atentado às Torres Gêmeas, em Nova York. Por mais realistas que sejam estes cenários, não passam hoje de repetição barata.

Cenários naturais ditam clima do filme

Em “Adeus à Noite” quem dita o clima e a beleza dos cenários naturais em luxuriantes cores é a própria natureza. Da floresta de intenso verde na primavera de 2015 à vegetação rasteira. Entre elas estão as cocheiras com os cavalos de raça, as casas de andar térreo e a pista de terra para treinamento dos jovens cavaleiros. E mesmo a cidade quando aparece é através de nesgas de portas e só. O que vale aqui são os personagens vivendo situações reais, numa dicotomia entre imigrantes argelinos e um de seus descendentes, cidadão francês, ligado ao EI. E a cocheira quando se torna cenário do embate entre avó e neto se presta a representar uma prisão quando o punido está longe de cometer o crime.

Enfim, o que Téchiné pretende não é pender para um lado ou outro, sim mostrar o quanto as questões familiares podem interferir nos rumos tomados por seus entes queridos. O desfecho de “Adeus à Noite” é emblemático ao expor esta visão em estruturação e belo enquadramento, denso clima, pouca luz e plano aproximado do diretor de fotografia Julien Hirsch. E remete ao film noir das décadas de 40 e 50, seu ápice, flagrando a atitude de Muriel em intervir numa realidade que tentou manter sob controle sem sucesso. Mas encontrou as saídas que fizeram suas intenções se tornarem realidade, mesmo que alguns viram seus planos fracassarem.

Alguma lição pode sair para Alex e seu grupo

Há, portanto, a ideia de Téchiné e de seus co-roteiristas de que as gerações não repetem suas experiências, como ocorreu com Muriel. Ela se adaptou à nova realidade e construiu seu espaço de acordo com o ditado pelo capital e o defende com os mesmos interesses. Seu neto Alex e seus companheiros, por mais radicais que sejam, buscaram outros caminhos. Pode não ser o desejável, dado ao radicalismo com que podiam destruir sem apontar novas formas de construir estruturas econômicas e sociais. A alegria de Muriel ao saber do que ocorreu a Alex e seu grupo não desfaz a construção histórica. Alguma lição para ele e seu grupo pode sair daí.

Adeus à Noite (L´Adieu à la nuit”). Drama. França/Alemanha. 2019. 103 minutos. Ficha Técnica: Trilha sonora: Alexis Rault. Montagem: Albertine Lastera. Fotografia: Julien Hirsch. Roteiro: André Téchiné, Léa Nysius, Amer Alware. Direção: André Téchiné. Elenco: Catherine Deneuve, Kacey Mottet Klein, Oulaya Amanra, Jacques Notot, Stéphane Bak, Kamel Labroudi.

*Jornalista e cineasta, dirigiu os documentários "TerraMãe", "O Mestre do Cidadão" e "Paulão, lider popular". Escreveu novelas infantis,  "Os Grilos" e "Também os Galos não Cantam".

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