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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

As frô de Puxinanã


 Por Zé da Luz

Três muié ou três irmã,

Três cachôrra da mulesta,

Eu vi num dia de festa,

No lugar Puxinanã.

 

A mais véia, a mais ribusta

Era mermo uma tentação!

Mimosa frô do sertão

Que o povo chamava Ogusta.

 

A segunda, a Guléimina,

Tinha uns ói qui ô! mardição!

Matava quarqué cristão

Os oiá déssa minina.

 

Os ói dela paricia

Duas istrêla tremeno,

Se apagano e se acendeno

Em noite de ventania.

 

A tercêra era Maroca.

De cóipo muito mal feito,

Mas porém tinha nos peito

Dois cuscuz de mandioca.

 

Dois cuscuz, que, por capricho,

Quando ela passou por eu,

Minhas venta se acendeu

Cum o chêro vindo dos bicho.

 

Eu inté me atrapaiava,

Sem sabê das três irmã

Qui ei vi im Puxinanã,

Qual era a qui mi agradava.

 

Inscuiendo a minha cruz

Prá sair desse imbaraço,

Desejei morrê nos braços

Da dona dos dois cuscuz.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

PELINO GUEDES, Poeta (1858-1919)

Via Iba Mendes

Nome completo: Pelino Joaquim da Costa Guedes. Nascimento: 1858 - Itambé, PE. Morte: 1919.  Poeta, biógrafo, jornalista, advogado, professor, funcionário da Secretaria dos Negócios do Interior e da Justiça, diretor da Secretaria do MJNI, fundador da Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro.


RECORDAÇÕES DO SERTÃO


Oh! que ciudosas lembranças
Que profundo sentimento
Refluem nesse momento
No meu triste coração;
Só tenho no peito a sombra
Das minhas perdidas flores,
Saudades dos meus amores
Recordações do sertão.

Oh! serras, vales, montanhas,
Rochedos, penhas, cascatas.
Florestas, bosques e matas.
Gênios maus das solidões!
Vinde, vinde visitar-me,
Minh’alma por vós suspira.
Geme por vós minha lira,
Nas suas tristes canções.

Oh! azuladas campinas,
Jardins de minha existência;
Ali minha adolescência
Passei em sonhos gentis...
Qual criancinha travessa,
No cume das serranias
Ao sopro das ventanias,
Em busca das juritis.

Oh! quantas flores esparsas
Nas fraldas daqueles montes,
Quantos suspiros nas fontes,
Das brisas ao perpassar,
O vento geme na gruta,
A onça abala a cascata,
O touro estremece a mata,
A rola estremece o ar.

Erguem-se além os rochedos
Sombrios, alcantilados,
Cujos píncaros nevados
Parecem de ouro e cristais;
Lá onde brincam os bodes
À tarde aos saltos berrando,
Onde se ocultam rosnando
De noite os maracajás.

Canta na várzea o craúna,
No curral berra o garrote.
Salta o preá no serrote,
Aos gritos dos bem-te-vis;
Vagam no campo os pastores,
Nos pátios os bezerrinhos,
Nos vales os cordeirinhos
Nos prados os colibris.

Ainda uma vez, quisera,
Nas penedias e matas,
Ouvir o som das cascatas
E as vozes do furacão
Orquestra de harpas agrestes
Cujos divinos acentos
Vibram as nênias dos ventos
Uivando pela amplidão.

Sim! eu quisera de novo,
Como outrora inda criança,
Cheio de vida e esperança
De crença, de luz, de amor;
Fruir sonhando as delicias
Daquele campo odorante,
À sombra refrigerante
Das oiticicas em flor.

Quem me dera, se eu pudesse
Pelas encostas dos montes,
Ver inda beber nas fontes
O bezerrinho a berrar,
Da tempestade o rugido,
Do jumento o feio ornejo
E o grito do sertanejo
Nos campos a vaquejar.

Ainda uma vez sozinho
Visitaria as campinas,
Aquelas verdes colinas,
Aqueles lagos gentis;
Em cuja face argentina
Tantas vezes delirante
Retratei o meu semblante
Contemplando os pastoris.

Em tardes de primavera
De brisas frescas serenas,
Aquelas saudosas cenas
Ah! quem me dera rever;
À sombra dos juazeiros!
No sopé das cordilheiras
Contemplando as ipueiras,
Onde o gado vai beber.

Ah! nessas horas saudosas
Quando o menino aboiava,,
Eu nos mourões me assentava
Da porteira do curral...
Às vezes, também cantando,
Para ver quando voltavam
As vacas que ali pastavam
Nos arredores do vale.

Era também nesse instante
Que a seriema cantava,
Enquanto o tetéu gritava,
Fugindo dos furacões;
E que as serpes venenosas,
Traiçoeiramente agarradas,
No ar passavam enroscadas
Nas garras dos gaviões.

Ah! quem me dera um momento,
Naqueles vales sombrios
A margem daqueles rios,
Que descem lá do sertão...
Ao ronco das cachoeiras
Quando a chuva alaga o prado,
Ver nas colinas o gado
Saltando ao som do trovão.

Oh! como é belo no inverno,
Quando o vaqueiro à carreira,
Persegue a vaca ligeira,
No seu campeão audaz!
Parece rubro corisco
Das ventanias nas asas,
Do chão arrancando brasas,
No seio dos matagais.

E quando em grutas medonhas
Se encontra o touro bravio
Saltando à margem do rio
Em busca do boqueirão,
Como é sublime a vitória,
Das serras no despenhado,
Quando 0 vaqueiro encourado
Derriba o touro no chão.

Oh! quem não deseja ao menos
Gozar na vida um momento,
Do doce contentamento,
Que ali se desfruta então;
Só quem não presa o sublime
Da inocência e da pureza;
Só não ama à natureza
Quem nunca foi no sertão.

Cante quem quiser as luzes.
As riquezas, as vaidades,
Que se encontram nas cidades
Que se ostentam nos salões;
Para mim têm mais encantos
Essas festas soberanas,
Que se fazem nas choupanas
Dos filhos das solidões.

E quando no pátio imenso
Da casa dos fazendeiros.
Vão se avistando os vaqueiros
Já regressando do vale;
Como é belo contemplá-los
Audazes, loucos, feridos
Com os gibões todos rompidos
Guiando o gado ao curral.

Fui contemplando essas cenas,
Na solidão isolado,
Cantando o céu estrelado
E as matas virgens em flor...
Foi no sussurro das fontes,
No alfar da rola gemente,
Que ouvi O som inocente
Da voz do primeiro amor.

Foi nesses sítios agrestes
A minha mansão de outrora...
Lá onde o regato chora
E se ouve a ave cantar...
Foi nessas rochas tristonhas,
Que eu vi como as fontes nascem
E vi que as flores renascem
Sem ser preciso plantar.

Foi então que eu vi que as aves,
De paixão também perecem,
Como as roseiras fenecem,
Se o orvalho do céu não têm;
Beijam-se os rios e os mares,
Beijam-se as árvores e as flores,
Porque de beijos e amores,
Como nós, vivem também.

Ah! meu Deus quanta inocência
A vida do campo encerra,
Ali não fulmina a guerra
Nem reina a vil traição;
As feras são menos bravas,
Nos homens há mais pureza
Na vida, há mais singeleza.
Mais vigor na criação.

Ali, a terra é mais fértil,
É mais vasto o firmamento,
É mais livre o pensamento.
As crenças têm mais fervor.
Os próprios astros, mais luzes.
Os ares mais harmonias,
Os cantos, mais melodias,
Os corações, mais amor.

Há mais fragrância nos prados,
Nas florestas mais frescura,
Nos bosques, mais formosura,
Nas campinas, mais verdor;
Há mais meiguice nos vales.
Há mais ternura nas fontes.
Há mais beleza nos montes.
Há mais perfume, na flor.

Se o céu me ouvisse, eu quisera
Rever de novo as campinas,
Aquelas verdes colinas
Que eu tanto desejo ver...
As aves que eu vi cantando,
As fontes que eu vi gemendo
Os rios que eu vi correndo,
As flores que eu vi nascer.

Mas dessas cenas risonhas.
Desse meu sonho inocente,
Conservo apenas na mente,
Tristonha, e pálida flor...
Eis porque guardo saudades
Desses idílios queridos,
A causa dos meus gemidos
A origem da minha dor.

Tenho saudades das selvas,
Das borboletas dos campos,
Das luzes dos pirilampos,
Que vagueiam na escuridão;
Do eterno bramir dos ventos.
Corcéis bravios que correm.
Rolas dolentes que morrem
Gemendo na solidão.

Tenho saudades dos vales,
Das serras, das cordilheiras,
Das fontes, das cachoeiras,
Do aroma dos roseirais;
Das flores mortas no campo,
Do cordeirinho inocente.
Aos raios do sol luzente.
Perdido nos bamburrais.

Do eco das arapongas,
Do triste gemer das emas,
Do canto das seriemas,
Do grito das araquã
Dos periquitos jandaias,
Dos papagaios pairando,
Das sericoias voando,
Da voz das maracanãs.

Tenho saudades de tudo,
De tudo guardo a lembrança,
Mas, já o sol da esperança
Não brilha em meu coração;
Só tenho no peito as sombras
Das minhas perdidas flores,
Saudades dos meus amores
Recordações do sertão.

Ah! meu Deus fazei que eu goze
Inda um momento dos sonhos.
Celestes, meigos, risonhos,
Da minha quadra infantil;
Eu quero morrer cantando
O berço dos meus amores,
O céu, o campo e as flores
Dos sertões do meu Brasil.



---
Fonte:
Francisco Chagas Batista: “Cantadores e Poetas Populares” (1929)
Pesquisa e adequação ortográfica: Iba Mendes (2020)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Brasí Cabôco

Poeta Zé da Luz


 Por Zé da Luz


O qui é Brasí Caboco?

É um Brasi diferente

do Brasí das capitá.

É um Brasi brasilêro,

sem mistura de instrangero,

um Brasi nacioná!

 

 É o Brasi qui não veste

liforme de gazimira,

camisa de peito duro,

com butuadura de ouro...

Brasi caboco só veste,

camisa grossa de lista,

carça de brim da “polista”

gibão e chapéu de coro!

 

 Brasi caboco num come

assentado nos banquete,

misturado cum os home

de casaca e anelão...

Brasi caboco só come

o bode seco, o feijão,

e as veiz uma panelada,

um pirão de carne verde,

nos dias da inleição

quando vai servi de iscada

prus home de posição.

 

 Brasi caboco num sabe

falá ingrês nem francês,

munto meno o português

qui os outros fala imprestado...

Brasi caboco num inscreve;

munto má assina o nome

pra votar pru mode os home

Sê gunverno e diputado

 

 Mas porém. Brasi caboco,

é um Brasi brasileiro,

sem mistura de instrangero

Um Brasi nacioná!

 

 É o Brasi sertanejo

dos coco, das imbolada,

dos samba, dos vialejo,

zabumba e caracaxá!

 

 É o Brasi das vaquejada,

do aboio dos vaquero,

do arranco das boiada

nos fechado ou tabulero!

 

 É o Brasi das caboca

qui tem os óio feiticero,

qui tem a boca incarnada,

como fruta de cardoro

quando ela nasce alejada!

 

 É o Brasi das promessa

nas noite de São João!

dos carro de boi cantano

pela boca dos cocão.

 

 É o Brasi das caboca

qui cum sabença gunverna,

vinte e cinco pá-de-birro

cum a munfada entre as perna!

 

 Brasi das briga de galo!

do jogo de “sôco-tôco”!

É o Brasi dos caboco

amansadô de cavalo!

É o Brasi dos cantadô,

desses caboco afamado,

qui nos verso improvisado,

sirrindo, cantáro o amô;

cantando choraro as mágua:

Brasi de Pelino Guedes,

de Inácio da Catingueira,

de Umbelino do Texera

e Romano de Mãe-d’água!

 

 É o Brasi das caboca,

qui de noite se dibruça,

machucando o peito virge

no batente das jinela...

Vendo, os caboco pachola

qui geme, chora e soluça

nas cordas de uma viola,

ruendo paxão pru ela!

 

 É esse o Brasi caboco.

Um Brasi bem brasilero,

sem mistura de instrangêro

Um Brasía nacioná!

 

 Brasi, qui foi, eu tô certo

argum dia discuberto,

pru Pêdo Arves Cabrá.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Redação leva estudante de Marilena a ser premiada em Curitiba

Maria Eduarda recebendo das mãos da representante do Núcleo Regional de Ensino, o quadro da premiação pela redação, na foto, acompanhada pelas professoras Mariazinha e a diretora do Colégio Princesa Izabel, professora Viviane.


Maria Eduarda Ribeiro, estudante do 9º Ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Princesa Izabel de Marilena, recebeu o desafio em sala de aula juntamente com seus companheiros de turma, na matéria ministrada pela professora Maria Leal, (Mariazinha), ocasião em que foi abordado o seguinte tema: "Como Combater o preconceito e a desigualdade étinico-racial na sociedade brasileira?"

A jovem Maria Eduarda, como os demais alunos, receberam as instruções da professora Mariazinha, porém, Maria Eduarda, debruçou-se sobre o caderno onde discorreu o tema levando em consideração sua própria experiência de vida e também os critérios exigidos no desenvolvimento de uma redação, o resultado foi ótimo e reconhecido pelos avaliadores do Núcleo Regional de Ensino; sediado em Loanda. Com isto, ambas as envolvidas, tanto a aluna quanto a professora foram premiadas com valores em dinheiro e a premiação será concluída com as presenças da professora Mariazinha da aluna Maria Eduarda na capital Curitiba. 

A  seguir, o título e a redação que rendeu prêmio a estudante:


Por Maria Eduarda Ribeiro

Educar é preciso

     É oportuno dizer que, em pleno século XXI, perpetua-se o preconceito racial no Brasil. Nosso país, assim como outros países, foi colonizado por portugueses que, desde a sua chegada, usaram a mão de obra negra como principal meio de exploração das nossas riquezas. Com isso, a desigualdade étnico-racial existe desde tempos antigos entre nós, sendo possível afirmar que se construiu a ideia de que vivemos em uma sociedade igualitária.

     Esse pensamento persiste pelo fato de termos diferentes categorias de raças, destacando-se, entre elas, a vermelha, a negra e a branca. Na verdade, porém, o Brasil é sim, um país  racista e sua própria população afirma isso. Em uma pesquisa feita pelo site de notícias Veja, em agosto de 2020, por exemplo, consta que 61% da população acredita que a república seja extremamente racista, enquanto 34,5 % acredita que não, e 4,5% não souberam opinar.

     Sou uma garota de pele escura e cabelos cacheados que já sentiu na própria pele o pior sentimento que se pode existir, o preconceito e o racismo da sociedade. Fui excluída de inúmeros grupos por não ser igual aos meus colegas de escola, mas cada dor, cada exclusão e cada palavra, tornaram-me na garota que sou agora: uma garota de 14 anos, com sonhos e esperança de uma sociedade melhor.

        Por fim, vale ressaltar que o preconceito, a discriminação e o racismo não nascem com as pessoas, visto que eles também passam a ser ensinados e aprendidos por muitos durante a vida. E isso só será resolvido na sociedade por meio da educação para o respeito às várias origens étnicas, com políticas públicas que favoreçam oportunidades iguais a todos, sem exceção. Por isso, além da família, é na escola que temos o melhor lugar para a conscientização e superação desse problema.


quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Dois anos de covid-19: a maior crise sanitária e hospitalar da história do Brasil

A pandemia foi decretada oficialmente em todo o mundo no dia 11 de março. Desde então, o Brasil foi um dos grandes epicentros da doença no mundo.

A tragédia da covid-19 completa dois anos. Entenda as fases que levaram o Brasil ao caos diante de um governo negacionista

Por Gabriel Valery | RBA

São Paulo – A cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China, detectou os primeiros casos de uma estranha pneumonia em dezembro de 2019. Rapidamente, autoridades locais identificaram um novo tipo de coronavírus, mais tarde batizado de Sars-Cov-2. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a infecção humana pelo vírus Emergência de Saúde Pública em 30 de janeiro de 2020. Quatro dias depois, em 3 de fevereiro, o Ministério da Saúde brasileiro seguiu os passos da OMS e decretou Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional. Ainda não havia sido registrado nenhum caso da infecção no país, o que só ocorreu no dia 26 daquele mês, em São Paulo.

Dois anos se passaram. A pandemia foi decretada oficialmente em todo o mundo no dia 11 de março. Desde então, o Brasil ocupou por várias vezes o posto de epicentro da doença. A história é marcada pelo descaso e negacionismo do governo Jair Bolsonaro. Campanhas contra vacinas, desdém com a gravida da crise sanitária, escândalos de corrupção envolvendo a gestão federal, quatro ministros da Saúde. Apenas alguns dos fatores que levaram o país a ser o segundo do mundo vítimas da covid-19. Em 2021, ano de maior impacto da doença, fomos o país líder em mortes causadas pelo coronavírus. Isso, sem levar em conta ampla subnotificação, resultado de descaso e caos nos sistemas federais de controle epidemiológico e enfrentamento ao vírus.

Pior dos mundos

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entidade referência em epidemiologia, destaca que morrem quatro vezes mais infectados no Brasil do que a média global. Tragédia anunciada, fruto de apostas contra a ciência do governo federal, como a defesa intransigente de medicamentos comprovadamente ineficazes contra o vírus, como cloroquina e ivermectina.

“Dois anos depois, em 3 de fevereiro , (a comparação entre) os números de casos e óbitos no mundo e no Brasil oferecem uma dimensão deste desastre. Totalizava-se 388 milhões de casos no mundo, e 26 milhões no Brasil, correspondendo a 6,7% do total. Também foram registrados 5,71 milhões de óbitos no mundo, e mais de 630 mil no Brasil, correspondendo a 11% do total. Enquanto no resto do planeta a mortalidade por milhão de habitantes foi de 720, no Brasil ela alcançou 2.932, ou seja, 4 vezes maior. Tudo isso resultou numa calamidade que afetou diretamente a saúde e as condições de vida de milhões de brasileiros”, explica a Fiocruz.

As fases nos dois anos

Todo o cenário da maior tragédia sanitária e hospitalar da história do Brasil evoluiu em algumas etapas, segundo a Fiocruz. Primeiro, foi a da expansão da transmissão das capitais para as cidades menores (fevereiro a maio de 2020). Em seguida veio a primeira onda e sincronização da transmissão no país (junho a agosto de 2020). Após esse período, veio a transição entre primeira e segunda ondas (setembro a novembro de 2020) e a segunda onda propriamente dita (dezembro de 2020 a junho de 2021). Finalmente, vieram os impactos positivos da campanha de vacinação (julho a novembro de 2021) e a atual terceira onda, iniciada em dezembro de 2021.

 A Fiocruz destaca o nítido sucesso da vacinação, apesar da resistência e das muitas tentativas de boicote pelo governo Bolsonaro. Contudo, a entidade lamenta a desigualdade regional na distribuição dos imunizantes, assim como ocorre também em outros países. “Em meio à pandemia, problemas que deveriam ter sido enfrentados antes, para trazer mais equidade e eficiência ao processo de imunização, podem tornar populações com baixa taxa de cobertura mais vulneráveis e permitir o surgimento de novas variantes, como observado em áreas mais pobres do continente africano”, afirma a entidade.

Gamma e ômicron

Ao longo de toda a pandemia também foram surgindo variantes do novo coronavírus. No Brasil, a mutação que mais matou foi a gamma, ou P1, que surge no início de 2021. Ela chegou provocando o colapso completo do sistema sanitário de Manaus.

Atualmente, com boa parte da população já protegida, o vírus segue como grande ameaça graças a uma variante identificada pela primeira vez por cientistas sul-africanos, a variante ômicron. Por outro lado, se esta representa um risco menor de mortes, é muito mais transmissível que sua antecessora.

Evolução da pandemia de covid-19 no Brasil por casos e mortes. Fonte: Fiocruz

O vírus viaja para o interior

No primeiro período da pandemia, o sistema de saúde observou o aumento de casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nas capitais do país. “Nas primeiras semanas de março (de 2020) ocorreu a expansão da transmissão de capitais e grandes cidades em direção a áreas periféricas, pequenas cidades e zonas rurais, num movimento gradual de interiorização”, explica a Fiocruz.

Além disso, os principais ameaçados eram os mais velhos, com idade acima de 60 anos. “Nessa fase observavam-se grandes filas de espera para internação em UTI e elevada ocorrência de óbitos por falta de acesso, ou acesso tardio aos cuidados de alta complexidade, mesmo após uma expansão acentuada no número de leitos de UTI SRAG/Covid-19, incluindo a abertura de diversos hospitais de campanha no país”, completa.

Primeira onda e transmissão “sincronização”

Porém, apesar do número elevado diário de mortes, na casa de mil por dia, medidas de segurança como distanciamento social foram sendo abandonadas. Pesou a pressão do bolsonarismo, sempre disseminando mentiras, como atribuir a gravidade da pandemia à “histeria da mídia”. “Na fase, a queda contínua das medidas de distanciamento físico foi seguida do crescimento gradual de casos, positividade de testes, internações e óbitos, que estabilizaram em um patamar elevado. Este foi um período caracterizado especialmente por um alto patamar na mortalidade”, ressalta a Fiocruz.

Naquele momento, também começou a chamar a atenção que mais brasileiros estavam morrendo também por outras doenças, já que o sistema de saúde estava sobrecarregado. “Começou a ser observado o aumento do número de casos e de óbitos em gestantes, um forte indicativo que a covid-19 não era apenas a causa direta da morte, mas também causa indireta, por criar empecilhos para a assistência ao ciclo gravídico-puerperal”.

Primeira transição entre ondas

Enquanto países do mundo corriam para adquirir as primeiras vacinas para suas populações, o governo Bolsonaro ignorou dezenas de propostas de farmacêuticas como a Pfizer. Paralelamente, porém, passou a tratar com a indiana Covaxin, em contratos superfaturados negociados e em transações obscuras. A CPI da Covid, além de trazer o escândalo de corrupção à luz, impediu a concretização dos crimes.

Neste período de transição “houve relativa redução do número de casos e de óbitos, com governos estaduais e municipais adotando medidas isoladas de distanciamento físico e social e uso de máscaras, sem que se dessem de modo articulado nacionalmente e regionalmente. Em novembro, os casos voltaram a crescer”, lembra a Fiocruz.

Segunda onda e vacinas

O descaso com o distanciamento físico, as festas de fim de ano (de 2020), a falta de cuidados do governo federal e a chegada do período de férias culminaram no pior período da pandemia para os brasileiros. “Nesse contexto ocorreu rápido crescimento e predominância da variante gamma, atingindo seu ápice em abril de 2021, com valores muito alto de casos e óbitos de março a junho, alcançando picos de até 3 mil óbitos por dia (pela média móvel)”, comentam os cientistas da Fiocruz.

O colapso da saúde foi geral. Em todos os estados do país não haviam leitos disponíveis para atender a demanda de doentes. Filas para atendimento básico e pessoas morrendo sem que sequer recebessem um primeiro atendimento hospitalar. “Esta fase foi marcada pelo colapso do sistema de saúde e pela ocorrência de crises sanitárias localizadas, combinando deficiência de equipamentos, de insumos para UTI e esgotamento da força de trabalho da saúde”.

No dia 17 de janeiro de 2021 a vacinação começou em São Paulo. O Instituto Butantan, em parceria com a chinesa Sinovac desenvolveu o imunizante CoronaVac. O primeiro lote entregue foi pequeno, de 6,2 milhões de doses. Em março, chegaram mais 27,5 milhões de doses, o que acelerou o processo, especialmente em São Paulo, mas também com distribuição de doses para outros estados. Este avanço, entretanto, foi tímido diante da necessidade do país, que entre março e junho, viveu os piores dias da pandemia até aqui.

Impactos positivos

De julho a novembro de 2021 a vacinação avançou com maior velocidade. O resultado foi claro. “Foi um período de redução do número de casos, casos graves e mortalidade. Nesse período, ao mesmo tempo em que a variante delta crescia e se tornava predominante, pôde-se verificar a efetividade da vacinação na redução da transmissão e, especialmente, da gravidade dos casos de covid-19, resultando na queda das taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos”, afirma a Fiocruz.

Em setembro, 40% da população elegível estava vacinada com duas doses. Então, “o Brasil alcançou uma média diária de 500 óbitos. E em novembro, já com 60% da população vacinada, a média de óbitos diários estava em torno de 250”.

Terceira onda

Novamente, as festas de fim de ano e o fim das medidas de distanciamento físico resultaram no aumento de casos. O número de infectados foi recorde, com o advento da variante ômicron, mais infecciosa. Entretanto, a vacinação freou o avanço brutal da mortalidade, que viria em um cenário sem os imunizantes.

Contudo, o país voltou a registrar mais de mil mortes diárias, neste mês de fevereiro. “O Brasil ainda se encontra nesta fase e há forte especulação sobre que momento da pandemia o país vive e se está caminhando para o fim. Em que pese o fato de a vacinação ter impedido que as internações e óbitos subam em igual velocidade aos casos, o aumento súbito de doentes faz crescer, inevitavelmente, a demanda por serviços de saúde, com impactos nas taxas de ocupação de leitos de UTI”, afirmam os pesquisadores da Fiocruz.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Ex-presidente Juan Orlando Hernández é preso em Honduras, acusado de narcotráfico

 

Ex-presidente hondurenho, Juan Orlando Hernández, foi preso nesta terça-feira (15) e pode ser extraditado aos Estados Unidos - AFP

Polícia Nacional e agentes do Departamento Antidrogas (DEA) detiveram o ex-mandatário, que pode ser extraditado aos EUA.

Michele de Mello

Brasil de Fato

O ex-presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández (JOH), foi preso nesta terça-feira (15), na sua casa, em Tegucigalpa, acusado de corrupção, narcotráfico, associação ilícita e uso de armas. JOH está detido de maneira preventiva, após a Corte Suprema designar o magistrado Edwin Ortez para analisar o pedido de extradição dos Estados Unidos.

A detenção foi realizada pela polícia nacional de Honduras, agentes do Departamento Antidrogas dos EUA (DEA) e acompanhada pelo secretário de segurança, Ramón Sabillón, para "assegurar todas as garantias" e realizar a leitura da ordem de captura. Na próxima quarta-feira (16) será realizada a primeira audiência do caso.

Segundo a nota diplomática enviada pela embaixada estadunidense em Tegucigalpa ao Ministério de Relações Exteriores de Honduras, Hernández foi mencionado mais de 100 vezes em depoimentos de narcotraficantes capturados pelas forças de segurança dos EUA. Ainda afirmam que JOH e seus familiares estão relacionados com líderes do grupo narcotraficante Los Cachiros, responsáveis pelo envio de mais de 150 toneladas de cocaína aos EUA entre 2014 e 2021.

O Conselho Nacional Anticorrupção de Honduras pede que as autoridades do país tomem "medidas legais" contra a família do ex-mandatário, acusando-os de desviar cerca de US$ 81,6 milhões (cerca de R$ 448 milhões) em "projetos que nunca foram executados".

Em março de 2021, o irmão de JOH, Juan Antonio Hernández, ex-deputado pelo Partido Nacional, foi sentenciado a 30 anos de prisão por ser considerado responsável pelo envio de 150 toneladas de cocaína de Honduras aos Estados Unidos.

Quem é JOH?

Juan Orlando Hernández foi presidente de Honduras por dois mandatos pelo Partido Nacional, entre 2014 e janeiro de 2022, quando passou o cargo à Xiomara Castro.

Advogado, vinculado à Opus Dei, Hernández foi um dos apoiadores do golpe de Estado contra Manuel Zelaya em 2009. Após assumir a presidência, conseguiu aprovar a possibilidade de

reeleição presidencial, sendo novamente eleito em 2017, num processo considerado fraudulento por diversos partidos de oposição e organizações de direitos humanos.

Diante de protestos que contestavam o resultado das eleições, JOH declarou estado de emergência e autorizou o Exército a ocupar as ruas do país. Na época, 30 pessoas morreram e cerca de 800 foram presas. Tanto a Organização das Nações Unidas (ONU) como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (Cidh) reconheceram que houve casos de tortura e abuso policial contra os manifestantes.

Edição: Arturo Hartmann

terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

Faz um lindo dia...

Foto ilustrativa.

Corria o ano 2000, meados de abril e eu, um jovem imigrante brasileiro inexperiente, tentando ganhar sorrisos da boa sorte em Portugal.

As coisas obviamente não ocorrem dentro da métrica dos nossos planos, e com isso, a frustração acaba nos confiscando a vontade de sorrir e desta maneira, as cores da vida acabam desaparecendo dos nossos olhos. Nada eu via do horizonte azul que tanto almejei. 

Porém, uma cena a qual presenciei, fez com que eu meditasse e assim concluísse que haviam situações piores sendo vividas por outras pessoas e estas assim mesmo, conseguiam enxergar as flores por entre a lama da desilusão...

Todas as manhãs, eu via um morador de rua em uma cadeira de rodas a observar os pombos e a conversar com os transeuntes de uma praça em Belém, praça esta onde eu passava todos os dias a caminho do trabalho. Um ancião que trazia nos cabelos brancos as experiencias da vida. Sem as pernas, porém sempre sorridente, o velho português de roupas surradas, parecia não se abalar com sua própria sorte. 

Um dia, em que a vida me parecia tão sem cor, onde meu semblante certamente denunciava minha tristeza, levantei-me e parti para o trabalho, somavam-se aos meus sentimentos maus, muita saudade dos meus... Lembro-me que naquela manhã eu só me dei conta da vida, quando passei cabisbaixo pelo velho da cadeira de rodas, só o ví quando ele dirigiu a palavra a mim. Eu não o havia notado e tampouco dado conta da beleza daquela manhã de céu azul.

Talvez o velhinho desprovido de pernas, houvesse percebido minha condição cabisbaixa e quis me alertar sobre a vida. O silêncio de minha viagem por meus pensamentos, foi quebrado por sua voz amistosa que me falou claramente em seu sotaque português: Bom dia pah! Faz um lindo dia!"

Eu o olhei, ele estava a sorrir abertamente, sem se importar com sua idade avançada e muito menos com a sua condição de cadeirante, ele não tinha as pernas... Eu lhe retribuí o sorriso que ha dias não ofertava a ninguém.

Eu era um jovem, ainda na primeira metade da minha segunda década de vida, eu era provido de saúde física, tinha que considerar isso, o dia realmente era muito lindo. Um velho deficiente, provavelmente sem um lar, dado as suas condições de abandono, deixou a mim seu sorriso o que muito confortou aquele jovem cansado que eu havia me tornado.

Naquela manhã de abril, eu ergui a cabeça e vi que o dia estava muito lindo. Nunca mais tive notícia daquele senhor, porém, ele no auto de sua simplicidade, tornou-se um dos meus melhores professores... 

O velho português dominava a arte de viajar leve pela vida. 

Bom dia, faz um lindo dia!

Mateus Brandão de Souza









segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

Ficar mais velho...


Há um dia sem igual para todos nós, independente se façamos festa ou não, há um dia ímpar, marca registrada do nosso surgimento, ponto de partida da nossa vida no mundo. É a partir deste dia, que iniciamos nossa jornada, é o trajeto que percorremos até nossa consumação.

É um período em que seremos várias pessoas, sim, pois ficar mais velho, implica literalmente em uma auto-metamorfose, aquele que somos hoje se difere daquele outro que fomos no passado, o acumulo dos anos nos torna pessoas distintas.

Quando crianças, durante nossos verdes dias, tínhamos a ilusão de que o tempo passava devagar, mais tarde, a ansiedade por crescer e nos tornarmos adultos fez passar de forma efêmera a tamanha importância daqueles bons momentos de um tempo único onde tínhamos todo tempo do mundo.

Na juventude, nossa energia é fora do comum, época de planos incalculáveis, período de uma autoconfiança inimaginável, sonhos multicores e também a ilusória certeza de que nosso destino tomará exatamente o destino de nossos pensamentos.

Quando adultos, porém, muito daquele espírito sonhador se perdeu, sorte e revés já nos calejaram, tombos e desilusões já nos confiscaram muitos planos e os devaneios do jovem de outrora, perderam-se no adulto que nos tornamos.

Há quem diga que a fase adulta, lá no alto dos nossos trinta e poucos anos é o ápice de nossa existência, onde se tem a maturidade e a consciência do que é a vida, o que somos e para onde vamos. É também fase rigorosa, carregada de experiências, pés no chão, é onde a vida se expõe  exatamente como ela é, sem floreios, é também quando nos damos conta de que os sonhos remotos em sua grande maioria serão sempre unicamente sonhos.

É quando se tivermos saúde e sorte, chegaremos a anciãos, porém, independente de sermos jovens, adultos ou velhos, independente de sermos muita ou pouca coisa, não somos exatamente nada daquilo que pensávamos que seríamos. A vida em sua prática muda todo o trajeto que tínhamos em nossas mentes.

Uma série de fatores e circunstancias traçará nosso destino e aquilo que tiver de ser, fatalmente será. É importante, no entanto termos consciência sobre a saúde, pois esta é indiscutivelmente nosso bem mais valioso e a vida só terá seu real valor mediante ela.

Sabemos que o dom da vida é algo natural, passageiro e frágil, sua fragilidade assemelha-se à chama de uma vela que se extingue no mais leve soprar de vento. Prudência e sensatez tem levado muitos à longevidade.

De qualquer forma estou aqui, acumulando minhas experiências... Hoje, 14 de fevereiro é o meu dia, meu feriado pessoal, brindo minha satisfação com todos aqueles onde reciprocamente dividimos nossas considerações.

FELIZ ANIVERSÁRIO PARA MIM.

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