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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

PRECONCEITO GEOGRÁFICO O QUE É, QUANDO ACONTECE?


É quando você hostiliza qualquer outro lugar que não esteja em torno da sua origem, do seu umbigo. O preconceito geográfico é como todos os preconceitos, a maneira visível do homem expressar a sua condição de  ser humano não evoluído.

No Brasil o assunto ainda fica mais sério. Por ser um país de dimensão continental, é comum determinada região do mesmo país, hostilizar uma outra, pelo fato desta ou daquela, não fazer parte dos moldes que eles, os preconceituosos,  acham ideal para o desenvolvimento da nação.

Existem os separatistas que brigam por desmembrar determinada região do resto do país, pois assim, julgando-se desenvolvidos e superiores, formariam uma terra próspera, 'sem os problemas sociais" que compõe todos os países, independente de sua dimensão territorial.

Não se dão conta que problemas sociais existem, devido ao sistema capitalista, não necessariamente pela posição que este ou aquele estado ocupa no mapa. Não se dão conta,  os separatistas, que eles já oficializaram a separação Sul e Nordeste,  ela está sacramentada no preconceito que os componentes de uma região dispensam  para  uma outra, onde as condições climáticas acrescentam fenômenos naturais que nada tem a ver com superioridade ou inferioridade de uma raça única. Neste país e no mundo todo, somos a raça humana.

Os separatistas daqui, muitos deles, julgam e sentenciam outras regiões do país, como se possuíssem conhecimento de causa sobre elas, sentenciam norte e nordeste como os atrasados que freiam o desenvolvimento da região sul e sudeste, que segundo eles, carregam o país inteiro nas costas.

Vale lembrar que o preconceito geográfico é um problema social crônico e que lamentavelmente está inserido em muitos diálogos, dia após dia, percebemos este fascismo impregnado dentro das nossas casas, através da mídia, através de políticos ou autoridades que disseminam um discurso construído e que equivale a opinião de uma classe que não aceita a igualdade social.

Desse meio germinam-se na política, os Bolsonaros da vida, na mídia, os Boris Casóys e tantas outras personalidades que de uma forma ou de outra, destilam seus preconceitos equivalentes aos mesmos que se julgam superiores por terem nascido nesta ou naquela condição.

O preconceito geográfico é um câncer que corre nas veias do sistema gerador da marginalização humana. Os imbecis não percebem que ninguém se torna menos gente por nascer nesta ou naquela região do país. Somos todos iguais, não só no país, mas em todo o planeta, a separação está dentro das mentes infectadas pelo discurso falso e enganador de uma classe dominante e escravagista.

A distância geográfica entre sul e nordeste é menor que a distância psicológica que os moradores do sul têm pelos moradores do nordeste. Nordestinos ou Sulistas, Sul americanos ou europeus, asiáticos ou oceânicos, somos todos iguais, todos nós defecamos, todos nós adoecemos, todos nós morremos.

Sem essa de ficar se achando o mais cheiroso.

Abaixo o preconceito geográfico.

Mateus Brandão de Souza, graduado em História pela FAFIPA.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

MANÉ LARANJEIRA


Um ancião octogenário foi para mim, um dos melhores amigos que tive na infância. Não havia outro alguém mais caricato por aquelas paragens do meu tempo de menino.

Trajava roupas surradas, um surrado conga azul nos pés e um velho embornal onde fazia questão de guardar um mistério jamais revelado.

Alagoano de nascimento, adotou Marilena como sua terra, e lá entrou para o rol das personalidades típicas e peculiares daquele pedaço de chão.

Um timbre de voz forte e os termos nordestinos que proferia, o velho Mané Laranjeira prendia a atenção de muitos, mesclava em sua personalidade, lucidez e loucura, características típicas dos grandes gênios que não saíram do anonimato.

Exímio contista das histórias de assombração em noites enluaradas onde na varanda de casa, ele as narrava para meu pai e minha mãe, e eu, dominado pela curiosidade, tudo ouvia apavorado de medo.  Falava de casas mal assombradas, do padre que virou porco, de lobisomens, do bravo João soldado. Em uma dessas noites, confidenciou-nos que fez parte da volante do tenente Bezerra, aquela que matou Lampião e seu grupo em Angicos no Sergipe.

Amante do futebol tinha em Pelé seu maior ídolo e jamais perdoou Zico por ter perdido no tempo normal, um pênalti nas semifinais do mundial de 1986 contra a França de Platini.

Locomovia-se auxiliado por um cajado. Paupérrimo e sem dentes, o velho amigo desdenhava da morte e sorria para a vida. Beleza ausente, outros tantos meninos tinham medo de sua presença, porém a mim, era um prazer tê-lo e ouvi-lo  declamar literaturas de cordel.

Zombava de fantasmas e espíritos do outro mundo, a noite, freqüentava o cemitério em busca de paz e reflexão, respeitador das famílias, Laranjeira era uma figura comum, mas ao mesmo tempo única.
Vivia em um casebre sem água nem luz elétrica, quase solitário, não fosse a companhia de leão, seu fidelíssimo cão vira-lata. . .

Hoje depois de tanto tempo, ainda reconheço que Laranjeira foi uma das personalidades mais brilhantes que conheci, lamento apenas ele ter feito parte de minha história em tão verde época de minha vida, eu teria aprendido muito com o velho das Alagoas, se eu não fosse tão menino.

Deixou-nos em meados de junho do ano 1987, saiu de cena o velho artista da vida real, o mundo nunca mais produziu outro igual.

Deixo aqui registrada essa homenagem em memória do memorável Manoel Alves da Silva.

Muitas saudades, a  sua benção meu velho e querido MANÉ LARANJEIRA.

Mateus Brandão de Souza – Graduado em História pela FAFIPA.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Faz me lembrar

Scott Mckenzie

Certas músicas se tornam marcantes, por acontecer em tempos também marcantes em nossas vidas. A música San Francisco de Scott Mackenzie me remete ao ano 2000, quando, tomado pelo calor que motivava os sonhos de todos os sonhadores do meu lugar nesta época, resolvi jogar tudo o que tinha e buscar novos horizontes nas terras portuguesas.

E assim aconteceu, nos meados de fevereiro de 2000, eu e outro sonhador meu camarada e amigo José Darci, embarcamos num avião da empresa espanhola Ibéria e partimos com destino à distante capital do homem português.

Meu objetivo? Ganhar o dinheiro que nunca ganhei na minha terra mãe, o Brasil.
Porém, o que minha mente e minha emoção aventureira não contavam eram com as reações da ação mais insensata até então de toda minha vida. E somente lá, distante de tudo o que tinha de mais precioso foi que travei conhecimento com a crueza da solidão e da saudade. Na terra de Fernando Pessoa, eu, desvalido, desprotegido e ilegal foi que aprendi o quão valioso é aquilo que de fato me pertence. Em Portugal, em meio a uma multidão de estrangeiros, porém sozinho, foi que tive a certeza que o Brasil é o melhor país do mundo.

Uma saudade imensa varreu a minha alma, saudade de tudo que é meu, de tudo que me identifico, saudades de minha mãe, do meu velho pai e de todos e tudo que aqui deixei.
E durante todo este tempo, neste aprendizado inesquecível, uma música me acompanhava vinda dos carros, dos estabelecimentos e das tantas ruas da velha Lisboa ou das estações do comboio entre Cascais a Cais do Sodré. Não foram os fados melancólicos de Amália Rodrigues que embalavam minha incontida saudade, mas, Scott Mackenzie com San Francisco.
Nos inéditos, imprevisíveis e únicos momentos vividos naquela terra, esta música esteve quase sempre presente.

No dia do meu retorno para o Brasil, viajei sozinho, eu estava eufórico, pois voltava para o meu país e para tudo que me fazia falta. Em determinado momento da viagem, sobrevoando não sei que ponto do imenso oceano atlântico, percebi que havia no encosto da poltrona, um fone de ouvido onde se quisesse, poderia ouvir alguma música. Pois bem, coloquei o fone e para minha surpresa a música que soava era exatamente, San Francisco de Scott Mackenzie.

Portanto, definitivamente, não são os carimbós, nem os fados, nem mesmo o vira de Roberto Leal, que me faz recordar meu tempo em Portugal, mas, a melancolia externada por Mackenzie nesta música, mesclando-se à minha saudade no meu tempo de clandestinidade na terra de Cabral.
Viva o Brasil.


sábado, 24 de fevereiro de 2018

Conheça a Pedra do Ingá


Se um dia você tiver a graça de visitar a Paraíba, faça por aquele estado, entre as tantas opções, um turismo diferente, curioso e intrigante, vá visitar a singularidade existente no pequeno município de Ingá, distante 85 km da capital João Pessoa. Nesta localidade se encontram as obras rupestres da pedra do Ingá, um paredão rochoso às margens deste honrado rio que dá nome ao município.

Trata-se no entanto de inscrições desenhos e formas, tudo em auto relevo, gravadas em um muro de gnaisse lavrado de 18 metros de comprimento por 2,8 metros de altura, e que a séculos vem despertando o estudo de curiosos, astrônomos, arqueólogos, ufólogos e leigos de toda a natureza.

Estima-se que as obras esculpidas na pedra do Ingá ultrapassem os cinco mil anos, sua autoria, no entanto, é desconhecida e abre campo para as mais variadas especulações. Acredita-se que os trabalhos feitos nesta pedra, seja obra dos fenícios numa suposta visita desses exímios navegadores a terras paraibanas, num tempo muito antes de Cabral.

Outros pesquisadores afirmam que sejam os egípcios os autores, uma vez que as figuras se assemelham e coincidem com outras existentes e datadas do Egito antigo. Alguns até atribuem a autoria aos povos cariris, nativos que habitavam a região antes da chegada dos navegantes europeus, já, há quem arrisque dizer que as obras rupestres da pedra do ingá, seja trabalho de povos extra-terrestres, que mantiveram contato com os homens pré históricos do nosso planeta. Outros inda mais, dizem que as figuras da pedra do Ingá, representam as constelações zodiacais, evidenciando o aprimorado conhecimento dos antigos nativos com a astronomia.

Um dos pontos curiosos do trabalho existente na pedra do Ingá, é a técnica usada em sua
confecção, todo em auto e baixo relevo, oriundas de um tempo em que o homem deste planeta desconhecia o metal.
Que ferramentas foram usadas para desenharem as figuras na pedra do Ingá?
O que pode ter motivado seus autores a tão minucioso trabalho?
Estas são duas das tantas perguntas que permeiam as mentes curiosas dos que se deparam e conhecem a pedra do Ingá, um fenômeno que por muito ou pra sempre vai estar entre os grandes enigmas da humanidade.

Portanto prezado amigo(a), se um dia você estiver na Paraíba, visite a pedra do Ingá, um fenômeno que merece atenção e instiga a curiosidade de todos, um verdadeiro patrimônio histórico. A obscuridade do seu significado é a motivação maior para o turismo e um orgulho não só de ingaenses e paraibanos, mas, de todos nós brasileiros.

Por: Mateus Brandão de Souza. Graduado em História pela FAFIPA.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

O INCIDENTE ROSEWLL

Companhia diz ter protótipo de artefato eletrônico baseado em tecnologia alienígena American Computer Company reproduz relato afirmando que transistor resultou de pesquisasnum disco voador acidentado em Roswell em 1947.

Qualquer que seja a vertente na polêmica sobre o chamado "Incidente de Roswell", todos são obrigados a concordar, pelo menos, com um fato indiscutível: algo despencou do espaço na noite de 4 de julho de 1947 e espatifou-se num dos muitos barrancos da paisagem desértica do município de Roswell, Novo México, EUA.

Um impacto direto e que deixou sinais ainda visíveis. Muita gente garante que o veículo desastrado era um disco-voador. Mas a Força Aérea dos Estados Unidos, seguindo a linha oficial do governo, assegura que tudo não passa de um mal-entendido. Nem todos acreditam: a rede de TV CNN recentemente pesquisou 1.024 pessoas sobre o assunto. Segundo esta enquete, 54% acham que existe vida fora da Terra. Desses, nada menos do que 80% estão convencidos de que o governo esconde fatos ocorridos em Roswell. Conta-se que morreram entre quatro e seis criaturas. Seres extraterrestres, baixinhos cabeçudos, com enormes olhos negros e oblíquos.

No dia seguinte, militares da base aérea foram até o local do incidente, o rancho Hub e recolheram alguns destroços. A operação foi feita de modo secreto. Um cordão de isolamento foi estabelecido na rodovia US 285, impedindo a entrada na estrada vicinal que dá acesso ao rancho. Muita gente viu essa barreira. E a tarefa de limpeza teria ficado guardada sob sigilo se, a pouco mais de 50 quilômetros dali, outros destroços não estivessem sendo recolhidos por outras mãos.

No dia 6 de junho, MacBrazel, um empregado do rancho Foster, foi ver como estavam as ovelhas. Havia chovido e relampeado muito durante a madrugada e os bichos poderiam estar nervosos. Em meio ao pasto, Brazel encontrou o que parecia ser pedaços de uma aeronave. Ele juntou tudo, num total que calculou pesar dois quilos e meio. Os destroços foram tirados das mãos de Brazel pelo major Jesse Marcel, que antes de levar tudo para seus supervisores passou em casa e mostrou os objetos à família. O filho do major é hoje um médico de 60 anos e mora em Montana. Ele diz que lembra bem do episódio: "...meu pai chegou excitado dizendo que a Força Aérea tinha achado um disco-voador. Mostrou à minha mãe e a mim umas barras finas e varetas feitas de um metal muito leve. Havia também umas folhas de algo que parecia papel alumínio, mas não amassava. Vi distintamente numa das barras sinais que lembravam hieróglifos. Não tenho dúvida de que fosse algo alienígena".

Outra grande testemunha que dá munição às fileiras dos que acreditam no OVNI é alguém que entende muito de mortos. Glenn Dennis é o mais renomado papa-defuntos da cidade desde a época do incidente. Ele jura que foi chamado pelo pessoal da base para ensinar, pelo telefone, as técnicas de construção de sarcófagos para criança, herméticamente fechados. Conclui-se com isso que os militares estavam arranjando meios para transportar os pequeninos ETs para a base de Fort Worth, no Texas. Glenn também diz que teve contato com uma enfermeira de nome Naomi Self. Esta moça teria auxiliado nas autópsias feitas nos cadáveres dos ETs e contou horrores para o agente funerário.

Há três anos um produtor inglês revelou ao mundo o suposto filme da autópsia dos ETs que teriam sido recolhidos no acidente. O documentário chamava-se The Santilli alien autopsy film. Na ocasião a necropsia foi saudada como tão espetacular quanto o quadro Lição de Anatomia (1632), do pintor flamengo Rembrandt. Houve muito rebuliço e o filme foi exibido em muitos países, inclusive no Brasil. Mas os analistas acabaram por desmoronar a fraude e denunciar erros grotescos.

Nos EUA persiste o interesse pelos encobrimentos, colisões e a hipótese extraterrestre.

Novas descobertas, novos documentos, novos boatos e novos casos emergem regularmente. A ufologia, logre ou não êxito em se instaurar ou resolver suas divergências, sem dúvida está numa fase que talvez seja o seu período mais intenso.



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Machu Pichu


No dia 24 de junho de 1911, Machu Pichu foi descoberta oficialmente pelo historiador americano Hiram Bingham, patrocinado pela Universidade de Yale e pela National Geographic. Inicialmente o objetivo do historiador era de achar uma outra cidade perdida: Vilcabamba. Mas ele teve a sorte de achar Machu Pichu que ficou escondida durante 300 anos. Machu Pichu quer dizer "montanha velha", o mesmo nome da montanha onde fica localizada, a 112 km de Cuzco, e a 2.430m de altitude. Faz parte do "Santuário Histórico de Machu Pichu", uma unidade de conservação do Governo peruano criada em 1981 para proteger os recursos naturais e culturais de elevado valor científico e histórico.

A cidade inca possui um setor agrícola separado da área urbana por um tipo de fosso seco que aproveitava de uma falha geológica. Essa é uma área de terraços que servia tanto para o cultivo de batatas, quanto para evitar a erosão das encostas. Existia lá também sistemas de irrigação como aquedutos que levava a água das montanhas à cidade de Machu Pichu. O setor urbano que apresentava 200 habitações, incluindo templos, praças e centros de estudos astronômicos, abrigava mais ou menos umas 400 pessoas, e tinha também algumas habitações de menor e maior porte, sendo este destinado a altos designatários. O setor industrial, provavelmente era dedicado ao cultivo de grãos e fabricação de produtos de origem animal. Machu Pichu apresenta uma grande quantidade de templos, reconhecíveis pela qualidade de suas obras e pelo acabamento rebuscado. Em um desses templos existe um desenho de uma cruz escaliforme, que é o mesmo encontrado em Ollantaytambo, no Peru e nas ruínas de Tihuanaco, na Bolívia. O que prova que o Império Inca ultrapassava os limites das ruínas de Machu Pichu.

Dentre todas as atividades praticadas na cidade inca, a que mais se destaca é a atividade astronômica dos incas e sua precisão nos cálculos dos solstícios e equinócios. Um exemplo disso é um templo existente em Machu Pichu. Nesse templo, que tem o nome de Templo do Sol, existe apenas uma janela, que é iluminada pelos primeiros raios de sol, exatamente às 7h15m da manhã de 21 de junho, início do solstício de inverno. Mas é óbvio que os incas não se destacaram somente por isso. Eles realizaram diversas proezas em outros campos. Infelizmente os incas não tinham a escrita, o que dificulta a compreensão de sua história e de sua cultura. Para muitos cientistas, a cidade teria sido um centro de sábios, representantes da elite, sacerdotes e sacerdotisas. E que era frequentemente visitada por peregrinos que iam render homenagens aos deuses a às forças da natureza. Até hoje não se sabe qual teria sido o fim do povo inca.

A cidade de Machu Pichu não guarda nenhuma pista do paradeiro de seus habitantes. E como já disse antes eles não possuiam escrita, o que dificulta ainda mais a descoberta desse enigma. Para muitos, os habitantes teriam sido pouco a pouco dizimados por uma peste, mas não se sabe qual peste teria sido essa. Outros dizem que os incas teriam se refugiado na selva amazônica, talvez pressentindo a chegada do inimigo e mais tarde mortos pelo conquistadores espanhóis. Foram descobertos em Machu Pichu corpos mumificados de 164 pessoas. Acredita-se que 102, desses 164 corpos seriam de mulheres adultas, 22 de homens adultos, 11 de jovens. E desses 11 corpos de jovens, 7 seriam femininos e 4 masculinos.


quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Minha dica de viagem de férias


“Eu moro há cinqüenta metros do céu”

A frase é de Chico Soró, um dos personagens mais típicos e populares de Marilena, um pequeno município paranaense que faz divisa com os estados de São Paulo e Matogrosso. Marilena preserva muito das características interioranas que fazem tanta falta aos que vivem nos grandes centros...


Por: Marcos Valnei de Souza.

Ali vive um povo simples, amigo e hospitaleiro...

Uma cidade escolhida pela natureza para abrigar o encontro dos Rios Paraná que vem do Matogrosso e Paranapanema que desce de São Paulo.

No Bico do Pontal, dois gigantes se fundem e seguem abraçados...

Um abraço testemunhado por ilhas, pássaros e demais espécies que compõem a flora e a fauna daquele lugar abençoado...

Andar de barco por aquela imensidão azul é estar em comunhão com Deus...

As águas cristalinas te oferecem um banho de rei com direito a escolher o sol ou a sombra como companhia...

Variadas espécies de peixes, fazem de Marilena, um município com potencial para a pesca profissional ou esportiva...

Turistas das mais diversas regiões começam a descobrir as praias de água doce que o Paranapanema e o Paranazão oferecem...

Incontáveis ilhas salpicam de verde aquelas águas...

Tem a Óleo Cru, uma das maiores de água doce do mundo. Mas a mais charmosa é a pequena Ilha do doutor Gilmar...

Alí, você fica entre três estados; Paraná, Matogrosso e São Paulo...

A cerveja é gelada e o abraço é quente...

O sorriso é franco e a amizade é pra sempre...

A culinária é variada e o paladar agradece...

A paisagem é linda e os momentos inesquecíveis...

Este paraíso fica a 150 km de Maringá e a 590 de Curitiba...

Visite Marilena e descubra porque Chico Soró mora a cinqüenta metros do céu...


Veja o clipe da música Menina dos Rios composta por Tiago Oliveira e Marcos Valnei em homenagem a Marilena.

Você verá imagens que certamente despertarão em você uma vontade imensa de conhecer de perto os encantos da menina dos rios...


terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Pseudo burguês


Esta postagem vai pra você, pseudo burguês que anda por aí dando uma de bacana. Você que ganha seus novecentos contos e quer se comportar com quem ganha no mínimo cinco mil reais.

É importante falarmos de você, pseudo burguês que rasga seda para os ricos e não se dá conta que eles te detestam, pois se você não sabe, o verdadeiro burguês não gosta de pobre. Nos dirigimos a você, que se ilude com esta paranoia de pensar que é rico, você, com seu “tenão da Nike¹”, sua camiseta da Acostamento, ou sua calça da Colcci comprada em 15 “suaves parcelas”.

Você, que diz que faz e acontece, mas, não faz ideia o quanto todos zombam de você nesta sua auto avaliação de viajar em seu planeta imaginário pensando que engana Deus e o mundo ao se dizer que é o pegador e que já transou com todas as meninas da cidade.

Queremos aqui, nos dirigir a você, pseudo burguês do celular de última geração, porém, sem crédito, você que paga pau com o carro que seu pai comprou a duras penas e que as prestações exorbitantes causam insônia em seu pobre velho. Pseudo burguês que liga o som do carro do papai a toda altura e à noite, desfila no bobódramo² da cidade pensando que toda a galáxia está morrendo de inveja de você.

Nossa homenagem a você rei da hipocrisia, com sua mente cheia de vento, você que se julga esperto, inteligente enquanto o resto das pessoas do mundo inteiro são idiotas. Você sabichão que dispensa conselhos e acha que ter uma vida desregrada é viver intensamente.

Pseudo burguês do mundo da lua, o alienado que mais dias menos dias quebrará a cara e nem assim aprenderá, pseudo burguês que é marginalizado e nem se dá conta disso.

Enfim, nossa homenagem a você, pseudo burguês de mente oca, cuja inteligência é uma mata virgem e jamais desbravada, você que sabe que não tem onde cair morto, mas vive nesta alucinação de pensar que é rico.

Um viva a você, garoto que se acha o tal, mas na verdade, oferece ampla margem para as pessoas te ridicularizar enquanto você pensa que está abafando e que é o dono do mundo.

Continue assim, mas aprenda se for capaz que, viver é melhor que sonhar.

Mateus Brandão de Souza, pobre financeiramente e graduado em história pela FAFIPA.


*1-Tenão da Nike: Tênis novo da marca Nike é o sonho de consumo de todo pseudo burguês.
*2-Bobodramo: Local da avenida onde os bobos ficam desfilando com o carro, subindo e descendo por dezenas de vezes consecutivas tentando chamar a atenção de alguém.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

O Mapa de Piri Reis



Em 9 de novembro de 1929, enrolado em uma prateleira empoeirada do famoso Museu Topkapi, em Istambul, dois fragmentos de mapas foram encontrados. Tratava-se das cartas de um almirante turco, Piri Reis, célebre heroi(para os turcos) e pirata(para os europeus), que nos deixou um extraordinário livro de memórias intitulado Bahrye, onde relata como preparou estes mapas.

Sua obra já era conhecida há muito tempo, mas somente adquiriu importância após a descoberta de tais cartas, ou melhor, após as cartas e o livro terem sido confrontados e averiguados sua veracidade.

Descendente de uma tradicional família de marinheiros, suas façanhas contribuiram para manter alto no Mediterrâneo o prestígio da marinha turca. Em sua obra são descritas em detalhes as principais cidades daquele mar e apresenta ainda 215 mapas regionais muito interessantes. Afirma ainda em sua obra que: "a elaboração de uma carta demanda conhecimentos profundos e indiscutível qualificação".

No prefácio de seu livro Bahrye, Piri Reis descreve como se baseou e preparou este tão polêmico mapa, na cidade de Galibolu, entre 9 de março e 7 de abril de 1513. Declara aí que para fazê-las estudou todas as cartas existentes de que tinha conhecimento, "algumas delas muito antigas e secretas". Eram mais de 20, "inclusive velhos mapas orientais de que era, sem dúvida, o único conhecedor na Europa".

Piri Reis era um erudito, e o conhecimento que tinha das línguas espanhola, italiana, grega e portuguesa, muito o auxiliou na confecção das cartas. Possuia inclusive um mapa desenhado pelo próprio Cristóvão Colombo, carta que conseguira através de um membro de sua equipe, que fora capturado por Kemal Reis, tio de Piri Reis.

Os mapas de Piri Reis são uma preciosidade ilustrados com imagens dos soberanos de Portugal, da Guiné e de Marrocos. Na África, um elefante e um avestruz; lhamas na América do Sul e também pumas. No oceano, ao longo dos litorais, desenhos de barcos. As legendas estão grafadas em turco. As montanhas, indicadas pela silhueta e o litoral e rios, por linhas espessas. As cores são as convencionalmente utilizadas: partes rochosas marcadas em preto, águas barrentas ou pouco profundas por vermelho.

A princípio não lhes foram atribuidas o devido valor. Em 1953, porém, um oficial da marinha turca enviou uma cópia ao engenheiro-chefe do Departamento de Hidrografia da Marinha Americana, que alertou por sua vez Arlington H. Mallery, um especialista em mapas antigos. Foi então quando o "caso" das cartas de Piri Reis veio a tona.

Mallery fez estudar as cartas por algumas das maiores autoridades mundiais do assunto, como o cartógrafo I. Walters e o especialista polar R. P. Linehan. Com a ajuda do explorador sueco Nordenskjold e de Charles Hapgood e seus auxiliares, chegaram a uma conclusão sobre o sistema de projeção empregado nos mapas que fora então confirmada por matemáticos: embora antigo, o sistema de Piri Reis era exato. Além disso, o mapa traz desenhadas, na parte da América Latina, algumas lhamas, animais desconhecidos na Europa, àquela época.

Também as posições estão marcadas corretamente, quanto à sua longitude e latitude. O mais impressionante é que até o século 18, os navegadores corriam risco de que seus barcos batessem em litorais rochosos, pois lhes faltava algo. A capacidade de calcular a longitude. Para isso necessitavam de um relógio extremamente preciso. Somente em 1790 o primeiro relógio marinho preciso foi inventado e os navegadores puderam saber sua posição nos mares.

Comparado a outras cartas da época, o mapa de Piri Reis as supera em muito.

A análise das cartas de Piri Reis esbarrou em outra polêmica: se tudo ali aparece representado com notável exatidão, então como explicar as formas das regiões árticas e antárticas, diferentes das da nossa era? O resultado das pesquisas é incrível. As indicações cartográficas de Piri Reis mostram a conformação das regiões polares exatamente como estavam à mostra antes da última glaciação. E de maneira perfeita. Confrontando as indicações dos mapas com os levantamentos sísmicos realizados na região em 1954, tudo batia em perfeita concordância, exceto por um local, o qual Piri Reis indicava por duas baías e o mapa recente, terra firme. Realizados novos estudos, verificou-se que Piri Reis é que estava certo. O estudioso soviético L. D. Dolgutchin julga que as duas cartas foram elaboradas após a derradeira glaciação terrestre, com o auxílio de instrumentação avançada; o que nada nos esclarece.

Levando-se em conta a história como nos é contada e aos conhecimentos que temos em mãos, fica a pergunta: de onde vieram estes instrumentos e como existiriam tais instrumentos antes de Colombo?

A resposta deve estar nos "mapas antigos e secretos" que ele usou como orientação para suas cartas. Estudos mostram que a glaciação dos pólos ocorreu depois de uma época situada aproximadamente entre 10.000 anos atrás. Naquela época, o que havia de mais civilizado, segundo os historiadores clássicos, eram os Cro-Magnon da Europa. Além disso, Mallery chama atenção de que para elaborar um mapa como aquele, Piri Reis precisaria de toda uma equipe perfeitamente coordenada e de levantamento cartográfico aéreo. Mas quem teria, naquela época, aviões e serviços geográficos?

O mistério continua: de onde vieram estes mapas? Quem cartografou o globo com uma acuidade que mal podemos conseguir hoje?

     
Bibliografia:
Grandes enigmas da humanidade, Editora Vozes – Luiz C. Lisboa & Roberto P. de Andrade;
 The Orygins of Man – NBC;
      Maps of the ancient seas – Charles H. Hapgood

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Até tu Brutus?


As vezes o poder dá a quem o tem, a ilusória sensação de ser intocável. A posição confortável e invejável desperta no indivíduo o ilusionismo de ser imbatível, tornando-se assim um inconseqüente.

Foi assim com Julio César, o maior homem da Roma republicana e expansionista. Em seus melhores dias, César adquiriu status, títulos, poder e popularidade. Motivado pelo conforto de seus privilégios, César passou a não medir as conseqüências de suas ações, não se deu conta que suas atitudes despertavam perículosa ira e a mais cega inveja em seus subordinados mais próximos.

Numa fatídica tarde, em pleno senado romano, caía por terra, de forma imbecil, o homem mais poderoso de Roma. César, aquele que se julgou Deus, ditador perpétuo, o amante da rainha Cleópatra do Egito, poderoso, temido, foi assassinado por senadores com estocadas de punhais, dentre os agressores, Brutus, seu próprio filho.

Quando César se deu conta de que ali era o fim de sua jornada, fitou com as vistas turvas seu filho entre seus algozes e balbuciou estas últimas palavras:


“Até tu Brutus, meu filho”?


Esta frase sobreviveu aos tempos, tendo a conotação de decepção, desapontamento e admiração negativa.

Sendo assim, nos atentemos ao exemplo de César, para policiarmos nossos atos, para quando formos líderes, chefes ou senhores, sejamos convenientes, providos de noção e cientes dos nossos limites.

Saibamos que a humildade, a ponderação e a cautela, são degraus que destinam à sabedoria, estes são alicerces fortes que edificam grandes homens. A prudência, os pés no chão, são componentes, complementares de sábias consciências. Não esqueçamos a humildade, atentemos para o fato de que para todas as coisas, são estabelecidos limites. Cuidado para não inflamarmos a ira e o desgosto de outros, pois toda ação produz reação.

Não nos iludamos com o abuso, com o fazer e acontecer, há ainda muitos César, mas também há muitos senadores e Brutus, ávidos, prontos para fazer cair por terra todos os "Césares" inconseqüentes e que erroneamente se julgam imbatíveis.

Por Mateus Brandão de Souza

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Qual é o caráter da dívida pública do estado brasileiro?

Taxação de grandes fortunas e a auditoria da dívida são instrumentos para atacar o problema de deficit nas finanças.

Auditoria é um meio de expor o funcionamento normal do “mercado da dívida” / Arte | Jubileu Sul.

Chico de Filippo, André Lima e Luis Fernando Novoa*

A dívida pública é fruto das diretrizes políticas monetária, tributária, cambial e da própria política do governo como um todo. Por exemplo, no início do Plano Real, o crescimento da dívida ocorreu em virtude das operações de mercado para garantir o Real valorizado e, assim, além de diminuir a taxa de inflação, incentivar as privatização e desindustrializar o país.

Quem são os reais credores da dívida pública brasileira? No artigo “Quem são os proprietários da dívida pública brasileira”, Gustavo Pedro e João Pinto demonstram quem realmente se beneficia dos juros oriundos dos títulos da dívida pública.

Os autores utilizam dados do Banco Central. Entre 2011 e 2014 nove bancos se revezaram entre os cinco principais credores: Bradesco, Santander (Espanhol), Caixa Econômica Federal, HSBC (Holanda), Goldman Sachs (EUA), Itaú, Unibanco e Citibank.

“É importante frisar que esse processo não passa por nenhum tipo de licitação e é bem restritivo, tendo como critérios o volume de capital social da instituição, um suposto “padrão ético de conduta” e avaliações de desempenho em leilões anteriores – o risco de formação de cartel por tais instituições nos leilões de títulos é evidente”, afirmam os autores.

O que explica os lucros exorbitantes dos bancos em pleno período de crise econômica? Cerca de 40% da renda dos bancos vêm de aplicações em títulos da dívida pública. São as instituições financeiras, em sua maioria, privadas, as principais negociadoras e detentoras do estoque da dívida pública interna.

O endividamento público é um dos instrumentos para se atacar um problema de deficit nas finanças públicas. Mas a taxação de grandes fortunas e a auditoria da dívida pública também servem para isso.

Dívida e orçamento

No Brasil, o domínio do capital financeiro passa pela manutenção do tripé de metas de inflação, liberalização cambial e superavit primário. Estas são as bases econômicas do constante processo do acúmulo de lucro do mercado financeiro.

Assim, cabe à gestão da dívida pública garantir a taxa de retorno do mercado financeiro. Em outras palavras, o orçamento é feito primeiramente para pagar juros e estruturar a rolagem da dívida. Tal política tem início junto ao plano Real. Todavia, é a partir do segundo governo FHC, com o estabelecimento do regime de metas de inflação que surgem alguns dos elementos balizadores desta política:


A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF, Lei Complementar 101/2000) é a primeira normativa que consolida a primazia do pagamento dos juros da dívida sobre as demais despesas da União (Parágrafo 1 do Artigo 5º). Na prática, a Lei de Responsabilidade Fiscal faz com que os Governos segurem os gastos em todo o primeiro semestre, descontinuando projetos, remontando equipes e parâmetros para, no segundo semestre, sabendo do que é possível no ano, “correr” para executar o mais rápido possível.

Outra normativa fundamental é a Desvinculação das Receitas da União (DRU). Este instrumento permite que até 20% das receitas vinculadas a gastos sociais e investimentos possam ser destinadas ao abatimento da dívida.

De 1994 até o 2014 foram quase 20 anos seguidos com mais de 10% do orçamento destinados para o pagamento de juros. Mesmo assim, devido à gestão da política econômica, a dívida brasileira continuou a crescer. Fica evidente que o problema do crescimento da dívida não é com o “excesso de gasto” do Estado, mas com a política econômica voltada à gestão da dívida.

Todavia, novas políticas vão sendo criadas sempre em favor de garantir que a gestão orçamentária priorize a gestão e o gasto com a Dívida Pública. É o caso da Lei que permite o uso dos restos a pagar e do lucro com operações das reservas cambiais no abatimento da dívida (Lei 11.943 de 2009 e Lei 11.803 de 2008) ou mesmo a Lei 9.496/97, que securitiza a dívida dos Estados e Municípios mas estabelece uma taxa de juros que é sempre maior que a taxa de crescimento das receitas estaduais, levando os Estados à falência atual. Falência que permite pressões por retiradas de direito. 

Além de todas restrições citadas acima, o mercado ainda exigiu o “Teto do Gasto”. A partir da implementação da EC 95/2016, o sentido do orçamento e das finanças no Brasil passa a ser primeiro o de garantir a gestão da dívida em favor dos interesses do mercado financeiro.

Quem paga a conta da crise?

Quem agudizou a crise e ainda se beneficia com isso? Quem paga a conta? E que conta é essa que nos impõem de forma inapelável, ao custo da supressão de direitos coletivos historicamente conquistados? Que validade pode haver em regras de endividamento feitas pelos e para os credores? Que validade pode ter uma dívida contabilizada em meio a processos de liberalização financeira?

Para responder a essas questões é que serve a Auditoria da Dívida, prevista na Constituição Brasileira. Ela é um meio de expor o funcionamento normal do “mercado da dívida”, que é alimentado e reproduzido para transferir riqueza de forma perene para os grandes bancos privados e investidores institucionais.

Sabemos que a bandeira da auditoria pressupõe uma reapropriação social da política econômica no Brasil. Uma auditoria, na amplitude que desejamos, coloca as finanças públicas na perspectiva de uma arena pública, submetida a decisões que não espelham a gula dos mercados. Em suma, há um caminho legítimo para que um novo governo enfrente o poder político, econômico e legal do capital financeiro.

*Chico de Filippo é economista e membro da rede Jubileu Sul Brasil. André Lima é economista e membro da rede Jubileu Sul Brasil. Luis Fernando Novoa é sociólogo e membro da rede Jubileu Sul Brasil.

Edição: Daniela Stefano

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Clementina de Jesus: a voz que revolucionou o samba e a música brasileira

Revelada aos 63 anos, cantora e compositora deu voz à ancestralidade africana por meio de sambas imortais.

Clementina de Jesus se tornou referência ao sintetizar a cultura negra no samba / Reprodução
Emilly Dulce

Uma voz rouca, grave e rasgada sintetizava, nos anos 1970, a expressão de um Brasil com forte herança africana e singular formação religiosa. A dona da voz tão inconfundível tem nome: Clementina de Jesus da Silva.

Neta de pessoas escravizadas, nasceu no ano de 1901, na cidade de Valença, na região cafeeira do estado do Rio de Janeiro. Mas, foi só aos 63 anos que ela ganhou os palcos e revolucionou o samba, após ter sido descoberta pelo poeta e futuro produtor musical Hermínio Bello de Carvalho. O jovem ficou fascinado pela sambista fluminense e passou a prepará-la para o espetáculo Rosa de Ouro, show que a consagraria.

Clementina de Jesus e Hermínio Bello de Carvalho no espetáculo Rosa de Ouro/Divulgação

A partir daí, Clementina de Jesus resgatou o conhecimento de seus antepassados e apresentou a cultura africana com a gravação de 13 LPs e participações em álbuns com grandes nomes da música popular brasileira, como Clara Nunes e Milton Nascimento.

Rainha Quelé, como ficou conhecida Clementina de Jesus, criou as filhas sozinha e trabalhou como empregada doméstica até o começo da vida artística. Negra, idosa e pobre, Quelé foi exemplo de força e luta para o povo brasileiro, em especial para as mulheres, como destaca Janaína Marquesini, uma das autoras do livro Quelé, A Voz Da Cor, que conta a história da mulher que atravessou décadas de samba.

"Além da Clementina representar essa riqueza cultural tão grande, ela ainda traz na história dela todas as dificuldades que ser mulher no Brasil traz e, além de ser mulher, ela ainda era negra e pobre. Ela carrega a verdade e a essência do povo mestiço e negro e tudo o que o Brasil é", diz.


O estilo de samba de Quelé era o partido-alto, cantado em forma de desafio e de improviso. Partideira de mão cheia, Clementina de Jesus imprimiu em suas canções a luta contra a discriminação racial e o machismo, se tornando uma das maiores referências da música popular brasileira, como ressalta Magnu Sousá, integrante da dupla de irmãos sambistas Prettos.

"Imagine uma mulher nos anos 1970, pensando na probabilidade de 80% de machismo no Brasil, e principalmente dentro do ambiente do samba, cantar ‘Não vadeia Clementina, fui feita pra vadiar’, comenta.

Magnu se define como um "neto da geração Clementina de Jesus", já que ela se tornou influência no repertório e nas ideias do artista. "A Clementina é a artista idosa mais pop do Brasil. Pop de moderno, de novo, de vanguarda e pop de popular. Eu digo é porque o artista não morre, ele é eterno. Ela [Clementina] está presente na vida de todos nós brasileiros, principalmente dos que amam o samba, que carregam a bandeira do samba e os que são adeptos, simpatizantes do gênero."


Com o passar dos anos, Quelé se tornou símbolo da negritude no Brasil. Para uma das escritoras da biografia, conhecer Clementina é entender um pouco da formação do povo brasileiro. "É preciso mostrar mais uma vez a importância das nossas raízes, da identidade e formação cultural do nosso país, que foi construído por mãos negras. A história dela [Clementina] ajuda a gente a fazer esse reconhecimento de como nós chegamos até aqui."

Em sete de fevereiro deste ano, Clementina de Jesus completaria 117 anos. Mulher vitoriosa, desafiou toda a cultura do samba estabelecendo uma ponte entre o folclore dos terreiros de candomblé e a música contemporânea.


quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Mais de 20 mil maranhenses estão aprendendo a ler com método cubano

Projeto “Sim, Eu Posso”, uma parceria do MST com o governo estadual, está na segunda etapa com 20 mil inscritos.


Por Cristiane Sampaio
Itaipava do Grajaú – MA

“Não tem idade, se tiver interesse aprende”, Raimundo Neves Ferreira, 62 anos.


“Nós somos os primeiros que chegam e os últimos que saem. Só saímos com as professoras”, Geni Rodrigues dos Santos, 77 anos.

As mãos calejadas do trabalho com a enxada, que durante anos semearam a terra no interior do Maranhão, agora têm novos desafios. Lápis e caderno são os instrumentos. Uma história diferente está sendo escrita.

O projeto de alfabetização Sim, Eu Posso, inspirado em um modelo cubano voltado para jovens, adultos e idosos, tem mudado a vida de trabalhadores urbanos, sem-terra, quilombolas e indígenas no estado que é o terceiro em número de analfabetos no Brasil.

A dona de casa Doralice dos Santos Oliveira tinha 53 anos, mais de 40 deles trabalhados na agricultura, quando foi apresentada ao mundo das letras.

“Quem não sabe ler nem escrever, vive no mundo só pra dizer que está vivendo, mas não sabe de nada. É como se estivesse no escuro, entendeu? A gente vê as coisas, mas não sabe o que é.”

Doralice, que vive no município de Itaipava do Grajaú, a cerca de 500 quilômetros da capital, São Luís, já não faz mais parte do grupo dos 840 mil maranhenses analfabetos.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), esse é o número de pessoas com mais de 15 anos que não sabem ler e escrever no estado.


“A coisa que mais eu achei bom na vida foi ir pra escola. Não tenho preguiça de ir. Faço a minha janta. Às vezes nem janto, e vou para a escola.”

Filha de analfabetos, ela passou toda a vida utilizando a digital para assinar documentos. Uma necessidade que só mudou em 2016. A dona de casa é uma das 7 mil pessoas que se formaram na primeira etapa do Sim, Eu Posso, articulado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em parceria com o governo do Maranhão.

A iniciativa vem transformando, aos poucos, a realidade da educação no estado.

O Sim, Eu Posso está na segunda etapa, com mais de 20 mil alunos atendidos. As aulas são ministradas em 15 municípios, que estão entre as cidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado.

O projeto percorre assentamentos, aldeias e outras comunidades e alcança gente como o aposentado Raimundo Neves Ferreira, de 62 anos. Todo dia, quando cai a noite, lá está ele na sala de aula, que tem o próprio filho dele, Erasmo, como professor. Um orgulho para o aposentado, que, na mesma turma, ainda senta ao lado de outros seis membros da família. Ele conta que o ambiente serve de inspiração para o aprendizado.

“Praticamente eu não sei de nada, mas tenho a vontade de aprender. Eu não sabia escrever nome nenhum, nem número. Hoje, pelo menos o meu nome, eu já sei.”

A empolgação do aposentado é a mesma que move o coração de gente como Miguel da Conceição Nogueira, de 84 anos, e Geni Rodrigues dos Santos, de 77, o casal de alunos mais idoso do projeto.

“Eu não tive tempo de estudar quando era jovem, porque eu trabalhava com a minha mãe para a gente comer. Eu acho bonito ser estudante. E chegou o momento de eu ser estudante também. Estou estudando.”

E o marido se orgulha dos elogios que tem recebido da professora.

“Eu fico muito satisfeito, alegre. Eu digo: 'Estou animado, professora'. E ela diz: 'Muito bem, daqui a dois meses você vai estar ainda mais animado.”

Os dois relatam que, quando receberam o convite para participar do projeto, ficaram tímidos e receosos, mas resolveram se arriscar, na ânsia de realizar um dos maiores sonhos de toda a vida.


A coordenadora pedagógica Maria Zenilde conta que o medo dos alunos não resiste ao encanto da sala de aula.

“Eles têm aquela resistência de vir para a escola, mas é só até o momento que eles vêm. No dia seguinte, quando chegam, já não querem mais deixar de vir. É bom demais. A gente observa esses avanços e essas conquistas.”

O método do Sim, Eu Posso nasceu em Cuba, pelas mãos da pedagoga Leonela Rebys. A ilha comunista é reconhecida internacionalmente pela erradicação do analfabetismo ainda nos anos sessenta. Uma conquista da Revolução de 1959, como ressalta a cônsul geral de Cuba no Nordeste, Laura Pujol.

“O acesso à educação para todos tem sido uma prioridade de todos os governos revolucionários. E a Revolução Cubana tem um espírito internacionalista muito grande. Poder compartilhar o que temos com outros povos do mundo tem sido uma constante na nossa história.”

O método foi adotado em outros vários países e chegou ao Brasil por iniciativa do MST. João Pedro Stedile, da direção nacional do movimento, conta que a semente foi plantada há cerca de 15 anos.

“Os companheiros de Cuba nos procuraram como MST e disseram: 'Olha, nós temos um programa de alfabetização muito rápida. Queremos saber se vocês têm interesse, porque queremos fazer uma parceria.”

A proposta foi adaptada para o Brasil por pedagogos e militantes do movimento e o país foi o primeiro a ter o método traduzido para o português. Piauí, Maranhão, Paraná, Pará, Rio de Janeiro e Ceará são alguns dos estados que já aplicaram o Sim, Eu Posso.


O método consiste basicamente na associação entre números e letras. A combinação é uma forma de tornar o aprendizado mais fácil, uma vez que mesmo a população analfabeta tem conhecimentos básicos de matemática.

Além disso, o projeto associa o uso de cartilhas educativas ao recurso da televisão. Os ensinamentos são divididos em 65 capítulos em formato de telenovela e as aulas duram ao todo oito meses.

Entre os grupos atendidos na Jornada de Alfabetização, há um segmento especial: o dos indígenas.

Na região central do Maranhão, cerca de 1.800 deles estão matriculados nas turmas do projeto.

Na aldeia Urucu, zona rural de Itaipava do Grajaú, o entusiasmo dos alunos sobrevive às adversidades do espaço, que tem iluminação fraca e ventiladores quebrados.

O indígena Iran Costa Guajajara, de 33 anos, é um dos alunos que já ensaiam algumas palavras em português para demonstrar a empolgação.

“Estou achando bom esse programa Sim, Eu Posso. Quero aprender a escrever e ler.”

O professor e pesquisador Gersem Baniwa, da Universidade Federal do Amazonas, destaca que o domínio do português é importante para a construção da autonomia dos povos indígenas.

“Ao longo de todo o processo de colonização, esse contato foi mediado por assessores, antropólogos, missionários, aliados, porque eles dependiam da língua. Hoje, a luta para um bom domínio da língua portuguesa é também uma maneira de consolidar esse protagonismo, essa autonomia”

Não é à toa que, somente em Itaipava, mais de 300 indígenas aguardam a reabertura de matrículas para iniciar os estudos.

A procura não era projetada nem mesmo pelo governo do estado. O governador Flávio Dino avalia que a mobilização do MST em torno do programa tem favorecido o engajamento das comunidades.

“Gera uma grande aderência entre adultos e idosos, que é o principal desafio desse programa de alfabetização: gerar motivação. Porque são pessoas que trabalham o dia todo, pessoas que trabalham na roça, na agricultura, que tem realmente que encontrar uma motivação. A metodologia utilizada pelo Sim, eu Posso tem garantido isso. E o MST participando, ajudando a mobilizar, tem sido uma experiência bastante boa.”

E não são só alunos e professores que fazem o projeto ganhar vida. Trinta e seis voluntários do MST se dividem entre as ações de mobilização para atrair novos estudantes e a coordenação das atividades. Entre eles, está a voluntária Inez Pinheiro.

“Quando a gente sabe que no Maranhão há um milhão de analfabetos. Isso nos diz que temos uma tarefa. Além dessa questão da solidariedade com o outro que não teve a oportunidade de estudar na idade certa.”

Os voluntários acompanham as mais de 1,3 mil turmas da segunda etapa do projeto e se desdobram entre uma demanda e outra para não deixar faltar o que a iniciativa tem de melhor: a solidariedade.

Maria Raimunda César, por exemplo, saiu do Pará para contribuir com a jornada maranhense de alfabetização.

“O processo de luta e de resistência não tem fronteira. A importância de construir esse ato político-pedagógico, que é o processo de alfabetização no Maranhão, tem motivado e conduzido as várias ações do MST nacionalmente, nos setores e nós aqui na regional amazônica também.”

Já o músico Marquinhos Monteiro exerce uma outra função muito especial no projeto: todo dia, ele salta de turma em turma para alegrar os alunos ao som de um violão embalado por letras que cantam a sina do povo do sertão. O militante é o autor da música oficial do Sim, Eu Posso.

João Pedro Stedile afirma que o MST defende a transformação do projeto em uma política de Estado no país, para que as ações sejam permanentes.

Atualmente, o projeto tem jornadas de alfabetização no Maranhão e em Alagoas. Paralelamente, está sendo articulada mais uma experiência, desta vez em Minas Gerais.

Edição: Camila Maciel e Vívian Fernandes
Fotografia: Leonardo Milano/Mídia Ninja

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

É, estou mais velho...


A vantagem de me tornar velho, é que já não me deprimo pelas muitas coisas que não conquistei. Já não choro copiosas lágrimas por aquilo que não pode ser meu. A vida me provou que teoria e prática, são lados distintos em uma mesma moeda. Chega um tempo, em que a gente se dá conta que planos e pouco do que moldamos, se concretizam, o destino tem a sua própria versão para nossas vidas e é exatamente essa que prevalece.

Medos, estes eu os perdi, eu tinha um saco cheio deles, mas, fui perdendo-os um a um ou de forma gradativa, mas, não há grande vantagem nisso, com o acumulo dos dias, eu encontrei outros. Perdi o medo dos mortos, dos fantasmas, mas encontrei o terrível medo dos vivos, medo das mentes maldosas e dos corações de má fé. Aprendi não me abalar com muitos achismos equivocados sobre mim, pois já descanso na confiança de saber o que realmente sou.

Em outros tempos de verde idade, preocupei-me muito com as conclusões de terceiros sobre o meu eu, hoje o que sou ou o que deixo de ser, diz respeito unicamente a mim e minha realidade, eu a conheço, conclusões alheias que não condizem com minha verdade, são apenas erros enganosos ou propositais de terceiros que não merecem um segundo de minha preocupação.

De praxe, tenho concluído que a muitos olhos alheios, não sou normal, sou um louco, fujo a regras, por outro lado, noto que são outra vez equívocos daqueles que ignoram minha normalidade.

Tamanha é a complexidade de existir e enorme a simplicidade de ser, que estes extremos me despertam admiração, fascinação. Enquanto afirmo com certeza absoluta que sei quem sou, posso também afirmar com todas as letras que me desconheço, isto vai depender das sortes e dos reveses, dos momentos em que eu estiver vivendo.

Dentre as conclusões que os anos tem me proporcionado, me atenho a esta: "A vida é curta". Não importa se tenho oito ou oitenta anos, a vida é o agora, e agora é muito cedo para morrer.

Conhecimentos, adquiri alguns, e se durante a vida eu não for acometido de nenhuma demência, vou tê-los enquanto eu tiver fôlego uma vez que e estes, ninguém me toma.

Arrisco dizer que a vida não é o mais sublime dos dons, o dom mais precioso e que supera a própria vida é a saúde, esta é, no meu humano conceito, a mais valiosa de todas as riquezas, e enquanto a possuímos, somos capazes de tudo, a saúde é a mola propulsora que faz a vida bela...

Hoje é meu feriado pessoal, dia de comemorar e também dia de avaliar tudo o que ocorreu até aqui, agora mais do que antes, com os pés mais próximos do chão. Consciente das muitas coisas que há entre a lacuna do real e do imaginário vou tocando meu barco, remando contra ou a favor da maré, pois tudo faz parte da vida...


Um caloroso abraço a todos que me felicitam pela passagem do meu dia. Hoje é 14 de Fevereiro, dia de Mateus.
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