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segunda-feira, 30 de março de 2020

Vulcão inativo


Ter consciência de que se vive entre os manipulados e consequentemente ser parte deles é sofrer drasticamente, é estar a cada instante sentindo as costas lanhadas pelo chicote da opressão e da coação, cada vez mais, vemos escapar-se entre os vãos dos dedos, as parcas gotas de esperança de que um dia a justiça se fará em nossas vidas.

E os manipulados, os cegos, aqueles que tem seus olhos vendados, deixam-se guiar pelos que propositalmente os conduzem ao abismo, enquanto eles os condutores, riem-se, pois sabem que suas vontades, hão de prevalecer frente as necessidades daqueles outros ignorantes que se deixaram levar pelas falácias dos que roubam para si a dignidade que por justiça, deveria também pertencer a estas marionetes adestradas  e moldadas para fazer a vontade dos ímpios.

Cada vez fica mais longe o horizonte de onde nasceria o sol que brilharia para todos, e a massa cega, caminha com passos firmes, passos que farão com que esta massa, permaneça nas trevas da dependência onde ficarão sempre a mercê daqueles a quem não é interessante o benefício mútuo, aqueles que maquinam para que as decisões estejam sempre voltadas aos seus caprichos e assim, esta classe dominante, deleita-se em sua supremacia e na certeza de que tudo está sob controle.

Até quando triunfará o ímpio?

Até sempre, pois os dominantes, usam de todos os meios para que a ordem fatídica não sofra ameaça de supostos subversivos cada vez mais escassos. Estes dominantes embora injustos, dormem tranquilos, pois, sabem que passam por justos e inflam seu ego na cômoda certeza de que a massa, é um vulcão inativo que não oferece ameaça digna de grande preocupação.

"Vida de gado, povo marcado, povo feliz, caminhando passo a passo para bretes do morredor", nenhum dos grandes dará ouvidos ao clamor dos desgraçados, pois, a filosofia dos abastados, ensina que o bem-estar é um privilégio para poucos, poucos são os merecedores das benesses do sistema. Os sem sorte, que assim permaneçam. É da existência dos ninguém que os abastados sobrevivem.

Somos a lenha que aquece e dá propulsão à maquina que gera muita riqueza, porém, uma riqueza que favorece a poucos. Somos o vulcão inativo, nos fizeram semi irracionais, somos incapazes de reação, a situação permanecerá favorável à eles e os manipulados, continuarão gritando vivas e brindando a saúde da classe dominante, estes nunca darão conta do poder da união e assim sendo, são vulcões inativos. Pensemos nisso...

Mateus Brandão de Souza.

sábado, 28 de março de 2020

Anos oitenta


Ouve-se dizer por aí que os anos 80 deixaram saudades, há até mesmo nos grandes centros, danceterias especializadas em tocar sucessos dessa época que de fato é gostoso lembrar.
Como eram as coisas nos anos 80?

As crianças dos primeiros anos de 1980, tinham ainda em suas casas uma grande TV em preto e branco valvulada nas marcas Telefunken ou Colorado, Sergio Chapelin e Cid Moreira se despediam com o tradicional “boa noite” no jornal nacional. Ainda na TV, nos chocávamos com as maldades praticadas contra Kunta Kintê no seriado Raízes.

Nos deliciávamos com o Sítio do pica-pau-amarelo de dona Benta vivida por Zilka Salaberry e Tia Anastácia por Jacira Sampaio, havia também o desenho animado dos Flisntones na idade da pedra. Foi em 1982 que vimos a Itália de Paolo Rossi despedir o Brasil e dias depois, tornar-se campeã do mundo na copa da Espanha contra a Alemanha. Perdíamos também por estes tempos o Craque Mané Garrincha e as cantoras Elis Regina e Clara Nunes.

Nos meados da década de 80, Simoni, Jairzinho e Fofão apareceriam na turma do balão mágico, e quem não se lembra da Pantera-cor-de-rosa, do mister Magoo, da corrida maluca de Penélope Charmosa, da formiga atômica ou do Pepe legal? Havia também o Incrível Hulck, o Homem de 6 milhões de dólares, a Mulher Maravilha, o Casal 20 e nas noites de Sexta feira após a novela, os sucessos das paradas eram apresentados no Globo de Ouro.

Clube do Bolinha, quando a “Band” era Bandeirantes, Cassino do Chacrinha com suas Chacretes bonitas sempre lembradas nos demorados banhos, Xuxa viria depois com seu “Xou” cantando ilariê. Vovó Mafalda, papai Papudo e Salcí Fufú completavam a festa do palhaço Bozo. Aos domingos pela manhã, Silvio Santos apresentava o Domingo no Parque e às dezenove horas ríamos com as atrapalhadas de Didi, Dedé, Mussum e Zacarias.

Dias Gomes em 1985 encantou o país com o Roque Santeiro de Sinhozinho Malta e viúva Porcina. Por este tempo, Chico Anísio esbanjava talendo no Chico Anísio Show e no rádio ouvíamos Gil Gomes, Ely Correia e Zé Bétio sempre com o ouvido colado num Motoradio 6 faixas ondas curtas, tropicais e médias. As músicas ainda eram em LPs, onde eram ouvidas nas inefáveis Toca-discos.

Os noticiários internacionais giravam em torno de Roanld Reagan e Margareth Teacher, em 1985 nosso presidente ainda era João Batista Figueiredo, um militar, seu sucessor, Tancredo Neves morreria antes mesmo de tomar posse, José Sarney viria em seguida com o plano cruzado.
O Cometa Halley e a vitória da França de Michael Platini contra o Brasil na copa do México foram os maiores fiascos de 1986, época da Rede Manchete e quando um seleto grupo de crianças assistia ao Bambalalão da TV Cultura de São Paulo.

Raul Seixas aprecia na TV sentado num tapete voador cantando o Carimbador maluco e as nossas bicicletas eram as monaretas, nas ruas, as crianças jogavam bolinhas de gude, brincavam de esconde-esconde, balança caixão, “balança você, dá um tapa na bunda e vai se esconder”, vagalume tentem, teu pai ta aqui, tua mãe também, comendo mingal com a colher de pau.” Havia também os carrinhos de rolimã e as caçadas de estilingues.

Os homens babavam com Gretchen rebolando seu bumbum cantando Conga Araconga. Nós, os meninos, nos escondíamos de nossas mães para ver revistas de mulher pelada, pois segundo elas, era pecado.

As montadoras de automóveis orgulhavam-se de seus Del Reys e de suas Belinas enquanto os fuscas se despediam das fábricas tornando-se tão saudosos quanto os anos 80.

Esta década se despediu com as eleições diretas para presidente da República com presidenciáveis como Marronzinho Mario Covas, Ulysses Guimarães, Enéas Carneiro e seu sonoro “Meu nome é Eneas”, Fernando Gabeira entre tanto outros, em especial o Lula, com a música Lula lá e Collor de Mello, o caçador de marajás, Collor venceu Lula no segundo turno e se tornou o presidente da republica. Mas, isto é uma outra história para a história.

Assim foram os anos 80, verdes tempos que de fato marcou uma geração que viu nas décadas seguintes o grande salto tecnológico dos dias atuais e que conheceu como ninguém o analógico e o digital dos aparelhos eletrônicos.

VIVA OS ANOS 80.

Mateus Brandão de Souza.

sexta-feira, 27 de março de 2020

O testamento do mendigo

Profeta Gentileza - Rio de Janeiro

Por Urbano Reis

Agora, no fim da vida
Como mendigo que sou,
Me sinto preocupado,
Intrigado e num momento
Me pergunto, embaraçado,
Se faço ou não testamento.

Não tendo, como não tenho
E nunca tive ninguém,
Pra quem é que eu vou deixar
Tudo o que eu tenho: os meus bens?
Pra quem é que vou deixar,
Se fizer um testamento,

Minhas calças remendadas,
O meu céu, minhas estrelas,
Que não me canso de vê-las
Quando ao relento deitado
Deixo o olhar perdido,

Distante, no firmamento?
Se eu fizer um testamento
Pra quem é que vou deixar
Minha camisa rasgada,
As águas dos rios, dos lagos,
Águas correntes, paradas,

Onde às vezes tomo banho?
Pra quem é que vou deixar,
Se fizer um testamento,
Vaga-lumes que em rebanhos
Cercam meu corpo de noite,
Quando o verão é chegado?

Se eu fizer um testamento
Pra quem vou deixar,
Mendigo assim como sou,
Todo o ouro que me dá
O sol que vejo nascer
Quando acordo na alvorada?

O sol que seca meu corpo
Que o orvalho da madrugada
Com sua carícia molhou?
Pra quem é que vou deixar,
Se fizer um testamento,
Os meus bandos de pardais,

Que ao entardecer, nas árvores,
Brincando de esconde-esconde,
Procuram se divertir?
Pra quem é que eu vou deixar
Estas folhas de jornais

Que uso para me cobrir?
Se eu fizer um testamento
Pra quem é que eu vou deixar
Meu chapéu todo amassado
Onde escuto o tilintar
Das moedas que me dão,

Os que têm a alma boa,
Os que têm bom coração?
E antes que a vida me largue,
Pra quem é que eu vou deixar
O grande estoque que tenho
Das palavras "Deus lhe pague"?

Pra quem é que eu vou deixar,
Se fizer um testamento,
Todas as folhas de outono
Que trazidas pelo vento
Vêm meus pés atapetar?
Se eu fizer um testamento

Pra quem é que vou deixar
Minhas sandálias furadas,
Que pisaram mil caminhos,
Cheias dos pós das estradas,
Estradas por onde andei
Em andanças vagabundas?

Pra quem é que eu vou deixar
Minhas saudades profundas
Dos sonhos que não sonhei?
Pra quem eu vou deixar,
Se fizer um testamento,
Os bancos dos meus jardins,

Onde durmo e onde acordo
Entre rosas e jasmins?
Pra quem é que vou deixar,
Todos os raios de luar
Que beijam minhas mãos
Quando num canto de rua

Eu as ergo em oração?
Se eu fizer um testamento
Pra quem é que vou deixar
Meu cajado, meu farnel,
e a marca deste beijo
Que uma criança deixou

Em meu rosto perguntando
se eu era Papai Noel?
Pra quem é que eu vou deixar,
Se fizer um testamento,
Este pedaço de trapo
Que no lixo eu encontrei

E que transformei em lenço
Para enxugar minhas lágrimas
quando fingi que chorei?
Se eu fizer um testamento...
Testamento não farei!
Sem nenhum papel passado,

Que papéis eu não ligo,
Agora estou resolvido:
O que tenho deixarei,
Na situação em que estou,
Pra qualquer outro mendigo,
Rogando a Deus que o faça,
Depois que eu tiver morrido,
Ser tão feliz quanto eu sou.


quinta-feira, 26 de março de 2020

Tudo por dinheiro


No sistema onde o dinheiro é a mola propulsora que tudo movimenta, fatalmente tudo se torna mercadoria, é pelo dinheiro que os fatos acontecem, não fosse por ele, não haveriam tantos desentendimentos, tantas discórdias, tantas corrupções e tantos sofrimentos.

O dinheiro é quem fala alto, quem dita as regras, é quem manda, por ele o homem explora a si próprio e os demais seres vivos. Numa sociedade sistematizada pelo dinheiro, os valores morais caem por terra, caráter, entre tantas outras virtudes, são coisas vãs, numa possível disputa entre quem tem caráter e quem tem dinheiro, vence quem tem dinheiro.

Por dinheiro o homem vende sua honra, sua dignidade e sua consciência. Pelo vil metal, pais entregam filhas ou supostos amores acontecem, por dinheiro, o impossível se torna possível e o inadmissível se torna aceito.

No sistema onde o dinheiro é quem dita as regras, o homem é avaliado e mensurado pelo montante de cifras que detém, o que se leva em consideração primeiramente são os valores materiais, valores morais ficam para segundo plano. Neste mundo cão, pouco importa a honestidade, tudo tem o seu preço e o dinheiro por sua vez compra tudo.

Por: Mateus Brandão de Souza.

quarta-feira, 25 de março de 2020

A INTRIGA DO CACHORRO COM O GATO


Quando eu era criança, eu tive o privilégio de ter um amigo octagenário que atendia pela alcunha de Mané Laranjeira, ele, ancião sábio e de mente impecável, declamava para eu e outras crianças, várias histórias em versos e uma das mais memoráveis era a fábula em cordel "A INTRIGA DO CACHORRO COM O GATO" de autoria do gigante dos cordéis José Pacheco. 

Repasso aqui a história que várias vezes ouvi nas rodas de infância quando nos reuníamos e o centro das atenções era o meu saudoso e inesquecível amigo Mané Laranjeira - Um viva a infância do meu tempo:


A intriga é mãe da raiva
O mau pensamento é pai
Da casa da malquerença
O desmantelo não sai
Enquanto a intriga rende
A revolução não cai.

Quando cachorro falava
Gato falava também
Gato tinha uma bodega
Como hoje os homens têm
Onde vendia cachaça
Encostado ao armazém.

Com a balança armada
Para comprar cereais
E na bodega vendia
Bacalhau, açúcar e gás
Bolacha, café, manteiga
Miudezas e tudo mais.

Quando no tempo de safra
Comprava mercadoria
Chegada no armazém
Que todo bicho trazia
Vou dizer pela metade
Esta grande freguesia.

O peru vendia milho
O porco feijão e farinha
Com um cacho de banana
Mais tarde o macaco vinha
Raposa também trazia
Um garajau de galinha.

Carneiro passava a noite
Junto com sua irmã
Descaroçando algodão
E quando era de manhã
Para o armazém do gato
Botava sacos de lã.

Guariba vendia escova
Que fazia do bigode
Urubu vendia goma
Porque tem de lavra e pode
A onça suçuarana
vendia couro de bode.

Então todo bicho tinha
No armazém seu contrato
Porém vamos deixar isto
Para tratar de outro fato
Relativo à intriga
Do cachorro com o gato.

Rei leão mandou cachorro
Efetuar uma prisão
O cachorro passando
Na venda do gato então
Pediu para beber fiado
E o gato disse: pois não.

Subiu na pratileira
Uma garrafa desceu
Um cruzado de cachaça
O cachorro ali bebeu
Botou fumo no cachimbo
Pediu fogo e acendeu.

E disse compadre gato
Eu vou prender o preá
Porque carregou a filha
Do coronel cangambá
E mesmo já deve a honra
Da filha do seu guará.

E tornou dizer compadre
Bota mais uma bicada
Eu só sei prender valente
Depois da gata esporada
O gato sorriu e disse:
Esta não lhe custa nada.

O gato bebeu também
O cachorro repetiu
Botou o copo na banca
Saiu na porta e cuspiu
O gato puxou um lenço
Limpou a barba e tossiu.

Embebedaram-se os dois
Garrafas secaram 3
Cachorro fez um discurso
Falava em língua inglês
Gato embolava no chão
Também falando francês.
A gata mulher do gato
Saiu do quarto veio cá
E disse muito zangada
Vocês dois procedem mal
O gato disse: mulher
Da porta do meio pra lá.

O gato ficou deitado
O cachorro foi embora
Ouviram dizer: ô de casa
A gata disse: ô de fora
E quem é respondeu raposa
Sou eu que cheguei agora.

Disseram entre comadre
O gato levantou-se
Sentou-se numa cadeira
Esposa também sentou-se
Ele contou à raposa
De que forma embebedou-se.

A raposa disse: compadre
Você não pensou direito
Bebendo com o cachorro
Um safado sem respeito
Se seus amigos souberem
O senhor perde o conceito.

Beba com os seus amigos
Seu irmão maracajá
O tenente porco-espinho
E o capitão guará
Major porco e doutor burro
E o coronel cangambá.

Eu também gosto da troça
Bebo, danço e digo loas
Mas com gente igual a mim
Civilizadas e boas
Que não vou andar com gente
De qualidade à-toa.

Só me dou com gente boa
Como compadre urubu
Dona ticaca de souza
E dona surucucu
A professora jibóia
E o meu primo timbu.

Você é conceituado
Da roda palaciana
Cachorro vive na rua
Tanto furta como engana
Com o baralho no bolso
Jogando e bebendo cana.
E ele compra fiado
Porque quer mas ele tem
Uma muchila de níquel
Que por detrás se vê bem
Pindurada balançando
Porque não paga a ninguém.

O gato se pôs em pé
Perguntou admirado
Comadre, isto é verdade?
Ele me deve um cruzado
Eu não dei fé na muchila
Por isto vendi fiado.

Porém eu vou atrás dele
Daquele cabra estradeiro
Dou-lhe um bote na muchila
Arranco e tiro o dinheiro
Sendo eu disse a raposa
Passava o granadeiro.

O gato se preparou
Amarrou o cinturão
Correu as balas no rifle
Passou lixa no facão
Botou um quarto e bebeu
De aguardente com limão.

Chegou lá disse ao cachorro:
É triste o nosso progresso
Você paga o meu cruzado
Ou quer que eu pague um processo
Cachorro afastou o pé
E lhe disse eu não converso.

Ali deu um tiro e disse:
É assim que eu despacho
Porém o gato abaixou-se
Passou-lhe o rifle por baixo
Deu-lhe uma balada certa
Que quase derruba o cacho.

O cachorro que também
Tem pontaria fiel
Tornou passar a pistola
A bala deu um revel
Cortou-lhe o rabo no tronco
Que descobriu o anel.

Depois que trocaram tiros
Divertiram no punhal
Pulava o gato de costas
E dava salto mortal
Cachorro por sua vez
Também traquejava igual.

E ali trancou-se o tempo
Na porta do barracão
Da baronesa preguiça
Comadre do rei leão
E ela telegrafou
Pedindo paz na questão.

O leão passou depressa
Um telegrama pra trás
Minha comadre alevante
A bandeira e grite paz
Ela não tinha bandeira
Levantou a macaxeira
E ali ninguém brigou mais

terça-feira, 24 de março de 2020

A Vida ou o Capital, por Wilton Cardoso

O problema de se ter o capital como síntese social é sua natureza, pois ele é uma riqueza abstrata que se mede pela quantidade de trabalho para se produzir uma mercadoria, seja ela qual for.

No Jornal GGN

Por Wilton Cardoso

A vida ou o capital? Esta é a questão a ser posta desde a consolidação do capitalismo na Inglaterra e Europa, com as revoluções industrial e francesa e, depois, sua paulatina expansão por todo o mundo até o fim do século XX, quando se pode dizer que todas as culturas do planeta foram literalmente absorvidas e unificadas numa única cultura moderna – a cultura do capital.

O capital é o que os sociólogos e antropólogos chamariam de princípio de síntese social da cultura moderna. Quando esta se estabelece, a cultura se torna uma estrutura (ou uma totalidade, como gostam de chamar Moishe Postone e Robert Kurz) cujo Centro ou Ser é o Capital.

Dizer que o capital é o centro da estrutura capitalismo significa que ele dita as suas leis e seu movimento, como um motor imóvel. Que o capital é onipotente, pois é, ao mesmo tempo a causa e a finalidade de todos os movimentos os eventos da estrutura; mas também onisciente, pois suas leis condicionam aprioristicamente esses movimentos, mas não apenas eles.

Dizer que o capital é onisciente, ou seja, apriorístico, significa também que ele condiciona nossa visão de mundo, nossa constituição psíquica, valores e relações sociais, sem que o percebamos, pois uma das características necessárias ao “a priori” é que ele seja inconsciente e naturalizado. Assim, consideramos natural que o trabalho é uma atividade necessária ao ser humano, bem como o recebimento de um salário justo pelo trabalho, como é natural que haja dinheiro e estado, que existam empresas que comprem o trabalho de pessoas (empregam-nas), vendam mercadorias e tenham lucro, que haja competição entre elas, que somos sujeitos universais do direito e que esse mesmo direito (formal, abstrato e universal) regule a vida social em seus aspectos mercadológicos, políticos, civis, criminais etc.

Mas o fato é que a humanidade, ao longo de centenas de milhares de anos de existência, sobreviveu a maior parte dela sem trabalho, salário, dinheiro, estado etc. Mesmo nas sociedades antigas e medievais, em que havia estado e dinheiro, este último não estava no centro da vida social que, geralmente, era regulada por outros princípios de síntese social, como a posse da terra, a religião e o pertencimento de classe. Apenas no capitalismo a síntese social é realizada pelo dinheiro e o lucro ou, para ser mais preciso, pelo capital e suas leis rigorosas e quase objetivas de autoreprodução.

O problema de se ter o capital como síntese social é sua natureza, pois ele é uma riqueza abstrata que se mede pela quantidade de trabalho para se produzir uma mercadoria, seja ela qual for. Não importa se é uma bomba ou um bombom, um cigarro ou um remédio, nem se é um chinês trabalhando 12 horas por dia, um africano em trabalho semi-escravo numa mina ou um alemão com direitos trabalhistas. O que importa ao capital é que o valor investido gere mais valor (lucro), reproduzindo o capital.

No capitalismo, pessoas e natureza são instrumentos do capital e mais: dele dependem para sobreviver e, para isso, devem seguir suas leis. Mesmo os ricos, embora privilegiados no sistema, não podem abrir mão de seguir as leis do capital, como a da concorrência, por exemplo. Muito mesmo os trabalhadores e pequenos capitalistas, que necessitam vender mercadorias ou trabalho (também uma mercadoria) para se alimentar, morar, se locomover e ter alguma vida social. A outra escolha é a mendicância.
Em momentos de crise o Capital cobra seu preço

Em tempos de guerra ou de emergência sanitária, como agora, o capitalismo costuma entrar em colapso e as pessoas ficam sem trabalho e, consequentemente, sem meios de sobreviver. Em geral, o estado interfere na vida social, suspende momentaneamente as leis do mercado e passa a fornecer o básico para a sobrevivência.

É o que parece que vamos passar com a crise do coronavírus. A relutância de muitos governos, empresas e indivíduos em parar suas atividades não essenciais para a sobrevivência humana se deve à dependência das pessoas da troca para viverem. Parar de vender e comprar mercadorias ou trabalho (também uma mercadoria) significa, no capitalismo, não ter como sobreviver – comer, morar, vestir-se, etc. O estado para de arrecadar e encontra dificuldades para sustentar os serviços públicos; e as empresas entram no prejuízo, demitem e podem ir à falência, agravando ainda mais o desemprego e a arrecadação de tributos. Por outras palavras, o capital não pode parar de circular por conta da dinâmica da sociedade moderna, que se organiza como uma estrutura em cujo centro está o capital, do qual os humanos são dependentes para viver.

Se um extra-terrestre inteligente chegasse agora ao planeta Terra e testemunhasse o impasse entre manter a economia funcionando e tomar as medidas sanitárias necessárias para salvar milhões de vidas, ele certamente ficaria assombrado. Pois notaria que temos recursos técnicos e materiais para mantermos o isolamento necessário de toda a população global, com as condições básicas de sobrevivência e um atendimento médico adequado, até que se desenvolva de uma vacina eficaz.

Basta direcionarmos o nosso conhecimento e capacidade produtiva para a produção do que é essencial para a saúde, a alimentação, moradia, vestuário, transporte comunicação etc. É o mais racional, se não quisermos que milhões morram de uma doença em boa parte evitável. Mas o capital “não aceita” tal solução pois precisa se multiplicar e Ele (o Capital) está no centro da estrutura social – e não nós, humanos.

É essa mensagem angustiada do Capital, a de que “a economia não pode parar”, que “as mercadorias não podem parar de circular” e que “o Capital deve se reproduzir a todo custo”, que os economistas de mercado, chamados de ortodoxos ou neoliberais (ou sacerdotes do Deus-Capital) não cansam de repetir, mesmo diante de uma tragédia sanitária iminente.

E, em grande medida, os neoliberais estã certos, pois se o capital cessa sua reprodução, a sobrevivência humana está mesmo ameaçada, pois ela depende do capital. É nessas horas trágicas que percebemos a centralidade do capital e nossa dependência dele. Pois a ciência, a tecnologia, o trabalho, as capacidades produtivas, enfim, todas as potências humanas que desenvolvemos durante o capitalismo dependem da troca de mercadorias, do dinheiro, dos impostos, do trabalho assalariado, dependem do capital afinal.

Não temos mecanismos, por exemplo, de mobilizar nossa capacidade técnica para a produção e distribuição de equipamentos médicos e alimentos para entregá-los diretamente a quem precisa, de forma independente do mercado. Mesmo o estado funciona seguindo a lógica monetária, pois arrecada, gera dívidas e gasta. Não há como mobilizar o pessoal da saúde, da alimentação e do transporte, sejam públicos ou privados, para servir à sociedade sem pagar-lhes salários, pois todas as atividades humanas são trabalho/mercadoria.

O extra-terrestre talvez ficasse admirado com de nossa imensa capacidade técnica para conhecer os segredos dos micro-organismos e de suas consequências para a saúde, para fazermos previsões acerca da curva de contágio e sabermos como diminuí-la a tempo de desenvolvermos uma vacina eficaz. Mas ficaria horrorizado diante de nossa incapacidade social de realizar, na prática, toda esta potencialidade técnica. Tudo porque a ação sanitária correta faria a economia paralisar, jogando bilhões de pessoas na miséria que possivelmente mataria mais que a doença viral.

Ao erigirmos uma sociedade cuja síntese social é realizada pelo capital, para o qual pessoas e natureza são meros instrumentos de sua reprodução, ficamos dependentes da multiplicação do dinheiro, do lucro das empresas, do aumento do PIB e do crescimento salarial. Ou seja, só estamos relativamente bem enquanto o capital se multiplica e, mesmo assim, apenas se estamos submetidos adequadamente ao Deus, o que significa que 99% de nós devemos nos tornar máquinas de trabalhar e gerar lucro. O nosso bem estar é apenas um efeito secundário (que muitas vezes não ocorre) da soma das eficiências produtivas (do lucro gerado) de cada um de nós, da empresa em que trabalhamos e do país em que moramos.

O extra-terrestre, em desespero diante de nosso sofrimento, talvez quebrasse seus protocolos de não interferência em culturas primitivas, se dirigisse a nós e nos perguntasse: por que vocês não se libertam da lógica da mercadoria, matam e enterram esse seu Deus-Capital e passam a usar todas as suas potencialidades técnicas, científicas, artísticas e filosóficas para o bem de vocês mesmos?

Por que não fazemos isso?

segunda-feira, 23 de março de 2020

Presente de aniversário: jornal suíço chama Bolsonaro de idiota mais perigoso do mundo

O sinal que Bolsonaro envia é claro: ele não se importa se pode colocar em risco outras pessoas. Isso o deixa menos preocupado se outros cidadãos se infectam.


Por Luis Nassif

Do Luzerner Zeitung

Jair, o idiota inabalável: o presidente do Brasil é o homem mais perigoso do mundo
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, acredita que o vírus é uma conspiração. Seus seguidores saem às ruas – estão prontos para morrer.

Philipp Lichterbeck, Oaxaca de Juarez

No Brasil, a pandemia do vírus corona ameaça sair do controle. O simples motivo: Presidente Jair Bolsonaro. Na noite de domingo, o chefe de Estado de extrema direita da maior nação da América Latina contradiz seu próprio ministro da Saúde. Isso alertou para multidões. Bolsonaro respondeu que era errado cancelar os jogos da liga brasileira de futebol. A associação de futebol deve continuar a vender ingressos.

No Brasil, 234 pessoas tinham o Covid-19 na terça-feira e 79 novos casos foram registrados apenas no domingo. Assim que o vírus chegar às favelas densamente povoadas do país, o número de casos aumentará rapidamente. No entanto, dezenas de milhares de pessoas ainda povoavam os bares e boates no distrito de entretenimento no fim de semana. Centenas de milhares foram às praias e se amontoaram em ônibus e metrôs.

Bolsonaro deveria estar em quarentena

O presidente Bolsonaro parece entender toda a crise da coroa como um ataque pessoal a si mesmo. Isso ficou claro quando ele se cercou de centenas de fãs no domingo, em frente ao Palácio Presidencial. Ele apertou as mãos e tirou selfies com os smartphones que foram entregues a ele. Bolsonaro é suspeito de estar infectado com o vírus Corona. Cerca de uma dúzia de pessoas com quem ele teve contato recentemente foram testadas positivas para o vírus.

Um primeiro teste do vírus corona mostrou um resultado negativo para Bolsonaro, de 64 anos. No entanto, o protocolo da OMS estipula que deve colocar em quarentena por cerca de duas semanas e ser submetido a novos testes.

O sinal que Bolsonaro envia é claro: ele não se importa se pode colocar em risco outras pessoas. Isso o deixa menos preocupado se outros cidadãos se infectam. Milhares de fãs de Bolsonaro correram às ruas em várias cidades do Brasil neste domingo para protestar contra o Congresso, o que supostamente dificulta a agenda do presidente. Muitos pediram um golpe militar e a dissolução do Congresso. Uma faixa dizia: «Covid-19 pode vir. Estamos prontos para morrer pelo capitão.

O maior perigo vem das igrejas

Para piorar a situação, o líder de uma das maiores igrejas evangélicas do Brasil, Edir Macedo, descreveu o vírus como inofensivo. Em um vídeo, o torcedor de Bolsonaro retratou o Covid-19 como o trabalho da mídia e de Satanás.A Igreja universal do Reino de Deus de Macedo tem dezenas de milhares de templos em todo o Brasil, possui uma estação de TV em todo o país e dezenas de estações de rádio. O Brasil poderá em breve se tornar o próximo ponto de pandemia.

As iniciativas locais existentes contra o vírus não devem mudar isso. Nas doze milhões de metrópoles de São Paulo, por exemplo, foi declarada a emergência, o que levou a surtos em massa em cinco prisões. Os prisioneiros tiveram que confiar nas visitas agora proibidas de parentes para obter comida.

O Brasil também acha difícil responder adequadamente ao risco da coroa, porque milhões de pessoas trabalham aqui no setor informal e vivem de vendas nas ruas, por exemplo. Uma perda de renda, como um possível toque de recolher, ameaçaria sua existência dentro de alguns dias.

sábado, 21 de março de 2020

Por onde andam os loucos?


Os loucos de outrora que sempre traziam o riso estampado na cara...

Por onde andará a galera sangue bom, os despreocupados, aquela gente incrível que fazia das noites momentos deliciosos e incomparáveis.

Que fim levaram os loucos, os reis dos sábados especiais? Cadê cada componente que emendava as mesas e ali bebiam, comiam e viviam nas também extintas lanchonetes de antigamente?

Onde entraram as meninas lindas daquele tempo que alumbraram tantos olhares? Que fim levou aquela galera que valia a pena?

Hoje a avenida expõe outros rostos, outras gentes, são apenas leigos que não protagonizaram as histórias de infindas madrugadas andando a pé. Cadê aqueles jovens de ontem? Aqueles que flertavam num tempo onde não existia celulares nem sites de relacionamento?

Saudades daquele povo magnífico, numerosa gente que o destino foi tirando um por um e aos poucos desfalcando a grande turma. Alguns se foram pra sempre, outros foram tragados pelos compromissos, caíram na malha do sistema que a todos devora.

Velhos tempos, verdes dias, dias que transformaram os adolescentes risonhos em mulheres e homens carrancudos, calvos e tristes. Tempo cruel que ofuscou o brilho de tantos olhares, tempo que usurpou o tempo de sair e curtir a vida nas inesquecíveis noites e dias.

Doces saudades do outro tempo, quando os espaços públicos eram ocupados por caras diferentes das de hoje.

Segue esta postagem em homenagem a cada um daqueles que faziam o mundo melhor, saudades da patota que fazia das salas de aula, a melhor maravilha do mundo.

Neste deserto sem doidos felizes de agora, eu pergunto: Meus diletos loucos, onde andam vocês?


Mateus Brandão de Souza

sexta-feira, 20 de março de 2020

quinta-feira, 19 de março de 2020

Bolsa fecha em queda de 10,35%; dólar atinge R$ 5,20

Os temores relacionados aos impactos na economia mundial da pandemia do novo coronavírus, o Covid-19, não arrefeceram.


O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira (B3) fechou em queda de 10,35% nesta quarta-feira (18), aos 66.894,95 pontos, após acionar o mecanismo “circuit breaker” pela sexta vez em menos de duas semanas.

O “circuit break” é a suspensão das operações do mercado por meia hora quando a bolsa cai mais de 10%. Dessa forma, os investidores têm tempo para se acalmar e são evitadas perdas maiores.

O dólar comercial renovou o recorde e fechou com alta de 3,9%, cotado a R$ 5,1976 na venda. Na máxima do dia, a moeda norte-americana chegou a valer R$ 5,238.

Os temores relacionados aos impactos na economia mundial da pandemia do novo coronavírus, o Covid-19, não arrefeceram.

Os mercados esperam ainda decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que define hoje o novo patamar da Selic, taxa básica de juros da economia. É esperado um corte na taxa, a exemplo do que outros bancos centrais têm feito, a fim de estimular a economia.

Uma redução de juros, no entanto, tende a reforçar o movimento de alta do dólar. Diante de juros mais baixos, a tendência é agentes econômicos retirarem investimentos em moeda norte-americana, migrando para opções mais seguras que as empresas brasileiras.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Brasil dobra casos de coronavírus a cada 2 dias, acima da Itália

Em Cingapura, considerado um dos países que melhor tem enfrentado a doença, os casos de COVID-19 dobram a cada 10 dias.

Via - Jornal GGN


A cada dois dias, dobra o número de casos de coronavírus confirmados no Brasil. Na Itália – que registra mais de 2 mil mortes e já começa a discutir quem viverá ou morrerá por falta de leitos em UTI – os números dobraram em um período de tempo maior, de 5 dias.

Em Cingapura, considerado um dos países que melhor tem enfrentado o avanço da doença, os casos de COVID-19 dobram a cada 10 dias. A média é a mesma no Japão. Na Coreia do Sul, os casos dobram a cada 15 dias.

Na Espanha, o número dobra a cada 3 dias. Nos Estados Unidos, a cada 5 dias. Em Portugal, o dobro é atingido diariamente. Na China, onde supostamente começou a epidemia, os casos agora dobram a cada 35 dias.

Os dados sobre o Brasil, embora ainda incipientes, são da Organização Mundial da Saúde e foram atualizados no dia 16 de março. Estão disponíveis neste site aqui, vinculado à Universidade de Oxford.

A instituição de ensino lançou há poucos dias um estudo ainda não verificado que projeta o número de mortes no Brasil por coronavírus. Serão mais de 470 mil óbitos, caso as autoridades não adotem as medidas de segurança necessárias.

De acordo com o Ministério da Saúde, no final desta terça (17), o Brasil registrava 291 casos confirmados de COVID-19, e há mais de 8,8 mil sob suspeita. A pasta trabalha com dado diferente da OMS, com o número de casos dobrando no Brasil a cada 3 dias, segundo informações do UOL.

Em São Paulo, foi confirmada a primeira morte por coronavírus. A vítima tinha mais de 60 anos, estava internada em hospital privado desde o dia 14/3. Cardíaca e diabética, apresentou os primeiros sintomas ainda no dia 10/3. Veio à óbito do dia 16/3.


terça-feira, 17 de março de 2020

Pesquisadores projetam 478 mil mortes por coronavírus no Brasil

Segundo os pesquisadores, quanto maior a quantidade de idosos em um País, "mais drásticas terão de ser as medidas adotadas".



Um estudo da Universidade de Oxford divulgado pelo The Intercept Brasil nesta segunda (16) acende um alerta vermelho sobre os impactos do coronavírus sobre a população brasileira. A pesquisa projeta que o País poderá alcançar a marca das 478 mil mortes, caso as medidas necessárias para a contenção da doença não sejam tomadas.

O estudo precisa ser visto com cautela, porque ainda não foi revisado por outros pesquisadores nem validado pelos órgãos ou instituições competentes. Mas como se trata de uma pandemia que está para atingir o pico no Brasil dentro de duas semanas, a informação começou a circular na comunidade acadêmica mesmo assim, para despertar debates sobre o que pode e deve ser feito para frear a disseminação do COVID-19.

De acordo com o estudo, o Brasil poderá ter grande número de mortes devido à quantidade de idosos que compõem nossas condições demográficas. Cerca de 2% da população tem mais de 80 anos. O coronavírus tem taxas de mortalidade maiores justamente entre os idosos, sobretudo a partir dos 60 anos.

“Analisando a taxa de mortalidade da doença em diferentes idades e fazendo as projeções para cada população, os pesquisadores chegaram ao cenário de possíveis 478.629 mortos no Brasil”, escreveu o Intercept.

A experiência até agora vista na Europa e na Ásia deixou os pesquisadores à vontade para usar como dado de referência o contágio de pelo menos 40% da população de cada país.

“A pesquisa parte do princípio de que 40% da população de cada país será infectada pelo novo coronavírus. A porcentagem é baseada em uma outra pesquisa, da Universidade de Harvard, nos EUA, que afirma que a proporção de contaminados em escala global será de 40% a 70%. É uma premissa razoável, considerando que especialistas indicam que a Alemanha, com pouco mais de um terço do número de contaminados, na Itália, atual epicentro da pandemia, terá até 70% de seus habitantes infectados.”

Na manhã desta segunda (16), o GGN repercutiu reportagem da Folha de S. Paulo que estimava que se 10% da população brasileira tiver coronavírus, o impacto para o SUS será de R$ 9 bilhões, apenas com gastos de UTI. O valor já é quase o dobro da verba de R$ 5 bilhões que o governo Bolsonaro pretende destinar para essa crise na saúde pública.

Segundo os pesquisadores, quanto maior a quantidade de idosos em um País, “mais drásticas terão de ser as medidas adotadas.”


segunda-feira, 16 de março de 2020

Coronavírus: American Airlines cancela todos os voos internacionais, incluindo Brasil

A companhia americana American Airlines anunciou que vai cancelar todos os seus voos internacionais, incluindo os destinos para o Brasil


A American Airlines anunciou que vai cancelar todos os seus voos internacionais, incluindo os destinos para o Brasil. A decisão da companhia aérea norte-americana foi divulgada pela Reuters e pelo site Aeroin. A medida ainda não foi confirmada oficialmente.

De acordo com estes jornais, serão mantidos apenas algumas poucas rotas curtas, cancelando todos os voos longos. Assim, os destinos Ásia, Austrália, Nova Zelândia, América do Sul e Europa serão cancelados imediatamente.

Será mantido apenas um voo diário de Dallas para Londres, outro de Miami a Londres e outro somente três vezes por semana de Dallas a Tóquio. As demais rotas serão paralisadas, informou a companhia aérea, em comunicado interno.

Entretanto, voos operados por aviões menores, como os Boeings 737 e 757 e pelo Airbus A319, A320 e A321 serão mantidos, que fazem a rota dos EUA ao Canadá, México, Caribe, América Central e alguns países do norte da América do Sul.

Isso significará um corte de 75% dos voos internacionais da companhia, previsto até para o princípio de maio.

sábado, 14 de março de 2020

Coronavírus: Itália registra 168 mortes em um dia, o maior número até agora

Toda a Itália, que tem cerca de 60 milhões de habitantes, foi colocada em quarentena, numa tentativa extrema de conter o vírus.



O coronavírus vitimou 169 na Itália em um único dia, aumentando o número de mortos para 631. Tal quantidade de vítimas, representa o número mais alto em um único dia desde o início do surto no país.

Toda a Itália, que tem cerca de 60 milhões de habitantes, foi colocada em quarentena, numa tentativa extrema de conter o vírus que, além dos 631 mortos, infectou mais de 10 mil pessoas.

Por outro lado, na China, o presidente Xi Jinping visitou Wuhan, o epicentro do surto de coronavírus, pela primeira vez desde que a epidemia começou, uma evidência de que Pequim acredita que seus esforços para controlar o vírus estão funcionando.

No mundo, mais de 4 mil pessoas morreram em decorrência do coronavírus e mais de 113 mil casos foram confirmados, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 64 mil pessoas se recuperaram em todo o mundo.

Com informações da Al Jazeera
Via – Jornal GGN

sexta-feira, 13 de março de 2020

Governo tenta barrar aumento dos ganhos sociais

Parlamentares avaliam Bolsa Família e benefício a idosos carentes e deficientes; caso aprovados, ajustes aumentariam gastos sociais em R$ 28 bilhões/ano.

Caso aprovados, ajustes aumentariam gastos sociais em R$ 28 bilhões/ano
Por Tatiane Correia

O governo terá de realizar negociações no Congresso Nacional para evitar derrotas em votações que aumentam benefícios assistenciais.

Na pauta de hoje, deputados e senadores discutiriam propostas para o aumento do BPC (benefício assistencial a idosos carentes e deficientes) e do Bolsa Família – sendo que este já vem reduzindo a quantidade de famílias atendidas. Segundo estimativas do governo, a aprovação de tais ajustes aumentariam os gastos sociais em aproximadamente R$ 28 bilhões por ano.

Segundo o jornal Folha de São Paulo, órgãos internacionais, como o FMI (Fundo Monetário Internacional), tem recomendado a adoção de medidas na área social por conta da epidemia de coronavírus – como a criação de programas temporários de transferência de renda, subsídios e isenções.

Contudo, o ministério da Economia se mostra contrário aos projetos que ampliam despesas com assistência social, por conta da falta de espaço no Orçamento.

Existe o temor no governo federal que as votações do Congresso sejam usadas para compensar o desgaste político gerado pelos debates referentes a emendas do Orçamento impositivo, além da agenda reformista do ministro Paulo Guedes (Economia).

quinta-feira, 12 de março de 2020

Ronaldinho tem casa no Paraguai sem os “documentos necessários”, diz juiz


Juiz usou o fato para negar pedido de prisão domiciliar ao jogador brasileiro



Jornal GGN – O juiz Gustavo Amarilla afirmou nesta terça (10) que Ronaldinho Gaúcho possui uma casa de “800 mil dólares” sem a “documentação necessária” no Paraguai. O fato foi utilizado pelo magistrado para negar o pedido de prisão domiciliar ao jogador brasileiro.

De acordo com reportagem do ABC Color, a casa foi apresentada pelo jogador como “fiança” no pedido de prisão domiciliar.

A propriedade tem 11 hectares e está localizada em Itá Enramada, diz o site paraguaio. “No entanto, os advogados não apresentaram as condições da propriedade, documento oficial emitido pelos registros público paraguaios”, apontou.

Além da questão dos documentos, o juiz afirmou que o valor da casa – 800 mil dólares – é “insuficiente” para servir de “fiança”, perto do fluxo de dinheiro administrado pelo astro do futebol. “O valor é mínimo para a solvência econômica que Ronaldinho poderia ter”, afirmou.

O juiz também apontou que a liberdade de Ronaldinho é inviável neste momento porque poderia resultar em vazamentos ou obstrução das investigações. Além disso, não há garantias de que o jogador não possa tentar deixar o País.

O juiz Sergio Moro entrou em contato com um ministro paraguaio, no último dia 7, para perguntar se Ronaldinho não poderia ser solto. A resposta foi negativa.

Ronaldinho e seu irmão estão presos desde o dia 4 de março, quando foram pegos tentando entrar no Paraguai com documentos falsos. A punição para esse tipo de crime pode chegar a cinco anos de prisão.

quarta-feira, 11 de março de 2020

MUDANÇA

Clarice Lispector Via - Toda Matéria

Mude, mas comece devagar,
porque a direção é mais importante que a
velocidade.

Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas,
calmamente, observando com
atenção os lugares por onde você passa.

Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas.
Dê os seus sapatos velhos.
Procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia,
ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.

Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama...
Depois, procure dormir em outras camas
Assista a outros programas de tv,
compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.

Não faça do hábito um estilo de vida.
Ame a novidade.
Durma mais tarde.
Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes,
novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia.
O novo lado, o novo método, o novo sabor,
o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida.

Tente.
Busque novos amigos.
Tente novos amores.
Faça novas relações.
Almoce em outros locais,
vá a outros restaurantes,
tome outro tipo de bebida,
compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo,
jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete,
outro creme dental...

Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores.
Vá passear em outros lugares.
Ame muito,
cada vez mais,
de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas,
troque de carro, compre novos
óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios,
quebre delicadamente
esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco.
Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros,
outros teatros, visite novos museus.

Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só.
E pense seriamente em arrumar um outro emprego,
uma nova ocupação,
um trabalho mais light, mais prazeroso,
mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as.
Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisas novas.
Troque novamente.
Mude, de novo.
Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores
e coisas piores do que as já
conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança,
o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco,
sem o qual a vida não vale a pena !!!

Clarice Lispector

terça-feira, 10 de março de 2020


“Vamos mulheres, vamos para as ruas. Vamos buscar nossos direitos, vamos lá, vamos gritar, vamos mulherada”, afirmou Elza sobre o 8 de Março.

Por Paula Guimarães, Vanessa Pedro
No Portal Vermelho

Em sua estreia no programa de calouros de Ary Barroso, há quase 70 anos, a cantora Elza Soares lançou uma frase que de tão inusitada e, ao mesmo tempo política, ressoaria até hoje. Questionada de qual planeta ela teria vindo, respondeu, ao vivo, na Rádio Tupi: “Do mesmo que o senhor, seu Ary. Do planeta fome”. Às vésperas do Dia Internacional das Mulheres, Elza concedeu entrevista ao Portal Catarinas, em Florianópolis, onde apresentou o show da sua mais recente turnê, que se chama justamente Planeta Fome.

Lançado em 2019, este álbum é o título do 34º da cantora, relembrando o início da carreira e atualizando o seu sentido de manifesto. Com uma trajetória conectada à pauta do movimento feminista, a cantora deixou uma mensagem às ativistas que constroem o 8M Greve Internacional das Mulheres, nestes 8 e 9 de março.

“Vamos mulheres, vamos para as ruas. Vamos buscar nossos direitos, vamos lá, vamos gritar, vamos mulherada”, bradou em apoio à Greve Internacional das Mulheres que mobiliza manifestantes de vários países do mundo nesta semana.

Além de sua trajetória inspirar e se aproximar do movimento feminista, Elza Soares vem produzindo álbuns e shows nos últimos anos que falam das mulheres e reivindicam protagonismo feminino. Antecederam Planeta Fome os álbuns Deus é Mulher, em 2018, e a Mulher do Fim do Mundo, em 2015.

Desde então, Elza Soares se consolidou como uma das vozes mais marcantes e importantes da música brasileira, sendo em 2016 reconhecida com o Grammy Latino de Melhor Álbum MPB por A Mulher do Fim do Mundo (2015).

Neste ano ela foi homenageada pela escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, do Rio de Janeiro, com o enredo Elza Deusa Soares, fazendo referência ao álbum de 2018, Deus é Mulher. Símbolo de resistência, Elza é uma “deusa inspiradora” para muitas mulheres por carregar em seu trabalho uma resposta potente às violências comuns à maioria das brasileiras, sobreviventes do racismo, das desigualdades social e de gênero. Ela também canta “a carne mais barata do mercado é a carne negra”, em forte referência e protesto ao racismo no Brasil.

Na época em que Elza decidiu cantar, aos 13 anos, depois de ter casado, perdido um filho e ter o outro doente, achava que se tivesse alimentos para ela e para os filhos, não teria mais fome. O tempo passou e Elza diz que continua com fome, fome de cultura, de dignidade, de educação, de igualdade. Elza percebeu que a fome só muda de cara, mas não tem fim.

A divulgação de seu show lembra que há sempre um vazio na humanidade que a gente não consegue preencher e talvez seja essa mesma a razão da nossa existência. E é disso que se trata “Planeta Fome”, é essa a história que ela conta nesse álbum.

O show de “Planeta Fome” é tão forte quanto o álbum e tudo o que está ao redor de sua criação. A começar pelo figurino de Elza, feito com vários alfinetes remetendo à roupa que usava no dia do programa do Ary Barroso.

Leia a seguir a entrevista:

Catarinas: Você imaginava que se tornaria um símbolo para as mulheres e para o movimento feminista hoje, que olham pra sua trajetória, para as suas manifestações e para a sua arte e se identificam dizendo que você contribui para a igualdade das mulheres?

Elza Soares: Acredito que eu seja uma dessas mulheres também, batalho por elas e por mim.

Ao longo da sua carreira houve esse reconhecimento e essa identificação ou isso é atual? Seus dois últimos álbuns se referiram às mulheres (A Mulher do Fim do Mundo e Deus é Mulher). Você se aproximou dessa questão ou as mulheres passaram a te ver mais nessa luta?

A visão da mulher para o mundo é que mudou e eu estou acompanhando isso. Eu sou mulher, não sou trapo.

O que você diria sobre o Brasil de quando você respondeu, aos 13 anos, na primeira vez que você cantou em público, que vinha do “planeta fome” e do Brasil de hoje, quando você faz um show chamado “Planeta Fome”.

Planeta fome continua, não mudou nada, eu mudei, mas o planeta continua o mesmo. Temos outras fomes: fome de respeito, fome de saúde, fome de tudo, aliás, estamos com mais fome ainda.

O que você diria às mulheres que marcharam em Florianópolis por seus direitos e por igualdade no dia 8 de março?

“Vamos mulheres, vamos para as ruas, eu só lamento não estar com vocês. Vamos buscar nossos direitos, vamos lá, vamos gritar, vamos mulherada”.

Fonte: Portal Catarinas

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