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sábado, 31 de agosto de 2019

Racismo no futebol inglês pode levar a mudanças no Twitter


O aumento no número de insultos racistas a jogadores de futebol na Inglaterra pode levar a mudanças importantes no acesso e utilização das redes sociais. Diretores do Twitter aceitaram um convite para participar de uma reunião semana que vem com o grupo Kick it Out – que combate todos os tipos de discriminação no futebol inglês – para tentar criar mecanismos que dificultem a criação de contas com informações falsas.

“O racismo está presente nas redes sociais há muito tempo. Twitter, Instagram e outras redes precisam fazer algo para lutar contra isso, e a reunião será um primeiro passo nessa direção”, disse Troy Towsend, líder do Kick it Out.

A gota d’água para que o grupo convidasse o Twiterr para o encontro foi o que aconteceu depois que o centroavante Tammy Abraham, do Chelsea, errou sua cobrança na derrota nos pênaltis para o Liverpool na final da Supercopa da Europa em Istambul dia 14. Torcedores usaram o Twitter para ofendê-lo usando termos racistas.

Poucos dias depois, nesta segunda-feira, a vítima foi um jogador bem mais famoso: Paul Pogba, meio-campista do Manchester United e campeão do mundo pela França. Seu “pecado” foi ter perdido um pênalti no jogo com o Wolverhampton que terminou empatado por 1 a 1. Além das manifestações racistas ele recebeu ameaças de morte.

As ofensas a Pogba foram condenadas por jogadores do United. O atacante Marcus Rashford, que também é negro, escreveu em sua conta no Twitter: “Isso já foi longe demais, Twitter.” O zagueiro Maguire fez uma sugestão: “Cada conta deveria passar por uma verificação com o número do passaporte ou da carteira de motorista da pessoa. É preciso acabar com essas múltiplas contas faltas que são usadas para atacar pessoas.”

O Twitter se manifestou depois que as ofensas a Tammy Abraham ganharam espaço na mídia. Por meio de um comunicado, a empresa afirmou que está atenta ao mau uso da ferramenta. “Temos continuamente tomado medidas contra usuários que violam as normas de conduta para utilização do Twitter.”

Segundo números divulgados pelo Kick it Out, o número de ofensas racistas no futebol da Inglaterra aumentou consideravelmente na temporada 2018/2019 em comparação com a 2017/2018: 274 contra 192, um crescimento de 43%. Os insultos racistas corresponderam a 65% das manifestações discriminatórias registradas nos estádios e redes sociais na temporada passada.

O Chelsea baniu por toda a vida um torcedor que ofendeu com termos racistas o atacante Sterling, do Manchester City, em jogo disputado em dezembro do ano passado em seu estádio. Outros quatro torcedores foram proibidos de entrar em Stamford Bridge por um período que varia de um a dois anos.

Graças aos sistemas de vigilância interna os clubes têm conseguido identificar autores de ofensas racistas em seus estádios. O encontro entre Kick it Out e Twitter tentará encontrar meios de fazer o mesmo com as pessoas que se escondem que se escondem atrás de perfis falsos na rede social.


sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Na contramão do agronegócio, terras indígenas lideram preservação e reflorestamentos

Lançamento da Editora Expressão Popular narra história, costumes e luta dos povos nativos pela demarcação de suas terras.

Para os povos indígenas, a chamada mãe terra é fonte de vida, espaço religioso e de convivência / Foto: Reprodução
Emilly Dulce

Cerca de 60% da população indígena brasileira vive em suas aldeias em uma relação de dependência e proteção dos recursos ambientais. Como guardiões da floresta, os nativos garantem a preservação da biodiversidade por meio de reflorestamentos e agroecologia, por exemplo. No Brasil, existem em torno de 305 etnias indígenas, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010.

Alvos de constantes violências, os povos originários batalham pela demarcação de suas terras, pela garantia de direitos básicos e pela preservação de tradições que têm na terra uma dimensão sagrada.

“Tudo que acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra”, disse o cacique Seattle na “Carta da Terra”. O texto, que chegou a ser distribuído pela Organização das Nações Unidas (ONU), é considerado um dos pronunciamentos mais comoventes na defesa do meio ambiente.

Escrita no século 19, a carta permanece atual, na avaliação do antropólogo Benedito Prezia, um dos autores do livro “Povos Indígenas - terra, culturas e lutas”, publicado este mês pela Editora Expressão Popular. Há 10 anos, Prezia coordena o Pindorama (terra das palmeiras, em tupi-guarani), programa de inclusão de indígenas no ensino superior da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Além de contribuir no estudo da temática indígena, a obra tem a finalidade de formar aliados da causa, especialmente após os retrocessos na política indigenista promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL), salienta Prezia. Para a Amazônia, por exemplo, a solução defendida pelo presidente é a exploração do território em “parceria” com os Estados Unidos, colocando ainda mais em risco a sobrevivência de comunidades tradicionais.

“O primeiro ponto e desafio é essa questão da natureza. A gente sempre fala que os indígenas são os guardiões da natureza. Em torno de 12% do território nacional é terra indígena. Se fosse 30%, com certeza o nosso território estaria muito mais protegido e resguardado”.

Ao contrário, os territórios estão cada vez mais ameaçados pela pressão e invasão de madeireiros, garimpeiros, posseiros e latifundiários.

“A gente lamenta que o Brasil esteja vivendo este momento trágico. Em torno de 15 a 20 mil garimpeiros ilegais atuam na Terra Indígena Yanomami. Isto é uma tragédia com tudo o que acarreta de envenenamento dos rios, poluição e desmatamento”, enfatiza Prezia, ativista da causa indígena desde 1983.

A Terra Yanomami é uma das maiores reservas indígenas do Brasil, localizada nos estados de Roraima e Amazonas, perto da fronteira com a Venezuela. O território foi homologado em 1992 e cobre mais de 96 mil quilômetros quadrados de floresta tropical.

A terra indígena em um país capitalista

O livro da Expressão Popular percorre diferentes contextos sociais e históricos não apenas dos povos indígenas em florestas, mas também em áreas de seca ou nas cidades. Em qualquer um desses ambientes, os indígenas enfrentam variados tipos de violência, afirma Prezia, que integrou o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) por oito anos.

A edição também é assinada pela professora, bióloga e antropóloga Luciana Galante, que participou de projetos na área ambiental junto aos povos Kulina e Kanamari, pela Operação Amazônia Nativa (Opan). A historiadora e antropóloga Beatriz Catarina Maestri igualmente contribuiu na elaboração do livro, mas faleceu em 2014, após vasta experiência como catequista franciscana ao lado de povos de Santa Catarina e São Paulo.

Além de uma homenagem a Maestri, a obra também é dedicada a dois professores Guarani-Nhandeva, Genivaldo e Rolindo Vera. Originários da aldeia Tekohá Ypo'i, no Mato Grosso do Sul, os irmãos foram assassinados na região de Dourados (MS), em 2009, sendo que o corpo de um deles ainda não foi encontrado. A região é considerada emblemática na luta pela terra, com mais da metade dos casos de assassinatos de indígenas do país, de acordo com o Cimi.

Diante desse contexto, Prezia ressalta a importância de mobilizações pela valorização das culturas indígenas. Ele defende a criação de grandes frentes de luta pautadas na informação e no trabalho de base. “A mídia alternativa precisa ter ainda mais força, porque a mídia hegemônica é um desastre. Nós estamos em uma fase de recuo, onde a mídia alternativa é muito cerceada”, enfatiza.

“Quando a gente vê [o slogan] "agro é tech, agro é pop, agro é tudo”, da Globo, eles usam de uma roupagem bonita para mostrar os vários segmentos da agricultura. Então, muita gente se empolga e acha que é por aí mesmo, que os índios são preguiçosos e que é preciso abrir frentes de expansão para o agronegócio”, completa.

O agronegócio, modelo de produção agrícola baseado no monocultivo, no grande latifúndio e no uso ostensivo de agrotóxicos, consome cerca de 70% dos recursos de terra e água do planeta.

Sustentabilidade

"Nós sabemos que o homem branco não entende nosso modo de ser. Para ele, um pedaço de terra não se distingue de outro, pois é um estranho que vem de noite e rouba da terra tudo de que precisa. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas a serem compradas ou roubadas, como se fossem peles de carneiro ou brilhantes contas sem valor. Seu apetite vai exaurir a terra, deixando atrás de si só desertos”, escreveu o cacique Seattle em 1855.

Para viver nas florestas, os povos indígenas desenvolveram técnicas de sustentabilidade e domesticação de espécies vegetais comestíveis. A flora amazônica, por exemplo, é, em parte, uma herança viva de antigos habitantes indígenas, como mostra um estudo publicado pela revista Science em março de 2017.

Além de informar sobre as contribuições dos povos indígenas na preservação do patrimônio natural brasileiro, o livro da Expressão Popular também dá pistas de alguns dos costumes tradicionais que, segundo Prezia, podem inspirar a sociedade não-indígena, como o respeito e a valorização da mulher, da criança e do idoso, além da cultura de partilha e luta. O objetivo é que a obra chegue às escolas.

Edição: João Paulo Soares

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Estudantes paraguaios defendem Itaipu e condenam Abdo e Bolsonaro

Reunindo 200 lideranças de todo o país, o IV Encontro Nacional dos Estudantes Secundaristas do Paraguai, realizado sábado (24) após uma longa jornada de debates, fez um contundente pronunciamento contra o entreguismo e a corrupção do governo de Mario Abdo Benítez, flagrado em relação promíscua com um empresário, representante do governo de Jair Bolsonaro.

"Com os acordos secretos com o governo Bolsonaro sobre Itaipu, o presidente Abdo retoma práticas da ditadura de Stroessner, para favorecer interesses privados", afirma Alejandra Orrego, - foto FENAES.
Por Leonardo Wexell Severo, da Hora do Povo


Conforme denunciado por um integrante do próprio governo paraguaio, a negociata com o empresário, suplente de senador do PSL de São Paulo, prejudicaria o país em mais de US$ 200 milhões até 2023. “Os acordos secretos de Mario Abdo com Bolsonaro em relação a Itaipu retomam práticas da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989), atando os pés e as mãos paraguaias para favorecer interesses privados“, denunciou Alejandra Orrego, coordenadora executiva da Federação Nacional dos Estudantes Secundaristas (Fenaes), convocando uma nova manifestação para Assunção, na próxima sexta-feira, em frente aos ministérios da Educação e da Fazenda. Em entrevista exclusiva, Alejandra enfatizou que a juventude paraguaia vai às ruas para “defender a educação e a Pátria dos entreguistas”


O que representa para vocês esta submissão do presidente Mario Abdo Benítez ao governo Bolsonaro?


Há uma compreensão comum de que este é um retrocesso absurdo, inadmissível, que não pode ser tolerado, pois limita nossos direitos e atenta contra nossa soberania. Com os acordos secretos com o governo Bolsonaro em relação a Itaipu, o presidente Mario Abdo Benítez retoma práticas da ditadura de Stroessner, atando os pés e as mãos paraguaias para favorecer interesses privados. Vamos convocar todos os estudantes do país a defender Itaipu como uma causa nacional, exigindo participação de toda a sociedade e completa transparência no processo de renegociação do tratado.


Alejandra Orrego, coordenadora executiva da Federação Nacional dos Estudantes Secundaristas (Fenaes) – foto LWS

Movidos por este sentimento, os protestos contra a ata secreta iniciaram pelos estudantes…


Os estudantes universitários, que começaram a onda de protestos, deixaram claro que não seríamos submetidos pela política de susto e medo implementada pelo governo. Vale lembrar que um companheiro, Fabricio Núñez Vergara, foi levado a uma cela, a um calabouço e golpeado covardemente pelas autoridades. A sangrenta repressão serviu de estopim para que as mobilizações se espraiassem rapidamente por todo o país. Nós tomamos o Colégio Nacional, o presidente Franco, fechamos tudo, movidos pela compreensão de que é hora da educação, é hora da Pátria. Temos a convicção de que é preciso defender nosso país dos entreguistas, utilizar nossas riquezas para fortalecer o ensino público, para nos desenvolver.


As manifestações massivas serviram para despertar a consciência nacional sobre práticas que atentam contra a democracia.


Fomos às ruas como medida para demonstrar o rechaço a este tratado secreto de um governo que, numa suposta democracia, repete as mesmas práticas da época ditatorial. Há um profundo desgosto, uma rejeição a Mario Abdo, que também demonstra sua completa incapacidade e descompromisso no campo educacional.


Os problemas também se revelam na educação?


De forma clara e profunda. Necessitamos mais investimentos, maior infraestrutura, precisamos valorizar o ensino técnico, que vem sendo completamente abandonado. Desde o começo do ano, e já estamos no final de agosto, há escolas que não tiveram aulas, pois se encontram sem professores, com carência alimentar, com desrespeito aos investimentos determinados pela própria Constituição. A falta de docentes continua afetando mais de 50 mil estudantes. A superlotação é uma triste realidade, havendo salas com até 50 colegas. Por isso tomaremos as ruas novamente para, com patriotismo, virar esse jogo. 


 Fonte: Hora do Povo - Via - Portal Vermelho

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O Trabalho Infantil e o País dos Desempregados


Por:
Euzébio Jorge Silveira de Sousa*
Carlos Eduardo Siqueira**



Por que defender o trabalho infantil em um país com elevado desemprego? No mundo 210 milhões de adultos sofrem com o desemprego, ao passo que existem 152 milhões de Crianças trabalhando, segundo Kailash Satyarthi, ganhador do prêmio Nobel da paz. Satyarthi, afirma ainda que nos últimos 20 anos o número de crianças trabalhando reduziu de 260 milhões para 152 milhões, o que correspondeu a uma redução de 42%. No entanto no Brasil ao menos 1,8 milhões de pessoas entre 5 e 17 anos trabalhavam em 2016, número que pode chegar a 2,5 milhões se for considerado o trabalho de subsistência, segundo o Fórum Nacional de prevenção e erradicação do trabalho infantil. Outro dado relevante sobre trabalho e educação é que mais de 2/3 dos homens jovens entre 15 a 24 anos que foram trabalhadores infantis possuem uma escolarização de até o ensino primário completo, segundo relatório World report on child labour 2015 da OIT, indicando assim que quanto mais cedo se ingressa no trabalho, mais precocemente se abandona a educação (OIT, 2015).


Gráfico 1 - Percentual de jovens de 15 a 24 anos que frequentaram até o ensino fundamental por envolvimento anterior no trabalho infantil.





Mas por que o trabalho infantil volta a ser defendido no Brasil? O que falta para o país superar a crise e se desenvolver é colocarmos crianças para trabalhar? É preciso dizer que o trabalho infantil já era bastante difundido na primeira revolução industrial. Buscou-se um tipo de progresso tecnológico que transformou trabalho fabril em uma tarefa suficientemente simples e que demandasse menor força física, a fim de permitir a absorção de crianças nas sujas e insalubres fabricas, contando inclusive com a conveniência de seu tamanho para entrar em estreitas frestas das máquinas onde os adultos não caberiam.Durante a revolução industrial crianças rastejavam nas fábricas de tecidos para limpar as maquinas de tear. Já naquela época os empresários sabiam que ao introduzir crianças e mulheres no mercado de trabalho gerariam um excedente de força de trabalho que rebaixaria a remuneração dos trabalhadores em toda a economia.



Porém, o trabalho infantil no Brasil possuí também uma herança ainda mais arcaica, a escravidão. Que crianças negras e indígenas trabalhavam como escravas, não restam dúvidas, no entanto, mesmo a lei que representava um suposto passo em direção a abolição da escravidão significou uma autorização para o trabalho infantil forçado. A lei 2.040, conhecida como “Lei do ventre livre", sancionada em 1871 dizia que os filhos de pessoas escravizadas ficariam em poder dos senhores de escravos até os 8 anos de idade, quando estes senhores poderiam continuar "usufruindo” do trabalho da criança e do adolescente até os 21 anos, ou poderiam vende-las aos 8 anos de idade, para prestar serviços ao Estado ou a uma instituição indicada pelo Estado. Perceba que se a criança não fosse suficientemente útil ao senhor de escravos ela poderia ser retirada do convívio da mãe para ser enviada a lugares possivelmente piores.



Após a abolição em 1888 as chagas da escravidão não cicatrizaram. Sem serem absorvidos pelo nascente mercado de trabalho brasileiro, os negros e negras foram arremessados em uma condição social de exclusão e pobreza, por vezes subsistindo a margem da economia de mercado no Brasil. As mulheres foram compelidas a um tipo de trabalho doméstico muito similar ao que as pessoas escravizadas faziam no interior da casa grande, cuidando não apenas de limpar e cozinhar, como também criar os filhos de seus patrões, restando pouco tempo para dedicar a seus próprios filhos. Às crianças pobres restava apenas o trabalho degradante e mal pago para lhe garantir a subsistência. Vistas como um risco social, crianças e jovens negros eram obrigados a buscar subempregos, ou bicos, que lhes trouxessem algo para comer e, quando possível, um teto para morar. 



O quadro de exclusão social e racial constituiu uma marca ao Brasil no mundo, a marca da desigualdade. A pobreza compele todos ao trabalho, sejam crianças ou idosos, doentes ou saudáveis, a entregar sua força de trabalho por qualquer salário e qualquer jornada. As crianças trabalhadoras têm um senso de urgência que não lhes permite estudar adequadamente ou pensar o que desejam ser no futuro. Seus brinquedos serão as ferramentas de trabalho dos pais, não lhes restando tempo para estudo, leitura, viagens ou sonhos, a estas crianças restam a necessidade de subsistir, trabalhando por dinheiro ou comida. 
“Segundo Bolsonaro, uma situação em que se vê "um moleque fumando um paralelepípedo de crack" é considerada "normal". Mas quando se "pega um moleque lavando um carro", afirmou, "é um escândalo". 
Afirmou ainda que: "Trabalhei desde criança e isso moldou meu caráter", "aprendi a dar valor às coisas com o suor do meu trabalho desde muito pequeno", "criança ou está vagabundeando ou está trabalhando" e "para consertar uma criança delinquente é só pôr no trabalho pesado"



O que afasta as crianças da droga e da marginalidade é a educação e não o trabalho. A redução do trabalho infantil no mundo foi uma conquista constituída a partir de um pacto social de cuidado com as crianças e combate à desigualdade estabelecido especialmente nos países centrais. Não existe país desenvolvido que tolere crianças trabalhando, posto que o trabalho infantil é um subproduto da miséria de um povo que não consegue ter suas necessidades básicas atendidas nem pela renda do trabalho nem por ação do Estado. Vale destacar que no Brasil políticas públicas largamente atacadas atualmente como o “Bolsa família”, além de reduzirem à pobreza, também ampliam a escolarização, combatem a desigualdade e o trabalho infantil, ao obrigar que os pais comprovem a frequência escolar de seus filhos. 



Fica evidente que a defesa do trabalho infantil feita pelo governo federal é a implementação de um projeto que busca um país profundamente miserável e desigual, projeto este que deve ser combatido por todos que defendem as crianças, a democracia e a dignidade humana.
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ASSISTA!
Este artigo foi criado para subsidiar o roteiro do vídeo sobre trabalho infantil: https://youtu.be/SfkspQobSHY

Fontes:













*Euzébio Jorge Silveira de Sousa é presidente do Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ), doutorando em Desenvolvimento Econômico no IE-Unicamp, mestre em Economia Política e Graduado em Economia pela PUC-SP e Professor na FESPSP e na STRONG ESAGS.


**Carlos Eduardo Siqueira, possui Licenciatura Plena em História, atualmente é graduando em Geografia pela Universidade Cruzeiro

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Biodiversidade perdida em queimadas na Amazônia levará décadas para se recuperar

Especialistas entrevistados pelo Brasil de Fato avaliam que determinadas espécies podem demorar até mesmo séculos.

Brasil vive a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos / (Foto: Daniel Beltrá/Greenpeace)
Lu Sudré
Brasil de Fato

Os incêndios que se alastram pela Amazônia tornaram-se uma grande preocupação mundial ao longo dos últimos dias. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Brasil vive a maior onda de queimadas dos últimos cinco anos. Somente em 2019, o número de focos de incêndio chega a 7.003.

Imagens das chamas que consomem partes do território amazônico, intensificadas no mês de agosto, retratam um cenário desolador. Na opinião de especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato, devido à extensão das queimadas, os danos à fauna e flora locais são de imensa gravidade.

Para pesquisador do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) Roberto Palmieri, levará muito tempo para que a Amazônia volte a ser o que era.

“Em um incêndio florestal uma área como a amazônica demora décadas para se recuperar. No mínimo. Se for um incêndio florestal em uma vegetação com árvores seculares, serão alguns séculos para recompor. Estamos falamos em uma perda na qual a recuperação possivelmente não irá recompor a diversidade que tínhamos agora nesses locais”, alerta.

Ele reforça que o cenário é ainda pior quando se trata de regiões da Amazônia com árvores antigas. “São décadas se considerarmos florestas que já foram mexidas. Se forem florestas primárias, com árvores de porte grande, estamos falando de mais de um século. Sem exagero nenhum, estamos falando em cem anos para recuperar a diversidade de uma área como essa, que foi queimada”, explica.

Gabriel Ribeiro Castellano, engenheiro agrônomo pela Universidade de São Paulo (USP) e ex-gestor da Floresta Estadual Navarro de Andrade, unidade de conservação com mais focos de incêndio no estado de São Paulo, concorda.

“A floresta possui uma estrutura e espécies com diferentes funções ecológicas. As árvores clímax, ou seja, as grandes árvores que geram sombra para as demais formas de vida, podem demorar mais de mil anos para chegar em seu tamanho máximo. Desta maneira, a recuperação das funções ambientais de uma vegetação primária queimada na Amazônia pode demorar alguns séculos”, acrescenta.

Animais mortos

Mestre em geociências e meio ambiente, Castellano afirma que todo o ecossistema é prejudicado com as queimadas. Dessa forma, a destruição da flora resulta também na destruição da fauna.

Segundo ele, a carbonização é a primeira consequência sentida pelo reino animal. As espécies que não morrem de imediato podem sofrer ferimentos incapacitantes ou letais.

“Alguns animais e a maioria dos mamíferos pode, através do olfato, sentir a chegada do fogo e assim conseguem fugir de forma rápida. As aves são menos atingidas porque podem voar, porém ovos e ninhos são destruídos. Existem alguns mamíferos mais lentos que são mais atingidos como tamanduá, bicho preguiça e filhotes de todas as espécies. Após o fogo, com a perda dos habitats, os animais podem morrer por falta de abrigo ou alimento”, explica Castellano.

A fauna da Amazônia é reconhecida internacionalmente por ser constituída por milhares de espécies de animais, entre répteis, anfíbios, peixes, aves, insetos e mamíferos terrestres e aquáticos. Muitas delas endêmicas, ou seja, só ocorrem nesta região.

:: "Está queimando mais do que nunca", diz fotógrafo com mais de 50 viagens à Amazônia ::

Roberto Palmieri comenta que, na proporção que as queimadas estão se expandindo, até mesmo animais carnívoros de grande porte como onças e jaguatiricas, que conseguiriam escapar dos incêndios com maior facilidade, podem ser afetados.

Ele ressalta que a fauna do solo, tão importante quanto o restante do ecossistema, é a mais atingida em incêndios e desmatamentos.

“Há uma riqueza de micro-organismos vertebrados e invertebrados que vivem no solo. Minhocas, aracnídeos, uma série de outros insetos. Eles são eliminados conforme o fogo passa, o calor acaba com eles. E essa fauna do solo é fundamental para manter toda a flora… Uma flora saudável, depende de um solo rico, nutricionalmente falando, e são os micro-organismos da fauna do solo que mantém essa qualidade”, pontua Palmieri.

“Quando falamos em Amazônia e vemos aquelas florestas exuberantes, com árvores gigantescas, o que mantém aquelas árvores enormes, é um solo fértil, saudável, rico em nutrientes. Só são possíveis graças a esses microorganismos”, continua o especialista.

Dia do fogo

Devido ao tempo seco comum a esta época do ano, as zonas de florestas do país tornam-se mais suscetíveis a incêndios. Porém, as chamas da última semana têm origem, majoritariamente, na ação predatória de fazendeiros.

Em busca de expansão das áreas de pastagem ou para plantações de soja, os produtores organizaram o Dia do Fogo em 10 de agosto. Neste dia, em Novo Progresso, no Pará, aconteceram 124 focos de queimadas. No dia seguinte, foram 203 casos. A ação se espalhou por outras regiões nos dias seguintes.

Com a extensão do fogo, Castellano lamenta que a fumaça tenha afetado os sentidos dos animais, que, intoxicados e desorientados, não tiveram opção.

“Como os focos de incêndio foram coordenados e ocorreram em diversos pontos na mesma região, pode ter ocorrido fogo de encontro, ou seja, dois focos de incêndio se encontram,  um vindo de cada lado. Desta maneira os animais ficam sem escapatória e aquele animal que estava fugindo de um foco de incêndio para a direção contrária, acaba surpreendido”, assinala.

Ele avalia ainda que, com os incêndios, o Brasil possa ter perdido espécies que ainda não haviam sido registradas. “O maior risco é de espécies de insetos ou mesmo de microrganismos estarem sendo extintas sem ao menos terem sido descobertas porque é muito mais difícil registrar e catalogar esses espécimes”, diz o engenheiro agrônomo.  

Natureza fragmentada

Conforme informações disponibilizadas pelo Ministério do Meio Aambiente (MMA), a Amazônia é o maior bioma do Brasil e abriga um terço de toda a madeira tropical do mundo, além de mais de  30 mil espécies de plantas.

“Toda essa fauna depende da flora local para viver ou se alimentar. Na Amazônia ocorrem aproximadamente 5.000 espécies de árvores, 3.000 de ervas, 1.300 arbustos, além de trepadeiras e outras formas de vida. Toda essa biodiversidade está ameaçada… Até mesmo os peixes que dependem das matas ciliares (formação vegetal localizada nas margens dos córregos, rios e lagos) para a proteção da qualidade da água”, complementa Castellano, acrescentando que nos rios amazônicos existem cerca de 85% de espécies de peixes da América do Sul.

O engenheiro agrônomo explica que, ao destruírem árvores, as queimadas perpetuam a fragmentação das florestas. Neste processo, o que era uma floresta contínua se torna pequenas matas isoladas, alterando toda a estrutura de vegetação local. O processo também faz com que animais e outras plantas tenham que migrar para outras áreas para sobreviver.

Governo Bolsonaro

Na quinta-feira (22), Emmanuel Macron, presidente da França, convocou o G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), para discutir os incêndios da Amazônia, considerados por ele uma crise internacional.

Até a convocação de Macron, Jair Bolsonaro só havia dito – sem apresentar provas – que ONGs estariam por trás do aumento das queimadas no Brasil, acusação repudiada por especialistas de todo país.

Apenas após a pressão internacional, na tarde desta sexta-feira (24), o presidente do PSL assinou um decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) que autoriza o emprego das Forças Armadas na Amazônia.

Conforme o documento, que será publicado em edição extra do Diário Oficial da União, militares poderão atuar em "áreas de fronteira, terras indígenas, unidades de conservação ambiental e em outras áreas da Amazônia Legal". A validade é de um mês, entre 24 de agosto e 24 de setembro.

Roberto Palmieri critica as declarações de Bolsonaro e aponta os responsáveis: “A quem interessa os incêndios florestais na Amazônia? Não interessa às ONGs, interessa aos produtores rurais que querem limpar suas áreas. É assim que é feito, tradicionalmente, a limpeza das áreas da Amazônia. Derruba e taca o fogo. O fogo limpa e aí vem o pasto, outras culturas”, comenta. 

Na opinião do gestor do programa de Florestas de Valor do Imaflora, Bolsonaro erra ao ignorar e desqualificar informações estratégicas como as disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Para Gabriel Ribeiro Castellano, se o cenário de destruição não for interrompido, o futuro da biodiversidade brasileira estará totalmente comprometido.

“É possível que a Amazônia vire uma grande monocultura e a cana de açúcar, a soja ou o milho, dominem as paisagens. [É possível] que muitas espécies acabem extintas mesmo antes de serem descobertas. Podem ainda ocorrer problemas relacionados à qualidade do ar, ao comprometimento do solo e a poluição dos recursos hídricos”, analisa.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

MPF dá dez dias para Bolsonaro provar que INPE errou sobre queimadas na Amazônia

Protesto em SP contra as queimadas na Amazônia. Foto: DCM
Por Vinicius Segalla

O coordenador do Grupo de Trabalho de Mudanças Climáticas da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal (Meio Ambiente), procurador da República Luís Eduardo Marrocos de Araújo, enviou na última sexta-feira (23), ao Ministro do Meio Ambiente, ao Ministério da Ciência e Tecnologia e à nova direção do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ofícios nos quais questiona se as pastas ou o Inpe têm de fato informações que possam colocar em dúvida a fidedignidade dos dados apresentados pelos sistemas de monitoramento do desmatamento no Brasil apresentados pelo instituto.

A ação ministerial federal é resposta aos ataques recentes que o Planalto desferiu contra o Inpe, as imagens de satélite e o fato público de que o desmatamento de áreas florestais disparou no país no governo Bolsonaro. Vale dizer: os ofícios do MPF são uma resposta formal à mitomania bolsonarista, que responde com mentiras aos fatos de que desgosta.

Questionamentos do governo federal sobre os métodos e dados do Inpe sobre o aumento do desmatamento desde o início do atual governo levaram à demissão do presidente do instituto, cientista Ricardo Galvão, no último dia 2 de agosto. Mais do que isso, levaram o Brasil a ser questionado e pressionado internacionalmente por sua, no mínimo, omissão diante do aumento da degradação da Amazônia.

Marrocos fez os questionamentos sobre o Inpe com o objetivo de instruir procedimento na Procuradoria Federal sobre mudanças climáticas, instaurado pela 4ª Câmara de Coordenação do MPF (Meio Ambiente). Abaixo, pode se ver trecho do documento ministerial que conclama Bolsonaro e seu governo a provarem o que por aí vêm dizendo frivolamente.


Oficialmente, o objetivo do procedimento é saber o que o governo federal está fazendo para cumprir a Lei de Política Nacional sobre Mudança do Clima, de 2009; o Acordo de Paris, ratificado pelo poder executivo em 2017; e, em especial, o compromisso do Brasil com as Nações Unidas sobre Mudança do Clima, assinado em setembro de 2015, no qual o país fixou suas metas de redução da emissão de gases do efeito estufa para os próximos anos (redução em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, e de 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030).

Conforme apurou o DCM, contudo, para além da oficialidade que reveste a comunicação entre dois entes públicos, o que existe é simplesmente a intenção por parte do MPF de constranger o governo para que este pare de mentir. Que não reste dúvida: o MPF tem consciência de que as perguntas que faz ao governo não abarcam resposta possível dentro da legalidade. As faz exatamente para deixar um fato claro: este presidente e este governo mentem.

Por isso, nos ofícios enviados a MMA, Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTIC) e Inpe, o MPF solicita que sejam descritos, caso realmente existam, os fatos que teriam provocado falhas no sistema de monitoramento de desmatamento na Amazônia, indicando o período em que ocorreram, o alcance das distorções provocadas, bem como as medidas que estão sendo ou que serão adotadas para a correção das supostas distorções do sistema.

Alguém acredita que existam respostas razoáveis para essas indagações? Ou, na realidade, tudo que foi dito tem somente origem na inventiva mente do mandatário máximo da República? É isso o que o MPF pretende desnudar com seus ofícios.

Ainda, caso o governo não tenha elementos para provar que os dados do Inpe não são fidedignos, o MPF questiona se, então, os dados são fidedignos. Caso o governo insista que os dados não são confiáveis, o procurador pede que as pastas e o Inpe justifiquem sua resposta. O MPF deu 10 dias para que o governo responda. Uma nova reportagem será feita ao fim deste prazo com a resposta.

Além dos ministérios mencionados, foram questionados sobre a atuação do governo federal a respeito das mudanças climáticas, o Ministério das Minas e Energia e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

“O Brasil tem o compromisso constitucional, legal e perante a comunidade internacional de preservar a Amazônia, dado o papel crucial da floresta na manutenção do clima mundial e regional. As presentes e futuras gerações têm o direito de viver de forma sadia em um meio livre de alterações climáticas. Para assegurar a preservação da Amazônia e de outros biomas, é essencial o fornecimento de informações precisas, claras e suficientes sobre a sua gestão e conservação”, afirmou o procurador Luís Eduardo Marrocos de Araújo a respeito dos questionamentos enviados ao governo federal.

“Daí a necessidade de que as informações sobre desmatamento sejam continuamente prestadas de forma técnica, científica e livre de ingerências decorrentes de interesses políticos ou econômicos. É esse o objetivo do MPF ao solicitar esclarecimentos acerca dos dados que vêm sendo apresentados ao público pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais sobre o desmatamento e queimadas na Amazônia”.

sábado, 24 de agosto de 2019

Governadores vão negociar Fundo Amazônia direto com Alemanha e Noruega

Os governadores da Amazônia Legal lamentaram em nota conjunta as recentes informações sobre suspensão dos recursos que seriam enviados pela Alemanha e Noruega para o Fundo Amazônia. “O bloco amazônico lamenta que as posições do governo brasileiro tenham provocado a suspensão dos recursos. Nós, governadores da Amazônia Legal, somos defensores incondicionais do Fundo Amazônia”, afirmam no documento.

Governadores da Amazônia reunidos em agosto

No último dia 10, a ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze, anunciou para a imprensa do país que o governo decidiu interromper o financiamento que de projetos de proteção da biodiversidade e da floresta brasileira, por meio do Fundo Amazônia. O primeiro passo para isso, conforme o jornal alemão Der Tagesspielgel é o não enviar a quantia de R$ 155 milhões de reais, o equivale a 35 milhões de euros.

"A política do governo brasileiro para a Amazônia levanta dúvidas sobre se uma redução consistente nas taxas de desmatamento ainda está sendo buscada", disse a ministra alemã. A Noruega, segundo país contribuidor do fundo e que aporta a maior parte dos recursos, também já anunciou a suspensão do financiamento.

Na nota divulgada neste fim de semana, os governadores dos estados amazônicos, que integram o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, afirma a posição de negociar diretamente com os países, sem a mediação do governo federal.

“Já informamos oficialmente ao Presidente da República, e às Embaixadas da Noruega, Alemanha e França, através de audiência e durante o Fórum em Palmas (TO), que o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal estará dialogando diretamente com os países financiadores do Fundo”, destaca o texto, assinado pelo governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), atual presidente do consórcio.

O documento evita fazer críticas abertas ao governo federal e menciona que a gestão Bolsonaro “sinalizou positivamente” para a agenda dos governadores.

O Fundo Amazônia fornece recursos para ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e de promoção da conservação e do uso sustentável da Amazônia Legal. A Noruega é a principal doadora dos recursos (93,8% do total). A Alemanha financiou 5,7% e a Petrobras, 0,5% do total. O fundo já captou cerca de R$ 4,6 bilhões desde 2008, quando foi criado, em 2008.

Veja a íntegra da nota abaixo.

“Sobre a suspensão dos recursos da Alemanha e Noruega para o Fundo Amazônia, o Govenador do Amapá, Waldez Góes, na condição de presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, esclarece que:

1 – O bloco amazônico lamenta que as posições do governo brasileiro tenham provocado a suspensão dos recursos. Nós, governadores da Amazônia Legal, somos defensores incondicionais do Fundo Amazônia.

2 – Já informamos oficialmente ao Presidente da República, e às Embaixadas da Noruega, Alemanha e França, através de audiência e durante o Fórum em Palmas (TO), que o Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal estará dialogando diretamente com os países financiadores do Fundo.

3 - No Planejamento Estratégico do Consórcio temos compromisso integral com o Desenvolvimento Sustentável. Somos radicalmente contra qualquer prática ilegal de atividades econômicas na região. No âmbito de nossas atuações, estamos firmes e vigilantes no combate e punição aos que querem atuar fora da lei. Por isso, estamos cobrando do Governo Federal o combate e a punição das atividades ilegais.

4 - Os governantes do bloco amazônico desejam participar diretamente das decisões para reformulação das regras do Fundo Amazônia, que estão sendo feitas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Queremos, ainda, que o Banco da Amazônia passe a ser o gestor financeiro do Fundo, em razão da proximidade da instituição financeira com os Estados, já que o Banco da Amazônia possui sede em todas as unidades do bloco.

5 – O Governo Federal sinalizou positivamente para uma agenda com os governadores dos Estados membros do Consórcio de Desenvolvimento da Amazônia Legal para tratar do Fundo Amazônia e outros temas relacionadas à política de Meio Ambiente.

Fonte: Congresso Em Foco

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

NOVA LONDRINA - Secretaria de Educação adquire coleções de livros

O hábito da leitura deve ser estimulado ainda na infância para que a pessoa aprenda desde pequena que ler é algo importante e, acima de tudo, prazeroso.

Livros são fundamentais para o estímulo e desenvolvimento do hábito da leitura
A Secretaria Municipal de Educação de Nova Londrina adquiriu duas coleções de livros contendo 800 exemplares, que estão sendo disponibilizados aos alunos dos CMEIs (Centro Municipal de Educação Infantil) e Ensino Fundamental. 

O hábito da leitura deve ser estimulado ainda na infância para que a pessoa aprenda desde pequena que ler é algo importante e, acima de tudo, prazeroso.

Uma leitura realizada com prazer desenvolve a imaginação, a escuta atenta e a linguagem das crianças. Na foto, alunos já com os livros durante as aulas.


quinta-feira, 22 de agosto de 2019

ITAÚNA DO SUL – A contar do dia de sua posse, para verificar as contas, novo prefeito anuncia que Prefeitura permanecerá fechada por 15 dias

Itaúna do Sul tem um novo prefeito. O novo prefeito foi empossado dia 14 de Agosto de 2019 na Câmara Municipal, Francisco Inocêncio Leite Neto (Chico Leite).

Vista geral da Câmara durante a posse do novo prefeito
Por Ricardo Paiva
No Diário do Noroeste


O gestor empossado já está tomando algumas medidas administrativas, entre elas o remanejamento de pessoal e o a revisão de contratos e pagamentos. “Vamos manter as portas da Prefeitura fechadas pelos próximos 15 dias para conhecimento de como estão as contas”, disse o prefeito.

O gestor disse que precisa de um tempo para dar uma resposta à comunidade de como andam as contas do município. “Sou o vice, mas, estava distante da administração, mas, logo saberemos como esta a casa”, disse o gestor.

O prefeito também adiantou que nos próximos dias irá para Curitiba e Brasília verificar como estão os convênios vigentes com o município e pleitear novos investimentos. “Não podemos perder tempo, temos muito trabalho pela frente”, disse Leite, adiantando que não irá fazer grandes mudanças no secretariado. “Vamos somente remanejar alguns (secretários) para outros setores, somente um pediu para sair”, disse o gestor.    

RAZÕES - O agora ex-prefeito Evandro Marcelo da Silva em sua carta de renúncia entregue a Câmara Municipal alega motivos pessoais, entre eles o declínio nos negócios, para a tomada da decisão. “Quando assumi a Prefeitura possuía duas fábricas onde confecciona vestuário com aproximadamente 100 funcionários sob minha responsabilidade. Entretanto, com minha ausência, comecei a ter grandes perdas, estando atualmente com apenas 20 trabalhadores”, relatou em sua carta.

Marcelo estava em seu primeiro mandato como prefeito de Itaúna do Sul. Há cerca de 40 dias o ex-gestor decretou calamidade financeira no município, alegando dificuldades nos cofres público.

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

DIAMANTE DO NORTE - Recape asfáltico nas ruas da cidade

Investimentos de quase R$ 200 mil, com recursos próprios da prefeitura. “É o dinheiro público sendo destinado em prol da população.

Recape asfáltico nas ruas da cidade
Mais recape asfáltico nas ruas da cidade. São 19 mil metros quadrados, 20 trechos de ruas recuperados, investimentos de quase R$ 200 mil, com recursos próprios da prefeitura. “É o dinheiro público sendo destinado em prol da população. Ação através da Secretaria de Viação e Obras, parabéns e obrigado João Valini, secretário e demais secretários (as) que tanto trabalham com seriedade e compromisso”, disse o prefeito Daniel Pereira. Na foto, um dos trechos recuperados com o recape asfáltico.


terça-feira, 20 de agosto de 2019

MARILENA - Cidade realiza a 10ª Conferência Municipal de Assistência Social

Foi realizada durante a semana a 10ª Conferência Municipal de Assistência Social de Marilena.

Após a Conferencia foram entregues veículos para o Conselho Tutelar e Secretaria de Ação Social.
Neste evento foram discutidas as principais necessidades voltadas ao serviço da Assistência Social do município.  A Conferência foi ministrada pelo Psicólogo do órgão gestor da Assistência Social, Welington Hayashi.

A reunião contou com a presença da chefe do escritório Regional de Paranavaí, Marly Bavia, que conduziu a palestra com o tema “Direito do povo, com financiamento público e participação social”.

Durante o evento a administração municipal entregou um veículo zero quilômetro para o Conselho Tutelar e um micro-ônibus para o atendimento da Assistência Social.

O prefeito Zé do Peixe falou da importância da Conferência. “Quero em primeiro lugar parabenizar a equipe que organizou esta Conferência, e dizer que tenho acompanhado todas as ações desta pasta, mesmo não estando presente diariamente com esta equipe. Este evento é muito importante, pois juntamente com as entidades do município e a população podemos discutir e colocar em prática todas as decisões para assim tornar esse setor cada vez mais produtivo”.

A Conferência contou com a participação das Secretarias de Educação e de Saúde, Conselho Tutelar, vereadores, usuários do SUAS, APAE, membros do Conselho de Assistência, funcionários da administração municipal e comunidade.


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Como um documentário mudou em definitivo nossa imagem de Woodstock

A depender de seu ano de nascimento, a palavra “Woodstock” provavelmente desperta memórias muito diferentes. Para as pessoas da década de 1960, é sinônimo de paz e amor, de vibrações espirituais e de um sentimento utópico e de oposição à guerra.


Por Travis M. Andrews

Para quem viveu os anos 1990, ela pode despertar visões literalmente de guerra, com tubulações de esgoto enguiçadas, incêndios dolosos, agressões e anarquia generalizada. Para alguns, ela pode parecer uma piada, como o Fyre Festival – mais uma produção problemática que nunca se concretizou.

Embora o festival de Woodstock tenha passado por diversas encarnações, apenas três delas importam: o original de 1969, preservado no documentário de Michael Wadleigh e celebrado em canção por Joni Mitchell (que não participou); a versão frenética e desastrosa de 1999; e a versão deste ano, que implodiu antes de acontecer. Assim, como é que fomos de um festival dedicado às boas vibrações – um evento visto como um dos mais relevantes da cultura moderna – para sucessores desastrosos, literal e financeiramente?

É tanto fácil quanto preguiçoso “dizer que éramos paz e amor na década de 1960, violentos nos anos 90 e agora, em 2019, cínicos demais para permitir que Woodstock aconteça”, disse o crítico cultural Steven Hyden, que falou sobre o 30º aniversário do festival no podcast “Break Stuff: The Story of Woodstock ‘99”, no serviço Ringer. “Na realidade, há muito mais semelhança do que parece entre esses festivais”.

No final de agosto de 1969, cerca de 500 mil hippies se reuniram em Bethel, no interior do estado de Nova York, para o primeiro Woodstock – criado por Michael Lang, Artie Kornfeld, Joel Rosenman e John Roberts –, com o objetivo de usar drogas (mas “evite o ácido marrom”) e ouvir a música de Jimi Hendrix, Joan Baez e The Band. O evento teve muitos problemas, de bandas que subiram ao palco horas depois do horário previsto (o The Who tocou às 5h) a um grupo anarquista que derrubou a cerca para que as pessoas pudessem entrar de graça. 



Duas pessoas morreram (uma delas atropelada por um trator). Em determinado momento, o principal cabo de alimentação de eletricidade do festival perdeu seu revestimento e ficou exposto. Com a chuva que se despejava sobre Woodstock, isso trazia a possibilidade de “eletrocussão em massa”. 

Os organizadores conseguiram evitar uma catástrofe, mas o festival esteve a uma faísca de distância de ser recordado de modo muito mais sombrio. No entanto, ganhou a reputação de ser uma experiência alegre e leve, mito que Andy Zax, produtor de Woodstock – Back to the Garden: The Definitive 50th Anniversary Archive, uma coletânea de 38 discos de material de arquivo sobre o festival, chama de “conto de fadas”. 

Esse equívoco deriva principalmente do documentário de Wadleigh, lançado em 1970, que plantou uma versão idealizada de Woodstock na consciência cultural de modo permanente, e possivelmente resultou nas décadas de tentativas de recriar a experiência. “Tudo que consideramos ser um momento real, canônico, de Woodstock, vem do filme”, disse Zax. “É uma versão muito construída do festival.”

“Não acredito que sem o filme haveria as versões 1994 e 1999”, acrescentou Hyden. “Muita gente sentia que, por ter visto o filme, tinha ido ao evento. O filme vendia uma versão do festival que era apenas parcialmente verdadeira, mas as pessoas a aceitaram como fato”.

Talvez nenhuma outra história resuma de maneira tão precisa a realidade versus a ilusão da versão 1969 do que a experiência de John Fogerty. Ele chegou de helicóptero, para o show do Creedence Clearwater Revival, e se lembra de ver o mar de espectadores do ar. “Foi espantoso”, disse Fogerty, acrescentando que o que viu “foi de tirar o fôlego”.

Mas em terra as coisas pareciam diferentes. “Assim que o helicóptero pousou, saí caminhando no meio das pessoas para ver qual era a sensação”, disse Fogerty. “Vi alguém vendendo água. A ideia de que alguém estava vendendo água disparou alguma coisa em minha cabeça. Que coisa escrota, eu pensei. Parecia tão comercial.” Não que ele e seus colegas músicos não recordem o festival com carinho. Stu Cook, então colega de banda de Fogerty, define o evento como “um dos pontos altos da minha geração”. Mas não era só uma terra das maravilhas hippie e idílica. 

“O festival foi declarado área de desastre pelo governo, mas isso foi ocultado por toda a mitologia criada ao longo dos anos”, disse Hyden. “Havia a ideia de que se você organizasse um festival na última hora, sem grande infraestrutura e com um ambiente meio caótico, o resultado seria um belo evento. Que seria um marco definitivo para uma geração, algo que as pessoas recordariam por anos. E em Woodstock 1999, vimos o como esse pensamento é furado. Se você não planeja bem, a menos que tenha extrema sorte, as coisas dão errado. E foi o que aconteceu.”



Lang, que não respondeu a repetidos pedidos de comentários encaminhados pelo The Washington Post, tentou recriar o problemático festival três décadas mais tarde, na base Griffiss da força aérea, em Rome, Nova York, que era classificada como local em recuperação ecológica. Artistas maneiros como Willie Nelson, Guster e Jewel tocaram, mas o elenco também incluía bandas agressivas de nu metal como Korn, Limp Bizkit e Rage Against the Machine.

“Imaginar que só porque o nome dado a alguma coisa foi Woodstock levaria o pessoal a comparecer e se comportar bem... isso é absurdo”, disse Zax, citando (como muita gente faz) o Limp Bizkit e sua canção Break Stuff [quebre coisas]. “Ninguém em Woodstock 1969 queria quebrar coisas sem propósito.”

Como seu predecessor, o festival foi planejado de forma descuidada. À medida que o dia da abertura se aproximava, as autoridades locais consideraram cancelar o evento. A segurança era frouxa, a infraestrutura não estava nem perto de pronta, a equipe estava destreinada e despreparada.

Quando o festival começou, o calor de julho se provou insuportável, mas muitos dos espectadores acharam o preço da água mineral caro demais. Os bebedouros mal funcionavam, e os que o faziam estavam sob o controle dos Mud People, um grupo de espectadores agressivos que pintavam o corpo de marrom –que talvez não fosse só lama, porque havia problemas com os sanitários também.

Depois do evento, a revista Spin tratou das dimensões da encrenca. “Pelo menos 100 adolescentes saltaram em uma poça de lama perto da fileira de sanitários químicos ao lado do Palco Leste, não muito cientes de que estavam mergulhando em fezes humanas. Os homens que encontravam banheiros entupidos urinavam em público... Enquanto isso, os Mud People, que rapidamente se cansaram de abraçar os transeuntes, apanhavam porções de lama e as arremessavam contra as pessoas que estavam bebendo cervejas mornas e caras na área de venda de cerveja ao lado.”



Um jovem, David DeRosia, morreu depois de sofrer uma “hipotermia, provavelmente causada por insolação”, no bate-cabeça durante a apresentação do Rage Against the Machine. E casos de assédio e agressão sexual foram frequentes durante todo o final de semana. “Caras cercavam uma menina e gritavam agressivamente pedindo que mostrasse os seios”, disse Brian Hiatt, repórter da revista Rolling Stone que escreveu uma reportagem investigativa premiada sobre o festival, com Chris Nelson, para a extinta SonicNet.

Em sua reportagem sobre o evento para a Rolling Stone, Rob Sheffield descreveu uma cena frenética, com diversos caras sem camisa no topo de um trailer gritando para as mulheres abaixo. “Eles apontavam para as meninas no estreito corredor abaixo e gritavam ‘mostre as tetas’. Os arruaceiros no trailer gritavam, ‘pega aquela lá, pega aquela lá’. Duas meninas baixinhas, carregando mochilas, são cercadas por uma multidão de uns 60 caras. Os gritos de ‘pega aquela lá’ ganham volume, e as meninas desamarram os tops de seus biquínis; as câmeras são acionadas, e os caras do trailer avistam outro alvo. As meninas aproveitam a oportunidade para fugir. Converso com elas depois e pergunto se a experiência foi assustadora. ‘Sim’, elas respondem, em uníssono. A morena diz que ‘era mostrar ou eu não teria passado’. A loira diz que ‘não tínhamos escolha’.”

Um espectador disse ao Washington Post que, na conclusão do festival, testemunhou o estupro de uma jovem por cinco homem. “Vi alguém empurrar a moça para o bate-cabeça, uma menina magrinha, de 40 ou 45 quilos. Um par de caras começou a tirar as roupas dela. Puxaram as calças dela para baixo e a violaram, passando-a de cara em cara. Havia cinco homens estuprando a menina, fazendo sexo com ela.”

O dia final degenerou em tumultos, com os espectadores derrubando estrados e ateando fogo a tudo que viam. “O tumulto na verdade envolvia violência contra o festival”, disse Hyden. Um participante disse que se sentiu mais seguro durante os tumultos, por conta da sensação de camaradagem. “Vamos atear incêndios, roubar pretzels, roubar camisetas, porque isso vai prejudicar as pessoas que sentimos estarem nos explorando nos últimos três dias.”

E embora tenha se tornado comum culpar a música irada, especialmente Fred Durst e seu Limp Bizkit, pelos problemas do evento, os repórteres presentes atribuem a culpa principalmente aos organizadores. “Há uma conexão direta entre a ineficiência da segurança e todas as mulheres que foram assediadas ou bolinadas, e em alguns casos estupradas”, disse Hyden.

Assim, por que esse desastre aconteceu em 1999 se o festival de 1969 enfrentava problemas de organização semelhantes? Para Hiatt, uma diferença chave é que “em 1969 as pessoas sentiam que estavam lá por um motivo”.



“Em 1969, os jovens estavam vendo horrores indescritíveis. Mas era distante. Era no Vietnã, nos linchamentos lá no sul”, disse Fogerty. “Estava presente, mas na televisão. Acho que a garotada realmente queria mudar isso. Creio que sentíamos que éramos capazes de mudar o mundo e tínhamos capacidade para isso.” Em contraste, disse Hiatt, “em Woodstock 1999 não havia essa sensação, não parecia que as pessoas estivessem reunidas por um motivo, ou que tivessem algo em comum com os outros ou com alguma causa”.

“A realidade é que não se pode repetir o irrepetível”, disse Zax. E, como apontou Cook, “havia muita mágica no Woodstock original. Não se pode esperar que isso aconteça agora. Agora é mais uma empreitada financeira”. Ou talvez seja completamente nada.

No final de julho, depois de uma série de dificuldades financeiras, mudanças de local e cancelamentos de artistas, Woodstock 50 foi cancelado. Os ingressos para o festival não tinham sido colocados à venda quanto isso aconteceu, pouco mais de duas semanas antes da data prevista. “Woodstock 50, para mim, representa o fim de qualquer significado para aquela marca”, disse Hyden. “Tudo tem data de validade, e creio que a de Woodstock venceu há muito tempo.”


- Fonte: The Washington Post | Tradução: Paulo Migliacci (Folha de S.Paulo)
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