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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Como um documentário mudou em definitivo nossa imagem de Woodstock

A depender de seu ano de nascimento, a palavra “Woodstock” provavelmente desperta memórias muito diferentes. Para as pessoas da década de 1960, é sinônimo de paz e amor, de vibrações espirituais e de um sentimento utópico e de oposição à guerra.


Por Travis M. Andrews

Para quem viveu os anos 1990, ela pode despertar visões literalmente de guerra, com tubulações de esgoto enguiçadas, incêndios dolosos, agressões e anarquia generalizada. Para alguns, ela pode parecer uma piada, como o Fyre Festival – mais uma produção problemática que nunca se concretizou.

Embora o festival de Woodstock tenha passado por diversas encarnações, apenas três delas importam: o original de 1969, preservado no documentário de Michael Wadleigh e celebrado em canção por Joni Mitchell (que não participou); a versão frenética e desastrosa de 1999; e a versão deste ano, que implodiu antes de acontecer. Assim, como é que fomos de um festival dedicado às boas vibrações – um evento visto como um dos mais relevantes da cultura moderna – para sucessores desastrosos, literal e financeiramente?

É tanto fácil quanto preguiçoso “dizer que éramos paz e amor na década de 1960, violentos nos anos 90 e agora, em 2019, cínicos demais para permitir que Woodstock aconteça”, disse o crítico cultural Steven Hyden, que falou sobre o 30º aniversário do festival no podcast “Break Stuff: The Story of Woodstock ‘99”, no serviço Ringer. “Na realidade, há muito mais semelhança do que parece entre esses festivais”.

No final de agosto de 1969, cerca de 500 mil hippies se reuniram em Bethel, no interior do estado de Nova York, para o primeiro Woodstock – criado por Michael Lang, Artie Kornfeld, Joel Rosenman e John Roberts –, com o objetivo de usar drogas (mas “evite o ácido marrom”) e ouvir a música de Jimi Hendrix, Joan Baez e The Band. O evento teve muitos problemas, de bandas que subiram ao palco horas depois do horário previsto (o The Who tocou às 5h) a um grupo anarquista que derrubou a cerca para que as pessoas pudessem entrar de graça. 



Duas pessoas morreram (uma delas atropelada por um trator). Em determinado momento, o principal cabo de alimentação de eletricidade do festival perdeu seu revestimento e ficou exposto. Com a chuva que se despejava sobre Woodstock, isso trazia a possibilidade de “eletrocussão em massa”. 

Os organizadores conseguiram evitar uma catástrofe, mas o festival esteve a uma faísca de distância de ser recordado de modo muito mais sombrio. No entanto, ganhou a reputação de ser uma experiência alegre e leve, mito que Andy Zax, produtor de Woodstock – Back to the Garden: The Definitive 50th Anniversary Archive, uma coletânea de 38 discos de material de arquivo sobre o festival, chama de “conto de fadas”. 

Esse equívoco deriva principalmente do documentário de Wadleigh, lançado em 1970, que plantou uma versão idealizada de Woodstock na consciência cultural de modo permanente, e possivelmente resultou nas décadas de tentativas de recriar a experiência. “Tudo que consideramos ser um momento real, canônico, de Woodstock, vem do filme”, disse Zax. “É uma versão muito construída do festival.”

“Não acredito que sem o filme haveria as versões 1994 e 1999”, acrescentou Hyden. “Muita gente sentia que, por ter visto o filme, tinha ido ao evento. O filme vendia uma versão do festival que era apenas parcialmente verdadeira, mas as pessoas a aceitaram como fato”.

Talvez nenhuma outra história resuma de maneira tão precisa a realidade versus a ilusão da versão 1969 do que a experiência de John Fogerty. Ele chegou de helicóptero, para o show do Creedence Clearwater Revival, e se lembra de ver o mar de espectadores do ar. “Foi espantoso”, disse Fogerty, acrescentando que o que viu “foi de tirar o fôlego”.

Mas em terra as coisas pareciam diferentes. “Assim que o helicóptero pousou, saí caminhando no meio das pessoas para ver qual era a sensação”, disse Fogerty. “Vi alguém vendendo água. A ideia de que alguém estava vendendo água disparou alguma coisa em minha cabeça. Que coisa escrota, eu pensei. Parecia tão comercial.” Não que ele e seus colegas músicos não recordem o festival com carinho. Stu Cook, então colega de banda de Fogerty, define o evento como “um dos pontos altos da minha geração”. Mas não era só uma terra das maravilhas hippie e idílica. 

“O festival foi declarado área de desastre pelo governo, mas isso foi ocultado por toda a mitologia criada ao longo dos anos”, disse Hyden. “Havia a ideia de que se você organizasse um festival na última hora, sem grande infraestrutura e com um ambiente meio caótico, o resultado seria um belo evento. Que seria um marco definitivo para uma geração, algo que as pessoas recordariam por anos. E em Woodstock 1999, vimos o como esse pensamento é furado. Se você não planeja bem, a menos que tenha extrema sorte, as coisas dão errado. E foi o que aconteceu.”



Lang, que não respondeu a repetidos pedidos de comentários encaminhados pelo The Washington Post, tentou recriar o problemático festival três décadas mais tarde, na base Griffiss da força aérea, em Rome, Nova York, que era classificada como local em recuperação ecológica. Artistas maneiros como Willie Nelson, Guster e Jewel tocaram, mas o elenco também incluía bandas agressivas de nu metal como Korn, Limp Bizkit e Rage Against the Machine.

“Imaginar que só porque o nome dado a alguma coisa foi Woodstock levaria o pessoal a comparecer e se comportar bem... isso é absurdo”, disse Zax, citando (como muita gente faz) o Limp Bizkit e sua canção Break Stuff [quebre coisas]. “Ninguém em Woodstock 1969 queria quebrar coisas sem propósito.”

Como seu predecessor, o festival foi planejado de forma descuidada. À medida que o dia da abertura se aproximava, as autoridades locais consideraram cancelar o evento. A segurança era frouxa, a infraestrutura não estava nem perto de pronta, a equipe estava destreinada e despreparada.

Quando o festival começou, o calor de julho se provou insuportável, mas muitos dos espectadores acharam o preço da água mineral caro demais. Os bebedouros mal funcionavam, e os que o faziam estavam sob o controle dos Mud People, um grupo de espectadores agressivos que pintavam o corpo de marrom –que talvez não fosse só lama, porque havia problemas com os sanitários também.

Depois do evento, a revista Spin tratou das dimensões da encrenca. “Pelo menos 100 adolescentes saltaram em uma poça de lama perto da fileira de sanitários químicos ao lado do Palco Leste, não muito cientes de que estavam mergulhando em fezes humanas. Os homens que encontravam banheiros entupidos urinavam em público... Enquanto isso, os Mud People, que rapidamente se cansaram de abraçar os transeuntes, apanhavam porções de lama e as arremessavam contra as pessoas que estavam bebendo cervejas mornas e caras na área de venda de cerveja ao lado.”



Um jovem, David DeRosia, morreu depois de sofrer uma “hipotermia, provavelmente causada por insolação”, no bate-cabeça durante a apresentação do Rage Against the Machine. E casos de assédio e agressão sexual foram frequentes durante todo o final de semana. “Caras cercavam uma menina e gritavam agressivamente pedindo que mostrasse os seios”, disse Brian Hiatt, repórter da revista Rolling Stone que escreveu uma reportagem investigativa premiada sobre o festival, com Chris Nelson, para a extinta SonicNet.

Em sua reportagem sobre o evento para a Rolling Stone, Rob Sheffield descreveu uma cena frenética, com diversos caras sem camisa no topo de um trailer gritando para as mulheres abaixo. “Eles apontavam para as meninas no estreito corredor abaixo e gritavam ‘mostre as tetas’. Os arruaceiros no trailer gritavam, ‘pega aquela lá, pega aquela lá’. Duas meninas baixinhas, carregando mochilas, são cercadas por uma multidão de uns 60 caras. Os gritos de ‘pega aquela lá’ ganham volume, e as meninas desamarram os tops de seus biquínis; as câmeras são acionadas, e os caras do trailer avistam outro alvo. As meninas aproveitam a oportunidade para fugir. Converso com elas depois e pergunto se a experiência foi assustadora. ‘Sim’, elas respondem, em uníssono. A morena diz que ‘era mostrar ou eu não teria passado’. A loira diz que ‘não tínhamos escolha’.”

Um espectador disse ao Washington Post que, na conclusão do festival, testemunhou o estupro de uma jovem por cinco homem. “Vi alguém empurrar a moça para o bate-cabeça, uma menina magrinha, de 40 ou 45 quilos. Um par de caras começou a tirar as roupas dela. Puxaram as calças dela para baixo e a violaram, passando-a de cara em cara. Havia cinco homens estuprando a menina, fazendo sexo com ela.”

O dia final degenerou em tumultos, com os espectadores derrubando estrados e ateando fogo a tudo que viam. “O tumulto na verdade envolvia violência contra o festival”, disse Hyden. Um participante disse que se sentiu mais seguro durante os tumultos, por conta da sensação de camaradagem. “Vamos atear incêndios, roubar pretzels, roubar camisetas, porque isso vai prejudicar as pessoas que sentimos estarem nos explorando nos últimos três dias.”

E embora tenha se tornado comum culpar a música irada, especialmente Fred Durst e seu Limp Bizkit, pelos problemas do evento, os repórteres presentes atribuem a culpa principalmente aos organizadores. “Há uma conexão direta entre a ineficiência da segurança e todas as mulheres que foram assediadas ou bolinadas, e em alguns casos estupradas”, disse Hyden.

Assim, por que esse desastre aconteceu em 1999 se o festival de 1969 enfrentava problemas de organização semelhantes? Para Hiatt, uma diferença chave é que “em 1969 as pessoas sentiam que estavam lá por um motivo”.



“Em 1969, os jovens estavam vendo horrores indescritíveis. Mas era distante. Era no Vietnã, nos linchamentos lá no sul”, disse Fogerty. “Estava presente, mas na televisão. Acho que a garotada realmente queria mudar isso. Creio que sentíamos que éramos capazes de mudar o mundo e tínhamos capacidade para isso.” Em contraste, disse Hiatt, “em Woodstock 1999 não havia essa sensação, não parecia que as pessoas estivessem reunidas por um motivo, ou que tivessem algo em comum com os outros ou com alguma causa”.

“A realidade é que não se pode repetir o irrepetível”, disse Zax. E, como apontou Cook, “havia muita mágica no Woodstock original. Não se pode esperar que isso aconteça agora. Agora é mais uma empreitada financeira”. Ou talvez seja completamente nada.

No final de julho, depois de uma série de dificuldades financeiras, mudanças de local e cancelamentos de artistas, Woodstock 50 foi cancelado. Os ingressos para o festival não tinham sido colocados à venda quanto isso aconteceu, pouco mais de duas semanas antes da data prevista. “Woodstock 50, para mim, representa o fim de qualquer significado para aquela marca”, disse Hyden. “Tudo tem data de validade, e creio que a de Woodstock venceu há muito tempo.”


- Fonte: The Washington Post | Tradução: Paulo Migliacci (Folha de S.Paulo)

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