O aumento no número de insultos racistas a jogadores de
futebol na Inglaterra pode levar a mudanças importantes no acesso e utilização
das redes sociais. Diretores do Twitter aceitaram um convite para participar de
uma reunião semana que vem com o grupo Kick it Out – que combate todos os tipos
de discriminação no futebol inglês – para tentar criar mecanismos que
dificultem a criação de contas com informações falsas.
“O racismo está presente nas redes sociais há muito tempo.
Twitter, Instagram e outras redes precisam fazer algo para lutar contra isso, e
a reunião será um primeiro passo nessa direção”, disse Troy Towsend, líder do
Kick it Out.
A gota d’água para que o grupo convidasse o Twiterr para o
encontro foi o que aconteceu depois que o centroavante Tammy Abraham, do
Chelsea, errou sua cobrança na derrota nos pênaltis para o Liverpool na final
da Supercopa da Europa em Istambul dia 14. Torcedores usaram o Twitter para
ofendê-lo usando termos racistas.
Poucos dias depois, nesta segunda-feira, a vítima foi um
jogador bem mais famoso: Paul Pogba, meio-campista do Manchester United e
campeão do mundo pela França. Seu “pecado” foi ter perdido um pênalti no jogo
com o Wolverhampton que terminou empatado por 1 a 1. Além das manifestações
racistas ele recebeu ameaças de morte.
As ofensas a Pogba foram condenadas por jogadores do United.
O atacante Marcus Rashford, que também é negro, escreveu em sua conta no
Twitter: “Isso já foi longe demais, Twitter.” O zagueiro Maguire fez uma
sugestão: “Cada conta deveria passar por uma verificação com o número do
passaporte ou da carteira de motorista da pessoa. É preciso acabar com essas
múltiplas contas faltas que são usadas para atacar pessoas.”
O Twitter se manifestou depois que as ofensas a Tammy
Abraham ganharam espaço na mídia. Por meio de um comunicado, a empresa afirmou
que está atenta ao mau uso da ferramenta. “Temos continuamente tomado medidas
contra usuários que violam as normas de conduta para utilização do Twitter.”
Segundo números divulgados pelo Kick it Out, o número de
ofensas racistas no futebol da Inglaterra aumentou consideravelmente na
temporada 2018/2019 em comparação com a 2017/2018: 274 contra 192, um
crescimento de 43%. Os insultos racistas corresponderam a 65% das manifestações
discriminatórias registradas nos estádios e redes sociais na temporada passada.
O Chelsea baniu por toda a vida um torcedor que ofendeu com
termos racistas o atacante Sterling, do Manchester City, em jogo disputado em
dezembro do ano passado em seu estádio. Outros quatro torcedores foram
proibidos de entrar em Stamford Bridge por um período que varia de um a dois
anos.
Graças aos sistemas de vigilância interna os clubes têm
conseguido identificar autores de ofensas racistas em seus estádios. O encontro
entre Kick it Out e Twitter tentará encontrar meios de fazer o mesmo com as
pessoas que se escondem que se escondem atrás de perfis falsos na rede social.
Via - Carta Capital
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