Poeta Zé da Luz |
Por Zé da Luz
O qui é Brasí Caboco?
É um Brasi diferente
do Brasí das capitá.
É um Brasi brasilêro,
sem mistura de instrangero,
um Brasi nacioná!
liforme de gazimira,
camisa de peito duro,
com butuadura de ouro...
Brasi caboco só veste,
camisa grossa de lista,
carça de brim da “polista”
gibão e chapéu de coro!
assentado nos banquete,
misturado cum os home
de casaca e anelão...
Brasi caboco só come
o bode seco, o feijão,
e as veiz uma panelada,
um pirão de carne verde,
nos dias da inleição
quando vai servi de iscada
prus home de posição.
falá ingrês nem francês,
munto meno o português
qui os outros fala imprestado...
Brasi caboco num inscreve;
munto má assina o nome
pra votar pru mode os home
Sê gunverno e diputado
é um Brasi brasileiro,
sem mistura de instrangero
Um Brasi nacioná!
dos coco, das imbolada,
dos samba, dos vialejo,
zabumba e caracaxá!
do aboio dos vaquero,
do arranco das boiada
nos fechado ou tabulero!
qui tem os óio feiticero,
qui tem a boca incarnada,
como fruta de cardoro
quando ela nasce alejada!
nas noite de São João!
dos carro de boi cantano
pela boca dos cocão.
qui cum sabença gunverna,
vinte e cinco pá-de-birro
cum a munfada entre as perna!
do jogo de “sôco-tôco”!
É o Brasi dos caboco
amansadô de cavalo!
É o Brasi dos cantadô,
desses caboco afamado,
qui nos verso improvisado,
sirrindo, cantáro o amô;
cantando choraro as mágua:
Brasi de Pelino Guedes,
de Inácio da Catingueira,
de Umbelino do Texera
e Romano de Mãe-d’água!
qui de noite se dibruça,
machucando o peito virge
no batente das jinela...
Vendo, os caboco pachola
qui geme, chora e soluça
nas cordas de uma viola,
ruendo paxão pru ela!
Um Brasi bem brasilero,
sem mistura de instrangêro
Um Brasía nacioná!
argum dia discuberto,
pru Pêdo Arves Cabrá.
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