Nosso mundo é cercado de mistérios, disso ninguém discorda,
até mesmo muitos incrédulos reconhecem que de fato há coisas inexplicáveis e
outras esquisitas. No campo das lendas, das crendices populares e do folclore
nossa região é rica, repleta de relatos curiosos que sem dúvida provocam
arrepios ou frio na espinha proporcionado pelo medo.
Quem por aqui nunca ouviu falar na loira da Matão? Segundo
testemunhas oculares, trata-se de uma assustadora mulher vestida de branco que
costuma pegar carona ou aparecer dentro dos veículos que trafegam por este
trecho da BR 376 entre Nova Londrina e Paranavaí.
No Quatro Marcos, bairro rural do município de Marilena,
moradores ou conhecedores do local temem passar durante a noite por uma
frondosa figueira a beira da estrada onde muitos juram ter ouvido lamúrias ou
visto debaixo da referida figueira, um caixão de defunto que reluz com a
claridade da lua em sua tampa.
Não estamos longe de outros contos assombrosos, quatro
quilômetros separam as cidades de Nova Londrina e Marilena, a rodovia que liga
uma cidade a outra é reta e aparentemente não apresenta perigos em seu
percurso, porém, esta estrada é cenário de constantes acidentes e muitos deles
seguidos de morte.
Neste trecho, no entanto, já foram relatadas algumas
histórias assombradas onde o receio ao percorrê-lo é inevitável. Conhecedor
desde minha mais terna idade do trajeto que liga os dois municípios, reconheço
que esta estrada parece guardar algum mistério. Sobre os relatos já ouvidos a
respeito da estrada que dá acesso à Nova Londrina e Marilena, chama-nos a
atenção os seguintes:
Ciclistas solitários já afirmaram ter sentido o impacto e o
peso de alguma pessoa que pulou na garupa de suas bicicletas, amedrontados, os
ciclistas olham para trás e não vêem nada, apenas o peso do misterioso carona
que o acompanha até determinado ponto da rodovia onde a subida é mais
acentuada.
Outros que fazem o percurso a pé entre Nova Londrina e
Marilena ou vice-versa, dizem já ter ouvido várias vozes de pessoas dialogando
e rindo como se estivessem vindo de encontro com a pessoa que está indo em
sentido contrário, por fim, conclui-se que não há ninguém, apenas a escuridão e
o vazio da noite onde os alaridos do além, calam-se inexplicavelmente.
E os relatos sombrios continuam, há quem diga ter cruzado
com um vulto de olhos de fogo, outro já diz que ao percorrer o local, ter sido
acompanhado por um desconhecido e este desconhecido cumprimenta-o pelo nome e
após dizer e saber muito sobre sua vida e de sua família desaparece
misteriosamente.
Há também a história e esta é a mais arrepiante, quem já
tenha visto cruzar à sua frente apressadamente de um lado a outro da rodovia,
determinado homem sem as duas pernas arrastando seu corpo com as mãos apoiadas
no chão. Uma sena realmente de se arrepiar.
São portanto, histórias da nossa terra, mistérios desta
região perdida nos confins extremos deste noroeste paranaense. Histórias como
estas, curiosas, que podem ser apenas frutos da nossa imaginação ou do nosso
medo, porém, embora muitos duvidem, ninguém tem coragem suficiente para tirar a
limpo os tantos mistérios que nos assombram.
Quando criança, fui morador de Marilena, naquela época, não
foram nem duas e nem três vezes que ouvi a história de um lobisomem que corria os arredores e as ruas da cidade,
testemunhas chegaram a afirmar que uma certa noite, foi visto um homem no
cemitéio transformar-se no bicho, eu, graças a providencia divina, nada vi,
mas, em Marilena, o lobisomem ganhou destaque nas rodas de bate-papo, nas salas
de aula e até mesmo durante a missa, o padre da época certa vez, pediu que
parassem de falar que ele tinha conhecimento de quem transformava-se em bicho e
que nenhum suposto homem confessou-lhe sofrer a horrenda metamorfose.
O que podemos afirmar, no entanto, é que há muitos mistérios
entre o céu e a terra, coisas que a religião arrisca explicar e que a ciência
exclui a possibilidade de tais espíritos existirem, mas, a crendice popular não
lhe dá ouvidos e os testemunhos sobre visagens, atravessam geraçoes...
De fato, os seres e espíritos do além podem estar por aí, ou
até mesmo ao seu lado, cuidado.
Mateus Brandão de Souza, graduado em História pela
FAFIPA e fascinado por relatos desta
natureza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário