Somos a camada mais numerosa da
sociedade onde tudo é mais difícil, nosso caminho escabroso traz em seu
percurso as profundas marcas da desigualdade fomentada por um sistema
governamental falsamente apresentado como democrático e justo.
Somos a mola propulsora,
combustível que movimenta uma maquina laboral fazedora de riqueza, de uma
riqueza que não nos assiste. Somos os milhares de fulminados, os incontáveis
desprovidos de sorte, de uma má sorte que não têm importância alguma para
aqueles que desfrutam de uma vida cor de rosa.
Somos dejetos, escória, somos
aqueles que não lograram êxito estamos aquém de um grupo abastado que nos
julgam derrotados pela incapacidade no competir, por isso nossa negra sorte e
nossa dura realidade, assim nos vêem os ditadores de um sistema excludente,
assim enxerga o olhar positivo de um sistema limitado, de poucos privilegiados,
para eles a culpa do nosso revés não está nos limites do sistema exclusivista,
mas sim, nas nossas limitações pessoais.
Somos nós que compomos a parte
baixa da pirâmide, somos a base, os esquecidos, os abandonados. Aqui embaixo
não nos rasgam sedas, não nos bajulam, aqui não nos dão oportunidades nem nos
indicam a nada que nos dignifique. Não importa o que somos ou sentimos, para os
elitizados é preciso e interessante que assim sejamos, afinal, alguém tem que
ser o boi das piranhas para que a travessia do rio não moleste aqueles poucos
que vivem abastados no prazer do vil metal.
Agarrar-se a esperanças não
concretas é aquilo que nos ensinam e assim, ainda conseguimos suportar com mais
vigor o tumor inoperável que mata a nossa dignidade. Somos desprovidos,
desvalidos, censurados. Nos cabe o dever de sobreviver entre as migalhas, a nós
é imposta toda ordem, o progresso é tão somente para uns poucos predestinados.
Nosso direito é ficar em
silêncio, se resistimos se reclamamos, se nos inconformamos, somos taxados como
perigosos, somos problemáticos e revoltados, nos comparam a maçãs podres que
devem ser ceifadas para não contaminar outras.
Assim somos, de geração em
geração, pois para os dominantes do sistema, interessa que assim sejamos. Não
somos atraentes, não causamos interesse algum, tudo aquilo que somos ou
sentimos não têm importância alguma para os timoneiros do sistema, afinal, a
massa desprovida não traz lucro financeiro para nenhum deles.
Assim foi
Assim é
E assim será.
Prazer em conhecê-los,
Somos os marginalizados.
"Viva o capitalismo".
Mates Brandão de Souza - Maio de
2011.
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