Dentre as muitas honras que nos são negadas, destacamos aquela que nos priva do direito de nos indignarmos, num sistema onde quem detém poder financeiro pode tudo e ainda se acha no direito de fazer leis que amparam seus interesses e desamparam a muitos, a imposição que busca emudecer o clamor dos sem dignidade e dos indignados não lhes dá tréguas.
Médici foi entre os ditadores militares, talvez o mais memorável, obviamente que Garrastazu nunca será lembrado como um homem benévolo, afinal, suas ações mostram que não era da natureza nem do interesse dos militares serem reconhecidos como tais. Prova disto é que foi no governo Médici que a covardia atingiu os píncaros do absurdo, instituiu-se ali o famigerado AI5, que mais que todos os atos institucionais do regime militar, buscou calar, punir e matar todos quanto ousassem exercer o direito de se indignar contra os desmandos dos governos plenos de autoritarismos.
Porém, nem mesmo a mão de ferro e os horrores da ditadura militar conseguiram calar os tantos indignados tidos como subversivos, e foi na época dos anos de chumbo que a música popular brasileira enriqueceu seu repertório com clássicos como Cálice e é proibido proibir.
Porém os resquícios da vergonhosa e absurda ditadura são como nódoas indeléveis e os clássicos como Cálice de Chico Buarque e Gilberto Gil serão sempre atuais, pois o sistema do vale quanto pesa ainda é o mesmo que promove a não dignidade para cidadãos que estão sempre proibidos de se indignarem.
Como este blog prima e preza pelas grandes obras musicais e literárias nacionais e internacionais, vamos ouvir um clássico que nasceu no fragor da luta pelo direito de expressar nossos descontentamentos, no auge dos horrores da ditadura militar brasileira, Chico Buarque e Gilberto Gil bradaram sua indignação através da inefável letra de CÁLICE.
Mateus Brandão de Souza, graduado em história pela FAFIPA.
"Se a carapuça serviu"
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