Decisão surge em meio à cobrança da Justiça Eleitoral e da sociedade para que as redes sociais combatam notícias falsas e discurso de ódio na campanha de 2022.
Por Sueli Scutti
A contratação dos advogados tem a função de responder a
pedidos da Justiça durante o período das eleições brasileiras que ocorrerão em
2 de outubro próximo. Assim como outras redes sociais, o WhatsApp vem sendo
acusado de permissividade e incentivo à disseminação de ódio político, ameaças
a autoridades, ataques a instituições e propagação de notícias falsas com poder
de interferir no voto de parcelas da população.
Na eleição de 2018, a empresa foi acusada de beneficiar Bolsonaro, com envio de gigantescas quantidades de mentiras e ataques a adversários, como Lula, Fernando Haddad, Manuela D´Ávila, PT e PCdoB, entre outras vítimas. O problema foi parar na CPI das Fake News instaurada no Congresso Nacional.Mas a difusão desse tipo de mensagem extrapola o âmbito estritamente político. Em 2020, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou pesquisa indicando que o WhatsApp foi a principal rede de disseminação de fake news sobre covid-19, e que muitas dessas notícias falsas traziam o nome da Fiocruz como “fonte”. Os dados mostram que 73,7% das informações falsas sobre o coronavírus circularam pelo zap.
Segundo informações da Statista, empresa alemã especializada em dados de mercado e consumidores, no Brasil havia 120 milhões de contas do WhatsApp em 2021, o que coloca o país em segundo lugar no mundo em número de usuários, atrás apenas da Índia. E a previsão é de que em 2022 esse número chegue a 147 milhões – numa população total de 210 milhões.
Entre todas as plataformas de mensagens, o WhatsApp é usado por 92% das pessoas que acessam redes sociais no território nacional, ou seja, a quase totalidade dos usuários de redes usam o zap, conforme a pesquisa nacional Datafolha sobre comportamento e consumo na internet feita em março deste ano.
A conexão rápida e a praticidade do manejo do aplicativo propiciam ampla disseminação do uso e facilitam a conexão direta do usuário com ampla rede de familiares, amigos e colegas de trabalho. Isso gera relação de confiança de tal maneira que os contatos tendem a acreditar em qualquer mensagem que lhes seja transmitida e se sentem confortáveis em passá-las adiante.
Sem checagem e sem moderação de conteúdo por parte dos gestores da plataforma, é um caminho aberto para propagação de mentiras, difamações, manipulações. Em termos de eleição, o zap tem grande poder para envenenar eleitores contra determinados candidatos e angariar simpatia para outros.
Com a contratação dos advogados, a empresa quer se precaver perante demandas judiciais. Após muitas denúncias de partidos e autoridades devido a envio em larga escala de falsidades em campanhas eleitorais, o WhatsApp decidiu limitar o compartilhamento de mensagens entre grupos. E também fechou parceria com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para estimular a checagem de informações. Basta que, via zap, os usuários se conectem com o TSE pelo número (61) 99637-1078.
Resta aos partidos, às entidades que fiscalizam as plataformas digitais, aos tribunais eleitorais e a toda a sociedade monitorarem em tempo real o cumprimento desse compromisso.
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