Em Juazeiro, na Bahia, cidade
onde moro, existem lendas e histórias antigas envolvendo o Rio São Francisco. O
folclore em torno dele é antigo e, desde pequena, ouço que naquelas águas moram
seres que não são nem humanos nem animais. Estão lá para proteger o rio e, por
isso, costumam manter as pessoas afastadas. Nunca dei crédito.
Mas um dia, há mais de 30 anos,
fui nadar com meu marido no rio, como gostávamos de fazer, sozinhos num trecho
afastado da cidade. O dia estava bonito e o banho, uma delícia – a natureza da
região é realmente especial. Mergulhamos e, quando submergimos, sentimos uma
correnteza se formar. A água, que até então estava plácida, ficou agitada de
repente.
Nos olhamos e, imediatamente,
começamos a nadar rápido para a margem. Nesse momento, eu e meu marido sentimos
uma turbulência forte passar pelas nossas pernas. Era uma pressão ascendente,
como se algo viesse subindo do fundo do rio rumo à superfície.
De repente, um homem gigantesco
emergiu de dentro d'água. Ele era muito alto e estava nu. Tinha o corpo
musculoso, a pele negra e a cabeça careca, além de aparentar ser jovem e exibir
escamas pelo corpo. Eu mal podia acreditar, mas aquele homem era exatamente
como descreviam nas histórias regionais. Assim que saiu da água, começou a
gritar conosco em um idioma que não entendíamos.
O homem mexia os braços e as
pernas e o rio se agitava, nos puxando para baixo. Era difícil nadar e ficar
sem engolir água. Fiquei apavorada e logo entendi que ele queria nos matar
afogados. Continuamos nos debatendo, tentando chegar até a margem do rio, até
que, finalmente, demos com o banco de areia. Não sei de onde tiramos força.
Assim que saímos da água, olhamos
para trás, mas o gigante havia desaparecido. Foi tudo muito rápido. Pegamos
nossas coisas e começamos a correr para longe dali. Estávamos desesperados e,
quando avistamos as primeiras pessoas, contamos o que havia acabado de ocorrer.
Ninguém acreditou na gente. Nunca mais tive coragem de pisar naquele trecho de
margem, nem mesmo perto.
Continuo nadando no São Francisco
mas, até hoje, rezo e peço proteção toda vez antes de entrar.”
Fonte: Ângela Pereira de 73 anos,
é aposentada e nunca mais teve coragem de voltar ao local do ocorrido.
Foto* Juazeiro, na Bahia, foi
erguida uma estátua do ''Nego d'Água'', como lá ele é chamado a estátua tem 12
metros de altura.
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