Em sua primeira eleição geral depois da reforma política de
2014, país irá escolher candidatos para 18.299 cargos.
Cerca de 86 milhões estão aptos a votar; no México, o voto
não é obrigatório / Foto: Rádio W/México
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Fania Rodrigues
Além de escolher o próximo presidente da República, neste
domingo (1º) o México também irá eleger 18.299 candidatos, entre governadores,
senadores, prefeitos e deputados, na primeira eleição unificada pela reforma
política de 2014. As urnas foram abertas às 8h (10h, no horário de Brasília) e
fecham às 18h (20h, no Brasil). Ao todo, 86 milhões de mexicanos estão
habilitados a votar, e o voto não é obrigatório no país.
O Instituto Nacional Eleitoral (INE), a máxima autoridade
eleitoral mexicana, informou que os primeiros resultados preliminares devem ser
divulgados por volta das 23h (1h, na hora de Brasília). Como o voto no México é
em cédula de papel, esse resultado representa uma contagem preliminar feita
pelos mesários e testemunhas locais, em seguida comunicada via telefone.
Depois, as urnas são enviadas para o INE e é feita uma nova contagem.
As pesquisas prévias apontam favoritismo de Andrés Manuel
López Obrador, do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), legenda de
centro-esquerda com pouco mais de três anos. Obrador aparece 24 pontos à frente
do segundo colocado, Ricardo Anaya, do Partido de Ação Nacional (PAN). Se
vencer, López Obrador quebrará um com quase 89 anos de apenas dois partidos
comandando o México, o PAN e o Partido Revolucionário Institucional (PRI).
Nestas eleições, serão escolhidos 500 deputados federais,128
senadores e o presidente da República, para um mandato de seis anos. Além
disso, 30 estados irão realizar eleições locais para prefeitos e vereadores. E
oito estados também vão escolher seus governadores. Cada unidade federativa
possui seu próprio calendário eleitoral, por isso as datas de alguns processos
não coincidem.
Outra novidade dessas eleições são as candidaturas
independentes. Os candidatos já não precisam estar filiados a um partido
político para concorrer aos cargos representativos. Para presidente, é preciso,
no entanto, apresentar um abaixo-assinado com 1% do total de eleitores. Um dos
atuais candidatos à presidência fez essa opção, trata-se de Jaime Rodríguez,
conhecido como El Bronco.
Com a reforma, o México também passou a adotar o
financiamento público de campanha, com objetivo de diminuir a corrupção e a
influência política de grupos do crime organizado na política.
Violência e fraude
As eleições de 2018 foram marcadas pela violência. Cerca de
130 candidatos foram assassinados nos últimos oito meses, segundo dados da
imprensa mexicana. Essa já é considerada a campanha política mais violenta da
história do México. Além disso, o mês de maio representou uma alta histórica
nos índices de violência no país, com um número recorde de assassinatos.
O jornalista Luis Hernandez Navarro afirma que a política
mexicana “está permeada pela violência”. “O México vive uma situação de
violência extrema, provocada pelo crime organizado, pela delinquência comum e
pela intervenção dos atores armados estatais no conjunto da política”, disse,
em entrevista ao Brasil de Fato.
Para o escritor mexicano Paco Ignácio Taibo II, um dos
fundadores do Morena, partido de Andrés Manuel López Obrador, a violência
política tem diferentes origens, mas se concentra sobretudo nas disputas locais
e regionais. “Em alguns casos, os assassinatos de políticos têm o objetivo de
frear o avanço do Morena. Essa é uma pequena parte dos casos. Portanto, a
enorme maioria é um reflexo da intervenção direta do narcotráfico em situações
em que eles identificam ‘traições’ de políticos locais”, afirma o escritor.
“Vamos supor que um grupo narcotraficante tem ligações com
um candidato do PRI, que vai ser prefeito de uma pequena cidade, em uma das
rotas-chave para a saída de drogas do país, e esse candidato negocia com outro
cartel de drogas. Então, esse candidato é assassinado”, explica Taibo, que
nessas eleições é presidente de mesa eleitoral, na Cidade do México, capital
federal do país.
Taibo, que é um dos maiores escritores mexicanos, faz
questão de ser mesário. O INE informou que mais de 1,4 mil voluntários serão
responsáveis por fiscalizar o processo. As últimas duas eleições, em 2006 e
2012, foram marcadas por denúncias de fraude eleitoral. Centenas de
observadores internacionais também estão no país, na capital e em 23, dos 32
estados, para acompanhar esse processo eleitoral.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira
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