Bruna Rodrigues, vereadora eleita pelo PCdoB em Porto Alegre crédito da foto: redes sociais
Por Bruna Rodrigues”A busca pela igualdade racial e
o respeito à diversidade deve permear todo fazer político, já que estes são
direitos inalienáveis, ainda que não respeitados”.
O dia 21 de março foi instituído
em 1996, pela ONU, como Dia Internacional de Luta pela Eliminação da
Discriminação Racial, em memória ao Massacre de Shaperville, em Johanesburgo,
África do Sul, em 1960. Na ocasião, 20 mil negras e negros protestavam contra a
Lei do Passe, norma que limitava a população a espaços específicos listados em
uma espécie de cartão obrigatório e deliberado pelo Estado.
Mais de 60 anos depois, vemos
avanços expressivos na luta contra o racismo, que nos servem de base em busca
de um futuro com muito mais equidade, ao mesmo tempo em que vemos retrocessos
em termos político e sociais que exigem ainda mais de nós.
Enfrentamos um momento de
retrocessos violentos e retirada de direitos conquistados nos governos
democráticos, situação agravada com a pandemia de COVID-19 que descortinou uma
realidade ainda mais cruel da população negra, em especial para nós, mulheres,
que somos obrigadas a conviver com o aumento da violência doméstica, o acúmulo
de funções dentro e fora de casa, além da cobertura precária de saúde com
relação à doença.
A primeira vítima fatal de
covid-19 no estado do Rio de Janeiro foi Cleonice Gonçalves, uma mulher negra
de 63 anos, que trabalhava como empregada doméstica. A infecção da trabalhadora
veio depois do contato com a patroa que havia feito uma viagem à Itália e
retornado ao Brasil sem fazer a quarentena necessária para estes casos.
A morte de Cleonice deflagra o
quanto o passado colonial está presente no Brasil de hoje e o quanto a
população negra se encontra em situação de vulnerabilidade com a intensificação
do não acesso aos sistemas de saúde e medidas de prevenção. Quando falamos em
eliminação do racismo, precisamos nos ater a estes aspectos de ordem do
cotidiano que nos revelam a real situação em que está a classe trabalhadora, em
especial a população negra que se encontra neste momento na luta cotidiana por
existência.
Segundo dados do Instituto Polís sobre o primeiro semestre da pandemia, homens negros são os que mais morrem da doença. Este fato é um retrato nítido de como o racismo age de maneira estrutural, construindo uma história de negligenciamento das nossas necessidades básicas, evidenciada pela ausência de políticas públicas que garantam não só a sobrevivência, mas a nossa existência.
Vale evidenciar que a maioria dos dados com marcadores étnico-raciais sobre a pandemia foram feitos por institutos e pesquisas independentes, já que o Governo Federal se eximiu dessa responsabilidade. Tramita na câmara dos deputados um Projeto de Lei* que determina a importância da busca por estes dados para que o momento presente, marcado pelo genocídio da população negra, não se perca na história.
O combate ao racismo é um dever
de todas e todos! A busca pela igualdade racial e o respeito à diversidade deve
permear todo fazer político, já que estes são direitos inalienáveis, ainda que
não respeitados. Desta forma a mobilização pela igualdade racial atua em
diversos campos para fortalecer as ações políticas, ampliando sua capilaridade
e sua efetividade.
Bruna Rodrigues é
vereadora pelo PCdoB de Porto Alegre
*PL2179/2020 – Paulo Paim (PT/RS).
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