É melhor morrer de vodka do que
morrer de tédio, disse Maiakovski. Brindo a isso enquanto acontecem-me coisas
surreais. Segue o meu perfil quando me vejo assim: cara a cara comigo mesmo. Ou
seja, meio de lado. Um mosaico com rachaduras evidentes. Nostálgica, mas
disfarço com o riso fácil. Leio de tudo e com desespero. Escrevo sem vírgulas,
pontos ou educação. Dou um boi pra não entrar em uma briga, o resto já se sabe.
Considero importantíssimo saber
rir de mim mesma. Nem que seja pra me juntar ao grupo. Certa da solidão, fui me
acostumando a ser boa companhia. Às vezes faço de conta que sou completa,
geralmente com uma taça na mão. Bebo cerveja, bebo vinho e, depois das músicas
italianas, bebo sonhos. Holanda, por parte de mãe e de Chico. John Wayne, por
parte de pai. Borboleta e Graúna por escolha e história. Tenho uma sacola de
viagem permanente no meu juízo e a alma, de tão cigana, não para em palavra
nenhuma. Gostaria de escolher meus defeitos, mas não dando certo isso, continuo
teimosa. Não sei usar a nova regra ortográfica.
Nem a velha, talvez. Amo
desvairadamente. E tento comer devagar. Sei lá, pra compensar, talvez. Tem
gente que tem a cabeça no mundo da lua. Eu não. Quando vou lá, vou toda. Sou
questionadora, mas aceito qualquer resposta. Aspecto físico? Língua afiada e
olhos cor de saudade. Gosto de fazer o que eu gosto. No mais, preguiçosa. Sabia
o que é culpa, mas esqueci. Nada mais a dizer, prefiro andar de mãos dadas. E
dormir acompanhada. Mas, bom, bom mesmo é sal, se você já leu Verissimo.
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