GOVERNADOR BETO RICHA JÁ NOMEOU A MULHER FERNANDA E O IRMÃO PEPE PARA SECRETARIAS VITAIS, ENQUANTO PREPARA O FILHO MARCELLO PARA SER PREFEITO DE CURITIBA; A POLÍTICA ANCORADA NO SOBRENOME DO PAI LEMBRA O MARANHÃO DE SARNEY.
O Paraná não é o Maranhão, mas, aos poucos, o sobrenome Richa começa a se tornar tão onipresente na terra das araucárias quanto é Sarney no seu mundo particular. Beto Richa, governador tucano que conta com quase 70% de aprovação popular, conseguiu emplacar em postos chave do governo paranaense nada menos que sua mulher Fernanda e seu irmão José “Pepe” Richa. Segundo a oposição, a família, que é herdeira do prestígio do velho José Richa, líder do antigo MDB e depois fundador do PSDB, controla 80% do orçamento paranaense. De acordo com os tucanos, no entanto, Fernanda e Pepe administram verbas de R$ 602 milhões, que representariam 2,39% do orçamento total. Ainda assim, é bastante dinheiro em mãos de um clã que trata a política como assunto de família.
Fernanda, filha de um dos fundadores do Bamerindus, banco que quebrou durante o Plano Real, é Secretária de Assistência Social e responsável pela gestão de programas federais no Paraná, como o Brasil sem Miséria. Pepe responde pela secretaria de Infraestrutura e Logística, que cuida de portos, estradas e aeroportos. Ou seja: enquanto o irmão administra grandes obras e a relação com as empreiteiras, a esposa cuida da assistência social. E Beto pode se dedicar à política, num momento em que há certa fadiga com as lideranças tradicionais do PSDB, como José Serra e Aécio Neves. O Paraná nunca fez presidenciáveis, mas Beto sonha em ser uma alternativa em 2018, depois de dois possíveis mandatos como governador.
Se isso não bastasse, Beto e Fernanda também preparam o filho primogênito Marcello, de 25 anos, para a política. Na prefeitura de Curitiba, ocupada por Luciano Ducci, mas comandada na prática pela família Richa, Marcelo ganhou a Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude. Beto, a princípio foi contra, mas Fernanda fez questão de colocar o filho no caminho da política. E hoje Marcello é também presidente da juventude do PSDB. Em Curitiba, 27% da população, de 1,8 milhão de pessoas, tem entre 15 e 29 anos de idade. Administrando programas ligados à cultura e ao esporte, Marcello deve se cacifar para ser candidato a prefeito de Curitiba em 2016 – no ano que vem, a família fará de tudo para garantir a reeleição de Ducci, do PSB. E, se este vencer, Marcello poderá migrar para uma secretaria com ainda mais visibilidade.
O prestígio de Richa
Em 2004, quando se elegeu prefeito de Curitiba pela primeira vez, Beto se emocionou ao lembrar o pai, que havia morrido um ano antes e não chegou a ver o filho chegar ao poder. José Richa enxergava no primogênito “Pepe” um talento natural para a política, mas foi Beto quem sobressaiu.
No começo da carreira, o principal ativo dos irmãos era o sobrenome. José Richa, político carismático, foi um dos grandes amigos pessoais de lideranças tucanas, como Fernando Henrique Cardoso, José Serra e Mario Covas. Era talvez o político mais próximo do núcleo duro tucano, fora de São Paulo. Depois disso, no entanto, Beto construiu seu próprio caminho e, como prefeito de Curitiba, metrópole que é a principal trincheira dos Richa, recebeu boas avaliações do eleitorado.
Eleição decisiva
Confirmar o domínio de Curitiba é parte essencial do projeto político da família Richa. E a capital paranaense terá uma das eleições mais importantes do País. De um lado, Luciano Ducci, com apoio maciço da máquina estadual. De outro, o ex-tucano Gustavo Fruet, que ingressou no PDT, e será candidato com apoio do PT – um apoio que inclui até o casal de ministros paranaenses Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, uma vez que ela será a adversária de Beto Richa em 2014, na disputa para o governo estadual.
Recentemente, todos estiveram lado a lado, quando a presidente Dilma Rousseff foi ao Paraná lançar o projeto do metrô de Curitiba. Beto foi tratado de maneira extremamente calorosa pela presidente, mas sua equipe cometeu um deslize, na transmissão da cerimônia, ao cortar o discurso de Dilma – o que estremeceu a relação entre o governo do Paraná e o governo federal.
Foi apenas um primeiro sinal de que a guerra será intensa nos próximos meses.
Fonte: Brasil 247
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