Nesta segunda-feira (9), o movimento organizado pelo
autodenominado Comando Nacional do Transporte, que se diz independente dos
sindicatos, realizou bloqueios em três estados do Sul, além de Minas Gerais,
São Paulo, Tocantins e Rio Grande do Norte.
Sindicatos da categoria rechaçaram o ato por considerarem que a motivação é apenas política |
A manifestação, que tinha como objetivo pedir o impeachment
da presidenta Dilma Rousseff, foi convocada em apoio aos grupos da direita
conservadora como Movimento Brasil Livre, o Vem Pra Rua, o Revoltados On Line e
o Movimento Brasil Livre (MBL).
O primeiro balanço da Polícia Rodoviária Federal (PRF)
informou não ter registrado grandes problemas nas rodovias em função do
protesto.
Por outro lado, entidades da categoria divulgaram notas
repelindo o movimento. A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos
(CNTA), uma das entidades que representam a categoria, classificou como imoral
“qualquer mobilização que se utiliza da boa-fé dos caminhoneiros autônomos para
promover o caos no país e pressionar o governo em prol de interesses políticos
ou particulares, que nada têm a ver com os problemas da categoria”.
A entidade disse não poder admitir que “pessoas estranhas,
sem histórico algum de representação da categoria, utilizem-se do respeito que
o caminhoneiro conquistou junto à opinião pública pela força e importância que
exercem na economia do país”.
Outra entidade a se manifestar foi a Confederação Nacional
dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL). “Os caminhoneiros não
precisam de mobilização para derrubar governo. Os caminhoneiros precisam de
mobilização para regulamentar frete e preço de frete, para melhorar as
condições de trabalho como pontos de parada com estrutura adequada, confortável
e segura para atender suas necessidades. Quem realmente representa os
interesses da categoria está trabalhando e lutando para concretizar as
reivindicações dos caminhoneiros”, disse a entidade por meio de nota.
Para o Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Bens no
Estado do Pará (Sindicam-PA), a greve é organizada “por pessoas que não fazem
parte da categoria e estão aproveitando o momento de dificuldade que o país
passa”.
Objetivo
Em vídeo publicado nas redes sociais, os organizadores do
protesto confirmam o objetivo político do ato. “Seu governo não tem mais
legitimidade. O seu partido provocou a destruição do Brasil”, diz o post
publicado no Facebook, sem apresentar uma reivindicação trabalhista específica.
O rechaço das entidades representativas dos caminhoneiros
refletiu na adesão ao movimento. Segundo matéria publicada no G1, mais de 40
caminhoneiros decidiram parar os veículos em postos de combustíveis da BR-040,
em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, para não aderir ao movimento.
Como resultado, de acordo com a Polícia Rodoviária, a
paralisação da categoria não aconteceu no Rio de Janeiro e não houve fechamento
de pistas.
Em Minas, também de acordo com a Polícia Rodoviária, nenhuma
pista foi totalmente bloqueada. Mais cedo, na BR-381, em Igarapé, foi
registrado alguns tumultos com caminhoneiros se recusando a parar e tendo seus
veículos danificados.
Já em São Paulo, o movimento bloqueou a Rodovia dos
Bandeirantes, provocando filas de nove quilômetros.
Governo chama ao diálogo
Em entrevista coletiva nesta segunda (9), o ministro da
Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, afirmou que o governo respeita
as manifestações e está aberto ao diálogo, mas salientou que o movimento não
encaminhou uma pauta de reivindicação.
“No nosso entendimento é uma greve pontual que atinge
pontualmente algumas regiões do país. É infelizmente uma greve que se caracteriza
como uma aspiração única de desgaste político do governo”, salientou.
Para o ministro, é preciso colocar os interesses da
população acima de outras questões. “Esperamos efetivamente que aqueles que
estão envolvidos nessa mobilização, que têm único objetivo de desgaste
político, que possam colocar acima de qualquer outra questão os interesses da
população brasileira”, enfatizou.
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