A escola de samba Estação Primeira de Mangueira escolheu, na
madrugada de domingo (14/10), seu samba enredo para o carnaval de 2019. A letra
faz uma homenagem à Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro assassinada a
tiros no dia 14 de março no Rio, junto com o motorista Anderson Gomes. A
escolha do samba ocorreu na quadra na escola, na zona norte da cidade.
Réplicas de placas de rua com nome da Marielle Franco são distribuídas na Cinelândia - Fernando Frazão/Agência Brasil |
Na EBC
O enredo da escola – História pra ninar gente grande – tem
como tema a "história que a história não conta" e o samba Eu quero um
Brasil que não está no retrato. No refrão, o nome da vereadora é citado:
"Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês".
Em postagem no Facebook, um dos autores da música, Tomaz
Miranda, postou a frase "Fomos campeões na Mangueira. Pela memória de
Marielle e Anderson e toda luta que ainda virá. São verde e rosa as
multidões".
Placas
Hoje – dia que marca os sete meses da morte de Marielle – em
ato na Cinelândia, no centro da cidade, foram distribuídas mil placas em sua
homenagem. A campanha para a confecção das placas foi lançada pelo site de
humor Sensacionalista depois que dois candidatos a deputado estadual pelo PSL
destruíram o adesivo colado na placa que identifica a Praça Floriano. A colagem
mudava informalmente o nome do logradouro para Rua Marielle Franco.
O ato – em estilo flashmob (mobilização pela internet) –
reuniu mais de mil pessoas na Cinelândia. A arrecadação virtual pelo site
Catarse estipulou inicialmente o valor de R$ 2 mil reais para a confecção de
100 placas, mas a vaquinha chegou a R$ 42.333, com 1.691 apoiadores, e foram
feitas mil placas de plástico. A distribuição começou por volta de 13h e, em
meia hora, as placas já haviam acabado.
Após a distribuição, as pessoas formaram a palavra Marielle
com as placas levantadas. A viúva da vereadora, Mônica Benício, colou uma delas
sobre a placa da Praça Floriano, retirando a homenagem em seguida.
Emocionada, a mãe de Marielle, Marinete Silva, ressaltou que
mobilizações deste tipo mantêm vivas as causas defendidas pela filha. "Eu
achei lindo. Quando chegamos aqui já tinha uma fila enorme. É muito
gratificante, é um dia de muita dor, de muita tristeza, mas vamos resistir.
Cada dia que um público vem se manifestar em memória da minha filha, é saber
que ela existe e que vai continuar existindo. E resistindo também, a gente
precisa, nos fortalece bastante".
A irmã de Marielle, Anielle Franco, reforçou a importância
de atos para manter viva sua memória e seu legado. "Eu acho que mostra um
pouco da nossa força, da nossa resistência. Eles ficam tentando nos calar. Mas
vamos resistir enquanto a gente puder".
A artista Carol Aniceto disse que a campanha é um direito de
resposta aos atos de intolerância praticados no país. "A intenção é manter
o legado de Marielle e dar uma resposta aos fascistas que, de maneira
desrespeitosa, troglodita e antidemocrática, quebraram a placa em homenagem a
ela."
A pesquisadora da Fiocruz aposentada Fernanda Carneiro não
conseguiu uma placa, mas fez questão de comparecer à homenagem. "Eu soube
pelas redes sociais. Achei uma explosão, a Marielle é uma explosão de paz, onde
está a Marielle está todo mundo comovido, consternado e revoltado com o
desrespeito que está vingando no Brasil".
Edição: Maria Claudia
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