Deu no Prensa Latina
O ex-comandante do Exército
Brasileiro, general da reserva Eduardo Villas Bôas, confirmou a pressão militar
sobre o Supremo Tribunal Federal para prender o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva e suspender sua participação nas eleições de 2018.
O ex-oficial fez a revelação
durante entrevista com o pesquisador Celso de Castro para o livro 'General
Villas Bôas: Conversa com o Comandante', publicado recentemente pela Fundação
Getúlio Vargas.
Segundo o ex-general, as
publicações feitas por ele na rede social Twitter, às vésperas do julgamento de
habeas corpus de Lula, em 2018, foram articuladas entre o alto-comando militar
e o Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir que o ex-líder operário apelar
em liberdade e disputar as eleições desse ano.
Ele reconhece em seu livro que a
libertação do ex-governante na época era 'um risco para a institucionalidade do
país' e aponta para a grande possibilidade de uma intervenção militar caso esse
benefício tivesse sido concedido.
Um dia antes da audiência do
tribunal superior, o então comandante do Exército dos governos de Dilma
Rousseff e Michel Temer divulgou no Twitter que a instituição valorizava o
respeito à Constituição, a paz social e a democracia, e compartilhava os votos
de bons cidadãos e impunidade repudiada.
Tal mensagem na época foi
interpretada, principalmente pelo Partido dos Trabalhadores (PT), como pressão
sobre o STF.
O então ministro supremo, Celso
de Mello, disse que um comentário feito por uma 'fonte altíssima' violava o
princípio da separação de poderes.
Villas Bôas afirma que duas
motivações levaram o alto-comando do Exército a adotar a ofensiva: uma foi
evitar possíveis distúrbios sociais, face ao aumento das demandas, por uma
intervenção militar.
O ex-general revela ainda que foi
sob seu comando que os militares voltaram a se envolver na política e foi
buscado um candidato que, nas eleições presidenciais de 2018, pudesse derrotar
a esquerda, representada pelo PT de Lula.
Ele admite que o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro foi a opção viável para derrotar a esquerda há três anos e que os uniformizados tiveram um papel de liderança na política nacional.
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