Entrou no cangaço para ganhar uns “cobres", e, na madrugada do tiroteio em angico, foi buscar o leite....!
Fonte: A Noite ( edição ..14/11/ 1938 ) Transcrição de Ivanildo Silveira
Cobra Verde tem apenas 21 anos de idade , segundo nos declarou. Há dois anos e 10 meses que é cangaceiro. Natural de Piranhas-AL, fazia parte do grupo de ‘Moreno’. O primeiro combate que teve foi no povoado Navio, com a força do sargento ‘Negrinho’.
Perguntamos a ele por que abandonou a vida pacata da cidade para viver como bicho na caatinga, ao que ele respondeu, em sua própria linguagem : “
"Eu era operário da Fábrica da Pedra [Delmiro Gouveia, AL] e ganhava de dez a quatorze mil réis por semana . Era um aperreio para mim, rapaz novo e que queria viver limpo como os outros . Era muito injustiçado na vida. Por isso resolvi ser bandido para ver se arranja uns cobres. Achei boa a vida. Cheguei a possuir dois contos de réis, fora o 'ouro'".
Conta que nunca maltratou alguém, e que vivia no cangaço só para arranjar “ uns cobres “. Disse que fez diversos saques, alguns com Luiz Pedro. No último apresentou aos bandidos, apenas nove contos de réis, escondendo o resto. O chefe era muito bom , mas era muito sabido.
Declarou-nos, ainda, que esteve no Combate de Angico (quando morreu Lampião ). Não dentro do cerco, mas fora porque fora buscar leite muito cedo para a tropa, a mandado do Capitão. Quando foi chegando no coito viu a bagaceira (tiroteio ) de longe, saiu correndo para a Fazenda Cuiabá onde encontrou Balão e outros que, igualmente, haviam fugido do tiroteio.
O Grupo – continua - era composto de 42 homens e 7 mulheres. Com a morte de Lampião esfacelou-se o cangaceirismo no nordeste , porque era o “ chefe” que fornecia e dava ordens a todos os grupos de cangaceiros.
O desejo de Cobra Verde é trabalhar honestamente. Não quer voltar para o sertão.
Certificado de reservista do exército de Cobra Verde.
Créditos Ciro Barbosa , grupo Viva Piranhas (Facebook).
OBS: Foto de Cobra Verde (autor desconhecido) por ocasião das entregas dos cangaceiros à polícia. Ano: 1938 no Quartel da polícia em Santana do Ipanema-AL.
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