-APRESENTADO A COMARCA PARA O MUNDO E O MUNDO PARA A COMARCA

TEMOS O APOIO DE INFOMANIA SOLUÇÕES EM INFORMÁTICA Fones 9-9986-1218 - 3432-1208 - AUTO-MECÂNICA IDEAL FONE 3432-1791 - 9-9916-5789 - 9-9853-1862 - NOVA ÓTICA Fone (44) 3432-2305 Cel (44) 9-8817-4769 Av. Londrina, 935 - Nova Londrina/PR - VOCÊ É BONITA? VENHA SER A PRÓXIMA BELA DA SEMANA - Já passaram por aqui: Márjorye Nascimento - KAMILA COSTA - HELOIZA CANDIDO - JAINY SILVA - MARIANY STEFANY - SAMIRA ETTORE CABRAL - CARLA LETICIA - FLAVIA JORDANI - VIVANE RODRIGUES - LETICIA PIVA - GEOVANNA LIMA - NAIELY RAYSSA - BIANCA LIMA - VITÓRIA SOUZA - KAROLAINE SOUZA - JESSICA LAIANE - VIVIANE RODRIGUES - LETICIA LIMA - MILANE SANTOS - CATY SAMPAIO - YSABELY MEGA - LARISSA SANTANA - RAYLLA CHRISTINA - THELMA SANTOS - ALYNE FERNANDES - ALESSA LOPES - JOYCE DOMINGUES - LAIS BARBOSA PARRA - LÉINHA TEIXEIRA - LARISA GABRIELLY - BEATRIZ FERNANDES - ALINE FERNANDA - VIVIANE GONÇALVES - MICAELA CRISTINA - MONICA OLIVEIRA- SUELEN SLAVIERO - ROSIMARA BARBOSA - CAMILA ALVES - LAIZA CARLA SANTOS - IZADORA SOARES - NATHÁLIA TIETZ - AMANDA SANTOS - JAQUELINE ACOSTA - NAJLA ANTONZUK - NATYELI NEVES - LARISSA GARCIA - SUZANA NICOLINI - ANNA FLÁVIA - LUANA MAÍSA - MILENA AMÂNCIO - LAURA SALVATE - IASMYN GOMES - FRANCIELLY KOGLER - LIDIANE TRAVASSOS - PATTY NAYRIANE - ELLYN FONSECA - BEATRIZ MENDONÇA - TAYSA SILVA - MARIELLA PAOLA - MARY FERNANDES - DANIELLE MEIRA - *Thays e Thamirys - ELLEN SOARES - DARLENE SOARES - MILENA RILANI - ISTEFANY GARCIA - ARYY SILVA - ARIANE SILVA - MAYARA TEIXEIRA - MAYARA TAKATA - PAOLA ALVES - MORGANA VIOLIM - MAIQUELE VITALINO - BRENDA PIVA - ESTEFANNY CUSTÓDIO - ELENI FERREIRA - GIOVANA LIMA - GIOVANA NICOLINI - EVELLIN MARIA - LOHAINNE GONÇALVES - FRANCIELE ALMEIDA - LOANA XAVIER - JOSIANE MEDEIROS - GABRIELA CRUZ- KARINA SPOTTI - TÂNIA OLIVEIRA - RENATA LETÍCIA - TALITA FERNANDA - JADE CAROLINA - TAYNÁ MEDEIROS - BEATRIZ FONTES - LETYCIA MEDEIROS - MARYANA FREITAS - THAYLA BUGADÃO NAVARRO - LETÍCIA MENEGUETTI - STEFANI ALVES - CINDEL LIBERATO - RAFA REIS - BEATRYZ PECINI - IZABELLY PECINI - THAIS BARBOSA - MICHELE CECCATTO - JOICE MARIANO - LOREN ZAGATI - GRAISELE BERNUSSO - RAFAELA RAYSSA - LUUH XAVIER - SARAH CRISTINA - YANNA LEAL - LAURA ARAÚJO TROIAN - GIOVANNA MONTEIRO DA SILVA - PRISCILLA MARTINS RIL - GABRIELLA MENEGUETTI JASPER - MARIA HELLOISA VIDAL SAMPAIO - HELOÍSA MONTE - DAYARA GEOVANA - ADRIANA SANTOS - EDILAINE VAZ - THAYS FERNANDA - CAMILA COSTA - JULIANA BONFIM - MILENA LIMA - DYOVANA PEREZ - JULIANA SOUZA - JESSICA BORÉGIO - JHENIFER GARBELINI - DAYARA CALHEIROS - ALINE PEREIRA - ISABELA AGUIRRE - ANDRÉIA PEREIRA - MILLA RUAS - MARIA FERNANDA COCULO - FRANCIELLE OLIVEIRA - DEBORA RIBAS - CIRLENE BARBERO - BIA SLAVIERO - SYNTHIA GEHRING - JULIANE VIEIRA - DUDA MARTINS - GISELI RUAS - DÉBORA BÁLICO - JUUH XAVIER - POLLY SANTOS - BRUNA MODESTO - GIOVANA LIMA - VICTÓRIA RONCHI - THANYA SILVEIRA - ALÉKSIA LAUREN - DHENISY BARBOSA - POLIANA SENSON - LAURA TRIZZ - FRANCIELLY CORDEIRO - LUANA NAVARRO - RHAYRA RODRIGUES - LARISSA PASCHOALLETO - ALLANA BEATRIZ - WANDERLÉIA TEIXEIRA CAMPOS - BRUNA DONATO - VERÔNICA FREITAS - SIBELY MARTELLO - MARCELA PIMENTEL - SILVIA COSTA - JHENIFER TRIZE - LETÍCIA CARLA -FERNANDA MORETTI - DANIELA SILVA - NATY MARTINS - NAYARA RODRIGUES - STEPHANY CALDEIRA - VITÓRIA CEZERINO - TAMIRES FONTES - ARIANE ROSSIN - ARIANNY PATRICIA - SIMONE RAIANE - ALÉXIA ALENCAR - VANESSA SOUZA - DAYANI CRISTINA - TAYNARA VIANNA - PRISCILA GEIZA - PATRÍCIA BUENO - ISABELA ROMAN - RARYSSA EVARISTO - MILEIDE MARTINS - RENATHA SOLOVIOFF - BEATRIZ DOURADO - NATALIA LISBOA - ADRIANA DIAS - SOLANGE FREITAS - LUANA RIBEIRO - YARA ROCHA - IDAMARA IASKIO - CAMILA XAVIER - BIA VIEIRA - JESSICA RODRIGUES - AMANDA GABRIELLI - BARBARA OLIVEIRA - VITORIA NERES - JAQUE SANTOS - KATIA LIMA - ARIELA LIMA - MARIA FERNANDA FRANCISQUETI - LARA E LARISSA RAVÃ MATARUCO - THATY ALVES - RAFAELA VICENTIN - ESTELLA CHIAMULERA - KATHY LOPES - LETICIA CAVALCANTE PISCITELI - VANUSA SANTOS - ROSIANE BARILLE - NATHÁLIA SORRILHA - LILA LOPES - PRISCILA LUKA - SAMARA ALVES - JANIELLY BOTA - ELAINE LEITE CAVALCANTE - INGRID ZAMPOLLO - DEBORA MANGANELLI - MARYHANNE MAZZOTTI - ROSANI GUEDES - JOICE RUMACHELLA - DAIANA DELVECHIO - KAREN GONGORA - FERNANDA HENRIQUE - KAROLAYNE NEVES TOMAS - KAHENA CHIAMULERA - MACLAINE SILVÉRIO BRANDÃO - IRENE MARY - GABRIELLA AZEVEDO - LUANA TALARICO - LARISSA TALARICO - ISA MARIANO - LEIDIANE CARDOSO - TAMIRES MONÇÃO - ALANA ISABEL - THALIA COSTA - ISABELLA PATRICIO - VICTHORIA AMARAL - BRUNA LIMA - ROSIANE SANTOS - LUANA STEINER - SIMONE OLIVEIRA CUSTÓDIO - MARIELLE DE SÁ - GISLAINE REGINA - DÉBORA ALMEIDA - KIMBERLY SANTOS - ISADORA BORGHI - JULIANA GESLIN - BRUNA SOARES - POLIANA PAZ BALIEIRO - GABRIELA ALVES - MAYME SLAVIERO - GABRIELA GEHRING - LUANA ANTUNES - KETELEN DAIANA - PAOLLA NOGUEIRA - POLIANY FERREIRA DOS ANOS - LUANA DE MORAES - EDILAINE TORRES - DANIELI SCOTTA - JORDANA HADDAD - WINY GONSALVES - THAÍSLA NEVES - ÉRICA LIMA CABRAL - ALEXIA BECKER - RAFAELA MANGANELLI - CAROL LUCENA - KLAU PALAGANO - ELISANDRA TORRES - WALLINA MAIA - JOYCE SAMARA - BIANCA GARCIA - SUELEN CAROLINE - DANIELLE MANGANELLI - FERNANDA HARUE - YARA ALMEIDA - MAYARA FREITAS - PRISCILLA PALMA - LAHOANA MOARAES - FHYAMA REIS - KAMILA PASQUINI - SANDY RIBEIRO - MAPHOLE MENENGOLO - TAYNARA GABELINI - DEBORA MARRETA - JESSICA LAIANE - BEATRIS LOUREIRO - RAFA GEHRING - JOCASTA THAIS - AMANDA BIA - VIVIAN BUBLITZ - THAIS BOITO - SAMIA LOPES - BRUNA PALMA - ALINE MILLER - CLEMER COSTA - LUIZA DANIARA – ANA CLAUDIA PICHITELLI – CAMILA BISSONI – ERICA SANTANA - KAROL SOARES - NATALIA CECOTE - MAYARA DOURADO - LUANA COSTA - ANA LUIZA VEIT - CRIS LAZARINI - LARISSA SORRILHA - ROBERTA CARMO - IULY MOTA - KAMILA ALVES - LOISLENE CRISTINA - THAIS THAINÁ - PAMELA LOPES - ISABELI ROSINSKI - GABRIELA SLAVIERO - LIARA CAIRES - FLÁVIA OLIVEIRA - GRAZI MOREIRA - JESSICA SABRINNI - RENATA SILVA -SABRINA SCHERER - AMANDA NATALIÊ - JESSICA LAVRATE - ANA PAULA WESTERKAMP- RENATA DANIELI - GISELLY RUIZ - ENDIARA RIZZO - *DAIANY E DHENISY BARBOSA - KETLY MILLENA - MICHELLE ENUMO - ISADORA GIMENES - GABRIELA DARIENSO - MILENA PILEGI - TAMIRES ONISHI - EVELIN FEROLDI - ELISANGELA SILVA - PAULA FONTANA CAVAZIM - ANNE DAL PRÁ - POLLIANA OGIBOWISKI - CAMILA MELLO - PATRICIA LAURENTINO - FLOR CAPELOSSI - TAMIRES PICCOLI - KATIELLY DA MATTA - BIANCA DONATO - CATIELE XAVIER - JACKELINE MARQUES - CAROL MAZZOTTI - DANDHARA JORDANA - BRENDA GREGÓRIO - DUDA LOPES - MILENA GUILHEN - MAYARA GREGÓRIO - BRUNA BOITO - BETHÂNIA PEREIRA - ARIELLI SCARPINI - CAROL VAZ - GISELY TIEMY -THAIS BISSONI - MARIANA OLIVEIRA - GABRIELA BOITO - LEYLLA NASCIMENTO - JULIANA LUCENA- KRISTAL ZILIO - RAFAELA HERRERA - THAYANA CRISTINA VAZ - TATIANE MONGELESKI - NAYARA KIMURA - HEGILLY CORREIA MIILLER - FRANCIELI DE SANTI - PAULA MARUCHI FÁVERO - THAÍS CAROLINY - IASMIM PAIVA - ALYNE SLAVIERO - ISABELLA MELQUÍADES - ISABELA PICOLLI - AMANDA MENDES - LARISSA RAYRA - FERNANDA BOITO - EMILLY IZA - BIA MAZZOTTI - LETICIA PAIVA - PAOLA SLAVIERO - DAIANA PISCITELLE - ANGELINA BOITO - TALITA SANTOS Estamos ha 07 anos no ar - Mais de 700 acessos por dia, mais de um milhão de visualizações - http://mateusbrandodesouza.blogspot.com.br/- Obrigado por estar aqui, continue com a gente

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

De alvo de racismo a "manual do rap brasileiro": livro celebra "Sobrevivendo no Inferno"

Disco dos Racionais Mcs completa 24 anos e ganha publicação que analisa os discursos, estéticas e consequências da obra


Capa de "Sobrevivendo no Inferno" - Foto: Divulgação

Em 1997, os Racionais MC’s estavam às portas de celebrar uma década de existência, algo raro no rap nacional. Após três anos sem lançar um disco, o grupo apresentou o LP Sobrevivendo no Inferno. Hoje, 24 anos depois, não há dúvida de que se trata de uma obra iconográfica da música brasileira.

Embora o sentimento seja amplo, a afirmação é do pesquisador Arthur Dantas Rocha, que acaba de publicar o livro Racionais MC`s: Sobrevivendo no inferno pela coleção O Livro do Disco da editora Cobogó.

“É um disco paradigmático, ele tem um peso que permanece no rap nacional. As gerações coladas a esse disco ficaram reféns desse jeito de se dizer as coisas, de uma estética, enfim, era um manual de como o rap deveria ser feito no Brasil”, afirma o escritor.

Antes do reconhecimento, porém, o grupo teve que enfrentar o preconceito na divulgação do trabalho. "Não tenho medo algum de dizer que o comportamento dos jornalistas com os Racionais e com o disco, era racista. Eles não sabiam como lidar e nem conseguiam achar um lugar para colocar essa música dentro da cultura brasileira. Os Racionais provocaram um curto-circuito na cabeça da crítica cultural daquela época", ressalta Dantas.

Em 2007, a revista Rolling Stone elaborou uma lista com os maiores discos brasileiros de todos os tempos.  Sobrevivendo no Inferno figura na 14ª posição, ladeado por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Novos Baianos, entre outros. Em 2015, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), em viagem oficial ao Vaticano, presenteou o Papa Francisco com o disco.

Produzido de forma independente, pelo próprio grupo, Sobrevivendo no Inferno chegou rapidamente ao sucesso, alavancado pela MTV, que passou a divulgar o videoclipe da música Diário de um Detento, um clássico do rap nacional que figura nesse disco.

Confira a entrevista com Arthur Dantas Rocha na íntegra:

Brasil de Fato: Por que o Sobrevivendo no Inferno? Existe essa disputa, entre fãs do grupo, se o melhor disco seria Sobrevivendo no Inferno ou Nada Como um Dia Após o Outro Dia.

Arthur Dantas Rocha: Os dois coordenadores da coleção que decidiram o livro. O meu disco preferido era o Nada Como Um Dia Após o Outro Dia. Mas nós estamos falando de dois discos que são marcos na história da música brasileira, são enormes.

Em alguns momentos você fala sobre a tese de que este seria o disco evangélico dos Racionais. Me pareceu que te incomoda essa possibilidade. Estou errado? Ao fim e ao cabo, você defende ou ataca essa ideia?

Eu já tive discussões longas sobre se seria esse um disco evangélico, tenho amigos que são evangélicos que batem muito nessa tecla. Tem um cara, o MC Empada, que pegou o disco inteiro e comparou com passagens da Bíblia. Obviamente, o disco tem elementos evangélicos, mas tem elementos católicos e do candomblé.

Em Jorge da Capadócia, do Jorge Ben, eles fazem uma interferência, com uma saudação que remete ao candomblé, “Ogunhê”. Então, esse disco tem uma religiosidade mais complexa do que apenas evangélica. É uma religiosidade que tenta dar conta das contradições e dos dilemas de uma pessoa que vive na periferia.


Racionais MCs, grupo formado por Mano Brown, Edi Rock, KL Jay e Ice Blue / Foto: Divulgação

Esse é o disco que faz o rap ser levado a sério? Você fala desse olhar de exotificação que a imprensa, principalmente a crítica cultural, tinha sobre a periferia. Essa perspectiva, que separa a arte por sua posição no mapa da cidade, é rompida com o disco?

A relação que eles tiveram com a imprensa foi bem racista. Eu não tenho medo algum de dizer que o comportamento dos jornalistas com os Racionais e com o disco, era racista. Eles não sabiam como lidar e nem conseguiam achar um lugar para colocar essa música dentro da cultura brasileira.

Os Racionais provocaram um curto-circuito na cabeça da crítica cultural daquela época. Talvez tenha tocado rap brasileiro na MTV, antes de Sobrevivendo no Inferno, mas a grande febre foi provocada pelos Racionais, foi muito impactante o lançamento do clipe de Diário de um Detento. Foi avassalador. Mas exceção a Caros Amigos e Notícias Populares, os outros meios de comunicação eram racistas, quando tratavam do rap.

Você fala sobre a falta de cordialidade, um mito brasileiro, no disco dos Racionais. Achei interessante você trazer essa perspectiva. Mas ela serve para o rap nacional, não?

É um disco paradigmático, ele tem um peso que permanece no rap nacional. As gerações coladas a esse disco, ficaram reféns desse jeito de se dizer as coisas, de uma estética, enfim, era um manual de como o rap deveria ser feito no Brasil. Isso acontece até hoje.

Agora, eu particularmente, acho que o rap tem que ser o que ele quiser ser, sem fórmulas, um gênero que deve dizer que o quiser. Há um olhar enviesado, principalmente quando pensamos de enfrentamento ao racismo, que é muito influenciado por esse disco. Havia outros grupos que nessa época já falavam de racismo em suas letras, mas Racionais tinham um peso maior com o povo brasileiro. Quando vamos qualificar essa questão sobre o combate ao racismo no rap nacional, o Sobrevivendo no Inferno é fundamental.

Diário de Um Detento é uma música especial. Se hoje, ainda, é difícil colocar em perspectiva que a tragédia do Massacre do Carandiru foi um brutal ataque aos direitos humanos, independente de quem são as vítimas para você ou para mim, 111 pessoas morreram, imagina cinco após o episódio, em 1997. É a música mais relevante daquele disco?

Esse disco é revolucionário, não? Eu confesso que minha predileção naquele disco alterna, mas Diário de um Detento é, de fato, uma música fantástica. Em qualquer relação das 20 maiores músicas da história do rap nacional, Diário de um Detento entra.

Por mais que nossas predileções escapem para uma música ou outra, dependendo da fase que estamos vivendo, essa música é o marco do disco e eles [Racionais] também pensavam assim, tanto que escolheram ela para que fosse o primeiro clipe das canções do disco. Eles tinham a dimensão que essa música era incontornável, é a música mais poderosa daquele disco.

Muita gente divide o rap nacional em antes e depois de Sobrevivendo no Inferno. A influência do disco é mais na estética proposta, no discurso ou há elementos técnicos que o tornam uma referência histórica?

Eu concordo que é um marco e vou além, determina um antes e um depois para os Racionais também. Se você pegar o Raio-X do Brasil, que é um disco incrível, e pegar o Sobrevivendo no Inferno, parecem dois grupos diferentes. A persona do Brown, na abertura da música Capítulo 4, Versículo 3, que ele já vem estourando. O mesmo Brown no disco anterior não atuava dessa forma.

Eu entendo quando as pessoas falam que esse disco determina um antes e um depois no rap nacional, porque ele coloca a exigência para a produção desse estilo em um nível muito alto. Para fazer rap, depois do Sobrevivendo no Inferno, determinava um saber técnico que talvez estivesse aquém, até então, no cenário nacional.

Os samples são trabalhados de forma toda especial, puta maestria, que também era pouco comum no rap brasileiro. Esse é, também, o primeiro disco dos Racionais na gravadora própria deles, sem ter que responder para ninguém. Além disso, e não pouca coisa, eles tinham o melhor e o segundo melhor MC do país, Mano Brown e Edi Rock, e o Ice Blue, que é um intérprete violento. Por fim, um DJ que está entre os maiores do mundo. Essa seleção vivendo no mesmo tempo é uma dádiva, no mesmo grupo ainda, é um acaso maravilhoso.

Onde você vê, disco ou artista, maior influência desse discurso imposto pelos Racionais em Sobrevivendo no Inferno?

Dexter é o maior herdeiro do Sobrevivendo no Inferno, foi quem bebeu melhor nessa fonte, e foi além. Com certeza o Dexter, que é um artista que não fica apenas nisso, é um cara superimportante para o rap, foi além dessa referência. O Crônica Mendes também, ele tem uma lírica que é bem influenciada pelo disco. Mas ele também não fica apenas nisso. Mas são nomes que eu lembro agora, de rappers que souberam trabalhar esse legado.

Edição: Leandro Melito

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...