Apesar de amargar recorde de impopularidade, com 82,5% de
rejeição, e gerar mais de 13 milhões de desempregados, em artigo publicado no
jornal Folha de S. Paulo, Michel Temer disse que em dois anos foi melhor que
seus antecessores e que conseguiu recuperar a economia.
"O Brasil e os brasileiros têm escolha fundamental a
fazer neste ano; continuar no caminho certo, com resultados reais, ou buscar
alternativas que podem gerar insegurança", afirma o ilegítimo em artigo
publicado nesta terça-feira (15). Ele diz que conseguiu recuperar a economia do
país, aumentar o PIB, aprovar reformas e trocar “as pedaladas” por
"responsabilidade fiscal”.
Temer abre o seu artigo falando da Petrobras, que durante o
ano de 2016 já era o principal alvo das investigações da Lava Jato, levando a
um quadro de desmonte da indústria de petróleo e gás, com fechamento de
empresas. Temer utiliza aquela situação fática para dizer que ele valorizou a
empresa, que na época valia R$ 67 bilhões e que agora voltou ao posto de
empresa mais valiosa do Brasil.
Temer ainda afirma que em dois anos recuperou "o Banco
do Brasil, os Correios, a Caixa Econômica Federal". O que o governo tem
feito é a chamada reestruturação, que está levando as instituições ao
sucateamento, com demissões de centenas de trabalhadores e o corte de
investimentos.
Somente no Banco do Brasil, a "restruturação" nas
agências bancárias de todo país pretende cortar 1.200 cargos de caixa do Banco
do Brasil. Além disso, o Banco do Brasil e a Caixa, que são as maiores
instituições bancárias do país em oferta de crédito imobiliário, estão mudando
seu campo de atuação, reduzindo este tipo de operação.
No caso do BNDES, sob a gestão Temer reduziu-se de R$ 50
para R$ 19 bilhões as linhas voltadas para inovação, máquinas e equipamentos,
bens de capital, exportação pré-embarque e projetos transformadores. O banco é
uma das instituições mais importantes no aquecimento da economia e instrumento
de financiamento da indústria.
“Os resultados são incontestáveis em todas as áreas: a menor
inflação da história do Plano Real, as menores taxas de juros de nossa
história, os dois maiores superávits comerciais, duas safras agrícolas
recordes, o maior número de títulos de propriedade (mais de 200 mil), agrária
ou urbana, já distribuídos”, escreve Temer.
Mas segundo especialistas, as baixas taxas inflacionárias
estão longe de representar sucesso da política econômica de Temer. De acordo
com boletim de conjuntura do Dieese “não há nenhum indicador econômico que
aponte para algo positivo".
Segundo o boletim, a taxa de inflação inferior à meta
estipulada pelo governo é consequência direta de uma das mais drásticas
depressões da história do país, que fez com que o PIB acumulasse uma queda de
quase 7% entre 2015 e 2016. O "crescimento" alardeado por Temer é na
verdade a estagnação da economia, já que o índice foi de apenas 1% em 2017, e a
perspectiva é de que a economia continue estagnada este ano.
Além disso, apesar da taxa de juros Selic ter caído, a taxa
de juros real (acima da inflação) ainda é muito alta, sem contar a taxas de
juros para crédito de pessoa física oferecidas pelos bancos que continua na
lua, elevando os lucros recordes dos bancos.
O "crescimento da economia" dito por Temer não vem
acompanhado de geração de emprego. Atualmente, o Brasil tem 13,7 milhões de
desempregados, 10,8 milhões de trabalhadores sem carteira assinada e outros
23,1 milhões que trabalham por conta própria e dependem do aquecimento da
economia para sobreviver.
A responsabilidade fiscal de Temer não encontro
justificativa diante do aumento da dívida pública, que pulou de 39% do PIB em
2016 para 52%. A dita "responsabilidade" é na verdade o corte dos
investimentos públicos com a imposição da Emenda 95, do Teto dos Gastos, que
congelou os investimentos com saúde, educação, benefícios previdenciários e
investimentos públicos.
Segundo o presidente, a gestão também foi responsável por
superar “todos os governos anteriores” ao criar a maior quantidade de unidades
de conservação por km² e também a “maior reserva marinha do mundo”.
Piada pronta
O convite da cerimônia comemorativa organizada pelo Planalto
tinha como slogan “O Brasil voltou, 20 anos em 2”. A frase, plagiada do
programa de governo de Juscelino Kubitschek (50 anos em 5), se transformou em
piada por conta da interpretação ambígua da frase que, diante dos número do
governo e da rejeição popular, o efeito é negativo. Resultado, o governo foi
obrigado a desistir e utilizar outro nome para a comemoração: “Maio/2016 –
Maio/2018: O Brasil Voltou”.
"Sobre como transformar uma mentira em uma verdade
retirando uma vírgula", comentou a pré-candidata do PCdoB, Manuela
D´Ávila, em sua página nas redes sociais.
"Brasil voltou para aonde? E rápido assim? Slogan de um
governo senil", postou no Twitter o jornalista e escritor Marcelo Rubens
Paiva.
"Se tirar a vírgula o slogan fica perfeito. Temer é o
timoneiro do maior retrocesso já visto neste país", enfatizou o senador
Lindbergh Farias (PT-RJ).
"Num tempo em que a pontuação é ignorada nas redes
sociais, um gênio fez o seguinte slogan para o governo Temer: "O Brasil
voltou, 20 anos em 2". Se tirar a vírgula, a piada tá pronta",
escreveu o jornalista Kennedy Alencar.
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