Quarto Estado mais rico do país e sede da Lava-Jato supera
Estados do Norte e Nordeste em pontos vulneráveis à exploração sexual de
crianças e adolescentes.
BLOCO DE RUA CONTRA A EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES NO CARNAVAL 2017 EM SÃO PAULO. FOTO: ROVENA ROSA/AGÊNCIA BRASIL
|
Estado mais conservador do país e sede da Lava-Jato, o
Paraná aparece no topo de um ranking elaborado pela Polícia Rodoviária Federal
em parceria com a Childhood Brasil com o maior número de pontos vulneráveis à
exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais. Dos 2.487
pontos identificados em todo o Brasil, 299 estão em território paranaense. É a
sétima vez que o Mapear é feito, e o Paraná subiu três posições desde o último
levantamento, no biênio 2013/2014, quando o Estado apareceu com 179 pontos, o
que representa um aumento de 40%. No país houve um aumento de 20% nos pontos de
prostituição infantil entre 2017 e 2018.
OS PONTOS DE VULNERABILIDADE POR ESTADO. FONTE: PROJETO MAPEAR |
Atualmente, a terra dos juízes e procuradores da Lava-Jato,
quarto Estado mais rico do país, supera os Estados do Norte e do Nordeste em
pontos vulneráveis à exploração sexual infantil e juvenil: está à frente do
Pará, que aparece na segunda posição, e do Ceará, que aparece na quarta. Além
de aparecer no topo dos Estados com mais pontos vulneráveis, o Paraná também
figura no Top 10 dos Estados do país com mais pontos críticos e com maior
número de denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. A
violência sexual contra crianças e adolescentes abrange abuso sexual, estupro,
exploração sexual, exploração sexual no turismo, grooming (aliciamento),
pornografia infantil, sexting (envio de conteúdo erótico por celular), entre
outros.
OS DEZ ESTADOS COM MAIOR NÚMERO DE PONTOS CRÍTICOS. FONTE: PROJETO MAPEAR |
Por região, o Nordeste é a que concentra maior número de
pontos vulneráveis: 644. É também é onde está a maior concentração de pontos
críticos: 156. Depois, estão o Sul (575 pontos), o Sudeste (468), o Norte (404)
e o Centro-Oeste (396). No caso da região Norte, houve um incremento expressivo
no número de pontos vulneráveis, que passou de 160 para 404. Em todo o país,
489 pontos foram considerados críticos, 653 de alto risco, 776 de médio risco e
569 de baixo risco.
Os pontos vulneráveis são os trechos das rodovias com risco
de ocorrer exploração, obtidos por um cruzamento de dados e entrevistas com
caminhoneiros, com indicativos como tipo de estabelecimento, iluminação,
vigilância, estacionamento isolado, circuito fechado de televisão, orelhão ou
telefone de fácil acesso, existência de tráfico de drogas, prostituição de
adultos, conivência dos funcionários, proximidade com casas noturnas,
proximidade com vilarejos, área urbana ou rural, posto fiscal ou porto e
distância de perímetro urbano.
Os critérios com maior peso são existência de prostituição
de adulto, a memória do policial de ter flagrado exploração sexual de criança e
adolescente no local, registro de tráfico/consumo de drogas nos últimos 24
meses e presença constante de crianças e adolescentes. Os postos de
combustíveis (940) são os principais pontos vulneráveis, já que quase todos
possuem pontos de alimentação (927), aumentando o risco de haver exploração.
Por isso, para os autores do estudo, os postos de
combustíveis nas rodovias devem ser os principais alvos das ações preventivas e
de conscientização governamentais e não governamentais, uma vez que reúnem
grande concentração de motoristas e transeuntes, que ali procuram os mais
variados tipos de prestação de serviços. Dos 489 pontos considerados críticos
no país, 224 estão vinculados a postos, ou 45,8% do total. Para o levantamento
2017/2018, um policial de cada regional da PRF foi especialmente treinado e se
tornou multiplicador, criando grupos pelo whatsapp para dirimir dúvidas de policiais
rodoviários federais do país.
De acordo com o presidente da Comissão Nacional de Direitos
Humanos da PRF, Igor de Carvalho Ramos, o aumento também se deve à ampliação da
fiscalização, não necessariamente à da exploração. “Nós achamos que esses
pontos já existiam, mas nos últimos anos a gente trabalhou muito na capacitação
de policiais e passamos a usar um aplicativo de smartphone que facilita muito o
monitoramento”, explica.
A PRF do Paraná declarou à Folha de Londrina que o aumento
nos pontos vulneráveis no Estado “ocorreu em outros 17 Estados e se deu pelo
maior engajamento das superintendências regionais em mapear, de forma mais
eficiente, os pontos informados no relatório”.
Com informações da Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário