Fabricante de bonecas incluiu a artista mexicana como
"modelo a seguir" para criancinhas, mas fez questão de omitir seu
ativismo político.
A boneca Barbie, sucesso entre as crianças há 58 anos e
odiada pelas feministas por ser fútil e ter um corpo bulímico, inatingível, vem
mudando nos últimos anos. Agora tem Barbie para todos os gostos: negra,
oriental, muçulmana, morena, com cabelos cacheados, crespos… Até uma Barbie
baixinha e gordinha (ou melhor, “curvilínea”) já inventaram. O que o mercado
não faz em busca de novos consumidores?
A novidade agora são as Barbies “inspiradoras”, modelos para
as meninas do século 21. Aproveitando o gancho do Dia Internacional da Mulher,
a Mattel acaba de lançar a campanha #MoreRoleModels, com bonecas criadas à
imagem e semelhança de mulheres que fizeram história, ontem e hoje. Tem a
campeã de snowboard norte-americana de origem coreana Chloe Kim, tem a diretora
de Mulher Maravilha, Patty Jenkins, a boxeadora britânica Nicola Adams Obe, a
aviadora Amelia Earhart, a chef francesa Hélène Darroze e a matemática
afro-americana Katherine Johnson, que trabalhou na NASA durante os primeiros
anos da “corrida espacial”.
E tem… Frida Kahlo. A artista mexicana está vestida com seu
traje tradicional de Oaxaca, o arranjo de flores no cabelo e o xale no ombro.
As sobrancelhas cerradas também estão lá. Só não há sinal do buço
característico da pintora. A Mattel também fez questão de omitir o histórico
político de Frida, que não só foi comunista a vida toda como morreu admirando o
líder soviético Josef Stalin, quando muita gente boa na esquerda já o tinha
abandonado.
“Artista, ativista e ícone feminista, Frida Kahlo continua a
ser um símbolo de força, originalidade e paixão. Ultrapassando obstáculos para
seguir seu sonho de ser pintora, Frida perseverou e ganhou reconhecimento por
seu estilo único. Com sua paleta vibrante e uma mistura de realismo e fantasia,
ela abordou importantes temas como identidade, classe e raça, fazendo sua voz
ser ouvida. Sua extraordinária vida e arte continua a influenciar e inspirar
outros a seguir seus sonhos e pintar suas próprias realidades”, diz o texto de
divulgação, em inglês. Nem uma palavrinha sobre o ativismo político que norteou
a vida da pintora.
Não deixa de ser bacana que Frida Kahlo, uma mulher
admirável sob todos os aspectos, vire modelo para criancinhas no lugar de
loiras aguadas, sem personalidade. O lado ruim é ver um ícone comunista mais
uma vez sendo explorado pelo capitalismo para ganhar dinheiro. Frida odiaria.
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