Brasil registra 1.222 novos casos de coronavírus, país é 8°
em taxa de letalidade, com 432 mortes pela doença.
“Estamos nos precavendo, já assumindo que a curva será rápida como na Itália”, declara secretário-executivo de Saúde, João Gabbardo dos Reis - Marcello Casal Jr/Agência Brasil |
Pamela Oliveira
Brasil de Fato | São Paulo (SP)
Neste sábado (4), em coletiva de imprensa sem a presença do
ministro Luiz Henrique Mandetta, o Ministério da Saúde divulgou os dados
atualizados da pandemia de coronavírus no Brasil. São 10.278 casos confirmados
e 432 mortes pela doença. O órgão informou que, nos próximos dias, haverá uma
mudança na fase epidêmica, com uma "aceleração descontrolada" dos
casos.
Nas últimas 24 horas, foram 1.222 novos casos, um aumento de
13% em relação ao dia anterior, e 73 mortes confirmadas. São 20% mais mortes do
que na sexta-feira (3). Segundo o boletim epidemiológico, das 360 mortes com
investigações concluídas, 67 pessoas não eram idosas e 76 não possuíam outra
doença, ou seja, estavam excluídas dos grupos de risco.
Apesar do aumento expressivo no número de casos e mortes, o
Ministério da Saúde não quis falar em cenários possíveis a longo prazo e
“torce” para que o Brasil “dê conta” das próximas fases. “A projeção é de 20% a
30% acima da base consolidada no dia anterior”, explicou o secretário-executivo
da Saúde, João Gabbardo dos Reis, que conduziu a coletiva.
Aceleração descontrolada
Conforme informou o Ministério da Saúde, nos próximos dias é
prevista uma mudança na fase epidêmica para quatro estados (São Paulo, Rio de
Janeiro, Ceará e Amazonas) e o Distrito Federal. “Nós já prevíamos desde o
início, pois são os estados em que há uma relação de viagens maior”, relatou
Gabbardo.
“Começamos a entrar numa fase de crescimento, de uma curva
íngreme de novos casos. Estamos numa transição da primeira frase, de
transmissão localizada, e percebendo que em alguns locais estamos na fase de
aceleração descontrolada, com um número muito maior de casos”, declarou o
secretário.
Segundo Gabbardo, a expectativa é que, com a chegada do
inverno, os estados da região Sul entrem na fase de aceleração descontrolada em
junho. “Neste momento, a preocupação é que a gente tenha a maior capacidade
possível de leitos de UTI, de equipamentos de proteção individual e de pessoas
para dar conta da demanda”, disse.
O secretário declarou ainda que tem dúvidas a respeito do
cenário que se apresenta para o Brasil nos próximos meses. “Se você me
perguntar se tudo isso vai dar conta, eu vou te responder: 'Há algum país que
conseguiu conter essa ‘pane’?'. E o Brasil não vai enfrentá-la? Vamos torcer
para que ela não aconteça.”
A perspectiva apresentada pelo Ministério de Saúde é de que
enfrentemos uma situação cada vez mais crítica pela convergência de doenças e
epidemias características desse período no país, como a dengue, a gripe e o
sarampo. Segundo Gabbardo, as “tensões acumuladas” devem “forçar muito” o
sistema de saúde nacional.
Avanço do coronavírus
Com o crescimento no número de casos, o Brasil superou a
Coréia do Sul e assumiu a 16° posição em número de infectados pela covid-19 no
mundo, que já chega a 1,8 milhão, segundo dados da Universidade John Hopkins.
Em relação à letalidade, com uma taxa nacional que saltou de 3,2% para 4,2% em
sete dias, o Brasil passa para a oitava posição entre as 181 nações atingidas
pelo vírus. No mundo, a taxa de letalidade média da doença é de 5,4%.
“Estamos nos precavendo, já assumindo que a curva será
rápida como na Itália”, apontou o secretário. No momento, a Itália está em
terceiro lugar em número de casos, com mais de 124 mil pessoas infectadas, mais
de 15 mil mortes e com uma taxa de letalidade superior a 12%.
Na visão do Ministério da Saúde, o isolamento social neste
momento deixa o Brasil em vantagem em relação a outros países no combate ao
coronavírus. Isso porque, segundo Gabbardo, o distanciamento evita que todas as
pessoas contraiam o vírus ao mesmo tempo, o que sobrecarregaria o sistema de
saúde. “O Brasil teve a sorte de poder se preparar da melhor maneira possível.
Talvez essa seja a grande diferença do que acontecerá em relação aos outros
países”, avaliou.
Edição: Camila Maciel
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