Mulheres são maioria no trabalho doméstico - Filipe
Castilhos/Sul21
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As mulheres são impactadas principalmente por estarem
ligadas ao trabalho doméstico e serviços de beleza. Já o trabalho informal
atinge mais negros e pardos do que brancos.
O quadro recessivo gerado pelo isolamento social atingiu
quase todos os setores da economia e trabalhadores. Mas grupos que ocupam,
historicamente, posições menos favoráveis no mercado de trabalho têm sido
impactados com maior intensidade, como é o caso das mulheres e da população
negra.
O canal de contágio da atual crise sobre o trabalho feminino
tem sido, principalmente, o trabalho doméstico, com muitas dessas trabalhadoras
– a maioria negras – sendo dispensadas por seus empregadores com pouca ou sem
remuneração.
As mulheres também são atingidas pelo modo como se inserem
no mundo do trabalho: elas ainda são minoria nos postos ligados à produção,
como a indústria, transportes e construção, atividades consideradas essenciais
nos decretos governamentais de isolamento social. Já entre os serviços não
essenciais estão os salões de beleza e estética – ocupados majoritariamente por
mulheres.
A população negra, por sua vez, tem sido afetada por compor
a maioria dos trabalhadores informais, que são os primeiros a serem demitidos
em momentos de crise. Além disso, eles são a maior parte dos brasileiros que
trabalham nos comércios de rua, como vendedores ambulantes, por exemplo, que
tiveram que ir para as suas casas com as medidas de confinamento.
A análise sobre como a pandemia impacta mulheres e negros,
com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
foi feita pelo Portal G1.
Trabalho doméstico
O trabalho doméstico, composto em maior número por mulheres,
é um dos principais canais de impacto no emprego feminino, no contexto da
pandemia.
O terceiro boletim da Rede de Pesquisa Solidária, coordenado
por Rogério Barbosa do CEM-USP, – “Covid-19: Políticas Públicas e as Respostas
da Sociedade”, – aponta que os trabalhadores domésticos foram os mais
impactados com as medidas de isolamento social, seguidos dos prestadores de
serviços pessoais de beleza.
Dados disponíveis de abril já captam uma parte importante
desse efeito: no trimestre móvel encerrado em abril, o Brasil sofreu a maior
perda de trabalhadores domésticos em nove anos. No período, 727 mil pessoas
deixaram de trabalhar nesse serviço, uma queda de 11,8% em relação ao período
imediatamente anterior. Para os sem carteira, a queda foi maior, de 12,6%,
segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD
Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Tem sido comum, durante o período de isolamento, relatos de
diaristas que foram dispensadas pelos patrões sem suporte financeiro ou que
estão vivendo com o pouco dinheiro pago por alguns deles.
“Essas mulheres acabam dependendo do voluntarismo do patrão,
sem poderem contar com uma política pública que as assegure”, diz Rogério.
A economista e professora da Unicamp Marilane Teixeira diz
que as mulheres representavam 92,4% das trabalhadoras domésticas no 4º
trimestre de 2019, das quais 73,2% não tinham registro em carteira.
Ela explica que esse recorte referente ao primeiro trimestre
de 2020 e até abril ainda não pôde ser calculado, mas que os números
disponíveis dão um retrato desse mercado no pré-pandemia e uma ideia de como as
mulheres, principalmente as mulheres negras, podem ter sido impactadas pelas
medidas de isolamento.
Serviços de beleza
Depois dos trabalhadores domésticos, o segmento mais afetado
pelo isolamento foram os serviços pessoais de beleza, segundo a pesquisa
coordenada por Rogério. Compostos em maior número por mulheres, esses serviços
foram considerados como “não essenciais” nos decretos governamentais de
isolamento social.
Em maio, o presidente Jair Bolsonaro chegou a incluir os
salões de beleza na categoria de “serviços essenciais”, porém governos de 17
estados se posicionaram e disseram que não iriam reabrir esses
estabelecimentos.
Vínculo informal
Já o impacto da atual crise sobre a população negra, seja
para os homens ou para as mulheres, se dá pela característica do vínculo
empregatício que muitos ocupam no mercado de trabalho. Segundo o último
informativo de Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil do IBGE, a
informalidade atinge 47,3% do total de pretos e pardos no Brasil, enquanto
entre os brancos, esse percentual é de 34,6%.
A maior vulnerabilidade dos trabalhadores informais já foi
sinalizada nos dados do trimestre encerrado em abril. Enquanto, no período, a
população ocupada total teve queda de 5,2%, entre os informais essa redução foi
de 9,7%. No total, foram 4,9 milhões de pessoas a menos na ocupação, das quais
3,7 milhões eram informais.
Fonte: G1
Via – Portal Vermelho
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