A médica Ceuci Nunes, diretora do Hospital Couto Maia, da Bahia, tem atuado diuturnamente no combate ao coronavírus. |
Ceucí Nune, diretora-geral do Icom, falou sobre os principais pontos da vacina contra Covid-19 em entrevista ao canal de comunicação da secretaria de Saúde da Bahia.
A vacina contra a Covid-19 é a
esperança para muita gente em voltar à normalidade, mesmo que parcialmente. Mas
nem todos estão confiantes nos imunizantes desenvolvidos em prazo recorde. Na
terça-feira (22), grupos foram às ruas sem máscara para protestar contra a
vacina. A médica infectologista Ceucí
Nune, diretora-geral do Instituto Couto Maia (Icom), comentou a importância da
vacina.
A médica alerta para as notícias
falsas circulando nas redes sociais e reforça o compromisso internacional pela
busca da cura. A velocidade com que os processos foram realizados não
prejudicou a eficácia e segurança do medicamento. Com a aprovação das vacinas
na fase 3 dos testes, o desafio é imunizar um grande número de pessoas para que
o vírus pare de circular. Para Ceucí, é preciso vacinar 80% da população.
“Não vamos ter medo da vacina, a
gente precisa ter medo da doença que está matando milhões de pessoas no mundo.
A vacina é a luz no fim do túnel. A gente precisa é pedir ao Ministério da
Saúde, aos governantes, que consigam vacinas, as mais diversas, para todos os
brasileiros”.
Confira a entrevista concedida ao portal da secretaria de Saúde da
Bahia:
Pelo menos cinco vacinas
diferentes foram desenvolvidas em prazo inferior a um ano. Essa velocidade
causa algum tipo de insegurança em relação à vacina e sua eficácia?
À primeira vista, a gente acha
que é um tempo pequeno demais. A vacina mais rápida que existiu foi a vacina da
Caxumba, que foi desenvolvida em quatro anos. Mas o que a gente está vivendo é
um novo momento da humanidade. É um momento em que tudo tem sido mais rápido. E
a Covid-19, por ser uma pandemia, ela também precisou que essa velocidade fosse
trazida para as vacinas, mas não ao custo da segurança e da eficácia, porque
vários testes foram feitos com milhares de pessoas ao redor do mundo, de cada
uma dessas vacinas que estão sendo colocadas e aprovadas pelas agências
reguladoras. Isso é uma coisa muito boa porque as agências são muito rígidas na
aprovação de vacinas.
A vacina funciona da mesma forma para todas as faixas etárias?
A gente não tem certeza disso
ainda. As vacinas não foram testadas em crianças. Elas foram feitas para
adultos, porque são as principais e as mais graves vítimas da Covid-19. Mas é
muito possível que elas também funcionem bem em crianças. As vacinas que a
gente tem até agora são reguladas. Elas são aprovadas para maiores de 18 anos.
Quem tem alergia pode tomar essas vacinas?
Quem tem alergia grave, chamada
de anafilaxia e conhecida popularmente como choque anafilático, pode tomar a
vacina, mas em locais apropriados para que sejam assistidas e tratadas, em caso
de reação alérgica. Um exemplo são as unidades hospitalares que têm um
pronto-atendimento.
No caso de quem apresentou reação alérgica, essa pessoa ainda está
imunizada?
A reação alérgica não impede a
imunização da pessoa. A reação alérgica tem que ser tratada na hora. O que foi
visto até agora são as reações alérgicas acontecendo em alguns casos e sendo
tratadas. Não foi registrada nenhuma morte por reação alérgica. E isso não
impede nenhum efeito da vacina.
Todas as vacinas necessitam de
ultrarrefrigeradores como os que estão sendo adquiridos pela Bahia?
A maioria das vacinas de Covid
está sendo desenvolvida para ser armazenada na mesma temperatura das outras
vacinas, que é de dois a oito graus centígrados. Duas dessas vacinas, as
vacinas de RNA, precisam ser armazenadas em freezers de – 70º, -80º
centígrados.
A Bahia tem preferência por
alguma das vacinas que estão sendo desenvolvidas?
A Bahia tem já um acordo assinado
com a Rússia, para a utilização da Sputnik. Mas qualquer vacina que o
Ministério da Saúde vá adquirir será utilizada na população brasileira e nos
baianos também.
Quais são as contraindicações
das vacinas contra a Covid?
As contraindicações das vacinas
são muito poucas. Por quê? Porque elas não são vacinas de organismos vivos,
como a gente tem outras vacinas no Brasil, como a febre amarela, sarampo, que
são contraindicadas em pessoas com imunodeficiência. As vacinas contra a Covid
não, [pois] elas são de micro-organismos inativados ou partículas de
micro-organismos. Então, as pessoas que têm alergia aos componentes da vacina é
que vão precisar ter um maior cuidado para utilizá-la.
Recentemente, o Reino Unido identificou uma mutação do vírus. As vacinas
desenvolvidas são eficazes mesmo com essa mutação?
Os dados preliminares mostram
que, mesmo com essa nova cepa do coronavírus, as vacinas são eficazes e
seguras. É claro que estudos ainda estão sendo implementados, mas tudo indica
que não vai afetar a vacina.
Qual a importância da vacina para a imunização em massa, e não só do
indivíduo? É importante que grande parte da sociedade seja imunizada?
Vacina não é uma questão
individual. É uma questão de proteção individual, mas principalmente de proteção
coletiva. Para que uma vacina seja eficaz, para que a vacina impeça mesmo um
grande número de casos, é preciso que cerca de 80 a 85% da população esteja
vacinada.
Qual a importância da vacina, ao longo da história, no controle das
grandes pandemias?
As vacinas são importantíssimas
no controle de doenças infecciosas, inclusive de pandemias. Por exemplo, a
H1N1, que a gente conseguiu controlar. A H1N1 ainda existe entre nós, mas numa
quantidade muito pequena de casos porque nós temos anualmente a vacina da
gripe, que contém também a Influenza H1N1. Isso é super importante. Nós já
conseguimos erradicar do mundo a varíola, erradicar da maior parte do mundo a
poliomielite, eliminar de diversos lugares o sarampo, e alcançamos uma redução
enorme da catapora. Então, a vacina é de uma importância imensa para a
humanidade. Inclusive é um dos quatro fatores que implicaram na sobrevida da
humanidade, que passou de 40 anos no início do século XX para quase 80 anos
agora.
Fonte: Secretaria de Saúde da Bahia
Via - Portal Vermelho
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