Entre 2016 e o terceiro trimestre de 2020, foram fechadas 1.058 agências, com encolhimento de 16% a 19% do banco enquanto número de clientes cresceu 15%.
Banco do Brasil - Foto: Marcelo Camargo/ABr |
No Portal Vermelho
O Banco do Brasil anunciou nesta
segunda-feira (11) o fechamento de 361 unidades e o lançamento de um programa
de demissão voluntária com expectativa de desligamento de 5 mil funcionários.
A estatal publicou as medidas
como fato relevante, ou seja, que pode afetar de maneira direta ou indireta os
acionistas e, portanto, de divulgação obrigatória segundo as normas da Comissão
de Valores Mobiliários (CVM). Das 361 unidades a serem fechadas, 7 são
escritórios, 112 agências e 242 postos de atendimento. O banco divulgou ainda a
intenção de transformar 243 agências em postos de atendimento e oito postos de
atendimento em escritórios.
Por fim, anunciou a criação de 28 unidades de negócios, 14 agências especializadas agro e 14 Escritórios Leve Digital (especializadas no atendimento de clientes com “maturidade digital”). O banco afirma que essas novas unidades serão criadas em espaços existentes, sem novas despesas com locação de imóveis.
Segundo o comunicado ao mercado, as
mudanças visam “reorganização da rede de atendimento” e “adequação ao novo
perfil e comportamento dos clientes”. A direção do BB alega que com as medidas
será possível economizar R$ 535 milhões em 2021 e R$ 2,7 bilhões até 2025.
Entidades de trabalhadores
reagiram ao anúncio, visto como mais uma etapa do desmonte das empresas
públicas no país. Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), as demissões
e fechamentos de unidades anunciadas para a estatal se somam à perda de 17.758
empregos e ao encerramento de 1.058 agências entre o ano de 2016 e o terceiro
trimestre de 2020, o que representa uma encolhimento de 16% a 19% do banco. No
mesmo período, no entanto, o número de clientes do Banco do Brasil cresceu 15%,
o equivalente a 9,4 milhões de pessoas.
Representantes destacam ainda a importância das agências físicas a despeito do processo de digitalização bancária, principalmente em cidades do interior e bairros populares. Além disso, as milhares de demissões sem reposição por concurso acarretarão sobrecarga para os funcionários.
O Banco do Brasil também
extinguiu a gratificação permanente da função de caixa. Segundo comunicado
interno, a função será executada e remunerada apenas em caráter eventual, o que
implicará em redução salarial para os funcionários.
“Ao fechar agências e priorizando
o atendimento eletrônico, o Banco do Brasil impede o acesso dos mais idosos e
dos que têm baixa escolaridade, não familiarizados com o método, e até mesmo os
micro e pequenos empresários, donos de bares, restaurantes e pequenos
supermercados que ainda utilizam os caixas do BB para o depósito de malotes de
dinheiro. Quem conta esse dinheiro é o bancário que trabalha no caixa”, alerta
João Fukunaga, secretário de assuntos jurídicos do Sindicato dos Bancários de
São Paulo e funcionário do Banco do Brasil.
Em nota, o Sindicato dos Bancários do Distrito Federal afirmou que o fechamento de agências “deve impactar a prestação de serviços nos municípios e, por consequência, a retomada econômica de que o Brasil tanto precisa”. Criticou ainda a perspectiva de desligamento de 5 mil funcionários sem previsão de novas contratações.
O anúncio também foi criticado
por Augusto Vasconcelos (PCdoB-BA), vereador da cidade de Salvador e presidente
do Sindicato dos Bancários da Bahia. “Desde o início do seu mandato, Bolsonaro
ataca as estatais e em especial o Banco do Brasil. Nomeou para a presidência da
instituição uma pessoa claramente voltada para implementar a privatização do
banco, que deu inúmeras declarações que se pudesse privatizaria tudo [o
ex-presidente Rubem Novais, substituído por André Brandão]. Ao mesmo tempo, o
BB vem sofrendo reestruturações, diminuindo sua capacidade de atuação”.
Vasconcelos lembrou que o banco
fechou recentemente centenas de agências, em uma reestruturação no início de
2020. Disse, ainda, que o comunicado do banco ao destacando a necessidade de
adequação a novos comportamentos é “balela”.
“Basta ir a uma agência do Banco do Brasil para verificar as imensas filas que se formam todos os dias de pessoas que necessitam do atendimento presencial das unidades. Eles querem fechar agências em cidades do interior, em bairros populares, onde nitidamente o fluxo de atendimento é ainda maior. É um argumento absurdo”, disse.
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