O consumo excessivo ou de maneira inadequada desses produtos pode gerar excesso de peso, diabete, problemas renais e hepáticos
As promessas são inúmeras: de reduzir gorduras “em um passe de mágica” a aumentar a massa muscular em pouco tempo ou dar mais energia para os treinos. Quando o assunto é suplementos alimentares, há todo o tipo de indicação de benefícios nas embalagens dos produtos vendidos em academias e lojas especializadas. Os especialistas, porém, garantem: as sugestões de uso são bem restritas e o consumo sem orientação profissional pode desencadear em uma série de problemas graves à saúde.
O médico e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Jomar Souza, explica que apenas pessoas que têm carga de atividade física muito intensa, como atletas profissionais, devem usar suplementação como forma de complementar a ingestão de nutrientes – e, consequentemente, sanar a demanda por energia – que a alimentação do dia a dia não é capaz de suprir. “Basta notar que um maratonista profissional precisa de uma quantidade muito grande de nutrientes para manter seu ritmo de treinos e competições, enquanto uma pessoa que faz exercícios na academia não.”
Segundo ele, no caso de pessoas que não praticam exercícios de maneira profissional, mas pensam em usar suplementação, a recomendação é marcar uma consulta com um médico ou nutricionista, fazer uma avaliação e descobrir se é realmente necessário complementar a dieta. “Só esses profissionais podem fazer uma avaliação a partir do nível de atividade física da pessoa, seu gasto calórico e sua dieta para analisar se a alimentação do dia a dia é suficiente ou quais os suplementos mais indicados para o caso.”
Na maioria das vezes, uma reformulação do cardápio, tirando as gorduras saturadas, sódio e açúcar e apostando em gorduras insaturadas, fibras, vitaminas e sais minerais, já é suficiente para garantir bons resultados.
Os suplementos também não podem substituir os alimentos durante as refeições. “Há quem deixe de se alimentar e passa o dia à base de suplementos variados, o que é muito perigoso. O ideal é que a pessoa mantenha um cardápio rico e balanceado e que os suplementos sejam só um adendo à sua dieta”, comenta a nutricionista especialista em nutrição esportiva e professora do curso de Nutrição da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Louise Saliba.
Problemas
Os riscos dos exageros e da falta de orientação são grandes. Suplementos com proteínas podem desencadear problemas nos rins ou no fígado, enquanto os de carboidratos causam desequilíbrio nos níveis de açúcar no sangue, o que favorece o desenvolvimento de diabete em quem tem fatores de risco para a doença. No caso dos enriquecidos com vitaminas, o risco é de ter uma intoxicação por excesso desse nutriente no organismo. “A pessoa passa do limite tolerável para o dia e pode ter uma sobrecarga hepática.”
Uso de anabolizantes é ainda mais restrito
Os especialistas esclarecem que anabolizantes não são considerados suplementos alimentares. “São classificações diferentes. Os suplementos são formados por vitaminas e sais minerais que a pessoa encontra na alimentação normal e que ali estão concentrados em forma de pó, líquido ou cápsulas, enquanto os anabolizantes são medicações vendidas em farmácias, que tem uso restrito e são contraindicados para fins estéticos”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, Jomar Souza.
Atualmente, os anabolizantes são receitados para idosos com baixa hormonal, casos de osteoporose avançada, anemias graves, pacientes com desnutrição avançada e em alguns tipos de câncer de mama. “Mas, em todos os casos, há prescrição médica e a farmácia faz a retenção da receita para garantir o controle da venda.”
Segundo ele, é importante que as pessoas não comprem anabolizantes, porque grande parte é vendida de maneira ilegal para fins estéticos.
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