A maioria da população brasileira despreza a comemoração da
data que marcou o início da ditadura militar no país em 1964. Essa é a opinião
de 57% dos 2.086 entrevistados pelo Datafolha entre os dias 2 e 3 deste mês, em
130 municípios em todo o Brasil. A informação foi divulgada neste sábado, no
jornal Folha de S. Paulo.
Maioria dos brasileiros rejeita o golpe de 1964. |
A pesquisa foi realizada baseada na ordem do presidente Jair
Bolsonaro (PSL) que determinou ao Ministério da Defesa que sejam realizadas
comemorações em unidades militares no 31 de março.
Com a polêmica instaurada e a Defensoria Pública da União
tentar barrá-la na Justiça "a comemoração", a cúpula militar
brasileira teria pedido discrição nas comemorações para evitar um acirramento
das tensões políticas. Mesmo assim, um vídeo que celebrava os 55 anos do golpe
militar foi divulgado pelo Palácio do Planalto no dia 31 de março em grupos de
Whatsapp.
Na pesquisa, o desprezo à data do golpe tem maior apoio
entre os mais jovens, mais escolarizados e mais ricos da população. "Entre
as pessoas de 16 a 24 anos, 64% são contrários à comemoração da data. A
porcentagem chega a 67% entre quem tem ensino superior e a 72% entre pessoas
com renda familiar mensal superior a dez salários mínimos", aponta a
reportagem.
Ditadura não se comemora
Depois de um debate intenso sobre a crueldade do período
ditatorial no Brasil, sendo o principal tema debatido nas redes sociais nos
últimos dias e a hastag "DitaduraNaoSeComemora" estar em primeiro
lugar no tópico de discussão no Twitter, há quem considera a ideia de
Bolsonaro, de incentivar a “comemoração” do golpe de 1964 como boa.
Uma parcela considerável da população, 36% acham que a data
merece ser comemorada, apontou o instituto. Outros 7% não souberam responder ou
não quiseram opinar sobre o tema.
Ainda assim, a pesquisa aponta que em todas as faixas de
idade, escolaridade e renda, a maioria refuta a celebração do golpe de 1964.
Religião
O instituto apurou também na pesquisa qual era a religião
dos entrevistados. O levantamento indicou que a maioria de todos os seguimentos
dos evangélicos (base eleitoral de Bolsonaro), também rejeitaram as
comemorações relativas ao início da ditadura militar no Brasil: 53% acham que
31 de março deve ser desprezado e 39%, comemorado. Já entre os neopentecostais,
65% apontam desprezo sobre as celebrações.
Católicos (56% a 38%), espíritas (59% a 32%) e adeptos de
religiões afro-brasileiras (73% a 24%), também se manifestaram majoritariamente
contra a comemoração. Quem não tem religião ou é agnóstico segue o mesmo padrão:
73% a 23%.
Voto em Bolsonaro
Entre as pessoas que declararam terem votado no presidente
Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado, a disputa é apertada: 49% deles
acham que a data deve ser comemorada e 43%, desprezada.
Segundo o Datafolha, as pesquisas ocorreram em todo o
Brasil. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais, para mais ou para
menos, e o nível de confiança (que é a chance de a pesquisa retratar a
realidade) é de 95%.
Via - Portal Vermelho
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